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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n. º44-A. 01 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

DIREITO DOS RECURSOS NATURAIS

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

Grupo: 02
Curso: Direito
5º Ano
Turno: Manhã
DOCENTE

MsC. Manuel Teca Dunda

Viana, Março de 2024


Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo Decreto n. º44-A. 01 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

DIREITO DOS RECURSOS NATURAIS

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

INTEGRANTES DO GRUPO Nº 02
 Mafalda Inês Kiala Kadiambo
 Esmeralda Ferreira
 Paulo Jurizete Nunes Abilio
 Jacira João Segunda
 Matilde Ingracia Flay
 Isabel Cássia Diogo
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
Objectivo geral ...................................................................................................................................... 1
Objectivos específicos............................................................................................................................ 1
CAPITULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................ 2
1.1 COMPOSIÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................. 2
1.2 DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................... 6
1.2.1 Dimensão Econômica ................................................................................................................... 7
1.2.2 Dimensão Social ............................................................................................................................ 8
1.2.3 Dimensão Espacial Ou Territorial .............................................................................................. 8
1.2.4 Dimensão Cultural ....................................................................................................................... 9
1.2.5 Dimensão Política ......................................................................................................................... 9
1.2.6 Dimensão Psicológica ................................................................................................................. 10
1.3 SISTEMA DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................... 10
1.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL ................................................................................................................................. 12
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 13
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 14
INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável é um conceito amplamente discutido e essencial para o


futuro do nosso planeta. Surgiu da necessidade de conciliar o desenvolvimento econômico,
social e ambiental, garantindo que as gerações futuras também tenham acesso aos recursos
naturais. Esse modelo de desenvolvimento visa a promover a harmonia entre o crescimento
econômico, a inclusão social e a preservação ambiental, reconhecendo que os recursos naturais
são finitos e devem ser utilizados de forma responsável.

Ao longo das últimas décadas, a preocupação com o desenvolvimento sustentável tem


crescido, impulsionada pelos impactos negativos da atividade humana sobre o meio ambiente,
como a poluição, o desmatamento, as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. Esses
problemas têm gerado consequências graves para a qualidade de vida das pessoas e para a saúde
do planeta como um todo, tornando urgente a adoção de práticas mais sustentáveis em todas as
esferas da sociedade.

Objectivo geral

Descrever composição do conceito de desenvolvimento sustentável

Objectivos específicos

 Contextualizar o conceito de desenvolvimento sustentável;


 Identificar dimensões do desenvolvimento sustentável;
 Analisar o sistema de indicadores de desenvolvimento sustentável.

1
CAPITULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 COMPOSIÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

O termo desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez na Comissão


Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU em 1983, presidida pela
então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brudtland que afirmava que:
“Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades das gerações presentes sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”.
(Mendes, 2012)

De acordo com Mendes (2012, p. 15)

Foi a partir da Revolução Industrial que surgiu a importância de se combater a poluição e


no Pós-Guerra a conscientização dos movimentos ambientalistas, procuravam defender um
movimento social que protegesse o meio ambiente, dando início às discussões sobre
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, ainda que de forma simples. A sociedade
consciente é a responsável pela criação do conceito de sustentabilidade, pois foi graças às
suas reivindicações, que as corporações se interessaram em mudar sua cultura
organizacional.
Com a chegada da Revolução Industrial no século XVIII e o avanço contínuo de fábricas
e máquinas, foi perceptível o desenvolvimento agressivo das cidades, visando principalmente
o interesse econômico, causando mazelas no contexto socioambiental. Com o avançar dos
tempos e o aumento dessa problemática, grupos se formaram com o objetivo de criar planos e
metas que fossem capazes de trazer um desenvolvimento em harmonia com os três pilares
(social, ambiental e econômico), ou seja, o denominado desenvolvimento sustentável
(Nascimento, 2012).

