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1º Trim.

de 2024: O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo

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1º Trimestre de 2024 - CPAD
O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo
Comentários da revista da CPAD: José Gonçalves
Comentário: Pr. Caramuru Afonso Francisco

ESBOÇO Nº 11

LIÇÃO Nº 11 – O CULTO DA IGREJA CRISTÃ


Como nação espiritual, a Igreja é formada dos verdadeiros adoradores de Deus.

INTRODUÇÃO

- Na sequência do estudo sobre Eclesiologia, a doutrina bíblica da Igreja, analisaremos como é o seu culto

- O culto é uma manifestação da adoração da Igreja, que é contínua, ininterrupta, consiste no próprio viver
de cada salvo em Cristo Jesus.

I – O QUE É ADORAÇÃO E A ADORAÇÃO ANTES DA IGREJA

- A primeira vez que a palavra "adorar" aparece na Bíblia é em Gn.22:5, quando Abraão avisa seus
servos que iria ao monte Moriá, juntamente com Isaque, para adorar e, depois, voltaria, com o seu filho, até o
pé do monte, onde os servos deveriam esperar. Entretanto, não é esta a primeira vez que vemos um homem
adorando a Deus nas Escrituras, ainda que a palavra não estivesse registrada antes no texto sagrado. Com
efeito, o primeiro casal tinha um momento peculiar com Deus na viração do dia (Gn.3:8), um instante em que
se dirigiam a Deus e a Ele prestavam contas por tudo que tinham feito durante o dia. Era um momento em que
se reconhecia a soberania divina e em que o homem se dedicava a um encontro mais íntimo com o seu Senhor.

- Após a queda do homem, apesar da impossibilidade de uma comunhão com Deus, pois o pecado fez uma
divisão entre Deus e o homem (Is.59:2; Ef.2:14), o primeiro casal ensinou a seus filhos que havia a necessidade
de se render a Deus um tributo, um louvor, de reconhecer que Deus é o Senhor de todas as coisas e que,
portanto, devemos dar a Ele satisfação e Lhe render graças. Por isso, vemos Caim e Abel apresentando ofertas
a Deus, numa atitude nítida de adoração a Deus (Gn.4:3,4). Podemos observar nesta passagem algumas
características da adoração, no limiar da história humana, a saber:
a) A adoração é uma prática que acompanha a própria existência do homem - Como vimos, o primeiro
casal tinha um instante diário de adoração e, diante desta prática, havia ensinado seus filhos a procederem da
mesma maneira. O homem, portanto, foi feito para adorar a Deus.
b) A adoração é necessária, mas espontânea - A adoração é uma atividade que era considerada necessária
por parte da primeira família, tanto que Caim, mesmo não estando interiormente disposto a fazê-lo, não ousou
negar-se a oferecer algo a Deus, pois tinha consciência da necessidade deste gesto. Embora necessária, a
adoração é espontânea, tem de partir do homem. Não confundamos a adoração com a sujeição, que é o ato
pelo qual Deus, por Sua soberania, imporá, num tempo por Ele determinado, Seu senhorio sobre todos os
seres, através de Cristo Jesus (I Co.15:27,28; Ef.1:22; Hb.2:8). Isto é sujeição, não adoração.
c) A adoração consiste de atos externos - A adoração é demonstrada através de gestos concretos, visíveis
por todos os demais homens. Caim trouxe uma oferta de vegetais, enquanto Abel sacrificou animais.
d) A adoração também se faz no interior do homem - Embora se manifeste por atos exteriores, a adoração
começa no homem interior, é uma atitude que tem seu nascimento no espírito, que é a parte do homem que
mantém o canal com Deus. Por isso, a oferta de Abel foi aceita, mas não a de Caim.

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e) A adoração é acompanhada e observada por Deus - A disposição para a adoração partiu do homem,
mas foi atentamente observada pelo Senhor. Quando nos dispomos a adorar a Deus, jamais nos esqueçamos
de que o Senhor a tudo está observando e conhece quais são nossas intenções e os nossos atos, tanto que
aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim.
f) A adoração permite uma comunicação entre Deus e o homem - Mediante a adoração, Deus aceita, ou
não, o gesto do homem, mas é através dela que Deus Se manifesta ao homem, mesmo àquele que não teve
aceita a sua oferta, de modo que se estabelece o necessário relacionamento entre Deus e o homem. Através da
adoração, o homem tem condições de entender que o pecado é o responsável pela ruptura da comunhão entre
o ser humano e o seu Criador
g) A adoração, para que seja aceita por Deus, exige um ato de fé e uma prévia justificação dos pecados
- A Bíblia afirma-nos que Abel era uma pessoa dotada de fé de de justiça (Mt.23:35; Hb.11:4), enquanto Caim
era do maligno (I Jo.3:12). Reside, então, aí a razão por que a adoração de Abel foi aceita e não a de Caim.
Para que possamos adorar a Deus, devemos ter fé, pois sem ela é impossível agradar-Lhe (Hb.11:6). Tendo
fé, poderemos ser justificados diante de Deus, passando a ter paz com ele (Rm.5:1) e, deste modo, livres do
pecado, poderemos ser aceitáveis diante do Senhor. Como diz conhecido cântico, "em altar quebrado, não se
oferece sacrifício a Deus". (cfr. I Rs.18:30).

- A palavra " adoração" vem do latim "ad orare", que significa "para ser feito com a boca", ou seja,
"beijar". Esta expressão deve ser entendida na cultura da Antigüidade, ainda hoje seguida em alguns
segmentos sociais (como a Igreja Romana, por exemplo), em que o beijo é um gesto de reconhecimento da
autoridade de alguém. Assim, "adorar" é reconhecer a autoridade de uma pessoa e se inclinar diante dela,
curvar-se a seu senhorio e a sua superioridade. Adoraremos a Deus, portanto, quando reconhecermos a Sua
autoridade, a Sua supremacia, quando agirmos de forma a mostrarmos às pessoas que é Deus quem manda em
nossas vidas. Quando o diabo pediu a Jesus para ser adorado (Mt.4:9), estava, precisamente, pedindo que Jesus
reconhecesse uma superioridade do diabo sobre Sua vida, o que, como bem mostrou nosso Senhor, era um
rotundo absurdo (Mt.4:10).
OBS: Digna de nota é a definição de “adoração” dada por Rick Warren: “…adoração é expressar o nosso amor por Deus, por quem Ele é, pelo
que Ele disse e pelo que Ele está fazendo.…” (WARREN, Rick.Trad. de Carlos de Oliveira. Uma igreja com propósitos, p.235)

- Esta ideia contida na palavra latina, que deu origem a nossa palavra na língua portuguesa, é, precisamente,
o mesmo sentido que possui os termos originais hebraico e grego nas Escrituras. Sempre há a ideia de
homenagem, de reconhecimento de soberania e supremacia de Deus sobre a vida daquele que está a adorar a
Deus. É este, aliás, o sentido que vemos no Sl.2:12, quando o salmista fala "beijai o Filho".
OBS: Muitas palavras hebraicas são usadas para “adorar”, mas a principal, encontrada em Gn.22:15, é “shachah”(‫)שהח‬, enquanto que, em grego,
a palavra é “proskyneo” (προσκυνέω).

