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LEPROSE DO CITRUS NA AMÉRICA LATINA/CITRUS LEPROSIS IN LATIN AMERICA.

HEMYLSON PORTO DE SOUZA1.1Mestrando. Programa de Pós-Graduação em


Fitossanidade e Biotecnologia Aplicada/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, Rio de Janeiro - RJ. E-mail: hemylson_souza@hotmail.com

A leprose do citros está entre as mais importantes doenças que acometem a citricultura do
Brasil e da América Latina. A moléstia foi descrita por Howard Samuel Fawcett, em 1907, no
estado da Flórida, nos Estados Unidos, tendo sido um problema nesta região, durante a
primeira metade do século XX. Entretanto, da segunda metade do século passado até os dias
de hoje, a leprose do citros deixou de ser um problema neste país, fato atribuído ao crescente
uso de pesticidas sulfúricos, e à ocorrência de seguidas geadas naquele período. No Brasil e
na Argentina, a doença também vem sendo relatada desde a primeira metade do século XX.
Porém, diferente do ocorrido nos EUA, o que houve aqui foi o avanço da moléstia para países
do norte da América do Sul, América Central, e México. Sendo assim, o presente trabalho
teve como objetivo a revisão literatura, de modo a traçar um panorama geral acerca da leprose
do citros, abordando-se aspectos relacionados ao patógeno, aos sintomas, ao vetor, e à
disseminação e controle da doença. A moléstia é causada pelo Citrus leprosis virus (CiLV),
que, na verdade, é um nome em sentido amplo, incluindo o CiLV-C (causador de alterações
no citoplasma da célula hospedeira) e o CiLV-N (causador de distúrbios no núcleo da célula).
Historicamente, ambos vem sendo associados à doença, embora estudos filogenéticos
recentes tenham elucidado se tratar de dois vírus muito distintos taxonomicamente: CiLV-C é
um vírus baciliforme, com genoma bipartido ssRNA(+), gênero Cilevirus (Kitaviridae); por outro
lado, o CILV-N possui genoma bipartido ssRNA(-), é baciliforme, e pertence ao gênero
Dichorhavirus (Rhabdoviridae). Ambos causam infecções locais, não sistêmicas. A doença é
transmitida por ácaros Brevipalpus yothersi (sinônimo B. phoenicis - Acari: Tenuipalpidae). A
relação vírus-vetor é do tipo persistente propagativa, embora não haja transmissão
transovariana. Os sintomas podem ocorrer tanto em folhas e frutos, quanto em galhos da
planta, e consistem em manchas com coloração verde pálida no centro, e amarelas em torno
deste. Nos frutos maduros podem também ocorrer depressões no epicarpo, com coloração
escura. Havendo maior severidade, pode ocorrer ainda a queda prematura de folhas e frutos,
reduzindo a produtividade da cultura. O diagnóstico é realizado com base no quadro
sintomatológico, além de testes biológicos (plantas indicadoras), testes sorológicos e
moleculares. O controle é realizado basicamente mediante a aplicação de acaricidas para
redução da população do vetor, além da eliminação de plantas infectadas, que servem de
fonte de inóculo. Medidas legislativas também são importantes para conter o avanço
geográfico da doença, sobretudo para áreas onde esta não ocorre. Não há variedades
resistentes no momento. Por fim, cabe ressaltar que estudos a respeito dos patógenos têm
avançado bastante nos últimos anos, havendo uma maior elucidação acerca da história
evolutiva do CiLV-C e do CiLV-N, bem como de seus mecanismos de ação, o que poderá
auxiliar no desenvolvimento de variedades resistentes no futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A. Manual de Fitopatologia –
Princípios e Conceitos. São Paulo. 5. ed. v. 1. Editora Ceres, 2018.
BASTIANEL, M.; FREITAS-ASTÚA, J.; KITAJIMA, E.W. & MACHADO, M.A. The citrus
leprosis pathosystem. Summa Phytopathologica. Botucatu, v. 32, n. 3, p. 211-220, 2006.
RAMOS-GONZÁLEZ, P.L.; CHABI-JESUS, C.; GUERRA-PERAZA, O.; BRETON, M.C.;
ARENA, G.D.; NUNES, M.A.; KITAJIMA, E.W.; MACHADO, M.A. & FREITAS-ASTÚA, J.
Phylogenetic and molecular variability studies reveal a new genetic clade of Citrus leprosis
virus C. Viruses. Basel, Switzerland, v. 8, p.153, 2016.

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