Você está na página 1de 19

Colocando o papo em dia

Publicado Originalmente na coluna Uncharted Realms de 22.07.215

Jace fingiu um sorriso, enquanto a delegação Golgari se partia, murmurando um feitiço


rápido para limpar o odor deixado pelos estimados embaixadores e seus assistentes zumbis.
Assim que a porta se fechou atrás deles, o sorriso de Jace sumiu, e ele sentou-se na grande
mesa de madeira recém instalada. A mesa rangeu, e ele franziu a testa.
"ainda preciso de uma cadeira confortável... Couro... Algo caro...", ele pensou. "Diga-me que
essa foi a última para o dia".

"Eu nunca mentiria, nem se você me ordenasse", disse sua "oficial de justiça", Lavinia, " mas
neste caso, posso dizer honestamente que este foi o último dos compromissos de hoje."

Jace resmungou. Ele estava entediado – embora houvesse muito trabalho, ele era
extremamente banal e chato.
"Obviamente", ela continou, "os peticionários de amanhã já estão se alinhando."

A luz do sol já sumira das janelas. "Eles vão ter que esperar", disse ele. "Talvez eu até possa
resolver todos os seus problemas, mas eu não posso fazer isso em um dia.", ele disse se
virando para ela, que mantinha sua compostura formal e fria.
Jace revirou os olhos. "Você sequer está cansada? Tenho certeza que o povo já conta
histórias sobre a de justiça ilusiória de Jace... afinal, que ser humano poderia ficar em pé, de
armadura, por 12 horas e não demonstrar nenhum tipo de cansaço ou emoção?"

"você teria um mínimo de resistência se se desse ao trabalho de se exercitar às vezes."

"anotado", ele disse com um leve sorriso, enquanto saía da sala.

"pacto das guildas?"

Ele se virou.

"procure descansar um pouco"

"Café", disse Jace. "O Pacto das Guildas diz que o café é substituto legal para o descanso,
conforme especificado na subseção... sei lá qual..."

Lavinia tinha muita disciplina para revirar os olhos para ele, mas ela não conseguiu evitar
balançar a cabeça.

Jace chega em seus aposentos - uma confusão de diagramas, projetos em andamento, e


refeições pela metade. Um Hedron ilusório pairava no ar, suas runas ainda indecifráveis.
Globos e mapas de vários planos com lugares importantes marcados com alfinetes (Jace não
tinha servos – além de arriscado, era desnecessário, já que ele podia invocar uma faxineira
ilusionária quando necessário).
Ele piscou, com os olhos turvos. O que ele estava procurando mesmo?

"Café!"

De repente, uma batida na porta.


A porta em questão, não era a porta de seus aposentos, mas uma porta no meio do quarto –
um portal izzet. De seu lado, uma porta comum. A outra extremidade Jace mudava de lugar
constantemente.
A batida, em questão, vinha de algum lugar no Sétimo Distrito, onde o portel estava no
momento.
E era algo inesperado.
Um cidadão perdido batendo na porta errada, talvez?
Ele puxou o capuz para cima, começou a coletar mana, e cuidadosamente se aproximou da
porta, mantendo um feitiço pronto para dissipar o portal, se necessário. Nesse meio tempo,
ele lançou um feitiço para ver o que estava do outro lado.

"Liliana???"

Jace não via Liliana Vess desde o dia em que ele descobriu que ela estava o estava usando e
ele a abandonou no meio de uma missão - depois de suportar perigo mortal, mortes de
amigos, e tortura, tudo pelo menos parcialmente, por culpa dela. Ela era uma necromante
amoral e egoísta, que tinha o procurado sob as ordens do Planeswalker dragão, Nicol Bolas.
Ela também foi a primeira amante que ele teve, e ele já tinha aprendido que não devia
confiar nela.

E ali estava ela, com sua compostura poderosa, mas olhando para os lados, ocasionalmente,
com o canto dos olhos, como se nervosa.
Ou cautelosa.
Ou como se fosse traí-lo.
Mais uma vez.
Uma ilusão? Através do portal, era difícil dizer. Se fosse, era totalmente convincente, até a
batida irritada de seu pé esquerdo.
Ele não deveria atender a porta. Se era realmente ela ou não, era quase certamente uma
armadilha.
E mesmo se ela não tivesse planos para traí-lo, novamente, a vida com Liliana tinha uma
certa tendência a... "acabar mal".