- Em seguida, vemos que uma das características que temos da descendência piedosa de Sete, estava,
precisamente, no fato de que era esta linha de descendentes que adorava a Deus. A Bíblia informa-nos que,
após o nascimento de Enos, o filho primogênito de Sete, passou-se a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26), ou
seja, Deus passou a ser buscado, a ser procurado, a ser reverenciado. O fato de esta linha de descendentes
adorar a Deus, buscar reconhecer a sua autoridade, era o grande diferencial entre eles e os descendentes de
Caim, a ponto de a Bíblia a eles se referir como sendo os "filhos de Deus" (Gn.6:2). Deus sempre irá manter
um relacionamento de pai para filho com aqueles que O adorarem !

- Esta invocação ao nome do Senhor será uma constante na vida dos grandes homens de Deus, dos
homens que eram agradáveis a Deus. Noé, Abraão, Isaque e Jacó são exemplos de pessoas que, sendo
agradáveis a Deus, têm, em suas vidas, o registro de construção de altares a Deus. Ora, a construção de um
altar para que nele se fizessem sacrifícios a Deus, é uma demonstração de que estes homens eram adoradores
do Senhor, tanto que a palavra " adorar", como vimos, é registrada, pela primeira vez nas Escrituras,
mencionada pelo próprio Abraão.

- Quando libertou o Seu povo do Egito, Deus instituiu, através da lei, uma série de ritos e cerimônias que
deveriam materializar, tornar visível a adoração de Israel a Deus. Entretanto, é bom que deixemos claro, a
adoração não se circunscrevia a aspectos meramente externos ou formais. Havia toda uma série de regras e

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normas para que se trazer ofertas e sacrifícios a Deus, para a realização de festividades ao Senhor, mas Deus
sempre tinha um vívido interesse de que o Seu povo não O adorasse apenas formalmente, de modo exterior e
superficial, mas, bem ao contrário, que a adoração fosse nascida no espírito de cada israelita.

- Tanto assim é que, ao contrário do que se costuma dizer (principalmente entre os romanistas), o primeiro
mandamento não é adorar a Deus sobre todas as coisas, mas, sim, a amar a Deus sobre todas as coisas
(Mt.22:37), pois, para que haja uma verdadeira adoração, como nos mostrou o episódio de Caim e de Abel, é
preciso, antes de mais nada, amar a Deus, pois só quando O amamos, fazemos o que Ele nos manda (Jo.15:14).

- Tanto assim é que Deus exige de Seu povo a obediência (Dt.32:46; Is.58:5,6), não realização de cerimônias
ou rituais. O nosso Deus é o mesmo e muitos têm se iludido achando que Deus Se agrada se cumprirmos tão
somente os deveres litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja. Deus quer de
nós, fundamentalmente, sinceridade e obediência à Sua Palavra, pois o obedecer é melhor do que o sacrificar
(I Sm.15:22).

II – A ADORAÇÃO DA IGREJA

- Na nossa dispensação, não é diferente. Agora que Deus atua livremente, através do Espírito Santo, no
interior de cada crente, temos uma adoração independente de locais ou rituais, uma adoração em
espírito e em verdade, uma adoração de verdadeiros adoradores (Jo.4:24), que adoram a Deus a todo
instante e mediante a sua própria vida, pois é uma adoração que vem do íntimo do ser humano, mediante uma
convicção de que, em Cristo, somos filhos de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:.1,9,14-17).

- A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma: “…Entendemos que a função primordial da Igreja é
glorificar a Deus: ‘quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus’
(I Co.10:31). Isso é feito por meio da adoração, da evangelização, da edificação de seus membros e do trabalho
social. A Igreja foi eleita para a adoração e louvor da glória de Deus [Ef.1:11,12] …” (DFAD XI.6, p.122).

- A adoração para a Igreja é uma das suas razões de ser. Como é uma nação espiritual, a Igreja tem de ser
formada por adoradores. Ser crente é ser um adorador. Como afirma Rick Warren, “…somente os crentes
podem verdadeiramente adorar a Deus. A direção da adoração é dos crentes para Deus. Glorificamos o nome
de Deus na adoração, expressando o nosso amor e compromisso para com Ele. Os não-crentes simplesmente
não podem fazer isso.…” (op.cit., p.235). Com efeito, como se pode reconhecer a soberania de Deus sem que
Deus seja nosso Senhor, sem que nos submetamos a Ele? Só quem se decidiu por ser “vara” na “videira
verdadeira” (Jo.15:1-5) é quem pode, efetivamente, “adorar” a Deus.

- É por este motivo que Deus não aceitava os rituais, cerimônias e celebrações do povo de Israel quando
este se encontrava em pecado, distante do Senhor. Todos os sacrifícios, todos os rituais e todo o formalismo
praticado pelo povo era considerado nada mais nada menos do que abominação para o Senhor (Is.1:11-15;
Jr.6:20; 7:21-26; Am.5:21-27; Mq.6:6-8; Zc.7; Ml.1:6-14). “Adoração” não é um ritual, não é uma celebração
externa, mas o resultado de uma obediência a Deus, de uma submissão ao Senhor, de uma vida sincera de
devoção e de prática da vontade de Deus.

- Ninguém mais do que a Igreja, a verdadeira e genuína Igreja, pode adorar a Deus, portanto. Somente aqueles
que estão separados do pecado e separados para Deus tem condições de reconhecer a Sua soberania e de servi-
l’O com coração inteiro.

- A “liturgia” (i.e., o “conjunto dos elementos e práticas de um culto religioso) era, na Antiguidade, a palavra
pela qual se designava, mormente em Atenas, “…'contribuições (de origem sobretudo ritual) que o Estado
exigia dos cidadãos para alívio de determinadas obrigações do poder público, entre as quais: 1) a trierarquia
ou equipagem de uma trirreme; 2) a coregia ou obrigação de equipar e organizar um coro de dança em
concursos líricos e dramáticos; 3) a gimnasiarquia ou organização dos jogos públicos; 4) a hestiase ou
banquete oferecido a todos os cidadãos da tribo…’(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Era o “serviço
público” (a palavra “liturgia” vem de “leitos”, povo e “ourgia”, trabalho, serviço).

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OBS: Embora venhamos a falar disto dentro em pouco, desde já notamos que, em Atenas, a dança fazia parte da “liturgia”, ou seja, a dança é
um componente do culto pagão, algo que, por óbvio, não pode adentrar no culto ao verdadeiro Deus. Não é, aliás, coincidência que o culto ao
bezerro de ouro tivesse tanta dança…

- Pelo que se pode observar, portanto, o único povo que pode publicamente prestar um serviço a Deus,
demonstrar um esforço para tributar a honra devida ao Senhor é o Seu povo, que é a Igreja.

- A “liturgia”, portanto, nada mais é que uma demonstração pública, visível, perceptível da submissão
que temos a Deus. Daí porque ser importante que haja uma “liturgia” nas igrejas locais, quando elas se reúnem
para adorar a Deus, mas também é essencialmente importante verificarmos e termos consciência que esta
“liturgia” é expressão externa de uma realidade interior. Sem que sejamos verdadeiramente submissos a Deus,
sem que sigamos a Sua vontade, que está na Sua Palavra, não teremos adoração, mas um mero formalismo
que é abominável a Deus, que é algo que gera no Senhor asco e nojo, verdadeiro aborrecimento.