Conforme Araújo e Mendonça (2021, p. 176), descrevem que:

Buscando a origem do termo “sustentabilidade”, Nascimento (2012) afirma que o termo


inicia com duas origens distintas: a primeira encontra-se na grande área da biologia, por
meio da ecologia, na qual relaciona-se o meio com a capacidade de reprodução e
recuperação dos ecossistemas, em face de agressões antrópicas ou naturais; e a segunda
remete-se à parte econômica, cujo padrão de produção e consumo no mundo tornou-se
inviável. Diante disso, a temática sustentabilidade surge na segunda metade do século XX
como uma proposta de reflexão, a qual seria atribuído o desafio de solucionar ou minimizar
os problemas e impactos causado ao meio ambiente.
A citação acima destaca a origem do termo "sustentabilidade" e sua evolução ao longo
do tempo. O termo tem suas raízes em duas origens distintas Essas duas perspectivas deram

2
origem ao conceito moderno de sustentabilidade, que surge como uma proposta de reflexão e
ação para solucionar ou minimizar os problemas e impactos causados ao meio ambiente. A
partir da segunda metade do século XX, a sustentabilidade tornou-se um tema central nas
discussões sobre desenvolvimento, destacando a necessidade de repensar nossos padrões de
produção e consumo para garantir um futuro mais equilibrado e sustentável.

Ainda segundo Araújo e Mendonça (2021, p. 176), obtivemos que:


Na década de 1950, o termo sustentabilidade ganha corpo e expressão na política mundial
por conta da percepção de uma crise ambiental global, fundamentada na expressiva
produção e realização de testes com armas nucleares. Com os debates desenvolvidos
durante esse período, o encontro em Estocolmo, em 1972, ganha força e a crítica contra o
modo de vida contemporâneo é fundamentada, onde a questão ambiental ganha espaço e
visibilidade pública. A partir de então, em 1973, surge pela primeira vez nos debates o
termo ecodesenvolvimento, numa concepção alternativa de desenvolvimento público.
O autor acima descreve que Segundo a década de 1950 marca o surgimento do termo
"sustentabilidade" como um conceito político global, impulsionado pela percepção de uma crise
ambiental global, especialmente devido à produção e realização de testes com armas nucleares.
Essa crise despertou a atenção para a necessidade de repensar o modo como interagimos com
o meio ambiente e os impactos de nossas ações no planeta.

Com o tempo, percebeu-se que somente esses dois pilares não sustentariam um plano
tão complexo, momento em que com os debates realizados (Estocolmo-1972 e Rio-1992),
adicionou-se o terceiro pilar, o desenvolvimento social, que em conjunto com os dois anteriores,
atuou de forma harmônica e sincronizada. Após debates, o termo desenvolvimento sustentável
(DS) emergiu, destacando a finitude dos recursos naturais, bem como a sua gradativa e perigosa
depleção. Apesar dessa definição e dimensão, somente ideias não bastariam para alcançar e
concluir as metas propostas, sendo necessário maior e mais profunda fundamentação teórica e
prática, para que os agentes envolvidos, isto é, os países que participaram do acordo, atingissem
os objetivos propostos. (Araújo & Mendonça, 2021).

Mendes (2012, p. 16), relata que:

Anos mais tarde em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, voltou a se reunir na cidade do Rio de Janeiro, o evento foi denominado
Rio-92 e se tornou um marco nos debates socioambientais mundiais, tanto pela aceitação,
quanto pela difusão deste novo modelo de desenvolvimento sustentável. Os principais
temas abordados foram à solução dos problemas globais, aquecimento global e perda da
biodiversidade. Também nesse Encontro foram criados vários documentos, legislações e
avanços institucionais em nível global, como o Protocolo das Florestas, a Carta da Terra e
a Agenda 21. O Protocolo de Quioto foi outro importante desdobramento do Rio-92, que
estabeleceu mecanismos para tentar conter o Efeito Estufa e iniciativas para manter a
biodiversidade.
3
Destaca-se na citação supracitada que em 1992 ocorreu a Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, na cidade
do Rio de Janeiro. Este evento foi crucial para os debates socioambientais globais, marcando a
aceitação e difusão do modelo de desenvolvimento sustentável. Durante a Rio-92, foram
abordados temas importantes como a solução para problemas globais, o aquecimento global e
a perda da biodiversidade.Esses resultados demonstram o impacto significativo da Rio-92 nos
esforços internacionais para promover a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento
sustentável, estabelecendo diretrizes e compromissos importantes para as futuras ações globais
nesse sentido.