Ele respirou fundo, conjurou um feitiço de invisibilidade, e convocou uma duplicata ilusória,
que abriu a porta.

"Liliana?" disse ele, pela boca da cópia, "O que vo..."

Ela casualmente atravessou a ilusão.

"Posso entrar?".

Jace franziu a testa, empurrou a porta fechada, dissipou sua invisibilidade, sua cópia e
correu atrás dela.

"E se eu dissesse que não?"

"Você não disse".

Ele se pôs no caminho dela, que examinava o apartamento.

"Belo lugar. Uma vergonha o que você fez com ele."

Ela não envelhecera um segundo. Mas era o esperado - quatro contratos demoníacos foram
feitos para isso, gravados em runas sobre sua pele perfeita.
Ele sempre odiara essas gravuras, fazendo o possível para não tocá-las.
Finalmente, ela olhou-o nos olhos.

"Olá, Jace."

Jace não estava acostumado ao contato visual direto - Ele não precisava disso para ler
intenções. Ele até aprendera a olhar as pessoas nos olhos para conversar com elas, mas
nunca aprendeu a prestar atenção neles. Mas dos olhos de Liliana ele se lembrava - velhos e
violeta, cheios de promessas de perigo. Ele tentou encará-la, mas não conseguiu suportar as
memórias que surgiram. Ele resolveu fitar o nariz dela.

"Nada que você possa dizer vai me fazer confiar em você", disse ele. "Não depois do que
você me fez."

"Se você não se lembra – foi você quem me abandonou..", disse ela.

"Sim, depois que você me traiu!"

"Isso é história antiga", disse ela. "Eu não trabalho mais para Bolas, e eu nunca lhe faria
mal."

"E posso verificar isso?" ele perguntou "Ou você ainda tem suas medidas de proteção?"

Ele tinha tentado ler a mente dela quando se conheceram, mas conseguia anular suas
habilidades telepáticas de alguma forma.

Ela não disse nada, mas estendeu a mão, lentamente, em direção ao rosto dele.
Parte dele queria recuar diante de seu toque. Parte dele queria o exato contrário. Ele
resolveu ficar parado.
Mas ela não o tocou, apenas colocou a beira do capuz dele entre dois dedos e o tirou.
Ela ficou o apreciando por um momento.
"Você parece mais velho", disse ela.

"Eu não tenho certeza de como entender isso."

"Na sua idade, querido, é um elogio ambíguo." Ela inclinou a cabeça. "Você já começou a
pentear o cabelo?"

"Eu vou assumir ", disse ele, "que você não ia se dar ao trabalho considerável de encontrar-
me apenas para criticar a minha aparência. Então vamos ao que interessa – como você me
achou e quem sabe disso?"

Ela suspirou teatralmente.

"Eu contratei um bom espião, a um preço muito alto", disse ela. "E ninguém sabe, porque
agora ele é um zumbi vagando no sétimo distrito."

"Maldição!" ele disse. "Você está falando de um cidadão Ravnicano."

"Não se preocupe. Tenho a certeza que ele merecia", disse ela. "Ele tem uma ficha em Nova
Prahv do tamanho do braço dele: Homicídio, incêndio, roubo, extorsão e muita coisa terrível
que os Azorius nem sequer desconfiam."
"Uma ficha criminal deve levar a um julgamento", ele retrucou. "Não é uma execução
sumária! Eu tenho que pensar sobre esse tipo de coisa agora. Eu sou a lei Eu sou
literalmente a Lei. Eu... Droga! ... porque você está sorrindo?"

"Lazlo Lipko."

Ele respirou com os dentes cerrados.

"É um grande f#$%@#$%@."

"Era", disse ela, sorrindo.

Ele suspirou.

"Ok, ok. Não é como se eu nunca tivesse agido fora da lei, mesmo como o Pacto das
Guildas."

"Bem?" ela disse. " a inquisição acabou?"

"Ainda não," ele disse. "O que você fez com Garruk Wildspeaker?

"Oh," ela disse. "isso..."


"Isso."

"Posso pelo menos sentar?"

Ele deu de ombros e fez um gesto para uma das cadeiras que rodeavam a mesa, mas ela
caminhou ao redor da mesa e caiu sobre seu sofá.
"Garruk", ele insistiu.

