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IÊMEN

Fatos importantes sobre o Iêmen atual:


● É um país independente do oriente médio, cuja capital é Sanaã e a língua
oficial é árabe.
● Seu território é montanhoso, apresentando as terras mais férteis da
Península Arábica, pois existem numerosas fontes de água nele, o que
favorece o desenvolvimento da agricultura e o cultivo de cereais, café,
algodão e frutas.
● Sua população é de cerca de 24.3 milhões de habitantes, a qual é
majoritariamente árabe e de fé islâmica.
● A moeda do iêmen é o rial iemenita e o petróleo é a principal atividade da sua
economia, representando aproximadamente 90% de suas exportações,
mesmo que a reserva do país seja menor em comparação a dos seus
vizinhos.

História Antiga:
Entre os séculos 12 a.C. e 6 d.C., ou seja, num período de mil e oitocentos
anos, a região que hoje representa o Iêmen foi povoada pelos reinos mineu, sabeu
e himyarita. Mais tarde, no século VII, o Iêmen passou a fazer parte do Império
Islâmico, que era um Estado Teocrático, ou seja, se submetia as normas de uma
religião expecifica, que nesse caso era o islamismo, fundado por Maomé. Os califas
(governantes) eram considerados “sucessores do profeta de Deus”, e exerciam a
função de chefe de Estado e chefe religioso.
Após a morte do Profeta, os sogros de Maomé, Abu Bakr e Omar tentaram
organizar a transmissão do poder político e da autoridade religiosa; Quem assumiu
primeiro foi Abu Bakr e depois Omar. Contudo, quando Omar morre, e Othmã,
também primo e genro de Maomé, se torna califa, surge uma forte contestação de
sua autoridade por parte de árabes islamizados e ele acaba sendo assassinado.
Supoe-se que Ali, também primo e genro de Maomé, teria estado ligado ao
assassinato de Othmã, mas mesmo assim viria a suceder-lhe no poder sob o
pretexto de ser casado com Fátima, a única filha viva do Profeta na época, e ter dois
netos como descendentes diretos de Maomé.
Contudo, os muçulmanos que lhe eram contrários, decidiram declarar-lhe
guerra. Um dos seus principais opositores foi Moaúia I, cunhado de Maomé e
responsável pelo poder na Síria. Ele decidiu apurar a participação de Ali no
assassinato de Othmã, e isso foi o bastante para que outro grupo muçulmano
conspirasse contra Ali e também o assassina-se. Moaúia I então assume o poder e
torna-se um poderoso califa, fundando o califado Omíada e seguidor da corrente
sunita.
O nascimento desse novo califado marcou as divergências entre Xiitas e
Sunitas. Os xiitas, ou partido de Ali, alegam que apenas os descendentes de Ali são
dignos de continuar o trabalho do Profeta, e se caracterizam por serem
tradicionalistas e conservadores das antigas interpretações do Alcorão e da Lei
Islâmica, a Sharia. Enquanto isso, os sunitas, ou o povo da tradição, seguem as
praticas derivadas das ações de Maomé e seus parentes, além de sempre
atualizarem suas interpretações do Alcorão e da Lei Islâmica, levando em
consideração as transformações pelo qual o mundo passou. Eles também seguem
outro livro, a Suna, no qual estão compilados os grandes feitos de Maomé.
No século XVI, o Império Otomano dominou algumas partes do Iêmen,
enquanto outras, no interior e costa sul do país continuaram independentes e
governadas por um Imã da dinastia Xiita. No século seguinte, os otomanos foram
expulsos pelos iemenitas, porém voltam em meados do século XIX e tomam o norte
do país, ao mesmo tempo em que os britânicos tomaram o sul.