- O que se nota, também, quando falamos em adoração, que se trata de um serviço que tem a Deus como
centro. A adoração é feita em direção a Deus, Deus é o centro da adoração. Jesus foi claríssimo ao afirmar
que somente devemos adorar a Deus (Mt.4:10). Como a Igreja é o povo de Deus, ainda que se apresentem
outros deuses, só ao Senhor é que este povo adora, só ao Senhor é que este povo entoa louvores (Sl.138:1).

- Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “Cremos, professamos e ensinamos que a
adoração é serviço sagrado, culto, reverência a Deus por aquilo que Ele é e por Suas obras: ‘Ao Senhor, teu
Deus, adorarás e só a ele servirás’ (Mt.4:10) …” (DFAD XV, p.143).

- No entanto, muitas pessoas, embora presentes e assíduas nas reuniões das igrejas locais, a que muitas,
inclusive, pertencem, não se tem mais adoração a Deus, mas, sim, a muitos outros “deuses”. Lamentavelmente,
muitos estão a adorar ao homem, que se tornou o centro das preocupações dos louvores, dos cânticos e da
própria reunião.

- Já perceberam como o “eu”, como o crente é o centro das pregações, das letras dos cânticos e da própria
“liturgia”? Por isso, as reuniões passaram a ser “shows” (seja de cantores, seja de pregadores), ou seja,
exibições de pessoas e não uma reunião voltada para Deus. Muitos querem e conseguem aparecer nestas
reuniões e Deus só é lembrado como Aquele que é obrigado a saciar e satisfazer os desejos dos “adoradores”
ali presentes. Que coisa abominável aos olhos do Senhor! Quantos ídolos são louvados e o Senhor,
completamente esquecido.
OBS: Isto para não falar do “deus Mamom” (ou seja, as riquezas – Mt.6:24), que é o mais adorado, seja pelos que, gananciosamente, vão às
igrejas locais para obter um meio sobrenatural de enriquecimento, seja pelos que, na direção desta reunião, não enxergam pessoas mas apenas
consumidores, prontos a lhes fornecer o vil metal em “campanhas”, “sacrifícios” e “contribuições. A propósito, é oportuno aqui registrar o que diz
a respeito o pastor Hermes Barreto: “…qualquer pessoa que está dividida entre Deus e Mamom, já se decidiu por Mamom, porque Deus não divide
a Sua glória com ninguém.…” (O maior sermão do mundo: a relevância do caráter cristão, p.81)

- A igreja é o corpo de Cristo. Jesus é a cabeça da Igreja. Assim, evidentemente, quando uma igreja local se
reúne, deve mostrar ao mundo a Jesus Cristo. Ele é quem deve ser visto, percebido, sentido, anunciado e crido.
Infelizmente, o que cada vez mais se verifica nas igrejas locais é a evidência que se dá ao homem, às suas
realizações, à sua posição, enquanto o nome do Senhor vai diminuindo mais e mais. Isto é uma demonstração
cabal de que, onde isto está a acontecer, a Igreja está a diminuir. Quanto menos Jesus, menos corpo de Cristo;
quanto menos adoração, menos Igreja naquele local.

- A adoração faz com que as pessoas que não são salvas sintam a presença do Senhor Jesus. Quando
adoramos ao Senhor, em espírito e em verdade, trazemos o Senhor até aquele local de uma forma especial. O
Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três
reunidos em Seu nome (Mt.18:20). Destarte, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O
adoramos, Ele Se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como intercessor,
como Salvador.

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- A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a presença do Senhor e para que haja salvação de
vidas, operação de sinais e maravilhas, demonstração do poder de Deus. Quando não há adoração, nada
disso se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus numa determinada igreja local. Será que
podemos dizer, em nossa igreja local, o que disse o poeta sacro do hino 144 da Harpa Cristã, o hino oficial
das Assembleias de Deus: “Nós sentimos a santa presença do nosso querido Jesus”)?
OBS: “…Na adoração genuína, a presença de Deus é sentida, o perdão de Deus é oferecido, os propósitos de Deus são revelados e o poder de
Deus é mostrado…” (WARREN, Rick. Trad. de Carlos de Oliveira. Uma igreja com propósitos, p.238).

- Por fim, a adoração precisa se fazer de modo a que os não-salvos possam compreender a presença de
Jesus nas reuniões da igreja local e se decidir por Ele. Um dos grandes problemas da Igreja é ter condições
de ser capaz de “comunicar”, ou seja, “tornar comum” a presença de Deus aos não-salvos. Muitos deles, sem
saber que estão a ter contacto com o Senhor Jesus, agem como os discípulos no caminho de Emaús que,
embora sentissem arder seus corações, não sabiam que era por causa do Senhor (Lc.24:32). Foi preciso que o
Senhor Se lhes revelasse, para que entendessem o que havia sucedido. Este problema também foi apontado
por Paulo na igreja de Corinto (I Co.14:8,9,22-25). Assim, é importantíssimo que, nas reuniões das igrejas
locais, possamos nos fazer entender por parte dos não-salvos, para que eles compreendam o que estão a sentir.

- Contudo, observemos que devemos nos esforçar para que os não-salvos compreendam o que é a presença de
Deus em nossas reuniões, produzida pela nossa adoração. Isto é coisa muito diferente do que se está a fazer,
que é reproduzir os atos mundanos e pecaminosos na igreja local, sob “roupagens cristãs”, para que “os não-
salvos se convertam”. Tornar a presença de Deus compreensível é, sobretudo, não pecar, não copiar o pecado,
não inserir, dentro da igreja local, aquilo que é abominável a Deus. Jesus Se fez conhecer aos discípulos de
Emaús, mas não pecou nem praticou coisa alguma do mundo para Se fazer conhecido. Paulo também não
recomendou coisa alguma do mundo para que os crentes coríntios revelassem Deus aos não-salvos. Devemos
usar as Escrituras e buscar a santidade e o poder de Deus e, fazendo isto de modo que possa haver comunicação
aos não-salvos, teremos cumprido esta necessidade de transmissão da presença de Deus aos não-salvos.

III – MOTIVOS PARA ADORAR

- Como temos visto, a adoração a Deus é algo que faz parte da própria natureza do ser humano, é uma
característica que acompanha o homem desde a sua feitura. O homem deve adorar a Deus, porque Deus o fez
e Ele tudo deve a este Deus. A adoração estabelece os parâmetros corretos do relacionamento entre Deus e o
homem, exatamente porque é através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como
Seu servo.

- O primeiro motivo, portanto, para adorarmos a Deus está no fato de que Deus, o Senhor de todas as
coisas, é o Criador de tudo, inclusive do próprio homem. Quando adoramos a Deus, reconhecemos que Ele
é o nosso Criador e manifestamos tal reconhecimento através da adoração. Todo homem é apresentado a Deus
como sendo Sua criatura (Rm.1:20,21) e, através desta apresentação, deve o ser humano adorar a seu Criador.
Quando não o faz, desprezando a Deus, a Bíblia ensina-nos que são tais pessoas abandonadas pelo Senhor à
sua própria sorte, gerando um sem-número de males e problemas para a humanidade rebelde, que se recusa a
adorar o seu Criador (Rm.1:24-32).

- O segundo motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele nos ama, de, apesar de ser o
Criador, jamais desampara o homem, mas, muito pelo contrário, o ama e tem prazer em estar na companhia
do ser humano. Por amar o homem, Deus enviou Seu Filho para morrer por nós, quando ainda éramos
pecadores (Rm.5:8). Jesus é a prova suprema deste amor, pois morreu por nós na cruz do Calvário (Jo.15:13).
Deus nos amou primeiro (I Jo.4:19) e, em gratidão a este tão grande amor, reconhecemos Sua supremacia e
procuramos render-Lhe culto, bem como fazemos o que Ele nos manda.