"Garruk." Ela franziu a testa. "Não há muito a dizer."

"Então diga pouco."

"Ele me atacou", disse ela. "Eu ganhei. Eu acho que ele está magoado."

"Não."

Ela piscou os olhos violeta.

"Não?"

"Conte-me sobre o Chain Veil", disse Jace.

"Oh," ela disse, olhando para longe. "Isso..."

Ele esperou.

"Vai ser mais fácil se você me disser o que você já sabe", disse ela.

"Vai ser mais informativo se eu não fizer isso."

Jace já sabia muito sobre o chain veil, suas propriedades, e os desentendimentos de Liliana
com Garruk. Mas ele estava curioso quanto ela estaria disposta a ser honesta com ele.

"Tudo bem", disse ela. "É um artefato muito poderoso, muito antigo."

"maligno também", ele exclamou.

"Sim, obrigado", disse ela, revirando os olhos. "Um dos meus patrões demoníacos me enviou
atrás do véu. Eu decidi usá-lo para ganhar minha liberdade. "
"Você honestamente acha que pode enfrentar quatro demon-"

"Dois", disse ela.

"O Quê?"

"Dois, oras", disse ela, levantando dois dedos e sorrindo. "Dois se foram, restam dois."

"Oh," ele disse. "Isso... Muda as coisas."

"Né?"

"O que você fez para Garruk?"

"O véu é amaldiçoado", disse ela. "Ele foi criado para transformar alguém em um veículo
para a ressurreição de uma raça há muito tempo extinta. Mas isso é poder demais para uma
só alma para suportar. Ele mata seus usuários se eles não são fortes o suficiente, eu acho."

"Você acha?"

"O que posso dizer? Tenho estado tão ocupada com toda essa história de matar demônios
que eu não tive tempo de visitar uma biblioteca."
"Tudo bem", disse ele. "Você não parece morta."

"Nah", ela disse. Seus olhos brilharam. "Eu sou muito forte."

"Você sabe o que acontece com aqueles que que o véu não mata, certo?"

O rosto dela ficou sério, talvez a única expressão honesta que ela tinha mostrado desde o
início da conversa.

"Sim", disse ela. "demônios".

O poder do Véu transforma até mesmo seus usuários mais fortes em monstros.

"E é nisso que está se tornando Garruk. Ou já tornou-se, talvez. Mas você não."

"Não me", disse ela. "Eu não sei se foi meus contratos ou minha necromancia. Ou talvez eu
consegui passar a maldição para ele, logo depois eu peguei a coisa. Qualquer que seja a
razão, ele é o único se transformando em um monstro. E eu Não. Não mais do que o de
sempre, de qualquer maneira. "

"Tudo bem", disse ele. "Você ainda está viva, você ainda é humana, e você já matou dois
dos demônios. Então, qual é o problema?"

Ela arqueou uma sobrancelha.

"Quem disse que há algum problema?"

"Lili, o que você está fazendo aqui?"

Ela fez um beicinho cínico.

"Não posso simplesmente visitar um velho amigo?"

"Pare com isso", ele retrucou. "Fomos muitas coisas, mas nunca fomos amigos."

"Você está certo", disse ela. "E do fundo do coração, eu sinto muito. Eu sinto muito pelo que
você passou. Estou mesmo arrependida do que está acontecendo com Garruk, se isso vai
fazer você se sentir melhor."

Ela se jogou a cabeça para trás no travesseiro e suspirou.


"Eu não sei, Jace. Eu acho que eu estava esperando que podíamos... Começar de novo."

"Começar de novo foi o primeiro truque que aprendi", disse ele, forçando um sorriso. Ele
levantou uma mão, já brilhando, como ele sempre fazia quando usava sua magia para
apagar memórias. "Basta dizer a palavra..."

"Não foi isso que eu quis dizer.", ela interrompeu. "Apenas... Essa conversa?" ela disse.
"Recomeçar essa conversa?"

"Bem, é tarde demais para você não entrar em minha casa."

"Justo", disse ela. "Então, por onde começamos?"

"Que tal com você pedindo desculpas por entrarem minha casa?"