Em setembro do ano 2000, 189 países reunidos na sede da ONU, em Nova York, aprovaram
uma lista de objetivos de desenvolvimento econômico, social e ambiental, que foi
denominada Declaração do Milênio. A Declaração do Milênio traçou oito objetivos
básicos, que foram desdobrados em 18 metas e 48 indicadores, a serem atingidos até 2015
por meio de ações concretas dos governos e da sociedade. O objetivo número sete da
Declaração do Milênio estabelece metas para garantir a sustentabilidade ambiental, através
da união do desenvolvimento sustentável nas políticas e nos programas nacionais, redução
da população que não tem acesso à água potável até 2015 e melhoria das condições de vida
de mais de 100 milhões de habitantes que vivem em regiões carentes até 2020. (Mendes,
2012, p. 16)
Fica patente que o objetivo número sete da Declaração do Milênio focou na
sustentabilidade ambiental, buscando a integração do desenvolvimento sustentável nas políticas
e programas nacionais. Ele também estabeleceu metas específicas, como a redução da
população sem acesso à água potável até 2015 e a melhoria das condições de vida de mais de
100 milhões de habitantes que vivem em regiões carentes até 2020. Essa iniciativa demonstra
o compromisso global com a promoção da sustentabilidade ambiental e o reconhecimento da
importância de ações coordenadas e eficazes para enfrentar os desafios ambientais e sociais do
século XXI.

Ainda segundo Mendes (2012, p. 16), verificamos que:

Reunidos novamente em 2002, em Johanesburg, capital da África do Sul, os líderes


mundiais e organizações da sociedade civil avaliaram o que foi realizado durante a Rio-92
e concluíram que a situação continuava grave ou pior, em relação aos gases poluentes
emitidos na atmosfera, assim como a perda da biodiversidade e a degradação ambiental,
social e econômica. Nem mesmo os países desenvolvidos conseguiram colocar em prática
a Agenda 21. Durante o Congresso foram apresentados relatórios que apontavam as
mudanças climáticas e a escassez de água em algumas regiões do Planeta ocasionadas pelo
efeito estufa e foi assumido o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
São necessárias condutas organizacionais e pessoais para o comprimento destas metas,
pois a realidade que se tem hoje é uma sociedade consumista e capitalista, baseada em um

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modelo antigo de relações comerciais, onde a lucratividade e individualismo são as principais
características.

O desenvolvimento sustentável em escala humana é aquele que se centra na busca da


satisfação das necessidades fundamentais e na ebração de sua qualidade de vida através do
manejo racional dos recursos naturais, sua conservação, recuperação, melhoria e uso
adequado. Inclui também processos participativos e esforços locais e regionais para que
tanto esta geração como as futuras tenham a possibilidade de desfrutá-los e de garantir a
sobrevivência da espécie humana e do planeta. (Mendes, 2012, p. 17)
Essa definição ressalta a importância de uma abordagem holística e integrada para o
desenvolvimento, que considere não apenas os aspectos econômicos, mas também os sociais,
ambientais e culturais. Ela enfatiza a necessidade de pensar no longo prazo e de garantir que as
decisões tomadas hoje não comprometam a capacidade das gerações futuras de atender às suas
próprias necessidades.