- O terceiro motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele nos salvou. Deus não somente
amou o homem, mas providenciou a sua salvação através da pessoa de Jesus Cristo. Em Cristo, temos
novamente acesso a Deus, pois os nossos pecados são perdoados e não há mais separação entre nós e Deus
(Rm.5:1; Ef.2:13,14). Assim, tendo em vista a salvação de nossas almas, temos um caminho que nos introduz

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à presença de Deus, o que torna possível a adoração direta e individual, o que, antes, não era possível ao
homem pecador (Hb.10:19-22). Podemos adorar a Deus, sem obstáculo, tendo como único mediador a Cristo
Jesus (I Tm.2:5). Graças a salvação, temos uma comunhão eterna com o Senhor, como antes do pecado dos
nossos primeiros pais, comunhão esta que perdurará para sempre na nova Jerusalém (Ap.21:2-4).

- O quarto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele precisa ser conhecido dos homens
que ainda não O conhecem como Senhor e Salvador de suas vidas. A missão principal dos servos de Deus
neste mundo é anunciar a toda criatura o evangelho (Mc.16:15), ou seja, a boa notícia de que o reino de Deus
é chegado e que os homens devem nele entrar através do arrependimento de seus pecados (Mc.1:14,15). Deus
somente será conhecido dos homens se nós O revelarmos através de nossas vidas e isto só será possível
mediante a visibilidade da adoração. Pela adoração, os homens poderão ver Deus em nós (Mt.5:16; At.6:15;
II Co.3:18). Como diz conhecido cântico, devemos adorar o Senhor de modo que o "mundo possa ver a glória
do Senhor em nossos rostos brilhar."

- O quinto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que o necessário crescimento espiritual
do crente depende da sua vida de adoração. A vida espiritual é uma vida dinâmica, uma vida de contínuo
desenvolvimento, pois não é possível haver uma vida estacionária, parada no campo espiritual. Se não
avançamos espiritualmente, estaremos, necessariamente, regredindo. Por isso, o escritor da epístola aos
Hebreus diz que devemos correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1) e o apóstolo Paulo
afirma, somente ao final de sua vida, que tinha encerrado a sua carreira (II Tm.4:7). Sendo uma vida espiritual
algo dinâmico, precisamos estar em contínuo relacionamento com Deus, precisamos orar em todo o tempo,
mantermos uma vigilância sem qualquer trégua ou interrupção, o que somente é possível se adorarmos a Deus
a todo instante, a todo momento. São estes os adoradores que Deus está buscando (Jo.4:23).

- O sexto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que nós temos fé em Deus, porque
confiamos n’Ele. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6) e, portanto, para que possamos adorar a Deus,
render-Lhe culto e louvor, é indispensável que creiamos que Ele existe e é galardoador dos que O buscam.
Nunca nos esqueçamos que Jesus, em muitas oportunidades, ao se dirigir às pessoas que O ouviam, fazia
alguma observação a respeito da fé que elas possuíam.

- O sétimo motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que nós amamos a Deus. Somente se
amarmos a Deus poderemos adorá-l’O. Quando amamos alguém, queremos estar sempre ao seu lado,
queremos estar, constantemente, na sua companhia. Ora, se amamos a Deus, desejamos estar sempre ao Seu
lado, estar sempre em Sua companhia e não há outra forma de o fazermos senão através de uma contínua
adoração a Ele. A igreja anseia pela contínua companhia de seu Noivo, de seu amado: " o meu amado é meu
e eu sou dele" (Ct.2:16a).

IV - A ADORAÇÃO CRISTÃ

- Como temos visto, a adoração é uma característica que acompanha o ser humano desde o início da sua
existência. O homem foi feito para adorar a Deus. Entretanto, com a entrada do pecado no mundo através do
primeiro casal, esta característica do homem ficou obscurecida, sensivelmente abalada, a ponto de, já na
primeira geração da humanidade após a expulsão do Éden, contemplarmos alguém que não adorou
perfeitamente ao Senhor, a saber, Caim.

- Também já vimos que, quando Deus Se revelou plenamente ao homem, na pessoa de Jesus Cristo (Hb.1:1-
3), pudemos contemplar a própria glória de Deus (Jo.1:14) e, a partir de então, a adoração a Deus atingiu uma
dimensão nunca antes vista, pois Deus passou a habitar no próprio homem, através do Espírito Santo
(Jo.14:17), tornando a cada homem que aceite a salvação na pessoa de Cristo Jesus um templo do Espírito
Santo (I Co.6:19). Desta maneira, como Jesus disse à mulher samaritana, passamos a ser templos ambulantes,
a ser adoradores do Pai em espírito e em verdade, não dependendo mais de locais pré-determinados para
adoração, mas sendo pedras vivas do edifício de Deus (I Pe.2:5).

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- A vida de um crente, portanto, a partir da consumação de obra de Cristo, passou a ser um altar, uma
vida de adoração. A adoração está presente em todos os atos da vida do crente, tanto que, por verem as obras
de um cristão, os homens acabam por glorificar o nome de Deus, algo que, no passado, na antiga aliança,
somente ocorria quando o povo se dirigia até o templo de Jerusalém.

- Devemos ter esta consciência de que a nossa vida é a base de toda a nossa adoração. Adorar a Deus
significa servi-l’O a todo instante, a todo momento. Conhecida música popular brasileira afirma que " qualquer
canto é menor do que a vida de qualquer pessoa" e isto é uma grande realidade. Há pessoas que, dizendo-se
cristãs, preocupam-se em ter uma vida de adoração apenas nas quatro paredes do templo de sua igreja local,
esquecendo-se totalmente de que devem ser templos do Espírito Santo.

- A adoração a Deus envolve estes momentos de culto a Deus, de devoção coletiva, como também os
instantes de devoção individual, na nossa oração diária, na leitura da Palavra de Deus, mas a devoção
é apenas um dos aspectos da adoração cristã, que vai muito além de tudo isto. Seremos verdadeiros
adoradores de Deus se pudermos exclamar como Paulo: não sou mais eu quem vivo, mas é Cristo que
vive em mim (Gl.2:20).

- O primeiro aspecto da adoração cristã, portanto, é a nossa vida prática, são as nossas ações, os nossos
gestos no dia-a-dia, no cotidiano. Como temos vivido? Temos realizado boas obras, de modo que as pessoas,
ao verem o nosso porte, glorifiquem a Deus que está nos céus, como nos determina Jesus em Mt.5:46? Nossas
ações são movidas por amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança,
que é o fruto do Espírito Santo (Gl.5:22)? Jesus disse que conheceríamos as pessoas pelos seus frutos, não
pelas suas palavras ou aparências (Mt.7:16,20). O servo de Deus é reconhecido não pelo que fala, mas pelo
que vive (Mt.7:22-27). Mantemos uma vida de integridade diante de Deus, tendo, em todo o tempo, uma vida
de santificação contínua na presença do Senhor ? Temos nossas vestes limpas e óleo sobre a nossa cabeça?
(Ec.9:8)

- O segundo aspecto da adoração cristã envolve a devoção a Deus. Qual é a nossa vida devocional? Temos
um relacionamento espiritual com o Senhor? Dedicamos parte do nosso dia para termos um contacto mais
intenso e profundo com Deus? Oramos sem cessar? (I Ts.5:17) Jejuamos? (Mt.6:16-18) Meditamos na Palavra
de Deus de dia e de noite? (Sl.1:2).

