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Antiguidade no Iêmen

Pouco se sabe sobre a Idade do Bronze no Iêmen, mas civilizações existem lá desde 5000 AC, porém a primeira civilização de
destaque surge no século XI AC, e eram denominados “Sheba”. A principal obra dessa civilização foi a construção da Grande
Barragem de Marib, feita pra resistir a inundações sazonais que descem o vale do Iêmen. Uma tentativa de unificação dos povos
da península arábica veio com o Reino de Awsan, porém a dificuldade de acesso a água impediu a unificação total, sendo mais
viável para os Shebanos estabelecer colônias para controlar as rotas comerciais. Para a nação ter uma identidade clara, o rei
apresentou o ideal de que o Deus Almaqh teve filhos, e que todos eles eram moradores de Sheba. Por séculos os Shebanos
controlaram o estreito que separa o Chifre da África da Península Arábica.

No ano de 25 AC, sob mando de Augusto César, uma campanha militar foi enviada de Roma para conquistar os territórios
Shebanos, porém os 10 mil militares enviados não possuíam conhecimentos geográficos sobre a Arábia Felix, como era
chamado o sul da península arábica, e logo foram facilmente derrotados.

Após o combate contra Roma, o Reino de Sheba ficou enfraquecido, e logo houve uma disputa de poder entre o Himiarita Dhu
Raydan e o Habashat El Sharyn. O sanguinário El Sharyn conquistou e suprimiu os remanescentes do Reino de Sheba. Sua obra
de maior destaque foi o Palácio Ghumdan em Sanaa. E então o período após isso foi muito conturbado: Himaritas conquistaram
o território em 100 DC, porém em 180 DC o controle voltou para os Habshats, até que em 275 DC o território Iemenita foi
finalmente unificado pelos Himaritas. No poder, qualquer forma de politeísmo foi rejeitada e a religião Rahmanista, derivada do
Judaísmo foi adotada.

Em 354 mais uma tentativa falha de interferência romana no cotidiano do futuro Iêmen, nela o Imperador Constantino II lançou
uma missão para cristianizar os Himaristas, porém a missão foi resistida pelos Judeus locais, conforme constam diversos
documentos em hebraico e na linguagem da região, o Sabeano.

Um dos maiores reinados do período foi o de As’ad, o Perfeito, onde por 50 anos ele liderou diversas expedições militares para
apoiar povos vizinhos. Após sua morte, a região passou por mais um período conturbado, onde a disputa de poder era tomada
pela religiosidade, com conflitos de Cristãos contra Rahmanistas recorrentes. Até que em 515 EC o último rei Himarista tomou
poder, ele era Mudi Karab Ya’fir, e durante seu reinado lançou ofensivas contra Judeus apoiado pelo povo do norte da Etiópia.

Após a morte de Ya’fir, o fanático Judeu Yousef Asar, O Yathar ascendeu no poder, seu título de Yathar em tradução livre
signica “O vingativo”. Seu governo inicialmente consistiu em uma defesa contra os Cristãos Etíopes, que incendiaram várias
sinagogas por toda região. Após a consolidação de Asar como maior autoridade daquela nação, ocorreu uma marcha em direção
a Mocha, onde foram mortas cerca de 14 mil pessoas, e outras 11 mil escravizadas. Lendas regionais dizem que após a tomada
de cidades cristãs, O Yathar jogou mais de 20 mil pessoas em poços pegando fogo, porém nada documentado oficialmente. Ele
só foi derrotado após a união entre Império bizantino, Axumitas e Árabes, que colocaram Esimiphaios como um rei-marionete.

As maiores obras de Esimiphaios foram as construções de igrejas na região de Najram. Seu reino foi breve, já que não teve
apoio popular. Então um guerreiro de tribos chamado Abraha se tornou autoridade simultânea com Esimiphaios, sendo o
segundo submisso a políticas bizantinas de tentativa de conversão religiosa de tribos nativas. Ao fim, somente a região Etíope
foi convertida com sucesso, o Iêmen não, muito graças a Abraha.