Cabe à sociedade em geral manter as condições básicas necessárias para um


desenvolvimento sustentável, levando em conta valores, condutas e ações concretas para a
promoção de uma sociedade justa e igualitária, onde todos tenham oportunidades e
necessidades básicas garantidas, considerando a preservação do meio ambiente e da
biodiversidade para que as gerações futuras possam desfrutar de condições iguais ou melhores
que as atuais. (Mendes, 2012)

No conceito de desenvolvimento sustentável, existem vários fatores relacionados entre


si que são determinantes (Mendes, 2012):

 Satisfação das necessidades básicas e bem-estar geral da população.


 Uso racional dos recursos naturais, reconhecendo que os recursos naturais são finitos.
 Desenvolvimento econômico, incluída a valorização integral dos fatores ambientais.
 Uso, adequação e desenvolvimento de tecnologia e de processos ambientalmente
apropriados.
 Participação social em todas as etapas do desenvolvimento.
 Reconhecimento da diversidade cultural e dos estilos de vida e suas potencialidades.
 Solidariedade para as gerações futuras.
 Efetivação dos recursos educativos.

Muitos confundem desenvolvimento sustentável com crescimento econômico, os dois


são muito diferentes. O crescimento econômico que depende do consumo crescente de energia
e recursos naturais tende a ser insustentável, pois acaba com os recursos necessários para a
sobrevivência da humanidade. O desenvolvimento sustentável propõe qualidade em vez de
quantidade, com a redução de matériasprimas e produtos, implicando em mudanças nos padrões
de consumo e da conscientização da população em geral. (Mendes, 2012)
5
O consumo sustentável significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia e
matérias-primas menos ofensivas ao meio ambiente, utilização racional dos bens de
consumos, evitando-se o desperdício e o excesso e também após o consumo e dar
importância aos eventuais resíduos. Outra pratica importante é a adoção dos três Rs:
redução, reutilização e reciclagem. (Mendes, 2012, p. 18)
Uma prática fundamental para o consumo sustentável é a adoção dos três Rs: redução,
reutilização e reciclagem. Isso significa reduzir a quantidade de bens consumidos, reutilizar
produtos sempre que possível e reciclar materiais para que possam ser reintroduzidos na cadeia
produtiva, reduzindo assim a pressão sobre os recursos naturais e minimizando os impactos
ambientais do consumo.

Considerando os princípios do desenvolvimento sustentável, os engajados em projetos


de desenvolvimento sustentável têm o objetivo de apresentar uma nova forma de gestão baseada
em respeito ao meio ambiente, aos indivíduos e a organização da qual fazem parte. Estes
princípios afirmam que o desenvolvimento sustentável é um processo de (Mendes, 2012):

 Pensamento, análise e integração.


 Interdependência ecológica.
 Busca de resultados e compromisso dos líderes das organizações.
 Construção de um senso comunitário.
 Abrangência de toda a empresa.

O desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma evolução que progride de
forma lenta a fim de integrar o progresso ao meio ambiente para que se consiga em parceria
desenvolver sem degradar. É um processo de médio e longo prazo, compromisso com as
gerações futura,

1.2 DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Segundo Sachs (2002), citado por Krama (2008) o termo Desenvolvimento Sustentável
é, muitas vezes, utilizado apenas para expressar sustentabilidade ambiental ou viabilidade
econômica. Mas existem outras dimensões que devem ser consideradas: social, cultural,
ecológica, ambiental, territorial, econômica, política (nacional), política (internacional).

A União Européia (2001) na “Estratégia da União Européia para o Desenvolvimento


Sustentável” considera que o modelo de DS contempla três vertentes: social, ambiental e
econômica fundadas numa dimensão considerada transversal a todo este processo que é a
dimensão institucional composta pelas formas de governo, legislação, organizações e
sociedade civil, uma vez que são considerados os agentes catalisadores do processo de
desenvolvimento. (Krama, 2008, p. 25)

