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O acordo nuclear com o Irã é um documento assinado em 2015 por esse país do Golfo

Pérsico com Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha que tinha
como objetivo limitar a atividade nuclear iraniana a fim de que o Irã não produzisse bombas
atômicas.
No entanto, a questão nuclear iraniana remonta aos anos cinquenta, quando os Estados
Unidos financiaram um programa nuclear iraniano pacífico no âmbito do acordo chamado
“Átomos pelas Paz”. Com o início da Guerra Fria, os Estados Unidos tentaram dotar seu
então aliado de capacidade nuclear na tentativa de protegê-lo da União Soviética.
Porém, com a Revolução Islâmica de 1979, que transformou o Irã em um teocracia
comandada pelo regime dos Aiatolás, os Estados Unidos passaram a considerar o regime
iraniano como adversário em relação às suas pretensões no Oriente Médio e uma série de
sanções começaram a ser impostas pelos americanos e seus aliados ocidentais.
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o Irã passou a ser considerado parte
do chamado “Eixo do Mal” pelo presidente George W. Bush, aumentando o isolamento de
Teerã no cenário internacional.
Após um longo período de sanções ocidentais que levou o país a uma grave crise
econômica que, de acordo com Marcos Tourinho (2015), elevou a inflação anual de 12%, em
outubro de 2010, para 27,4% em dezembro de 2012 e fez a produtividade econômica do país
cair 40% e aumentar o desemprego em 36%, o Irã não teve outra alternativa a não ser sentar
na mesa de negociações.
Com a eleição de Hassan Rohani, considerado mais moderado que o seu antecessor,
Mahmoud Ahmadinejad, e a percepção, por parte do Ocidente, de que as sanções não trariam
estabilidade para o Oriente Médio, as duas partes firmaram o acordo que determinou que a
Agência Internacional de Energia Atômica ficaria responsável pela supervisão do material
nuclear iraniano.
O segundo momento importante político iraniano é caracterizado pela eleição do
atual presidente. Em 2013, Hassan Rohani, advogado e clérigo, com uma
postura menos agressiva, vem atraindo a comunidade internacional para o diálogo,
dando vozes à diplomacia e apaziguando as controvérsias. Desde que chegou
ao poder, Rohani tem se caracterizado por ser muito mais pragmático e
aberto ao diálogo que seu antecessor. MORALES MARTINEZ, Elias David;
MENA DEL PRETE, Giovani Benito. O Programa Nuclear Iraniano e o Acordo
E3/EU+3 | The Iranian Nuclear Program and the E3/EU+3 Agreement. Mural
Internacional, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 155–170, 2016. DOI: 10.12957/rmi.2015.16847.
Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/muralinternacional/article/view/16847. Acesso
em: 21 mar. 2024.
Assinado o acordo e com as sanções econômicas suavizadas, o Irã conseguiu restituir
os seus laços políticos e econômicos com os países da região, envolvendo-se no
financiamento de grupos armados no exterior como é o caso dos rebeldes houthis no Iêmen,
que travam uma guerra contra o governo central que possui o apoio dos Estados Unidos e da
Arábia Saudita, e levantando suspeitas de que Teerã apoia grupos islamistas como o
Hezbollah libanês e o palestino Hamas.
Contudo, com a eleição de Donald Trump, a visão dos Estados Unidos em relação ao
acordo e ao Irã mudam drasticamente e o país acaba denunciando o acordo nuclear em 8 de
maio de 2018. Trump acreditava que as exigências feitas ao país do Oriente Médio eram
brandas demais e estimularia Teerã a voltar a financiar atividades terroristas contra o
Ocidente, como já havia feito no passado.
Ao longo dos anos, o Irã e seus representantes bombardearam embaixadas e
instalações militares americanas, assassinaram centenas de membros das forças
americanas e sequestraram, prenderam e torturaram cidadãos americanos. O regime
iraniano financiou seu longo reinado de caos e terror ao saquear a riqueza de seu
próprio povo. (TRUMP, Donald.-2018.)
Nos dias atuais, é praticamente impensável a retomada do acordo nuclear com o Irã,
visto o contexto atual de guerra entre Israel, inimigo do Irã e aliado dos Estados Unidos, e o
Hamas, apoiado pelo Irã e por demais grupos islamistas do Oriente Médio como o Hezbollah
libanês.
Com os Acordos de Abraão, os Estados Unidos encontraram uma outra saída, além
das sanções econômicas para tentar isolar o Irã na região. Com a mediação dos americanos,
países árabes como Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão passaram a
reconhecer Israel como Estado soberano e passaram a ter relações diplomáticas com os
israelenses.
Em contrapartida, o Irã e a Arábia Saudita, inimigos históricos e que se veem
confrontados na guerra do Iêmen, formalizaram relações diplomáticas em 2023 em um acordo
que contou com a mediação da China, outra potência que vem tentando aumentar sua
influência na região, como prova o envio de frota naval ao Golfo de Áden e a realização de
manobras navais conjuntas com Irã e Rússia no Golfo de Omã .

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