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Café descafeinado: entenda o processo de retirada da cafeína

Para ser descafeinado, o café precisa ter mais de 97% da cafeína retirada. Cafeteria de
Petrópolis vende só 8% de descafeinados do total de cafés.
06/06/2014 16h44 - Atualizado em 07/06/2014 18h10
Por Flavio Flarys e Fernanda Soares
Do G1 Região dos Lagos
Café (Foto: Flavio Flarys / G1)
Café descafeinado não costuma agradar consumidores (Fotos: Flavio Flarys / G1)
Originário da Etiópia e bebida tradicional na cultura do Brasil, o café já foi até o responsável
por diversas mudanças na história do país (na política conhecida como café-com-leite). Ele
é um estimulante natural, por conter cafeína. Esta substância é absorvida pelo corpo em
menos de 20 minutos após a ingestão do café. No cérebro, ela aumenta a influência da
dopamina. Diversos malefícios são atribuídos ao consumo excessivo do café, exatamente
porque ele contém cafeína. "Muitos não sabem, mas a cafeína é a droga mais utilizada no
mundo. O interessante, embora com efeito bem mais ameno, é que ela estimula os mesmos
pontos do cerébro que as anfetaminas e a cocaína, por exemplo. Por isso, causa um leve
vício", explica Daniel Légora, professor de química do Colégio Aprovado, em Macaé, interior
do Rio.
O tipo de café influencia muito na quantidade de cafeína contida em uma xícara. Os grãos
de café Robusta contêm, em média, de 2% a 4,5% de cafeína. Já o Arabica,
correspondente a cerca de 75% da produção mundial, contém cerca de 1,2% de cafeína.
Como o que realmente importa é a quantidade de cafeína dissolvida na água quente, a
conta para saber quanta cafeína há num simples café fica ainda mais complicada:
quantidade de água, tempo de contato do café com a água, tipo de moagem e preparo do
café, além de outros fatores, influenciam na quantidade de cafeína dentro da xícara.
Moer os grãos do café antes do preparo é um dos segredos no sabor (Foto: Anna Gabriela
Ribeiro / G1)
Expresso contém menos cafeína que o normal
(Foto: Anna Gabriela Ribeiro / G1)
Como é difícil calcular todas estas variantes, pela média a conta é esta: uma xícara de café
expresso (cerca de 60 ml) contém cerca de 90 mg a 200 mg de cafeína. Já a mesma xícara
de café comum - o tradicional "cafezinho" - bem preparado tem de 150 mg a 300 mg de
cafeína (vale ressaltar que "café comum bem preparado" refere-se a um café de qualidade,
com correta relação de água para pó de café). Isto acontece porque, no preparo do café
comum, o produto fica por mais tempo em contato com a água. Portanto, a equivalência é
possível, mas os expressos contêm, na média, menos cafeína.
Na Duetto's Café, localizada no Centro de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, a
proporção é de 92% de saída dos cafés expressos, contra 8% de pedidos pelo
descafeinado. Vanda Maria Martins Ramos, sócia-proprietária do estabelecimento, explica
que o consumo do descafeinado aumentou significativamente no último ano. “A procura
cresce junto com a busca por um estilo de vida mais saudável”, disse a empresária. Ao
todo, 40 descafeinados são consumidos por semana, enquanto a média de expressos e
cafezinhos semanais fica próxima dos 540.
Café descafeinado
Retirar a cafeína tornou-se uma meta das indústrias que vendem o produto pronto para
consumo. Atualmente, para ser chamado de descafeinado, o café precisa ter mais de 97%
da cafeína retirada. Como o café tem cerca de 800 a 1.500 compostos químicos diferentes,
extrair os cerca de 1% a 2% de cafeína sem alterar o sabor original do produto é
praticamente impossível.
Produtores de café associados mudam de vida no ES (Foto: Reprodução/TV Globo)
Processo de descafeinar o café surgiu em 1903
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Em 1903, um químico alemão chamado Ludwig Roselius conseguiu retirar a cafeína do café
sem alterar muito o sabor original do produto: ele utilizou o cloreto de metileno, que dissolve
muito pouco os outros componentes do café e evapora com facilidade. Roselius, então,
criou o Sanka, uma marca de café inspirada no francês "sans caffeine" (sem cafeína).
Surgiram, então, diversas marcas de cafés descafeinados, todos com este mesmo método.
Mas, na década de 1980, o cloreto de metileno foi apontado como cancerígeno. Então, a
indústria do café foi obrigada a desenvolver uma solução para continuar oferecendo o
produto no mercado. Uma, não. Várias!
A primeira é chamada de método da água, onde a cafeína, primeiramente, é extraída em
água quente (a cafeína dissolve-se na água). Após isto, ela é retirada da água com um
solvente orgânico e, em seguida, a água sem cafeína, mas com todos os sabores oriundos
do café, é colocada de volta nos grãos e secada. Com isto, o solvente mantém-se longe dos
grãos.
Café em excesso pode causar ansiedade e dificuldade para dormir (Foto: PA/BBC)
Diversas maneiras de descafeinar o café foram
criadas (Foto: PA/BBC)
Uma outra solução é realizada através de um processo que extrai a cafeína e a transforma
em gás carbônico, mas em uma forma que os químicos chamam de "supercrítica": não é
líquida, gasosa e nem sólida.
Por último, existe um processo onde há a lavagem dos grãos de café com água quente
saturada com os compostos químicos do café, exceto a cafeína. Então, apenas ela é
dissolvida na água, que é retirada em seguida

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