6
Para Mendes, (2009), há uma preocupação com a degradação do meio ambiente desde os
anos sessenta em função dos avanços do modelo capitalista. O autor ainda critica este modelo,
pois considera que há limitações no processo de crescimento contínuo, que de certa forma,
desencadearia uma preocupação com o desenvolvimento humano e com a preservação
ambiental. Neste sentido, observa que as dimensões social, econômica e ambiental de
desenvolvimento sustentável são as mais incorporadas nos estudos sobre o tema. Para esta
discussão, sobre as dimensões da sustentabilidade, toma-se como base as seis dimensões
elaboradas por Sachs, sendo que a dimensão política foi posteriormente acrescentada pelo
próprio autor

1.2.1 Dimensão Econômica

Essa dimensão foi amplamente difundida na sociedade ocidental embora não sob a
perspectiva da sustentabilidade e nem de desenvolvimento, pois a sustentabilidade econômica
extrapola o acúmulo de riquezas, bem como o crescimento econômico e engloba a geração de
trabalho de forma digna, possibilitando uma distribuição de renda, promovendo o
desenvolvimento das potencialidades locais e da diversificação de setores. (Mendes, 2009). Ela
é possibilitada por alocação e gestão mais efetivas dos recursos e por um fluxo regular do
investimento público e privado nos quais a eficiência econômica deve ser avaliada com o
objetivo de diminuir a dicotomia entre os critérios microeconômicos e macroeconômicos.

De acordo com Mendes (2009, p. 53)

Assim, a sustentabilidade seria alcançada pela racionalização econômica local, nacional e


planetária. Para o autor a implementação da sustentabilidade seria alcançada pela
racionalização econômica local, nacional e planetária e depende de uma autoridade
nacional. De acordo com Foladori a sustentabilidade econômica apresenta uma análise mais
complicada do que a ambiental, pois o conceito restringe o crescimento econômico e a
eficiência produtiva. Tal concepção admite que o crescimento não pode ser ilimitado (como
prega o capitalismo) pois não é congruente com a dimensão ambiental.
Defendendo a idéia de conceber-se uma escala ótima de crescimento, argumentou que a
economia pode crescer até o momento em que não mais interfira na renovação dos sistemas
naturais, bem como que a exploração dos recursos finitos deveria ser parcimoniosa. Neste
ponto, existe uma convergência doutrinária no sentido de substituir o uso de recursos não-
renováveis pela produção de recursos renováveis, integrando as dimensões econômica e
ecológica

7
1.2.2 Dimensão Social

Na dimensão social reside a grande polêmica, pois é a dimensão que sofreu mais mutações
por conta do conceito de desenvolvimento social.

Neste sentido a dimensão social objetiva garantir que todas as pessoas tenham condições
iguais de acesso a bens, serviços de boa qualidade necessários para uma vida digna,
pautando-se no desenvolvimento como liberdade, no qual o desenvolvimento deve ser visto
como forma de expansão de liberdades substantivas, para tanto, "requer que se removam
as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades
econômicas e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e
intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos" (Mendes, 2009, p. 54).
Sob esta ótica, a dimensão social pode ser entendida como a consolidação de um processo
de desenvolvimento orientado por outra visão, a da boa sociedade. Mendes (2009), enfatiza
ainda que o objetivo é construir uma civilização do "ser", em que exista maior equidade na
distribuição do "ter" (renda), de modo a melhorar substancialmente os direitos e as condições
de amplas massas de população e a reduzir a distância entre os padrões de vida de abastados e
não-abastados.

1.2.3 Dimensão Espacial Ou Territorial

Ao perceber-se o desequilíbrio provocado pela concentração das pessoas morando nas


cidades, o crescimento demográfico no espaço urbano ocorria de forma a desconfigurar a
paisagem e superlotar espaços do território, despontou a preocupação com relação à dimensão
espacial.

