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All content following this page was uploaded by Maite Klein on 31 October 2019.
Autoria
Aline de Vargas Pinto - alinevargas01@hotmail.com
Prog de Pós-Grad em Admin/Esc de Admin – PPGA/EA/UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Agradecimentos
Agradecemos as agências financiadoras CAPES e CNPQ.
Resumo
Os usuários estão cada vez mais experientes em tecnologias e sistemas de informação, o que
tem preocupado as organizações pelo uso de workaround. Neste contexto, é necessário
entender os motivos pelos quais os funcionários não cumprem as políticas de segurança da
informação organizacional em relação ao comportamento workaround. Assim, este estudo
centra-se na Teoria dos Eventos Afetivos para prever o comportamento workaround no local
de trabalho. Esta teoria objetiva explicar como os trabalhadores reagem emocionalmente aos
eventos que acontecem no trabalho e como isso impacta nas suas atividades ou desempenho.
Quando um funcionário percebe que algum evento no trabalho o impede de realizar suas
atividades ele poderá ter uma ou mais reações afetivas e estas levarem ao comportamento
workaround. Diante do exposto, este ensaio teórico organiza-se de forma a solucionar
diversos questionamentos relacionados a Teoria dos Eventos Afetivos e ao comportamento
workaround, como por exemplo: quais os antecedentes do comportamento workaround?
Quais eventos no ambiente de trabalho pode-se considerar como motivadores de reações
afetivas que levam ao comportamento workaround? Quais são estas reações positivas e
negativas? E, a partir destes, construir a discussão teórica que permitam a apresentação de
um modelo conceitual e proposições a cerca dos temas.
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro
RESUMO
Os usuários estão cada vez mais experientes em tecnologias e sistemas de informação, o que tem
preocupado as organizações pelo uso de workaround. Neste contexto, é necessário entender os
motivos pelos quais os funcionários não cumprem as políticas de segurança da informação
organizacional em relação ao comportamento workaround. Assim, este estudo centra-se na
Teoria dos Eventos Afetivos para prever o comportamento workaround no local de trabalho. Esta
teoria objetiva explicar como os trabalhadores reagem emocionalmente aos eventos que
acontecem no trabalho e como isso impacta nas suas atividades ou desempenho. Quando um
funcionário percebe que algum evento no trabalho o impede de realizar suas atividades ele poderá
ter uma ou mais reações afetivas e estas levarem ao comportamento workaround. Diante do
exposto, este ensaio teórico organiza-se de forma a solucionar diversos questionamentos
relacionados a Teoria dos Eventos Afetivos e ao comportamento workaround, como por
exemplo: quais os antecedentes do comportamento workaround? Quais eventos no ambiente de
trabalho pode-se considerar como motivadores de reações afetivas que levam ao comportamento
workaround? Quais são estas reações positivas e negativas? E, a partir destes, construir a
discussão teórica que permitam a apresentação de um modelo conceitual e proposições a cerca
dos temas.
1 INTRODUÇÃO
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das funções da tecnologia, provocando uma resistência de uso (LAUMER et al., 2017), pela falta
de atributos necessários, como a qualidade do sistema e das informações disponíveis ou no
serviço de apoio ao uso que proporcione facilidade de uso e confiabilidade (PETTER et al.,
2013), uma barreira para realização efetiva e simplificada das tarefas de trabalho (ALOJAIRI,
2017) ou porque as informações necessárias são limitadas (HUUSKONEN; VAKKARI, 2013).
Entretanto, não foi identificada nenhuma pesquisa que buscasse entender os fatores humanos
envolvendo este comportamento. Acredita-se que fatores emocionais podem levar ao
comportamento workaround. Assim, este ensaio teórico centra-se em uma teoria particular para
prever o comportamento workaround no local de trabalho: a Teoria dos Eventos Afetivos.
A Teoria dos Eventos Afetivos formulada por Weiss e Cropanzano (1996) objetiva
explicar como os trabalhadores reagem emocionalmente aos eventos que acontecem no trabalho e
como isso impacta nas suas atividades ou desempenho. Tillman et al. (2018) afirmaram que os
eventos relacionados ao trabalho são os mecanismos pelos quais os estados afetivos surgem e
levam a um comportamento. Assim, quando um funcionário percebe que algum evento no
trabalho o impede de realizar suas atividades ele poderá ter uma ou mais reações afetivas e estes
levarem ao comportamento workaround.