História Atual:
Essa configuração perdurou até 1918 quando a parte norte do Iêmen
conseguiu se tornar independente depois do colapso do Império Otomano na
Primeira Guerra Mundial. Ela se tornou, então, em 1962, a República Árabe do
Iêmen.
No caso da parte sul, o domínio britânico se manteve até 1967, quando os
britânicos decidiram deixar o país, abrindo portas para um governo socialista subir
ao poder, que, em 1970, fez o sul se tornar a República Democrática do Iêmen.
Ao fim da Guerra Fria, em 1990, os dois iêmens se uniram e formaram a
República do Iêmen, com Ali Abdullah Saleh (chefe do estado do norte) como
presidente, e Ali Salim Al-Bidh (chefe do estado do sul) como vice-presidente.
Em 1994, surgem divergências entre norte e sul, causada pelas ideologias
contrárias xiitas e sunitas, então eclode uma guerra civil que ameaça uma nova
separação dos dois Iêmens, porém o governo derrota os revoltosos menos de dois
meses depois. Surgem, assim, a influência de alguns grupos terroristas pela região,
principalmente a Al-Qaeda.
Quando os EUA começaram sua “guerra contra o terrorismo”, logo após o 11
de setembro, o líder do Iêmen prometeu apoia-lo. No entanto, extremistas islâmicos
estavam se fortalecendo dentro do país e, em 2008, sua capital, Sanaã sofreu
diversos bombardeios, pelos quais a Al-Qaeda assumiu autoria.
Em 2010 um movimento democrático conhecido como Primavera Árabe
começou a se espalhar por países do norte da África e do Oriente Médio. Em 2011,
manifestantes iemenitas exigiram a renúncia do presidente, Ali Abdullah Saleh.
Protestos contra o governo tomaram as ruas com o objetivo de reformar a
constituição para acelerar a economia do país e reduzir as altas taxas de
desemprego. O presidente Saleh assinou a transferência de seus poderes em 23 de
novembro de 2011, concordando em se afastar para dar lugar a um governo de
transição liderado pelo vice-presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi. No entanto,
pouco progresso foi feito em direção a uma ordem democrática estável, pois o atual
presidente, se identificava com a vertente Sunita e esse fato acabou por trazer à
tona novamente o conflito entre os Sunitas e a minoria Xiita, que se autointitula
Houthis, e começa uma série de movimentos contra o presidente.
Assim, em Julho de 2014, os Houthis deram início a sua ofensiva visando o
controle da cidade de Sanaã, o qual conseguiram em 21 de Setembro do mesmo
ano. Em 20 de janeiro de 2015, após novos combates, os Houthis se apoderaram
do Palácio Presidencial em Sanaã e cercam a residência do presidente Abd Rabbuh
Mansur Hadi. O presidente então foge para Áde, uma cidade que fica ao Sul do
Iêmen – e, consequentemente, os Houthis conseguem o controle da sede do
governo e da rádio estatal.
Contudo, vale lembrar que os Sunitas constituem maioria, assim, os Xiitas
contaram com a ajuda do Irã, que é um dos países vizinhos do Iêmen e possui
população de maioria Xiita, similar ao grupo Houthis. À medida que o Irã passou a
apoiar os Xiitas, a Árabia Saudita, também vizinha do Iêmen, passou a apoiar os
Sunitas, vertente de maior apelo popular na região.
No dia 26 de Março de 2015, a Arábia Saudita e seus aliados põem em
prática uma intervenção saudita no Iêmen, apoiada por outros países – como
Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein, Sudão, Egito, Jordânia, Marrocos, e, até
2017, Catar -, que passam a formar a “Coalizão Saudita” – também chamada de
Operação Renewal of Hope (ORH).
A primeira operação da Coalizão Saudita é chamada de “Operação Decisive
Storm” e seu principal objetivo foi restabelecer Abd Rabbuh Mansur Hadi como
presidente e controlar o avanço dos Houthis sobre Àde — a cidade ao Sul, na qual o
presidente se abrigou —, por meio de ataques e bloqueios aéreos e navais. Os
ataques, logo nas primeiras semanas, atingiram o seu objetivo de neutralizar o
exército Houthi.
No dia 21 de abril de 2015, 28 dias após o início da “Operação Decisive
Storm”, a coalizão saudita declarou que, devido ao sucesso dos ataques, a
operação seria substituída por outra, a chamada “Operação Renewal of Hope”,que
está em vigor até hoje.
Após diversos ataques dos dois lados durante o resto de 2015, o conflito se
intensificou ainda mais quando os Houthis promoveram um ataque a míssel contra a
capital e mais populosa cidade da Arábia Saudita, Riad. A Arábia Saudita respondeu
com um bloqueio marítimo, terrestre e aéreo no Iêmen, que foi aprovado pelo
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O bloqueio logo se estendeu aos outros portos controlados pelos Houthis e
agravou o caos humanitário vivenciado por milhões de iemenitas, restringindo
inclusive os carregamentos das Nações Unidas, para ajuda humanitária. Após
intensa crítica internacional, a Arábia Saudita levantou o bloqueio quase dois anos
depois, aliviando parte da pressão humanitária.

CONDIÇÕES DA POPULAÇÃO IÊMENITA


Além das mais de 13 mil vítimas, a guerra civil também destruiu a
infraestrutura de água, lixo e esgoto do país. Esse foi o estopim para que, desde
abril de 2015, a cólera tenha tomado conta do Iêmen. Mais de 590 mil pessoas já
foram diagnosticadas com a doença e 2 mil morreram. A OMS considera o surto de
cólera no Iêmen como o pior patamar já registrado.
Segundo o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos
Humanitários, três quartos da população do país necessita de algum tipo de
assistência e proteção. Assim, a ONU classificou a crise no Iêmen como o maior
desastre humanitário da atualidade.
Dados do ano de 2019, mostraram que mais de 15 milhões de crianças estão
precisando de ajuda humanitária no Iêmen, e afirma que os quatro anos de conflito
no país já matou ou feriu ao menos 7,3 mil crianças. Também afirmam que 360 mil
sofrem de má-nutrição aguda severa e metade das crianças do Iêmen com menos
de 5 anos, o equivalente a 2,5 milhões, estão com o crescimento atrofiado, uma
condição irreversível. Mais de 2 milhões de crianças estão fora da escola.
Estima-se que 24,3 milhões de iemenitas (quase 90% da população) não têm
acesso à rede pública de eletricidade e 16 milhões de pessoas carecem de acesso
a quantidades adequadas de água segura e serviços de saneamento. Esses
obstáculos acabam gerando péssimas condições sanitárias que, aliadas à falta de
recursos médicos, também provocam a morte de milhares de pessoas.

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