Conforme Mendes (2009, p. 55),

a formação das megalópoles tem origem nos crescentes índices de urbanização,


consequência do êxodo rural ocasionado pela industrialização e pela era da informação.
Estas concentrações geraram diversos problemas pela impossibilidade de governabilidade
em um ambiente com crescimento explosivo e exponencial. Desta forma, o autor se referiu
a uma escolha entre uma megalópole versus região urbana. Nesta visão, a região urbana
busca articular dezenas de cidades intermediárias, ou vários centros que conservam seus
atributos de núcleos intensos, associativos, diversificados, mas com população e superfície
pequenas, como ocorre, por exemplo, no vale do Rio Pó, Itália. Para evitar a
insustentabilidade esta conformação múltipla segue um modelo rural-urbano que evita a
conurbação das grandes cidades, deixando a região mais ágil, potencializando as energias
rurais, ao contrário de uma megalópole que é lenta em suas articulações. A sustentabilidade
urbana também leva em conta a descentralização, procurando evitar o inchaço das grandes
cidades e suas periferias insustentáveis para recuperar a escala humana em seus bairros e
núcleos urbanos.
A sustentabilidade espacial abrange a organização do espaço e obedece a critérios
superpostos de ocupação territorial e entrelaçados em uma rede natural duradoura para tentar
8
recuperar, com esta complexa e diversificada trama, a qualidade de vida, a biodiversidade e a
escala humana em cada fragmento, em cada bairro do sistema.

1.2.4 Dimensão Cultural

Mendes (2009), considera que a dimensão cultural em muitos aspectos confunde-se com
a social, tendo em vista que cultura e sociedade são, muitas vezes, elementos indissociáveis.
Fazem parte desta concepção: promover, preservar e divulgar a história, tradições e valores
regionais, bem como acompanhar suas transformações.

Para buscar essa dimensão é um caminho válido o de valorizar culturas tradicionais,


divulgar a história da cidade, garantir oportunidades de acesso a informação e ao
conhecimento a todos e investir na construção, reforma ou restauração de equipamentos
culturais. Esta dimensão da sustentabilidade direciona-se às raízes endógenas dos modelos
de modernização e dos sistemas rurais integrados de produção, privilegiando processos de
mudança no seio da continuidade cultural e traduzindo o conceito normativo de
ecodesenvolvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as
especificidades de cada ecossistema, cultura e local. (Mendes, 2009, p. 56)
O autor definiu os padrões de produção e consumo e de bem-estar a partir da cultura, do
desenvolvimento histórico e do ambiente natural de um indivíduo como sociedades
sustentáveis.

1.2.5 Dimensão Política

A participação democrática na tomada de decisões é um dos pressupostos defendidos


por Mendes (2009), dentre outros autores. Sensibilizar, motivar e mobilizar a participação ativa
das pessoas, favorecer o acesso às informações permitindo maior compreensão dos problemas
e oportunidades, superar as práticas e políticas de exclusão e buscar o consenso nas decisões
coletivas são elementos que compõem esta dimensão.

Todavia, democratizar não deve ser apenas um "clichê". Transmitir o poder das mãos de
poucos (governantes) para todos (sociedade) é uma idéia dicotômica, ao considerar que a
sociedade capitalista baseia-se nas relações de poder para garantir a "ordem" do sistema.
Realizar tal transmissão significa transpor o paradigma atual para outro, para o qual nem
se tem conhecimento se a sociedade está preparada para rumar. Cabe ressaltar que a
sustentabilidade política deve apresentar a contribuição não somente da comunidade local
como enfatizada pelos conceitos apresentados, mas é preciso mobilizar a sociedade como
um todo englobando o papel do governo, das instituições e do empresariado e abrangendo
o que muitos autores chamam de sustentabilidade institucional nesta dimensão. (Mendes,
2009, p. 56)
Relembrando que modelo de desenvolvimento sustentável está baseado na concepção
da parceria e da colaboração efetiva entre os setores público, privado, voluntário e comunitário.
Neste contexto, exige-se um mínimo de consenso e de solidariedade entre os membros da
9
sociedade que transcendem aos interesses particulares e que só podem ser produzidos em um
processo dialógico e interativo de troca de argumentos e posições. (Mendes, 2009)

Torna-se, portanto, imprescindível que os governos adequem atitudes e estratégias em


prol do bem comum. Esta perseguição do desenvolvimento sustentável dentro de uma
perspectiva democrática exige um Estado ativo e facilitador.