Segundo Yang et al. (2012) e Alter (2014) um número reduzido de estudos exploraram
como e porque o comportamento workaround pode influenciar o uso de um sistema. Em vez
disso, a maioria das pesquisas apenas oferece evidências empíricas, sem fornecer explicações
teóricas abrangentes. Ademais, Roder et al. (2016) afirmam que a literatura existente sobre o
comportamento workaround não ofereceu um trabalho teórico coerente e cumulativo,
impossibilitando o avanço empírico sobre o tema. Desta forma, a busca por respostas a diversos
questionamentos, discussões, subsídios teóricos que permitam uma reflexão mais profundada
sobre o tema, como se propõe um ensaio teórico (MENEGHETTI, 2011), tornam-se necessários
em relação ao comportamento workaround.
Tendo em vista o exposto, este ensaio teórico organiza-se de forma a solucionar diversos
questionamentos relacionados a Teoria dos Eventos Afetivos e ao comportamento workaround,
como por exemplo: quais os antecedentes do comportamento workaround? Quais eventos no
ambiente de trabalho podemos considerar como motivadores de reações afetivas que levam ao
comportamento workaround? Quais são estas reações positivas e negativas? E, a partir destes,
construir a discussão teórica que permitam a apresentação de um modelo conceitual e
proposições a cerca dos temas.
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(DRUM et al., 2017). Quando o usuário decide utilizar uma solução alternativa ele manifesta um
comportamento de uso, assim quando se fala de workaround, pode se considerar o aspecto
comportamental (comportamento workaround) ou apenas o tipo de solução alternativa em si
(workaround).
Os gestores das organizações acreditam que o comportamento workaround é manifestado
por meio da escolha de usar uma solução alternativa, sendo composto por práticas temporárias
com o entendimento de que estas devem diminuir ao longo do tempo. Contudo, evidências
crescentes sugerem que essas práticas, de fato, aumentam ao longo do tempo ao invés de
desaparecerem (AZAD; KING, 2012).
Gasser (1986) foi um dos primeiros autores a estudar o comportamento de uso dos
sistemas após a sua implementação. Seu estudo contemplou situações em que o sistema de
informação não atendeu aos processos e requisitos da tarefa de trabalho, uma situação que ele
chamou de deslizamento computacional e que leva ao uso de soluções alternativas. Assim, o
conceito de workaround na área de SI foi definido, inicialmente, por Courtright et al. (1988)
como procedimentos fora dos padrões utilizado pelos usuários/operadores para compensar
deficiências dos sistemas de informação. Posteriormente, outros autores trouxeram novas
definições para o comportamento workaround, sendo entendido como métodos informais para
compensar a incapacidade de se obter dados necessários ou a capacidade de usar processos
alternativos para evitar um bloqueio percebido no fluxo de trabalho, havendo a possibilidade do
uso de uma extensão ou um recurso não existente no sistema utilizado (PETRIDES et al., 2004;
HALBESLEBEN et al., 2010).
Recentemente autores como Alter (2014) e Malaurent e Avison (2015) conceituaram o
comportamento workaround como a decisão dos funcionários de adaptar e improvisar o SI da
empresa de forma que possibilite superar anomalias e restrições encontradas que não possibilitam
que o trabalho seja realizado de forma completa e efetiva. Na visão dos usuários, o
comportamento workaround permite superar os procedimentos e questões impactantes no
trabalho sendo composto por práticas temporárias (ALTER, 2014). Entretanto, muitas vezes, a
organização não está ciente que os funcionários estão aderindo a outras soluções para realização
do trabalho. O comportamento workaround pode ocasionar em resultados distintos para os
funcionários e para a organização, pois a adoção de soluções alternativas são características das
necessidades e habilidades individuais do usuário e o resultado de sua adoção pode não ser
desejado pela organização (DRUM et al., 2015).
