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Atualidades

Irã

Irã

O Irã abriga vários povos e Estados da Antiguidade, com destaque para o


Império Persa, fundado em 539 a.C. por Ciro, o Grande, e continuado nos reinados
de Xerxes e Artaxerxes. A conquista árabe, em 642, marca a conversão dos
habitantes ao islamismo. O zoroastrismo, religião tradicional persa, é reprimido. É
adotado o alfabeto arábico, mas o idioma persa se mantém. O país é invadido pelos
turcos no século XI e pelos mongóis no XIII. Recupera a independência no século XVI
e é governado pelas dinastias Safávida, Afjar e Kajar. Em 1907, Reino Unido e Rússia
dividem o território em áreas de influência. Os britânicos exploram o petróleo,
descoberto em 1908.
O marco do período moderno é o golpe de Estado de 1921, em que o general
Reza Khan derruba o sultão Kajar, coroando-se xá em 1926 com o nome de Reza
Shah Pahlevi. Um decreto real, em 1935, muda o nome do país de Pérsia para Irã.
Durante a II Guerra Mundial, o Irã é ocupado por britânicos e soviéticos. O xá,
simpático ao nazismo, abdica em favor do filho, Mohammad Reza Pahlevi.

Revolução Islâmica
Em 1978, a crise econômica, a corrupção e as reformas pró-Ocidente
aumentam a insatisfação com o xá. As correntes oposicionistas (esquerdistas, liberais
e muçulmanas tradicionalistas) unem-se sob a liderança do aiatolá Ruhollah
Khomeini, exilado na França. O governo não consegue controlar a insurreição, e, em
janeiro de 1979, Reza Pahlevi foge do país. Khomeini regressa ao Irã, em fevereiro,
e assume o poder. O movimento fica conhecido como Revolução Islâmica. Em 1º de
abril, o Irã é declarado uma república islâmica – Khomeini torna-se o líder religioso
supremo (aiatolá).

Invasão a embaixada dos EUA em Teerã


Em novembro de 1979, militantes islâmicos invadem a Embaixada dos EUA em
Teerã e fazem reféns 66 norte-americanos. O Irã apoia a ocupação e exige a
extradição do xá, que estava nos EUA. A morte de Reza Pahlevi, em julho de 1980,
não resolve o impasse. Os últimos reféns são libertados em janeiro de 1981.

Guerra com o Iraque


Em 1980, o país inicia a guerra contra o Iraque depois que tropas iraquianas
ocupam áreas em litígio às margens do Rio Shatt Al-Arab. O conflito acaba em 1988,
com as fronteiras inalteradas e em torno de 400 mil iranianos e 300 mil iraquianos
mortos.

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Nova Ordem Mundial


Em 2002, o governo de George W. Bush, nos EUA, inclui o Irã no chamado
“eixo do mal” – países que patrocinam o terrorismo e são suspeitos de desenvolver
armas de destruição em massa. Em 2003, a Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA) afirma que o Irã ocultara, durante 18 anos, um programa nuclear
paralelo.

Ahmadinejad
A eleição de Mahmoud Ahmadinejad, em 2005, assinala a volta dos
conservadores à Presidência. Seu governo é marcado pela defesa do programa
nuclear do país, o que leva a ONU e as potências ocidentais a decretarem uma série
de sanções contra o Irã, a partir de 2006. Outra marca da sua gestão é a retórica
anti-israelense. O Irã é acusado de patrocinar o Hezbollah no Líbano e o Hamas na
Faixa de Gaza, que mantêm a luta armada contra Israel. Os conservadores vencem
as eleições parlamentares de 2008.

Fatos recentes
No início de 2011, o governo dispersa os protestos de apoio às revoltas
democráticas da Primavera Árabe e coloca Mousavi e outros líderes do Movimento
Verde em prisão domiciliar. Em março, o Irã condena na ONU a repressão contra as
manifestações xiitas em Barein.
Ahmadinejad tenta concentrar o poder na Presidência, criando atrito com
Khamenei. A queda de braço se torna pública em 2011, com disputas na escolha de
ministros, vencidas pelo aiatolá, e a prisão de aliados de Ahmadinejad. Em março
de 2012, Ahmadinejad responde no Parlamento a acusações de má gestão e
insubordinação. Nas eleições legislativas, boicotadas pelos reformistas, os
partidários de Khamenei derrotam as facções leais ao presidente.
O embargo ocidental ao petróleo iraniano leva à queda expressiva nas
exportações, comprometendo a obtenção de divisa externa. A moeda nacional, o
rial, perde 80% do valor ante o dólar em 2012. A queda mais abrupta ocorre em
outubro, gerando protestos em Teerã contra a alta nos preços causada pela
desvalorização cambial, mas também pela política de redução dos subsídios lançada
por Ahmadinejad. Enfraquecido no governo, o presidente também perde
popularidade entre os iranianos, que o culpam pela crise.
O Irã amplia em 2012 o suporte ao ditador sírio Bashar al-Assad. Em
setembro, o país admite que tropas de elite da Guarda Revolucionária, a Força
Quds, estão na Síria treinando as Forças Armadas e coordenando a ofensiva contra
a insurgência sunita. Ao mesmo tempo, os EUA alegam que aviões iranianos
transportam armas e munições para a Síria pelo espaço aéreo iraquiano. Os
carregamentos se intensificam no início de 2013, para conter o avanço dos
rebeldes. Em fevereiro, o envolvimento do Irã na guerra civil síria vem à público
com a morte de um comandante sênior da Força Quds, o general Hassan Shateri,
perto de Aleppo. Em maio, o banco central iraniano libera uma ajuda de 4 bilhões
de dólares à Síria.