1.2.6 Dimensão Psicológica

Esta dimensão engloba a sensação de bem-estar que transcende o aspecto social, pois a
emoção é um atributo que faz parte do inconsciente do indivíduo. Asensação é interna ao
mesmo e inerente a ele e depende da sua própria percepção, a qual, segundo Mendes (2009)
organiza as sensações do indivíduo e os permite tomar conhecimento da realidade.

Para as pessoas a percepção varia conforme experiências, expectativas, motivações e


emoções que influenciam o que é percebido. Mendes (2009), considera que a percepção é um
processo muito mais individualista do que se crê comumente. Embora ocorram dentro do
indivíduo, essas sensibilidades diferentes que permitem partilhar o mesmo meio ambiente de
forma pacífica com outras pessoas e com as outras dimensões da sustentabilidade.

Abrangendo as dimensões psicológica, social e cultural, Mendes (2009) enfatiza a


prática da educação ambiental tomando por base a necessidade da compreensão da cultura e
realização do bem–estar individual, como elementos constituintes do desenvolvimento
sustentável.

1.3 SISTEMA DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL

Os Indicadores de desenvolvimento sustentável são uma ferramenta básica para a


aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável, sendo essenciais para a gestão e
avaliação da sustentabilidade.

Relativamente a este ponto Cravo (2018, p. 4), exprime que:

Estes constituem um instrumento fundamental para a avaliação do desempenho da


sustentabilidade aos mais diversos níveis, desde países, regiões, comunidades locais,
organizações públicas e privadas, políticas, missões, projetos, atividades, produtos e
serviços. Para além de avaliarem os níveis de desenvolvimento sustentável, também são
um bom instrumento de apoio à decisão. Têm a capacidade de sintetizar informação,

10
promovem a sua transmissão facilitando a sua utilização por decisores, gestores, políticos,
grupos de interesse ou público em geral e sublinham a existência de tendências.
Os indicadores de sustentabilidade são ferramentas fundamentais para avaliar o
desempenho da sustentabilidade em diferentes níveis, desde países e regiões até comunidades
locais, organizações públicas e privadas, políticas, missões, projetos, atividades, produtos e
serviços. Além de avaliar os níveis de desenvolvimento sustentável, esses indicadores também
são importantes instrumentos de apoio à tomada de decisão.

Em 1995, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável


aprovou um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável como referência para os
países em desenvolvimento ou revisão de indicadores nacionais. Atualmente existem 14 temas:

1) Pobreza.
2) Perigos naturais.
3) O desenvolvimento econômico.
4) Governação.
5) Ambiente.
6) Estabelecer uma parceria global econômica.
7) Saúde.
8) Terra.
9) Padrões de consumo e produção.
10) Educação.
11) Os oceanos, mares e costas.
12) Demografia.
13) Água potável, escassez de água e recursos hídricos.
14) Biodiversidade.
Com o estabelecimento de medidas quantitativas, como metas políticas, os indicadores
permitem medir o progresso e desempenho em relação a estas. Na Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) foi reconhecido o importante
papel dos indicadores nas tomadas de decisões sobre o desenvolvimento sustentável. A
Agenda 21 recomendava então: “a promoção do uso global de indicadores de
desenvolvimento sustentável (...) para fornecerem bases sólidas em processos de tomada
de decisão a todos os níveis, e para contribuir para uma sustentabilidade auto-
regulamentada dos sistemas integrados do ambiente e do desenvolvimento”. (Cravo, 2018,
p. 5).
Surgiram então, a nível mundial, vários trabalhos relativos a esta matéria (DGA, 2000a).
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) foi pioneira no
desenvolvimento de indicadores ambientais a nível internacional no início da década de 1990.
Este trabalho incluía a definição dos critérios gerais para a seleção de indicadores (EEA, 2014).
A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1995, tem investido no desenvolvimento de
um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS). Esse sistema pretende
11
criar uma referência para os países monitorizarem o seu progresso face a objetivos políticos
nacionais e para medirem os resultados dessas políticas face a objetivos de desenvolvimento
sustentável. (Cravo, 2018).