"Eu sinto muito ter invadido sua casa", disse ela, com exagero proposital. "Eu estava na
cidade, e eu simplesmente não pude resistir. Lamento profundamente o nosso último
encontro, e eu espero que nós possamos superar o passado."

Era um jogo. Tudo sempre era um jogo com ela, e ele estava cansado de jogar. Mas se ele
não descobrisse o que ela estava tramando, ela iria apenas colocá-lo em apuros novamente.
E ela não era a única que sabia jogar.
"Uma agradável surpresa!" ele disse. "É uma delícia vê-la novamente! De forma nenhuma
isso é suspeito ou indesejável! Como você gostaria de superar o passado?"

Ela sorriu maliciosamente.

"Leva-me para jantar?"

Ele bufou.

Ela riu.

"Você está falando sério", disse ele.

Ela sorriu.

" sempre."

....

O casal passeava, de braços dados, através do distrito de moda de Ravnica (Segundo


distrito). Era uma noite quente, e as ruas estavam cheias.
"Então, como é ser o pacto das Guildas?"

"Exaustivo", disse Jace. "Todo mundo quer alguma coisa de você, é como se te puxassem de
dez direções diferentes ao mesmo tempo, o tempo todo."

"Senhor!" Interrompeu uma pequena mulher segurando uma cesta de rosas. " uma flor para
sua namorada?"

"Ela não é-"

"Não diga mais nada, senhor!" disse a mulher com uma piscadela. "Mas uma flor é sempre
um bom presente para uma dama!"

"Ela não é-"

Liliana lhe deu uma cotovelada nas costelas.

"Claro", disse Jace. Ele entregou à mulher um zino, disse-lhe para ficar com o troco, e
ofertou a rosa para Liliana com um floreio.

Liliana pegou a flor delicada e olhou para ela, que, em segundos, morreu, secou e virou uma
casca enegrecida. Ela colocou-a no seu cabelo negro e sorriu para ele.

"Você nem tenta, né?" ele perguntou.

Ela deu um sorriso estonteante.

"Nunca".

Finalmente, eles chegaram em seu destino – Milena, um dos melhores restaurantes do


Segundo Distrito, mesas somente com reservas. Jace trocou algumas palavras em voz baixa
com o maître e o Pacto das Guildas e sua convidada foram escoltados até uma mesa para
dois no pátio, iluminado por velas.

"É bom saber que você não está acima de abusar do seu poder", disse Liliana.

Ele puxou uma cadeira para ela.

"Eu passo 10 horas por dia a ouvir as disputas de zoneamento e reivindicações de danos",
disse Jace, sentando-se. "Uma mesa em um restaurante agradável sem reserva é o mínimo
que esta cidade pode me dar em troca."

"E você tem dinheiro pra isso?" perguntou Liliana, passando os olhos pelo menu.

"Eles geralmente não me cobram", disse ele, tentando parecer embaraçado, principalmente
porque ele estava mesmo. Mas ser o Pacto das Guildas não era fácil, e nem era seguro, e ele
não devia ter vergonha de tirar proveito das poucas vantagens de emprego.
"Claro", disse ela. "É o mínimo que podem fazer."

Eles fizeram seus pedidos, e Liliana não se teve pena - nem ele tinha esperado que ela
tivesse.

Jace teceu um feitiço rápido de silêncio para dar-lhes um pouco de privacidade.

"Este lugar parece um outro mundo perto dos buracos que frequentávamos, hein?", disse
Liliana. "qual o nome daquele pulgueiro? The Bitter End?"

Ele levantou uma taça.

"Para deixar o passado... No passado."

"Eu soube o que você fez", disse ela. "Tentando parar Garruk".

"Oh," ele disse. "Isso."

"Foi arriscado", disse ela. "Eu não pensei que você faria isso por mim."

"Eu não fiz por você", disse Jace. "Garruk estava se tornando uma ameaça para todos os
Planeswalker".

"Escute a si mesmo", disse ela, balançando a cabeça. "Jace Beleren, defensor do Multiverso!
Você não pode admitir que está preocupado comigo sem fingir estar preocupado com todos
os outros?"

"Eu deveria estar preocupado com você?"

A raiva tomou conta do rosto dela. Ela colocou as mãos nas dobras da saia, procurando algo
e Jace, em pânico preparou uma counterspell esperando o pior.