Após a queda do rei-marionete, uma guerra entre um Príncipe nativo e Abraha tomou conta da sociedade, porém logo foi
cessada graças a uma brecha na Grande Barragem de Marib, na parte inicial do século XI. O Império Islâmico de Sassânida
então anexou as regiões de Aden e Sana’a, o que marcou o fim das antigas civilizações com a chegada do islã.

Idade Árabe no Iêmen


A idade Árabe no Iêmen começa com a chegada de Ali Abīb, primo do profeta Muhammad. Durante esse período, o Iêmen era
a região mais próspera do Oriente Médio, com os clãs Sabeanos sendo os primeiros a aceitarem o Islã. Como no período
nenhuma autoridade comandava a região iemenita, Muhammad enviava cartas para as tribos com o objetivo de difundir o
islamismo. Com isso, as principais tribos enviaram suas delegações para reuniões em Medina, realçando o crescimento da
religião no cotidiano, política e sociedade.

Durante o califado Rashidun, no segundo período do século VII, o Iêmen era o país Árabe mais estável, sendo uma potência
militar que colaborou nas conquistas de regiões como Egito, Iraque, Sicília e Pérsia. Porém após diversas perdas na conquista
da Síria, o Estado Omíada da região de Sanã foi derrubado, assim instituindo o primeiro Estado Ibadi por meio da junção dos
califados iemenitas.

Após um século de paz por meio das relações com o califado Abssínio, a chegada do Imã Zaidi, um dos maiores clérigos
religiosos do período, mudou tudo, já que por onde ele passava difundia seus ensinamentos. Após ter uma seita forte instituída
na região leste do Iêmen, Zaidi comandou as tropas dos seus povos a invadirem Sanã. Durante o restante do primeiro período
do século X, Sanã foi palco de disputas entre três dinastias Árabes, batalhando pelo controle entre si. No final do século X, a
região de Zabid era regulada por escravos sob ordens de seus senhores. Eventualmente, esses escravos viriam a criar sua própria
dinastia.

A tomada de todas as regiões iemenitas e criação do Grande Iêmen veio somente por meio da dinastia Sulayhid. Governando
junto com sua esposa Asma Shibab, Ali Sulayhi instituiu um califado na região do Alto Iêmen, e em menos de vinte anos tomou
as cidades de Zabibe, Haudramate e Aden. Ali foi morto em 1084 EC, a caminho de Meca, seu filho Mukarram herdou o trono.
Ele foi um dos mais sanguinários governantes da história do Oriente Médio, liderando ofensivas com mais de 8 mil mortes.
Mukarram adquiriu paralisia facial graças ao número de batalhas lutadas, assim tendo que passar o seu governo para sua esposa,
a Rainha Arwa.

Com Arwa o Grande Iêmen viu seu ápice, com o enfoque na agricultura e no urbanismo do país, a ascensão regional foi
inevitável. A rainha mais amada da história do país é lembrada pela alcunha de “A jovem grande Rainha”. Arwa instituiu
comunidades iemenitas na Índia que perduram até os dias atuais. Após a morte da rainha, o país se dividiu em cinco dinastias
concorrentes religiosamente.

No mesmo ano da morte da Grande Rainha, a Dinastia Aiubida dominou maior parte das dinastias instituídas tanto no Alto
quanto no Baixo Iêmen, porém com um enorme entrave nas regiões das Fortalezas do povo Zaydi. Então por décadas um
enorme conflito entre os dois povos tomou conta da região. Seu fim veio por meio da dispersão zaidita em 1219 EC.

Umar Rasul se tornou um Rei assistido por Allah em 1229 EC, a Dinastia Rasulida possuía base firme e teor expansionista. Seu
território foi expandido a ponto de incluir uma área do sul da península arábica até a região de Meca. Seu assassinato culminou
na tomada de poder pelo seu sobrinho, o califa Yusuf I, tendo reinado por 47 anos. Yusuf foi conhecido pela sua diplomacia,
acabando com guerras pela caneta. O senso de unidade nacional foi enorme durante esse período, pois os Reis afirmavam ser
descendentes do Reino Himarianita, assim tomando liberdade para avanços culturais e científicos. O fim dos Rasulidas veio por
um conflito interno que levou a ascensão de clãs que tomaram o poder.