1.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEAMENTO PARA O


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O planeamento é uma sequência ordenada de operações e ações concebidas pelo sector


público para organizar, planear e controlar o desenvolvimento de acordo com os objetivos
políticos traçados.

Planear de forma pró-activa consiste em antecipar ou provocar a mudança, olhar em


direcção ao futuro, procurar soluções ótimas e predizer resultados. Planear é também
decidir. Planeamento e política são assim termos muito relacionados. Enquanto que planear
é um curso de ação, a política é a implementação de um curso de ação planeado, cuja
orientação é, eralmente, criada e emanada por organizações públicas governamentais,
centrais ou locais. O planeamento público ocorre em diversas formas (desenvolvimento,
infraestruturas, uso de recursos, p.e.), instituições (diferentes organizações
governamentais) e escalas (nacional, regional, local), e tende a proporcionar mais
benefícios económicos e a minimização dos impactos negativos. (Simão, 2017, p. 18)
Ao planeamento pode acrescentar-se uma dimensão estratégica através da inclusão de
um horizonte temporal longo (5 a 10 anos), durante o qual os impactos e as implicações das
políticas e dos planos devem ser monitorizados e avaliados. Na ausência de planeamento
estratégico as organizações tendem a decidir de forma ad hoc e reativa.

Apesar dos trabalhos de Mintzberg sobre a menor importância, e até do papel nefasto,
do planeamento estratégico (e não do pensamento estratégico) no domínio das empresas, parece
evidente que no setor público o planeamento estratégico assume grande relevância porque
(Simão, 2017):

 contempla objetivos de longo prazo;


 desenvolve um portfolio dos valores críticos dos stakeholders;
 usa os valores críticos para articular uma visão para o futuro;
 estabelece metas genéricos que vão contribuir para a realização da visão;
 procede a uma avaliação exaustiva da situação atual como base para traçar ações futuras;
 estabelece objetivos específicos para alcançar as metas genéricas;
 define prioridades, responsabilidades e sistemas de controlo para monitorizar a
implementação efetiva.

12
CONCLUSÃO

Em conclusão, o desenvolvimento sustentável é um imperativo para garantir um futuro


melhor para as próximas gerações. É preciso que governos, empresas, organizações da
sociedade civil e cidadãos em geral se comprometam com a promoção de práticas sustentáveis
em todas as áreas da vida. Isso inclui a adoção de políticas públicas que incentivem a
preservação do meio ambiente, o uso racional dos recursos naturais, a promoção da igualdade
social e o respeito à diversidade cultural.

É fundamental também que cada um de nós faça a sua parte, adotando hábitos de
consumo responsável, reduzindo o desperdício, reciclando e reutilizando materiais sempre que
possível. Somente com um esforço conjunto e coordenado será possível garantir um futuro
sustentável para o nosso planeta. O desenvolvimento sustentável não é uma opção, é uma
necessidade urgente e inadiável.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mendes, A. (2012) Desenvolvimento Sustentável: uma visão da gestão empresarial. Fundação


Educacional do Município de Assis – FEMA – Assis.

Araújo, L. & Mendonça, M. (2021). Desenvolvimento sustentável: histórico e estratégias -


uma revisão bibliográfica. Belém: IFPA.

Cravo, R. (2018). A Evolução do Desenvolvimento Sustentável em Portugal nos últimos 30


anos. Lisboa: Universidade De Lisboa

Simão, J. (2017). Desenvolvimento Sustentável: Conceitos Texto De Apoio Às Uc Ética


Empresarial E Políticas Para A Sustentabilidade

Krama, M. (2008) Análise Dos Indicadores De Desenvolvimento Sustentável No Brasil,


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Mendes, J. (2009). Dimensões Da Sustentabilidader. Santa Cruz: Revista das Faculdades Santa
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