- É importante observar que a devoção a Deus é, em primeiro lugar, uma atividade individual. O salmista
diz que é bem-aventurado o homem que meditar na Palavra do Senhor. Jesus afirma que a vida de oração deve
ser individual, devemos entrar no nosso aposento e, em segredo, clamarmos a Deus. Ele próprio nos deu este
exemplo em mais de uma oportunidade (Mt.14:23; Lc.22:41). Com relação ao jejum, é também, em primeiro
lugar, uma ação individual, imperceptível aos olhos dos demais.

- Depois de uma atividade individual, a devoção deve ser algo existente no seio da família, o grupo social
mais íntimo do homem. Abraão, pelo que podemos observar, era um homem que fazia com que todos os seus
servos adorassem ao seu Deus, tendo os mesmos propósitos e os mesmos ideais (Gn.14:14; 22:5). Josué podia
dizer que servia com sua casa a Deus, porque tinha uma vida devocional familiar (Js.24:15). A vida ministerial
de Timóteo só foi possível graças ao lastro que lhe proporcionou a vida devocional que teve em sua família,
ainda que seu pai não fosse judeu (II Tm.3:14,15). Um lar onde não haja um momento devocional, o chamado
" culto doméstico", é, sem dúvida alguma, um alvo fácil e predileto do inimigo de nossas almas. Uma família
que adora a Deus é o cordão de três dobras, que não pode ser facilmente desfeito (Ec.4:12). Esta terceira dobra
é, precisamente, o relacionamento existente entre os fundadores do lar (o casal) e o Senhor Deus, algo que é
construído pela existência de uma adoração a Deus no seio familiar.

- Após as dimensões individual e familiar, temos a devoção na igreja local. A igreja, como o próprio nome
diz, é a " reunião daqueles que foram tirados para fora", ou seja, a reunião daqueles que saíram do mundo e
do domínio do pecado, que foram resgatados do lamaçal do pecado por Jesus e cujos pés foram colocados na
rocha eterna (Sl.40:2).

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1º Trim. de 2024: O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo

- Não é possível uma vida devocional sem que haja a reunião na igreja local. A igreja local, a reunião dos
crentes em Cristo, é algo necessário e indispensável para que tenhamos uma vida espiritual completa e de
acordo com os padrões bíblicos.

- A igreja local não é uma criação humana, mas uma determinação divina. Desde o momento que Jesus subiu
aos céus, determinou que Seus discípulos ficassem reunidos num mesmo lugar, para que pudessem desfrutar
de uma maior intimidade com o Senhor (Lc.24:49; At.2:1).

- Percebamos que o revestimento do poder, o batismo com o Espírito Santo somente foi recebido por aqueles
que se mantiveram reunidos no mesmo lugar, debaixo do governo instituído por Deus, na época, do governo
dos apóstolos (At.1:15,26). Foram mais de quinhentos crentes os que ouviram do Senhor a promessa do
Espírito (I Co.15:16), mas apenas quase cento e vinte alcançaram a sua realização (At.1:15), porque só estes
se mantiveram reunidos em adoração a Deus.

- O crescimento espiritual do crente depende do convívio na igreja local, da devoção coletiva. Embora seja
importante que sejam mantidos grupos de oração, grupos de estudo, nada substitui o modelo bíblico da igreja
local. As "células", tão em voga nos nossos dias, não podem substituir as igrejas locais, pois.

- Na devoção coletiva, o povo de Deus, reunido, tem condições de se aperfeiçoar, pois é nesta reunião que
os dons espirituais se manifestam (I Co.14:12,19), bem como é na igreja local que se exercem os dons
ministeriais (Ef.4:11-16).

- Também, nas reuniões da igreja local, temos a presença de nosso Senhor, que assim nos prometeu (Mt.18:20).
Por isso, é fundamental que estejamos sempre presentes nas reuniões da igreja local, para que desfrutemos da
presença do Senhor e possamos completar a nossa adoração ao Senhor.

- Na dispensação da graça, como vimos, a adoração é feita em espírito e em verdade, de tal maneira que, com
exceção do batismo nas águas e da Ceia do Senhor, não há atos fixos e cerimoniais rígidos na vida devocional
coletiva da igreja. Em assim sendo, devemos aceitar uma certa liberdade no modo de adoração ao Senhor, vez
que não há padrões rígidos e fixos após a vinda do Senhor a este mundo. Daí porque as Escrituras dizerem
que onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade (II Co.3:17).

- É, por isso, que o culto da igreja cristã não pode ter representações visuais. Como afirma a Declaração
de Fé das Assembleias de Deus: “… Seguimos o modelo bíblico da adoração cristã sem nenhuma
representação visual: ‘Então, o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além
da voz, não vistes semelhança nenhuma’ (Dt.4:12). Aqui estão incluídas as coisas que estão nos céus e na
terra, como manda o segundo mandamento do Decálogo [Ex.30:4,5]. Isso se faz necessário considerando,
ainda a reverência a Deus: ‘Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em
verdade’ (Jo.4:24). Assim, prestamos nossa adoração e nosso louvor em termos espirituais e imateriais sem o
uso de imagens de escultura ou de qualquer outro tipo de representação [Dt.4:15-18; Jo.4:23,24] …” (DFAD
XV, p.143).

- Contudo, a liberdade na adoração a Deus não significa, em absoluto, que não haja quaisquer regras ou
parâmetros na devoção coletiva, na liturgia, que é o nome que os teólogos dão a esta ordem de culto a Deus
na igreja local. Liberdade, biblicamente falando, é algo que é feito debaixo da submissão da autoridade divina,
algo que tem responsabilidade, não uma autonomia diante de Deus, muito menos uma libertinagem. Nosso
Deus é um Deus de ordem e de decência e, como tal, a devoção coletiva deve observar estes parâmetros de
nosso Senhor ((I Co.14:40).

- A Bíblia afirma que, quando a igreja se reúne, deve haver, na devoção coletiva salmo, doutrina,
revelação, língua e interpretação, tudo com o propósito de edificação (I Co.14:20). Vejamos, pois, cada
um destes momentos que deve haver na devoção coletiva a Deus.

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1º Trim. de 2024: O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo

- O primeiro ponto que deve existir numa vida devocional coletiva é o salmo, ou seja, o louvor. Quando
Paulo se refere a salmo, está se referindo ao louvor, pois o salmo era a forma pela qual os judeus louvavam ao
Senhor, já que os Salmos eram o hinário oficial de Israel. Desde os tempos do Antigo Testamento, nas
cerimônias e celebrações coletivas de adoração a Deus, estava presente um momento de louvor e de cântico.
As Escrituras ensinam-nos, em diversas partes, que tudo quanto tem fôlego deve louvar ao Senhor (Sl.150:6).
O ministério do louvor é o único ministério que perdurará após a glorificação dos salvos, pois os anjos não
cessam de louvar a Deus e estaremos com o Senhor para sempre, louvando-o. Deste modo, é indispensável
que a liturgia incorpore momentos de louvor na vida devocional coletiva.