Então ela pôs um objeto na mesa.


Uma enxurrada de sussurros ininteligíveis bombardeou a mente dele, por um momento, até
que ele conseguiu abafá-los.
Ele estendeu a mão, quase institivamente. Ela pegou o véu de volta em um movimento
rápido, num gesto indigno, como uma criança egoísta recolhendo seus brinquedos.

"Medo que eu pegue de você?" perguntou ele com espanto.

"Medo do que ele pode fazer com você", disse ela calmamente. "E de qualquer maneira, você
não poderia levá-lo, mesmo se eu quisesse. "

"algum vínculo" ele pensou... "Bom, se não posso brincar com ele, suma com isso daqui",
disse ele. "ele me dá arrepios."

Ela guardou o véu novamente.

"a mim também", ela sussurrou.

As velas piscaram.

"Parece que talvez as coisas não estejam assim tão sob controle..."

Ele entendeu, agora, por que ela viera. Ela estava jogando com suas emoções e sua
curiosidade de uma vez. Ela precisava de ajuda e tinha um enigma a ser resolvido - duas
coisas que ela achava que ele não conseguiria resistir. E talvez, apenas talvez, ela estivesse
certa.

Mas ela teria que pedir dele.

Seus olhos eram piscinas de escuridão.

"Jace, eu..."

Houve uma comoção na frente do restaurante. Jace virou-se bruscamente, pronto para
lançar qualquer meia dúzia de feitiços de proteção.

Um homem alto, de ombros largos, estava na rua discutindo com Valko (o maitre). Ele usava
uma armadura, gasta, mas bem conservada, e estava coberto de sangue, sujeira e alguma
gosma não identificável. Ele apontou para Jace. Ele estava no limite do alcance telepático
"fácil" de Jace, mas com uma combinação de leitura superficial de pensamentos e de lábios,
Jace foi capaz de compreender o que o homem estava dizendo: "Eu preciso falar com o Pacto
das Guildas".

Ele mostrou uma insígnia Boros, empurrou o maître e caminhou até a mesa deles. Ele era
um pouco mais alto do que Jace, com a pele bronzeada, mas os olhos surpreendentemente
brilhantes.

"Jace Beleren", disse ele. "Eu preciso de sua ajuda."

O homem correspondia à descrição de um Planeswalker que Jace já tinha ouvido falar,


alguém que costumava "walkar", entrando e saindo de Ravnica com regularidade incomum.
Valko correu atrás do homem.

"Pacto das Guildas," disse Valko. "Eu sinto muito. Ele disse que é um assunto de guildas"

"Não, eu não disse", disse o homem. "Eu só lhe mostrei meu distintivo."

"Eu não estou de serviço no momento", disse Jace. Planeswalker ou não, os problemas
daquele homem não eram problemas de Jace. "Vá ao Salão do Pacto das Guildas de manhã,
faça sua petição e em alguns dias-"

"É sobre um lugar chamado Zendikar", disse o homem.

Liliana parecia ter engolido um prego.

"Sir", disse Valko. "Seja qual for o seu negócio, o seu traje é totalmente inaceitável. Devo
insistir"

"Ele pode ficar", disse Jace. "Se você está preocupado com as aparências, eu posso conjurar
um feitiço de invisibilidade na mesa."

"Isso", disse Valko, "fará com que seja extremamente difícil trazer-lhe o seu jantar."

"também não vai cobrir o cheiro ", disse Liliana.

"Eu lhe compensarei de alguma forma mais tarde", disse Jace, enxotando Valko.

"E quanto a mim?" disse Liliana.

"Meu nome é Gideon," disse o homem. Ele olhou para Liliana.

"Ela sabe", disse Jace. "Sente-se."


"Eu prefiro ficar de pé", disse Gideon.

Jace se levantou. Foi um erro. Ele ainda teve de esticar o pescoço para olhar Gideon no olho,
e agora a diferença de tamanho entre eles era muito mais óbvia. Ele odiava se sentir
pequeno. Odiava.

"Agora que você já completamente arruinou a minha noite", disse Jace, "que tal ir direto ao
assunto?"

Os olhos de Gideon se estreitaram.

"Você realmente foi para Zendikar?"

"Sim", disse Jace. "não posso dizer que foi uma boa viagem."

"Sea Gate caiu."