Para que o sistema da empresa seja utilizado os funcionários necessitam identificar as
características desejáveis para realização do seu trabalho, por exemplo, a qualidade da
informação e do sistema. Um funcionário que não encontra determinados atributos no sistema irá
recorrer ao uso de workaround, acreditando ser a melhor forma de superar os obstáculos
identificados no sistema (LAUMER et al., 2017). Muitas empresas adotam sistemas empresarias
acreditando ser a melhor forma de simplificar as operações e melhorar a tomada de decisões por
meio do acesso às informações. Porém, na visão dos funcionários, nem sempre o sistema supri
todas as suas necessidades, levando-os a recorrerem a outros meios para realizar seu trabalho,
podendo utilizar outros softwares ou recursos, como o editor de planilhas eletrônicas “Excel”.
Ferneley e Sobreperez (2005) afirmam que o comportamento workaround pode ser divido
em três grupos: Workarounds de impedimento que ocorrem quando a adoção de soluções
alternativas é motivada pelo uso de um sistema visto como demorado, oneroso ou difícil, não
havendo descontentamento específico associado ao sistema, mas o usuário percebe que o sistema
é oneroso; podem ser inseridos dados parciais, dados aproximados ou não cumprir totalmente o
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Assim, como é uma ação comportamental partiremos para a perspectiva do que leva ao
comportamento de uso de workaround¸ para isso analisaremos como aspectos emocionais podem
motivar o comportamento workaround. Nesta linha de pensamento, apresenta-se a seguir
principais teóricos e aspectos sobre a Teoria dos Eventos Afetivos (TEA).
A Teoria dos Eventos Afetivos ou do inglês: Affective Events Theory - AET (WEISS;
CROPANZANO, 1996) nasceu com o propósito de explicar a relação entre as reações
emocionais dos empregados e eventos no ambiente de trabalho. Ela postula que estes eventos
momentâneos causam reações positivas e negativas, caracterizados por um conjunto de emoções
que levam a diferentes atitudes.
Além disso, o ambiente de trabalho, apresentado na Figura 1 como work features, pode
representar um conjunto de características e fatores concretos ou abstratos do ambiente de
trabalho, como por exemplo: características do trabalho ou função, pagamentos, oportunidades de
promoção ou crescimento, dentre outras. Essas características são percebidas de forma diferente
pelos colaboradores da organização, que reagem de forma diferente a cada evento, levando-se em
conta estas características em complemento com seus objetivos pessoais e valores (HERZBERG,
1959).
Para a TEA, as reações ou estados afetivos são avaliações da ocorrência de eventos
específicos acumulados em determinado período de tempo. Isso significa que as reações efetivas
são emoções relacionadas aos eventos agradáveis (positivos) ou desagradáveis (negativos)
(WEISS; CROPANZANO, 1996). A Figura 1 ilustra de forma detalhada a teoria:
Para Gray e Watson (2001) as emoções geralmente são consideradas sistemas de respostas
que são ativados a estímulos específicos, assim a emoção não é despertada sem um motivo. Os
estados afetivos são capazes de influenciar as atitudes no trabalho, fazendo com que tanto as
atitudes quanto os estados afetivos determinem as respostas comportamentais (OHLY;
SCHMITT, 2015). Por exemplo, o tempo pode ser considerado um parâmetro importante ao
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Assim, o pressuposto central da teoria dos eventos afetivos é de que um evento ocorre e
este desencadeia um sentimento, estado afetivo, positivo ou negativo que resultará num
comportamento. A resultante do sentimento está ligada a satisfação e motivação no trabalho,
assim sentimentos positivos levam a um desempenho superior, enquanto sentimentos negativos
estão relacionados a um desempenho inferior. Tillman et al. (2018) apontam que o estado afetivo
possui uma ligação direta com os resultados, atitudes e comportamentos do trabalho. Desta
forma, o comportamento workaround pode ser motivado por diversos fatores e seu uso é
frequentemente para superar um obstáculo encontrado na realização de uma tarefa de trabalho.
Assim, este obstáculo pode ser, por exemplo, um evento que leva um estado emocional.
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Na pesquisa de Laumer et al. (2017), por exemplo, o autor argumentou que os principais
motivos que podem levar ao comportamento workaround são a satisfação do usuário com a TI
empregada ou as práticas de gestão. Como na visão da organização o comportamento
workaround pode gerar riscos de segurança, é comum os autores buscarem entender o que pode
levar ao comportamento workaround, buscando minimizar o impacto negativo que o uso
alternativo pode trazer para organização. Uma das principais razões identificadas para a
manifestação deste comportamento é busca por minimizar as restrições encontradas na TI
disponível da empresa para realização efetiva das tarefas de trabalho (PINTO; MAÇADA;
MALLMANN, 2018).