- Entretanto, o louvor, como bem demonstra a Bíblia, é um sacrifício pacífico que se faz ao Senhor nesta
dispensação (Hb.13:15). Sendo assim, há critérios que devem ser observados quanto ao louvor que deve ser
entoado pela igreja ou na igreja por ocasião de nossas reuniões devocionais. O louvor deve ser o fruto dos
lábios que confessam o nome do Senhor (Hb.13:15), ou seja, o louvor é o resultado de uma vida de confissão
a Deus, de uma vida de arrependimento dos pecados, de uma vida diferente daquela que é vivida pelos homens
que não têm a salvação.

- Sendo assim, o louvor não pode ser igual nem tampouco semelhante à música que é seguida e observada
pelo mundo sem Deus e sem salvação. O louvor a ser entoado deve ter respaldo bíblico, não só com relação
à letra, mas, e principalmente, com respeito à melodia e harmonia. Devemos fazer distinção entre o santo e o
profano (Ez.22:26;44:23), pois este é um dever de todo sacerdote (e cada um de nós é um sacerdote diante de
Deus - I Pe.2:9). O louvor é fruto daqueles que demonstram não estar conformados com o mundo (Rm.12:2).
Como, então, poderemos demonstrar que estamos adorando a Deus, usando o fermento velho? (I Co.5:7,8). É
lamentável que estejamos numa época em que a música profana tem invadido completamente as nossas igrejas
e ocupado o lugar dos nossos hinos sacros. A Bíblia fala que o verdadeiro culto devocional coletivo a Deus se
faz com salmos, ou seja, com hinos inspirados, santos e distintos das demais músicas, das músicas mundanas
e profanas.

- É interessante, também, observar que, embora o salmo seja uma parte importante e indispensável da
devoção coletiva, não é a que deve ocupar a maior parte do tempo da reunião. A Bíblia mostra-nos que
Jesus dedicou apenas uma pequena parte do culto de instituição da ceia para o louvor (Mt.26:30), hino, aliás,
que, entendem muitos estudiosos da Bíblia Sagrada, seja o salmo 116 (ou seja, Jesus cantou um cântico
selecionado, um cântico sacro, um cântico do hinário oficial de Israel). O louvor é importante, mas é apenas
um instante de preparação para o momento principal da reunião, que é a exposição da Palavra de Deus. Hoje
em dia, infelizmente, devido ao grande número de grupos musicais na igreja, sem se falar naqueles que
preferem cantar individualmente, não raras vezes, três quartos do tempo da reunião são dedicados ao louvor,
o que tem causado grande prejuízo espiritual ao povo de Deus. O alimento do homem é a Palavra de Deus e
o excesso de louvores tem contribuído para o raquitismo espiritual da igreja nos nossos dias. Precisamos voltar
aos tempos passados, onde se ouviam até três mensagens numa reunião.

- O segundo ponto que deve estar presente numa reunião é a oração que, no texto mencionado por
Paulo, é denominada de revelação, de língua e de interpretação. É indispensável que a igreja, reunida,
busque a Deus em oração, para que tenhamos uma verdadeira adoração e a presença de Deus se faça sentir no
meio dos crentes. Cada crente deve, assim que chegar à igreja, buscar a face do Senhor, orar para que o nome
do Senhor seja glorificado na reunião. Nos dias antigos (e, atualmente, em outras denominações, que são tão
criticadas por pontos secundários, mas que, neste aspecto, são muito mais reverentes e superiores a nós), o
povo de Deus, ao chegar à casa do Senhor, dobrava seus joelhos e, numa atitude de reverência, seguindo o
que determina a Bíblia Sagrada (Ec.5:1), orava ao Senhor até o início da reunião. Hoje em dia, estarrecidos,
observamos que os crentes aproveitam este período para falar da vida alheia, rever os amigos, marcar
encontros, entabular negócios e tantas outras coisas, menos para buscar a Deus. Acham que o culto começa
no momento da oração inicial, quando, na verdade, não vimos à igreja para assistir a um culto, mas para
prestarmos o nosso culto a Deus, juntamente com os demais cristãos, naquele local. O culto na igreja começa
quando ali chegamos e devemos aproveitar o nosso tempo para orar e buscar a presença de Deus. As reuniões
não têm sido mais proveitosas espiritualmente para os crentes exatamente porque não há este propósito de
orarmos ao Senhor desde o instante de nossa chegada à igreja local.

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- Além deste momento de oração antes do início da devoção coletiva, deve haver alguns momentos de oração
durante a reunião, onde são publicadas as necessidades dos santos à igreja local, para um intercessão, bem
assim comunicados os agradecimentos pelas bênçãos recebidas. Também este é o momento adequado para
que se proceda a eventuais unções com óleo, que devem ser feitas exclusivamente sobre membros da igreja
enfermos, que é a hipótese bíblica para unção na nova aliança (Tg.5:14). Também, neste momento, deve-se
abrir oportunidade aos irmãos que queiram testemunhar das maravilhas que o Senhor tem feito em suas vidas.

- A parte mais importante da devoção coletiva, entretanto, é a que diz respeito à exposição da Palavra
de Deus. A explanação da Palavra é uma necessidade imensa do povo de Deus e um dos principais motivos
para a sua reunião coletiva. Se existe a igreja local, se existe este grupo com o devido governo constituído
pelo Senhor, é, precisamente, para que haja o ensino da Palavra de Deus, tarefa primordial do ministério na
casa do Senhor (cfr. At.6:2,4). Esta é a parte referente à doutrina mencionada por Paulo em I Co.14:26, o que
deve ser gotejado incessantemente sobre a igreja (Dt.32:2). Doutrina é a exposição da Palavra do Senhor, do
evangelho, dos ensinos de Deus para o homem, não se confundindo com usos e costumes. Eis a razão por que
é requisito indispensável para a separação de alguém para o ministério a sua capacidade de ensinar as
Escrituras (I Tm.3:2). Nossas reuniões devocionais devem dar prioridade à exposição da Palavra do Senhor
com, no mínimo, duas pregações ao longo da reunião. Antes do término da reunião, deve haver uma mensagem
final de convite aos pecadores para que aceitem a Cristo como Salvador, o nosso conhecido "apelo", que nunca
deve faltar numa reunião devocional coletiva da igreja local, pois nosso objetivo primordial é ganhar almas
para Jesus. Infelizmente, muitos, por incrível que pareça, têm eliminado esta parte do culto, fazendo com que
tenhamos sérias dúvidas de que tenham, ainda, consciência de que uma reunião devocional não é um mero
ajuntamento social.

- Também faz parte da devoção coletiva a parte referente à contribuição financeira para o sustento da
obra do Senhor. As ofertas e os dízimos são parte de nossa devoção a Deus, de nosso compromisso com a
pregação do Evangelho são parte integrante e indissociável da nossa adoração. Não obstante, temos aqui
apenas uma parte do culto devocional, que deve ser conduzida com moderação e devida explicação de seus
objetivos aos ouvintes da Palavra de Deus, buscando-se, diante do mercantilismo reinante no mundo religioso
dos nossos dias, haver um devido esclarecimento e, inclusive, relevando-se que se trata de uma obrigação dos
crentes, não extensiva àqueles que estejam visitando a comunidade.