A Dinastia Tahirid não foi tão grande como a anterior, mas sua grande notoriedade pela arquitetura afiada deve ser valorizada.
O exército no período era fraco, aspecto que facilitou ataques estrangeiros, em 1517 EC os Zaidis tomaram toda a região, assim
travando uma guerra por território com o Império Otomano.

Idade Moderna no Iêmen


Em um período de anarquia e desordem iemenita, os otomanos viram uma oportunidade ímpar de obter rotas para a Índia e
Constantinopla. Todavia a resistência por povos da região foi enorme, dos 80 mil soldados enviados para tomada do Iêmen,
somente 7 mil sobreviveram. A invasão a Sanã só veio com a união dos Turcos com forças tribais regionais, onde 80 batalhas
foram travadas, só tendo seu fim após a decapitação do comandante do exército Otomano. O fim da insurgência iemenita veio
após a morte de um importante Imã, trazendo desunião a toda comunidade. Sendo assim, o sul do Iêmen virou posse do Império
Otomano.

A dificuldade de penetração no norte do Iêmen foi um fator que dificultou a tomada da região pelos Turcos, sendo assim uma
trégua de dez anos foi instituída pelos Imãs do norte e os otomanos. Após o fim da trégua, a guerra entre os povos tomou
novamente conta da região. Contrariando todas as expectativas, o povo do norte conseguiu expulsar os otomanos, assim
instituindo novamente um estado Árabe na região. Todos os Judeus da região foram expulsos por meio de leis discriminatórias.
O fim do Império Zaidi veio em 1849 EC, após anos de conflitos internos políticos

As relações com a Grã-Bretanha foram importantes para ambos os lados, onde para os europeus a posição estratégica de Áden e
do Canal de Suez facilitavam o comércio, tudo isso em troca de uma proteção militar as tribos Árabes do Iêmen. A proteção
perdurou até um naufrágio sofrido pelas tropas britânicas que resultou em uma onda de saques, a resposta veio com um
bombardeio e a ocupação de Áden. Em 1850 EC, os britânicos tornaram o Iêmen uma zona franca, o que levou o país ao título
de “País Mundial”.

Os Otomanos temeram a expansão britânica na Arábia, e então retomaram a planície costeira do mar vermelho. Porém a
rivalidade com imãs Zaydis levou a uma desordem enorme nas ruas, o que levou a protestos da população atrás de uma
pacificação pelo paxá otomano da região. Agora com poder na região, uma força expedicionária otomana tentou recuperar o
domínio de Sanaã, assim tornando-a capital administrativa da Província Otomana do Iêmen.

Com base em derrotas anteriores na região, houve uma secularização da sociedade por parte do Império Otomano, que levou a
uma redução do poder local. Uma série de reformas modificou a economia do Iêmen, porém a alta corrupção dentro da
administração da região, associada a revoltas tribais levaram a uma perda de poder otomano. Uma revolução violenta freou a
pacificação da terra, e se estendeu até um acordo entre otomanos e as tribos locais. O acordo apresentava o imã Yahya como
líder das terras altas do Iêmen, enquanto otomanos ficavam com o centro-sul.

Após a saída total do Império Otomano em 1918, o imã Yahya sonhava com o Grande Iêmen, que se estendia desde os montes
no norte até o sul da península. Obviamente esse sonho irritava as tribos e o governo britânico de Áden, o que levou novamente
a conflitos armados onde o Imamato conquistava terras britânicas e esses respondiam na mesma moeda. Em 1922 Yahya atacou
terras britânicas e um ultimato veio: bombardeios por aeronaves dizimaram as forças tribais do imã. Apesar disso, o Imã não
recuou. Em 1926, o Iêmen estreitou laços com o Império Italiano, o que levou temor dos britânicos sobre a criação do Grande
Iêmen.

Conflitos internos nas tribos do imã levaram Yahya a ceder aos desejos britânicos, reconhecendo assim soberania britânica
sobre uma parte do seu território. Yahya morreu em 1948, seu filho Ahmad assumiu o poder, e contrariando o seu pai, assumiu
uma postura política diplomática, assim estreitando laços primordialmente com a União Soviética recebendo armas,
conselheiros e ajuda econômica. Todavia o crescimento de movimentos de cunho comunista irritou profundamente Ahmad, que
reprimiu e expulsou os rebeldes. Em 1956 o Iêmen assinou um pacto defensivo com Síria e Egito, que futuramente viria a
reprimir movimentos nacionalistas que irradiavam por todo o território desde a ocupação britânica de Áden.