Assim, o uso de workaround pode ser necessário para os usuários realizarem suas tarefas
no trabalho (AZAD; KING, 2012) e facilitar a interação do usuário no caso de um SI mal
planejado (FERNELEY; SOBREPEREZ, 2006). Muitas vezes o uso de workaround ocorre
porque a tecnologia não se encaixa nas realidades e contingências do trabalho cotidiano (ALTER,
2014). Em uma recente revisão de literatura sobre o comportamento workaround (PINTO;
MAÇADA; MALLMANN, 2018) os autores identificaram que diversos artigos utilizaram lentes
teorias nos estudos sobre workaround para fundamentar argumentos ou para ilustrar uma ligação
do tema proposto com uma teoria. Dentre as teorias foi comum aparecer estudos que utilizaram
teorias envolvendo adoção e aceitação de tecnologias, como a:Unified theory of acceptance and
use of technology e Technology acceptance model, além do Modelo de Sucesso de DeLone e
McLean. Laumer et al. (2017) utilizou os construtos de qualidade do modelo de DeLone e
McLean e validou uma escala para mensurar o comportamento workaround. Já Drum,
Pernsteiner e Revak (2016, 2017) utilizaram apenas a dimensão qualidade da informação contábil
no contexto de sistemas de informação SAP.
Assim, em consonância com a literatura, os eventos foram definidos de acordo com
aspectos tecnológicos, organizacionais e humanos. Para identificar os eventos foram consultadas
diferentes teorias de adoção e aceitação de TI, bem como frameworks relacionados a aspectos
comportamentais de forma a selecionar aqueles que se enquadram como possíveis antecedentes
do comportamento workaround. Assim, para definir os eventos no trabalho foram utilizados
alguns construtos do TAM, do framework TOE, do modelo de sucesso de DeLone e McLean e do
livro de Herzberg. Vale ressaltar que outras teorias não foram utilizadas por não apresentarem
aspectos tecnológicos e organizacionais que mostrassem ser possíveis eventos preditores do
comportamento workaround.
Primeiramente foi consultado o modelo de aceitação de tecnologia (Technology
Acceptance Model) – TAM, originário de Davis (1986) que postulou que a utilidade percebida e a
facilidade de uso percebida determinam a intenção de um indivíduo de usar um sistema. Ele
explica a intenção comportamental dos usuários relacionados à adoção e uso de TI em uma ampla
variedade de contextos (HONG et al., 2006). Posteriormente foi consultado o Modelo de Sucesso
de DeLone e McLean (2002) que abrange diferentes perspectivas de avaliação do sucesso dos SI.
Segundo os autores um sistema pode ser avaliado em termos de qualidade da informação, sistema
e serviços afetando diretamente na intenção de usar ou não o sistema.
Diferente das outras teorias mencionadas acima, o framework TOE define diferentes
fatores que são relevantes em diferentes contextos (BARKER, 2012). Segundo Tornatzky e
Fleiscer (1990) o framework TOE identificou três aspectos do contexto de uma empresa, tais
quais: contexto tecnológico, organizacional e ambiental. O contexto organizacional refere-se às
características e recursos da firma, incluindo o tamanho da firma, o grau de centralização, o grau
de formalização, a estrutura gerencial, os recursos humanos, a quantidade de recursos de folga e
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Os eventos tecnológicos no trabalho estão Weis e Cropazano (1996), Davis (1986), Alter
P1 relacionados com as reações afetivas negativas. (2014), Laumer et al. (2017).
Os eventos humanos no trabalho estão Weis e Cropazano (1996), Herzberg (1959), Alter
P3 relacionados com as reações afetivas positivas. (2014) Laumer et al. (2017).
Os eventos humanos no trabalho estão Weis e Cropazano (1996). Herzberg (1959), Alter
P4 relacionados com as reações afetivas negativas. (2014), Laumer et al. (2017).
As reações afetivas positivas antecedem o Weis e Cropazano (1996), Alter (2014), Laumer
P5 comportamento workaround. et al. (2017).
As reações afetivas negativas antecedem o Weis e Cropazano (1996), Alter (2014), Laumer
P6
comportamento workaround. et al. (2017).
Fonte: Elaborado pelos autores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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