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KISHOTENKETSU

Estrutura Narrativa Oriental

Dramaturgia das Histórias


Jornada do Herói - Cultura Ocidental
Baseado no Conflito
(Objetivo e Obstáculo)

Protagonista x Antagonista ou antagonistas e aliados


Protagonista x Ele mesmo
Protagonista x Máquinas
Kishotenketsu

A Cultura Oriental oferece uma visão


diferente sobre a estrutura narrativa:

A estrutura KISHOTENKETSU
Kishotenketsu é uma estrutura estabelecida e enraizada
na cultura japonesa que está fortemente ligada às
expressões filosóficas do pensamento.
Essa forma foi trazida para o Japão por meio de contos
budistas originários da China, que normalmente seguiam
uma estrutura chamada chi-chen-juan-he (a tradição de
escrita japonesa só se desenvolveu após a introdução da
linguagem ideográfica chinesa no Japão).
O modelo narrativo chi-chen-juan-he serviu de
base para outros países orientais: é chamado de
ki-sun-cho-kyul na Coréia e Ki-sho-ten-ketsu no
Japão. É escrito com os mesmos ideogramas
chineses na última, embora seja importante notar
que adquiriu sutis traços diferentes durante o tempo
em que foi apropriado culturalmente.
A Narrativa segundo o Kishotenketsu NÃO
PRECISA ter um GRANDE CONFLITO CENTRAL para
que ela seja interessante.
Essa estrutura narrativa é usada, na cultura
oriental, no TEATRO, LITERATURA, MANGÁS,
ANIMES, CINEMA, POESIA, etc.
Kishotenketsu

Ki
Kishotenketsu

Sho
Kishotenketsu

Ten
Kishotenketsu

Ketsu
Kishotenketsu contém 04 ATOS:
1) situação;
2) intensificação da situação inicial;
3) um elemento deslocado, aparentemente sem
nenhuma relação com o que viera antes;
4) o modo como a situação inicial assimila esse
elemento e se transforma.
Estrutura em 03 Atos
Conflito
Kishotenketsu:

Ki - Situação.
Sho - Expansão
Ten - Contraste
Ketsu - Resultante
Ki - Situação
A narrativa começa com uma SITUAÇÃO ESTÁTICA
que é apresentada ao espectador SEM, no entanto,
tornar o tópico central MUITO ÓBVIO. O
protagonista e o cenário geral são exibidos SEM
JULGAMENTO; esta não é uma fase dedicada à
AÇÃO. Apenas EXPOSIÇÃO.
Sho - Expansão
Esta parte apresenta uma situação que dá ORIGEM
À AÇÃO dentro da narrativa e desencadeia a
DINÂMICA INTERNA. Começamos a ver alguma
AÇÃO e DESENVOLVIMENTO.
Ten - Contraste
Esse terceiro ato apresenta e desenvolve OUTRO
TÓPICO ou SITUAÇÃO que não parece diretamente
relacionado ao tópico apresentado antes à primeira
vista. Esta parte será intercalada com o primeiro Sho,
que se desdobrará em um novo Sho/Ten. Essa
corrente de movimento SHO/TEN é o que dá forma
ao corpo da narrativa.
Ketsu - Resultante
Este 4 ATO é uma conclusão que pode até ser comparada à noção
aristotélica de “CONCLUSÃO”; entretanto, nesta parte, nenhuma das
ideias apresentadas está “FECHADA” ou “RESPONDIDA”. Nada deve ser
respondido, nem há nada equivalente à noção ocidental clássica de
“SÍNTESE”. O que se obtém é uma IDEIA MAIS CLARA do que até agora
tem sido a intenção implícita da narrativa, porque esta parte existe para
apresentar o tema maior que atuou como CENTRO GRAVITACIONAL,
atraindo para si todos os blocos (Ki-Sho-Ten) que até agora tocou o
cerne da questão. Cabe ao ESPECTADOR preencher os espaços vagos
apresentados pelos SUBTÓPICOS, reconciliando-os em um TODO
COERENTE.
Kishotenketsu
Trabalha muito bem a trama e “trama”
não quer dizer “conflito”.
Nessa estrutura, no primeiro ato você dá às
INFORMAÇÕES ou ARGUMENTOS gerais que o público
precisa para ENTENDER A PREMISSA.

Depois você EXPANDE essas informações e


argumentos envolvendo o espectador no UNIVERSO da
sua história e introduz e prepara a VIRADA da história.
Em seguida você MUDA O PONTO DE VISTA,
introduzindo uma virada na história e tenta
RECONCILIAR essa mudança brusca com o universo
apresentando anteriormente sob uma NOVA VISÃO DE
MUNDO sobre o mesmo UNIVERSO.
A estrutura em três atos é guiada por um CONFLITO ou
MOTIVAÇÃO que leva a história do ponto A ao ponto B.
A estrutura Kishotenketsu é completamente
diferente da estrutura aristotélica “ocidental” que vê a
conclusão como o ponto culminante de um herói e toda
pergunta é objetivamente respondida.
A estrutura de kishotenketsu rejeita essa noção, e a
“conclusão” (ketsu) é na verdade definida para lançar a
história em um CONTINUUM, às vezes até criando a
ilusão de que a exposição não tinha propósito.
EXEMPLOS PRÁTICOS:

Ki - As personagens são filhas de Itoya em Osaka.


Sho - A filha mais velha tem dezesseis anos e a mais
nova, quatorze.
Ten - Historicamente, no Japão, os guerreiros mataram
seus inimigos com arcos e flechas.
Ketsu - No entanto, as filhas de Itoya matam apenas com
os olhos.
EXEMPLOS PRÁTICOS:

ki - (situação) - Um garoto chega a um rio.


Sho - (expansão) - O garoto tenta, em vão, apanhar peixes
com as mãos.
Ten - (contraste) - Noutro local, o vento arranca o chapéu
de um homem e o joga no rio.
Ketsu - (Resolução) - O menino usa o chapéu para apanhar
peixes.
Filme baseado nesta estrutura:
A Viagem de Chihiro - Hayao Miyazaki - 2001

Curtas com essa estrutura:

Peixe Dourado da Vovó


https://youtu.be/AVUO-5X2Qts
Fora de vista
https://youtu.be/4qCbiCxBd2M
KISHOTENKETSU
Estrutura Narrativa Oriental

Dramaturgia das Histórias

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