- A devoção coletiva, seguindo esta ordem, será, certamente, agradável ao Senhor, que Se fará presente
e proporcionará não somente o aperfeiçoamento espiritual dos crentes reunidos, mas também
ocasionará a salvação de vidas preciosas para o reino de Deus. É necessário, entretanto, fazer, também,
aqui, alguns comentários com respeito a certos aspectos que têm intrigado muitos cristãos nos nossos dias,
práticas e costumes que têm sido introduzidos nos últimos tempos nas igrejas locais.

- O primeiro destes pontos refere-se ao uso de palmas nas reuniões devocionais coletivas. O uso de palmas
não era desconhecido dos israelitas, como podemos verificar do Sl.47:1, passagem bíblica que tem sido
utilizada por tantos quantos são favoráveis a esta prática na devoção coletiva. O texto em análise, entretanto,
é uma expressão poética, ou seja, temos ali uma linguagem figurada, não literal, de modo que não se pode
aceitar que o texto permita inferir que as palmas tenham sido uma conduta observada pelos israelitas na sua
devoção a Deus. Mesmo que o texto fosse literal, trata-se de uma passagem isolada, sem qualquer outra
repetição nas Escrituras, o que, conforme os princípios de hermenêutica bíblica, não autoriza que, com base
nele, seja estabelecida uma doutrina. Assim, diante da omissão da Bíblia Sagrada, em termos doutrinários e
literais, a respeito desta prática, não podemos dizer que se esteja diante de um assunto sobre o qual haja um
parâmetro bíblico.

- A história da igreja no Brasil mostra que este foi um ponto que se levantou apenas para justificar o surgimento
de alguns movimentos e denominações pentecostais, uma forma de se tentar estabelecer diferenças para
afirmação de ministérios e lideranças, o que reforça o caráter absolutamente secundário deste tema. Deus
abençoou grandemente o movimento pentecostal no Brasil até a década de 1950 sem que houvesse tal prática
no meio do povo de Deus, como também tem abençoado as igrejas surgidas a partir de então que adotam tal

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prática. Assim, mantenha-se cada um na vocação em que foi chamado (I Co.7:20), sendo reprovável do ponto-
de-vista bíblico aquele que, tendo sido chamado por Deus a servir num determinado lugar, queira criar
contendas em cima de um procedimento absolutamente secundário, revelando-se rebelde e insubmisso (I
Tm.2:8; 6:3,4; II Tm.2:14; Tt.3:9).

- O segundo ponto refere-se ao uso de coreografia, ou seja, a existência de grupos de danças. Aqueles que se
utilizam deste expediente usam como argumentos o fato de o povo de Israel usar, costumeiramente, da dança,
como se pode observar em algumas passagens como em Ex.15:20 e 32:19, ou em Jz.11:24 e 21:21. Entretanto,
todas as vezes que vemos a dança no meio do povo de Israel, esta dança não estava relacionada com o culto
formalmente estabelecido por Deus conforme a lei de Moisés. Sempre foram celebrações populares,
resultantes da cultura profana do povo israelita, sem qualquer conexão com o cerimonial levítico. Mesmo
quando vemos Davi dançando, quando levava a arca para Jerusalém, isto se deu durante a subida da arca para
Jerusalém, no caminho, não havendo registro de dança durante a realização dos sacrifícios, após a chegada da
arca (II Sm.6:17,18). A dança, pelo contrário, estava presente nas festividades em honra ao bezerro de ouro
(Ex.32:19).

- Vê-se, portanto, que não se trata de uma conduta que esteja, na Bíblia, relacionada ao culto devocional
coletivo a Deus, motivo por que não deve ser adotado. Mesmo em nossa cultura, a dança nunca esteve
relacionada a uma utilização sagrada, mas, sim, profana, salvo no que diz respeito a cultos afro-brasileiros e
indígenas, o que reforça, ainda mais, a sua total inadequação para os cultos dos crentes em nosso país. Aliás,
a experiência de tais expedientes tem revelado que, em muitos lugares onde houve a adoção de tal prática,
houve a instalação de uma perigosa irreverência e de uma sensualidade que, em tudo, são avessos ao propósito
que deve estar presente em nossa devoção coletiva.

- O terceiro ponto refere-se à presença de dramatizações e representações nas reuniões devocionais


coletivas. O teatro, diz-nos a história, foi a principal forma de educação religiosa entre os cristãos desde a
Idade Média até a invenção da imprensa, no limiar da chamada Idade Moderna, em plena Reforma Protestante.
O teatro, que era um instrumento do culto pagão grego, acabou se tornando a única forma pela qual os cristãos
ocidentais, analfabetos e sem acesso às Escrituras, puderam ter contacto com o evangelho e a Palavra de Deus
durante o longo período em que a Igreja Romana teve o monopólio da produção cultural do Ocidente. Não
bastasse isso, a própria catequização dos índios brasileiros deu-se, fundamentalmente, através do teatro, como
nos dão contas as inúmeras peças redigidas pelos jesuítas.

- Assim, o teatro apresenta-se, culturalmente, como uma forma de difusão do evangelho não só no Ocidente,
como no Brasil. A sua utilização, portanto, não se pode considerar como errônea, nem tampouco como nociva,
desde que mantidos os parâmetros da ordem e da decência. Infelizmente, muitos têm superado os limites do
bom senso e do bom gosto, realizando dramatizações totalmente inspiradas em obras e expedientes totalmente
avessos aos princípios bíblicos, como a utilização de holofotes, fumaça, ambiente à meia-luz e tantas outras
inovações tecnológicas que são copiadas integralmente de apresentações artísticas que, não raras vezes, são
comprometidas com o ocultismo e o satanismo.

- Deploramos, também, a realização de verdadeiros "shows" nas igrejas locais, para lançamento de produções
artísticas, o que é totalmente contrário ao propósito estabelecido para a devoção coletiva, que é a adoração a
Deus na beleza da Sua santidade e não o aproveitamento da oportunidade do ajuntamento do povo de Deus
para a venda de produtos. Lembremo-nos que a casa de Deus é casa de oração e não casa de venda (Jo.2:16)
nem covil de ladrões (Mt.21:13).

- O quarto ponto refere-se à concessão de tempo nas reuniões a autoridades constituídas e a candidatos a
cargos eletivos, notadamente durante a campanha eleitoral. Os que defendem que tais pessoas ocupem os
púlpitos e tenham voz buscam respaldo bíblico em passagens como Rm.13:7, que manda honrar as autoridades
constituídas. Não resta dúvida de que, vindo uma autoridade visitar a igreja local, deve ela ser recebida com a
honra devida de seu cargo, de sua função. Entretanto, cessa aí o compromisso da igreja local e de sua liderança.

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- A reunião devocional coletiva é para cultuarmos a Deus, para O adorarmos na beleza da Sua santidade, em
espírito e em verdade, para louvarmos a Deus, ouvirmos a exposição da sua Palavra, orarmos e sentirmos o
poder de Deus e a manifestação dos dons espirituais e ministeriais. Uma autoridade constituída por Deus para
o governo da sociedade nada tem a ver com isto, de modo que não deve ter qualquer oportunidade para falar
de seus planos, projetos ou quaisquer outros assuntos alheios ao propósito da reunião. Devemos dar a César o
que é de César, mas a Deus o que é de Deus(Mt.22:21) e reunião devocional coletiva é algo que se faz a Deus,
não a César.