"O Quê?" Jace disse. "Quando? Como?"

"Horas atrás", disse Gideon. "Talvez menos. Saí antes de tudo acabar, mas o lugar estava
condenado. E quanto a como... O que você sabe dos Eldrazi?"

"Eles tinham acabado de surgir quando eu estive lá. Eu vi um, pouco antes de eu partir",
disse Jace.
"vi um" era uma maneira de colocar o que acontecera. "Inadvertidamente libertei-os de
milênios de prisão para aterrorizar Zendikar" era outra.
Jace se perguntou se Gideon sabia disso.
"Eu conheço alguns estudiosos no Sea Gate. Alguma notícia deles?"

"tudo perdido", disse Gideon. "É por isso que eu vim para te encontrar. Eles estavam perto
de algum tipo de avanço com os Hedrons, algo que poderia lutar contra os Eldrazi. E você
tem uma reputação de resolver quebra-cabeças."

Um mergulho rápido na mente do homem confirmou que ele estava dizendo a verdade.

"A rede de Hedrons?" Jace disse. "Que tipo de avanço?"

"Eu não sei", disse Gideon. "algo sobre as leylines, eles acreditam que tudo está conectado
de alguma forma. Você vem comigo? "

"Linhas de Força!" Jace disse. "Eu nunca tinha ligado os Hedrons às leylines. Isso tem...
Implicações."

Ele esfregou a testa. O Eldrazi eram sua responsabilidade, de certa forma. Ele passou algum
tempo desde então pesquisando-os, pesquisando os Hedrons... Mas ele tinha tantas outras
responsabilidades!

"Se você conhece Zendikar, e se você viu um Eldrazi, então você sabe como isso é sério",
disse Gideon. "Eu sei que você vai fazer a coisa certa."

Liliana esvaziou sua taça, empurrou a cadeira para trás, e passou por Jace.

"Lili, espere"

Ela continuou andando.

"Dê-me um minuto", disse a Gideão.

Ele correu atrás dela, acertando seu passo ao dela. Ele sabia que tentar agarrá-la pelo braço
era uma boa maneira de acabar no hospital.

"Liliana!"

Ela parou e olhou para ele, com os olhos queimando de raiva.

"Eu procurei você depois de todo esse tempo", disse ela. "Eu me abri para você. E agora,
depois de tudo o que passamos juntos, você está pronto para ir embora com vagabundo de
Sunhome, só porque ele pediu?"

"O que está acontecendo em Zendikar..." ele disse. "É minha culpa, mais ou menos. Não foi
intencional, e eu suspeito que fui manipulado, mas a verdade é, essas coisas, esses Eldrazi
estão soltos porque eu me meti em algo que não devia. "

"E agora você vai se meter de novo", disse ela. "O que você está esperando?"

"Você pode vir conosco", disse ele.

"Oi?"

"Venha com a gente", disse Jace. "Use suas habilidades para acabar com alguns monstros e
talvez você possa conseguir um aliado nesse Gideon."

"Não", disse Liliana. "Alguns de nós não gostam de arrumar problemas quando já temos
mais do que suficiente."

"Eu não vou sair até de manhã", disse Jace. "Pense sobre isso. Venha me ver se você mudar
de idéia."

"Não."

"Você pode esperar por mim em Ravnica, então", disse Jace. "O que quer que seja que ele
precisa que eu investigue, não deve demorar muito. Eu vou voltar e poderemos continuar
nossa conversa. E se você finalmente decidir me dizer o motivo real pelo qual me procurou,
nós poderemos decidir o que fazer depois . "

"Você está louco", disse ela. "Eu tenho demônios para matar."

"Tudo bem", disse Jace. "Boa sorte com isso.... E Liliana?"

Ela esperou.

"Ele pelo menos pediu minha ajuda..."

Ela arrancou a flor morta de seu cabelo e atirou-a aos pés dele, em seguida, virou-se e foi
embora.

Jace se abaixou para pegar a flor murcha. Com passos pesados , Gideon aproximou-se por
trás dele.

"Acabou?" disse Gideon.

Jace se virou, pronto para esporrar Gideon, mas seu rosto estava tão sério e abatido, que
Jace não conseguiu reunir a raiva.

Liliana sempre era sinal de problemas.

Ele sabia.

Você também pode gostar