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QUESTÃO PESQUISA:
Em que medida, a metodologia dos três momentos pedagógicos,
defendida por Delizoicov (1980), pode contribuir para uma
docência orientada significativa nos anos iniciais do Ensino
Fundamental?
OBJETIVO
O objetivo traçou-se em explorar como os três
momentos pedagógicos (estudo da realidade,
organização do conhecimento e aplicação do
conhecimento), durante o estágio supervisionado
obrigatório no Curso de Pedagogia, puderam
criar sentido e significado à docência orientada.
INTRODUÇÃO
Pimenta e Lima (2005/2006, p. 14), discutem que a prática de estágio precisa estar
alicerçada na discussão da práxis, que precisa superar a dicotomia entre teoria
e prática. Isso indicou, durante a docência orientada, que precisávamos pensar o
estágio não como uma “atividade prática”, mas “atividade teórica,
instrumentalizadora da práxis docente, entendida, assim, como atividade de
transformação da realidade”.
INTRODUÇÃO
O trajeto metodológico dessa pesquisa está orientado por bases bibliográficas, configurando-se como
qualitativa.
O estudo bibliográfico iniciou em 2022, quando estava cursando o componente curricular de Estágio Curricular
Supervisionado. Iniciamos pelo acervo digital do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo SciELO. Trabalhamos inicialmente com os seguintes descritores:
Estágio, Anos Iniciais e Três Momentos Pedagógicos, sem recorte temporal. Além disso, também nos
utilizamos de referenciais disponibilizados pelas professoras orientadoras do Componente Curricular Estágio
Curricular Supervisionado: Anos Iniciais do Ensino Fundamental I e II.
A pesquisa bibliográfica nos colocou frente a trabalhos como os de Delizoicov (1980), Delizoicov, Angotti e
Pernambuco (2007); Muenchen (2010); Muenchen e Delizoicov (2012), Freire (1987; 1996), Pimenta e Lima
(2012) e Ostetto (2008). Pode-se, a partir da leitura destes, discutir a importância do estágio e da docência, a
partir dos Três Momentos Pedagógicos.
Esse movimento precisa criar ações de pesquisa, de investigação. Pimenta e Lima (2012, p.
15) afirmam que é preciso que os professores, orientadores e supervisores, proporcionem “[...]
a mobilização de pesquisas para ampliar a compreensão das situações vivenciadas e
observadas nas escolas, nos sistemas de ensino e nas demais situações ou estimularem, a
partir dessa vivência, a elaboração de projetos de pesquisa a ser desenvolvidos,
concomitantemente ou após o período de estágio (PIMENTA; LIMA, 2012, p. 51).
Foi criado por Demetrio Delizoicov Neto (1980), educador brasileiro que,
Estudo da Realidade (ER) são apresentadas questões que envolvem o cotidiano ou situações reais.
Assim, este primeiro momento é da problematização inicial, que busca olhar para a realidade dos alunos em
sala de aula, da escola na sua totalidade e também verificar as situações reais que envolvem o aluno em suas
expressões ao expor o que pensam sobre os problemas ou provocações iniciais que emergem em uma aula
inicial.
Organização do conhecimento (OC), indica que, sob a orientação do professor, os alunos devem ter
acesso a conhecimentos iniciais para compreensão da problematização inicial que deve se sustentar a
partir de atividades variadas, levando em consideração a realidade do aluno para que o desenvolvimento dos
conhecimentos necessários a partir da temática proposta sejam alcançados. Contudo, é necessário ser
flexível em todas as propostas para suprir as especificidades de aprendizagem de cada aluno.
Aplicação do Conhecimento (AC), visa a abordagem sistemática do conhecimento, para que o aluno possa
analisar e interpretar tanto as situações que surgiram na problematização inicial, quanto as posteriores.
Nesse sentido, Delizoicov (1980) abordou este momento como a aplicação do conhecimento sistematizado.
Deve-se provocar o aluno a interpretar e reavaliar a partir de atividades orientadas, fazendo com que o
conhecimento científico perpasse novamente a problematização inicial para a significação na vida
cotidiana.
OS TRÊS MOMENTOS PEDAGÓGICOS NO
PLANEJAMENTO DA DOCÊNCIA ORIENTADA
Durante a docência orientada do Estágio Curricular Supervisionado II: Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, os três momentos pedagógicos subsidiaram o planejamento, fazendo com
que as aulas propostas possuíssem um caráter humanizado, com ênfase na realidade dos
educandos, o que os colocava como protagonistas do processo de ensino e de
aprendizagem.
A turma escolhida foi o 1º ano do Ensino Fundamental, com vinte e cinco alunos matriculados e
idade entre 6 e 7 anos.
A primeira pauta do projeto de docência orientada foi prevista: elaborar algo com a
participação efetiva dos alunos, trazendo vivências de autonomia e compreensão das
propostas didáticas apresentadas.
Estudo da Vou iniciar a aula fazendo uma roda no cantinho da leitura. Vou me apresentar, falando quem
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eu sou, o que faço nesse momento, como é minha família, falar da universidade, como é, o
realidade aulas que faço lá. Vou dizer como eu gosto de brincar e qual é a minha brincadeira favorita. Após,
(problematização
vou perguntar para eles: Quem gosta de brincar? De quê? De onde será que veio a ideia
inicial)
dessa brincadeira? Será que existem em outros lugares? Agora, é a minha vez de conhecer
vocês! Falem seu nome, como é sua família, com quem moram, do que gostam de brincar e
qual é a sua brincadeira ou jogo favorito.
Aplicação do Conhecimento
Se estruturou com a experiência de brincar. As brincadeiras acabaram sendo realizadas dentro da sala de aula.
Cada criança, ao pegar seu brinquedo, se organizaram para brincar. Compartilhavam e se divertiam. Ao
olhar para esse momento, percebi que brincar com algo que eles mesmos produziram teve muito
significado. Ao final, expomos as produções para que todos na escola pudessem ver. Quando voltamos para
sala de aula, comecei perguntando o que sentiram em brincar e a resposta foi unânime: “- Vamos brincar outro
dia de novo?”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o Estágio Curricular Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, possibilitou um
olhar mais atento e sensível sobre situações, especificidades e particularidades de cada
criança, bem como o contexto social da escola como campo de estágio e, principalmente, o
ambiente escolar, sendo este um processo de descoberta, de compreensão das dificuldades e
também de um olhar atento às realizações.
DELIZOICOV, D. Uma experiência em ensino de ciências na Guiné Bissau Depoimento. Revista de Ensino de
Física, São Paulo, v.2, n.4. Dez. 1980
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire /
Paulo Freire; [tradução de Kátia de Mello e Silva; revisão técnica de Benedito Eliseu Leite Cintra]. – São Paulo:
Cortez & Moraes, 1979.
FREIRE. P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MUENCHEN, C. A disseminação dos Três Momentos Pedagógicos: um estudo sobre práticas docentes na
região de Santa Maria/RS. 2010. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica) - Programa de Pós-
Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2010.
OSTETTO, L. E. Educação Infantil: saberes fazeres da formação de professores. Campinas: Papirus, 2008.