minha impertinência. Pois, vendo o documentário Pacto Brutal, a terceira parte em particular, a cena em que Jocélia conta o sequestro e morte de sua filha de apenas 5 anos de idade, fiquei estarrecido com tanta crueldade. Depois do caso elucidado, ela recebeu da polícia “150 gramas de cinzas, dois dentinhos carbonizados e dois pedacinhos de ossos”. Isso foi tudo que restou da sua filhinha.
Já sob o impacto negativo causado
pela frieza, calculismo e crueldade do crime praticado por Guilherme de Pádua, agora, defunto atrasado, mais sua esposa homicida que se uniram para matar a punhaladas a atriz Daniella Perez, ao ouvir essa narrativa tão medonha de uma mãe, tive uma ideia injuntiva que não só pode diminuir a maldade humana, mas acabar de vez com a sua prática no mundo.
Sei que não precisava lembrar crimes
antigos, bastava mencionar crimes atuais, como o da cruel e covarde chacina em Sinop, Mato Grosso. Tais atrocidades surgem com a mesma frequência da grama. Como também sei que já houve muito esforço vindo daí de cima para que os homens se corrigissem ou voltassem ao seu antigo estado de pureza original que Moisés diz que existiu no Éden. Mas, infelizmente, desde Caim, aquele fratricida cínico e perverso, que depois de matar o irmão, ainda debochou da sua preocupação sobre o sumiço de Abel, nenhum deles deu certo até hoje.
Mesmo o Cristianismo, a solução
divina mais recente para a maldade, (que já passa de dois mil anos...) e que em parte, melhorou o homem, todavia, infelizmente, em parte, também o piorou, de forma trágica, fazendo surgir cristãos bipolares que praticam o mal e acreditam que são bons porque nasceram de novo em Cristo mesmo continuando a mesma pessoa e às vezes até pior... Algo presente na essência do pensamento teológico de Lutero, “simul justus et peccator” (sempre tanto justo quanto pecador), o fundador do Protestantismo, que em matéria de fé e teologia, não acreditava que era possível chegar até a estrutura lógica do Cristianismo, principalmente, quando se tratava de providência, predestinação, salvação e vida cristã. Por serem assuntos misteriosos e estarem além da compreensão humana.
Por que alguém passaria anos
escrevendo uma mensagem se no final ela fosse incompreensível ao seu destinatário, ou pior, compreendida de forma contraditória e oposta ao motivo e finalidade que deram origem a sua origem?
Talvez, por isso, uma nova religião
foi semelhante à escolha de Saul para rei de Israel, fez bem e mal para os israelitas e, sobretudo, para os sacerdotes que ele assassinou num banho de sangue imperdoável, somente mal... Todavia, o assunto não é esse, pelo menos diretamente.
Pensei na seguinte possibilidade,
toda pessoa ao nascer deveria vir provida de um mecanismo de proteção contra a prática de crimes e perversidades. Seu funcionamento seria bem simples. Assim que alguém fosse executar alguma coisa ruim concebida em seu coração ou mente, esse dispositivo entraria em ação para inutilizar o futuro perverso imediatamente. Uma morte instantânea e indolor. O mecanismo funcionaria diante de ações criminosas iminentes, mas dependendo das palavras das pessoas, também poderia ser acionado por ações verbais, antes que ordens homicidas ou discursos fomentadores da perversidade políticos ou religiosos fossem pronunciados.
Como o meu pedido é muito sério e
de consequências definitivas para aqueles que forem alcançados pela sua eficácia moral e penal, somente alguém com determinados atributos especiais e únicos seria capaz de implementá-lo na sociedade humana com garantia suficiente contra qualquer erro ou equívoco. Ou seja, alguém transcendente, por isso, pensou no Senhor como executante. Outra coisa, com este método de contenção da maldade humana dando certo, a esdrúxula razão para a doutrina do inferno e sua injustificável irmã odiosa, a condenação eterna, pode ser descartada definitivamente da teologia cristã.
Bem, é só isso. Não fique zangado
comigo pela singela sugestão nem leve para o lado pessoal. Pois, como Abraão, também, suponho ser necessário opinar sobre as ações corretivas, principalmente às direcionadas ao mundo dos homens. Um mundo contaminado pelo erro, injustiça, desigualdade, fome, guerras, maldade e perversidade desde que o ser humano colocou em primeiro lugar a própria satisfação pessoal, não se importando mais com a dor e a infelicidade que poderia causar ao seu semelhante.
Por último, só mais uma coisinha,
não querendo contrariar os ensinamentos do seu filho, acho que não é preciso esperar tanto tempo para separar o joio do trigo. Aliás, com esse recurso a capa protetiva da atividade religiosa perderá seu valor imoral, um refúgio seguro para maldades dissimuladas e hipocrisias fossilizadas.