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Eleição de Hassan Rouhani


Dos 686 candidatos registrados para disputar a eleição presidencial de junho,
apenas oito são aprovados pelo Conselho dos Guardiães – o candidato de
Ahmadinejad é um dos recusados. Com os líderes do Movimento Verde na prisão e
a candidatura de Rafsanjani também desqualificada, os reformistas se unem no
apoio ao clérigo Hassan Rouhani, um diplomata com décadas de carreira na política
iraniana e boa dose de influência junto a Khamenei. Ele vence a eleição com 50,7%
dos votos ao se apresentar como um meio-termo entre as alas reformista e
conservadora, capaz de promover mudanças sem ameaçar a natureza da república
islâmica.

Aproximação Irã e EUA

Após a posse, em agosto, Rouhani começa a romper o isolamento


internacional do Irã, numa iniciativa endossada por Khamenei. Em setembro,
presos políticos são soltos, incluindo proeminentes nomes da ala mais reformista.
No mesmo mês, em discurso na Assembleia Geral da ONU, Rouhani convoca os EUA
para o diálogo e afirma que o Irã está pronto para negociar uma saída para a crise
envolvendo o programa nuclear. Em Nova York, ele fala ao telefone com o
presidente norte-americano, Barack Obama, na primeira conversa entre líderes dos
dois países desde a Revolução Islâmica. Essa aproximação abre caminho para a
assinatura de um histórico acordo nuclear, ainda que preliminar, em novembro.
Com a economia em recessão, inflação alta e elevado desemprego, o Irã espera
que o alívio de algumas sanções amenize a crise. Mas a recuperação da economia
depende, sobretudo, do fim do embargo ao petróleo, condicionado à assinatura de
um acordo nuclear permanente.

No Irã, a ala ultraconservadora, especialmente a Guarda Revolucionária,


reprova o diálogo com os EUA. Da mesma forma, o Congresso norte-americano, onde
existe um forte lobby pró-Israel, não acredita nas promessas iranianas. No Oriente
Médio, o acordo é recebido como um “erro histórico” por Israel. O acordo entra em
vigor no dia 20 de janeiro de 2014.

Estado Islâmico
O avanço do grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI) sobre vasta área da
Síria e do Iraque coloca o Irã em alerta. Em junho de 2014, depois que o EI conquista
Mosul, a segunda maior cidade iraquiana, a força Quds oferece treinamento e armas
para a contraofensiva de três milícias xiitas contra o EI. Em outubro, Obama envia
uma carta pessoal a Khamenei, discutindo a possibilidade de cooperação na luta
contra o EI se os dois países fecharem um acordo nuclear definitivo. Em dezembro,
o Departamento de Defesa dos EUA afirma que caças iranianos bombardearam bases
do EI em Diyala, no Iraque. O governo do Irã não confirma as informações.

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Irã e P5+1
Em 2015 avançam as negociações acordo para reduzir o seu programa nuclear
e consequentemente cessar as sanções impostas pela ONU. Vejamos os pontos
principais, segundo a proposta aceita pelo governo iraniano:
o O país irá reduzir de 19 mil para 5.060 o número de centrífugas para
enriquecimento de urânio;
o Nos próximos dez anos, o nível de enriquecimento de urânio não irá
ultrapassar 3,67%,
o Até 2030, o Irã deverá reduzir seu estoque de urânio levemente
enriquecido de 10 toneladas para 300 quilos;
o A usina de enriquecimento de plutônio em Arak, que também poderia
ser utilizada para a produção da bomba, terá suas atividades reduzidas;
o A usina subterrânea de Fordo, encravada no meio das montanhas, será
convertida em um centro de pesquisas para fins médicos;
o A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ficará responsável
por monitorar as atividades e verificar se o Irã está cumprindo
devidamente o acordo até 2035.
Bem, é óbvio que as alas conservadoras de ambos os lados veem com certa
desconfiança essa reaproximação, sendo Israel o país mais descrente sobre as reais
intenções iranianas. Acompanhemos as cenas dos próximos capítulos sobre o
desfecho dessas negociações.
Um forte abraço e até nosso próximo encontro.

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