- O quinto ponto refere-se à manifestação do dom espiritual de línguas e à ordem do culto com relação a
isto. Temos baseado nosso estudo a respeito da liturgia em I Co.14:26, que faz parte, precisamente, do texto
em que Paulo analisa este problema. Embora seja um texto muito citado pelos evangélicos tradicionais, como
forma de menosprezar e depreciar os pentecostais, o fato é que, ao lermos o ensino de Paulo a respeito, não
há qualquer proibição ou restrição ao uso dos dons espirituais de línguas estranhas na devoção coletiva. Paulo,
apenas, fiel ao propósito que deve nortear uma reunião desta natureza, esclarece que, se alguém falar em língua
estranha, deve fazê-lo de tal modo que não perturbe o desenvolvimento da reunião, pois a língua estranha,
sem interpretação, é para a edificação individual e, numa reunião devocional coletiva, nós devemos buscar a
edificação de todos, não a do indivíduo.

- Assim, se, num ambiente privado, devemos dar vazão às línguas estranhas que falarmos, pois estaremos na
nossa intimidade com Deus, na reunião devocional coletiva, deveremos observar se Deus está nos dando a
interpretação ou se alguém está sendo usado para tanto. Caso contrário, devemos nos conter e impedir que as
nossas línguas impeçam as demais pessoas de ouvir a mensagem da palavra de Deus ou o que estiver sendo
realizado na reunião naquele momento.

- Temos de reconhecer que nossas igrejas locais não têm sido rígidas cumpridoras deste princípio bíblico e
que devemos nos esforçar para que isto ocorra, pois devemos ser cumpridores da Palavra (Tg.1:22), mas usar
esta falha para defender que não se devam falar em línguas num culto é puro preconceito religioso, sem
qualquer respaldo bíblico, sendo, mesmo, uma postura diametralmente oposta ao que ensinam as Escrituras,
que não admitem que se proíba falar em línguas estranhas (I Co.14:39; I Ts.5:19).

- O sexto ponto refere-se à manifestação do dom espiritual de profecia ou dos dons espirituais conjugados
de língua e de interpretação. O texto já mencionado de I Co.14 é bem claro a respeito. A língua com
interpretação ou a profecia devem ser entregues para a igreja, pois são palavras diretas do Senhor para a
edificação do Seu povo, sendo este um dos propósitos do ajuntamento dos servos de Deus na igreja local. Não
tem, portanto, qualquer sentido que se proíba que alguém profetize ou interprete uma língua estranha.

- Entretanto, tudo deve ser feito decentemente e com ordem. A Bíblia mostra, claramente, que o espírito do
profeta está sujeito ao profeta, ou seja, o profeta (ou intérprete) tem plena consciência de que recebeu uma
mensagem da parte de Deus e que deve entregá-la para a igreja, mas, também, sabe, perfeitamente, o que está
se passando na reunião. Assim, guiado pelo Espírito Santo, saberá o momento certo em que deverá entregar a
mensagem. Se Deus determinar que a mensagem se dê no exato momento da sua recepção, providenciará que
ela seja ouvida por todos, inclusive interrompendo alguma pregação que esteja sendo feita. Caso contrário, o
profeta ou intérprete deverá aguardar o término da exposição da Palavra para entregar a sua mensagem à
igreja. Deus não é Deus de confusão e, portanto, jamais irá permitir que alguém suplante aquele que está
ministrando a Sua Palavra.

- O sétimo ponto refere-se a certas práticas que têm invadido as igrejas locais, tais como a "nova unção", a
"risada santa", " o vômito santo", "o dom de lagartixa", " o cair pelo Espírito", " o sopro santo", "o aviãozinho",
"adoração a anjos", " coreografia a anjos", "o paletó ungido", " unção de lenços, carteiras de trabalho e outros
objetos", " sessão de descarrego", " rosa ungida", " túnel de luz", "o corredor dos trezentos", " corrente dos
setenta", " sal grosso", "a ingestão das ervas amargas", "sono santo" e outras inúmeras inovações que têm
aparecido nos últimos tempos, inovações estas que, muito propriamente, foram denominadas pelo jornalista
evangélico Jehozadak Pereira de "neobesteiras".

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- São todas práticas que misturam feitiçaria, meninice, despreparo espiritual e, o que é primordial, ausência
de exposição da Palavra de Deus. As pessoas têm sede espiritual e, como não tem havido a ministração da
Palavra de Deus em muitos lugares, tem sido necessário impactá-las com invenções e subterfúgios, para que,
emocionalmente tocadas, estas pessoas sirvam aos propósitos, quase sempre monetários, dos alardeadores
destas invenções, que têm sido hábeis instrumentos do inimigo para escândalo e descrédito do evangelho de
Jesus Cristo no meio do povo.

- Busca-se, hoje, emocionar os ouvintes, levá-los a um instante de êxtase, a uma experiência sobrenatural de
curta duração e de grande intensidade, tal qual se vê nos cultos afro-brasileiros, nos movimentos esotéricos
influenciados pela Nova Era. É a troca de uma vida comprometida com Deus por uma vida de experiências
imediatas e emocionalmente fortes, mas sem qualquer solidez espiritual, não raro com manifestação de
poderes malignos, pois a mentira e o engano são próprios do diabo (Jo.8:44). Tomemos cuidado, queridos
irmãos, rejeitemos estes ventos de doutrina e não abandonemos a simplicidade que há em Cristo Jesus (II
Co.11:3). Deus não quer espetáculo, nem precisa de espetáculos para Se manifestar, mas atuará e Se
manifestará sempre que tiver corações contritos e espíritos quebrantados dispostos a servi-l’O e adorá-lO
(Sl.51:17), dispostos a se arrepender de seus pecados e buscar uma vida de santificação(Hb.12:14; Ap.22:11).
OBS: Este descompromisso com uma vida de efetiva comunhão que estas práticas acabam gerando nos fiéis é algo que não tem sido deix ado
despercebido pelos especialistas, como o sociólogo da religião Antonio Flávio Pierucci, como se vê em trecho de artigo a respeito do assunto: "
…Veja-se o caso brasileiro. Ao lado da visibilidade cada vez maior do estilo new age de religiosidade mágico-terapêutica, as religiões
institucionalizadas que mais se expandem no Brasil são, em primeiro lugar, as igrejas protestantes de extração pentecostal. Entre as pentecostais,
são as 'neo' que mais prosperam: Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça Divina, Renascer em Cristo…Mesmo entre as igrejas
protestantes históricas, os ramos que mais crescem são aqueles que se deixaram de algum modo pentecostalizar, no estilo de culto e de pregação,
tanto quanto no estilo de vida. No interior do catolicismo, o movimento mais dinâmico e expansivo é o dos chamados católicos carismáticos. Pois
bem. Essas exitosas formações religiosas e seus motivados profissionais oferecem um tipo de religiosidade ' experiencial', digamos assim, que é
muito pouco exigente eticamente, mas muito eficiente misticamente. Ou seja, as religiões mais bem-sucedidas são aquelas que, à maneira das
religiões classicamente mágicas, como o candomblé, a umbanda e as outras afro-brasileiras ou o próprio catolicismo popular, estão deixando de
inculcar nos fiéis uma pauta coerente de conduta ética metódica e, excusado dizer, duradoura. Passaram a oferecer serviços lábeis (…) vias de
salvação mágicas ou mágico-místicas. Caracteriza tais serviços o fato de serem tópicos, não permanentes e de consumo imediato, o mais das vezes
oferecidos em troca de pagamento…" (Religião. Folha de São Paulo, cad. Mais, 31.12.2000, p.20-1).

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


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