Os dois Estados e a unificação


O nacionalismo árabe influenciou a oposição ao governo retrógrado do imamato no Iêmen, o que ficou evidente na tentativa de
golpe militar após a morte do imã Ahmad. Após a tentativa de golpe, o embate entre republicanos apoiados pelo Egito e
monarquistas apoiados pela Grã-Bretanha provocou a Guerra Civil do Iêmen do Norte. Após seis anos de combate, os
republicanos saíram vitoriosos e instituíram a República Árabe do Iêmen.

A guerra do norte coincidiu com a revolta do Iêmen do Sul contra o controle britânico por parte da Frente de Libertação
Nacional, que visava apressar o fim do domínio britânico na região. Após o fechamento do Canal de Suez em 1967, os
britânicos foram forçados a se retirar. Assim, a FLN recebeu por meio de um termo de independência, a carta de soberania
sobre o sul do Iêmen. Em 1969, uma ala marxista do governo organizou o Movimento Corretivo, que reorganizou o Estado na
República Democrática Popular do Iêmen, instituindo um governo de partido único e aliado aos países soviéticos.

Embora na maior parte do tempo pacíficas , as relações entre os dois Estados tiveram hostilidades. Em 1972 um breve conflito
de três semanas foi travado, sendo resolvido com um cessar-fogo que instituiu uma unificação eventual futura. Após a guerra, o
Norte recebeu forte influência da ditadura da Arábia Saudita e o Sul estreitou ainda mais os laços com o bloco soviético.

Em 1979, o Iêmen do Norte acusou o Iêmen do Sul de oferecer armamento e apoio a um movimento revolucionário no seu país,
assim travando outro embate, só que dessa vez muito sangrento. O fim da guerra veio com a pressão dos países vizinhos para
um fim da guerra, além de reafirmarem o compromisso de unificação.

Em 1990 os países se fundiram e um parlamento unificado foi formado e uma constituição de unidade acordada. No Conselho
de Segurança das Nações Unidas para 1991 o Iêmen votou contra a “resolução do uso da força”, o que irritou EUA e Arábia
Saudita, tendo a segunda expulsado 800 mil iemenitas de suas fronteiras como resposta.

Uma guerra civil novamente foi travada entre os partidos governantes dos antigos Estados, sob queixas de violência no norte e
marginalização econômica do sul. Após interferência da Arábia Saudita, um acordo foi firmado e lideres do Partido Socialista
foram exilados.

A insurgência xiita começou em 2004 no Iêmen, e logo o governo alegou tentativa de golpe e de restauração da lei xiita, os
rebeldes alegaram discriminação e agressão do governo. A partir de então ataques terroristas se tornaram mais comuns no
território iemenita, muitas vezes por carros-bomba e suicidas.

Em 2009 a Al-Qaeda instituiu um novo braço na Península Arábica, e novos conflitos foram travados. No final do ano, Barack
Obama lançou misseis de cruzeiro contra Sanaã, tirando a vida de 60 civis, sendo 28 crianças. Esse foi o primeiro de uma série
de ataques estadunidenses, seja por misseis ou drones, ajudando a aumentar o caos no Iêmen.

A revolução de 2011 surgiu no contexto da Primavera Árabe, e lutava contra desemprego, desigualdades e corrupção, além de
ser contra mudanças na constituição do Iêmen. A polícia reprimia violentamente os movimentos da revolução, o que gerava
mortes e feridos.

Hoje em dia o Iêmen passa por uma nova guerra civil, com mais lados dessa vez. Se envolvem nela: o Conselho Político
supremo; grupos tribais Hadi e seus aliados que possuem maior parte do território; a Al-Qaeda e o governo dos Estados Unidos
junto com seus aliados. Além disso surtos de cólera e fome são problemas constantes na população iemenita.

‫هللا اكبر هللا اكبر‬

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