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Plano 02
Descrição: Miles (Shameik Moore) observa algo que se encontra abaixo dele.
Imagem: Aqui vemos um plano close-up, mostrando o rosto do protagonista,
Miles Morales (Shameik Moore), de perto, observando algo abaixo de sua
posição, enquanto vê-se a cidade ao fundo. A "câmera" está em ângulo
frontal e realiza um zoom-out, terminando o plano mais longe de Miles do que
antes. O foco nesse plano é médio, já que, por mais que o cenário atrás dele
seja visível, o mesmo não chega perto de ser tão discernível quanto quem está
em primeiro plano. A origem da luz neste plano não é visível, porém, fica claro
que o rosto de Miles está sendo apenas iluminado por fontes de luz situadas
abaixo de sua posição, essas sendo aquelas vindas da cidade, algo que pode
ser inferido devido a tonalidade arroxeada da mesma, algo que não se
configura como uma “luz natural”. Como citado anteriormente, o personagem
em questão parece estar observando algo abaixo de onde ele está atualmente,
e, devido a respiração pesada vista enquanto a "câmera" se afasta, se
preparando para algo, porém isso apenas é parcialmente verdade. Isso é
evidenciado pelo próximo plano, que mostra que, durante esse momento, na
verdade, ele não só olha para baixo como também se lembra do que fez
anteriormente a sequência para chegar ali.
Plano 03
Descrição: Miles, com uma roupa usada anteriormente por ele, caminha até a
entrada da base de operações secreta do Homem-Aranha / Peter Parker (Chris
Pine).
Imagem: Neste plano, caracterizado como um plano médio, observamos
Miles, em um memória, andando para algo parecido com um depósito,
estabelecido anteriormente como a entrada para um elevador que leva à base
de operações do falecido Peter Parker, o Homem-Aranha anterior a Miles.
Dessa vez, a "câmera" se encontra em angulação traseira e se aproxima do
sujeito do plano, assim realizando um movimento de travelling. O foco no
plano está na pequena construção diante de Miles, assim levemente
desfocando-o, o que auxilia na sensação de movimento do plano, já que,
conjuntamente com a "câmera", o personagem se move em direção ao fundo.
A luz aqui é diegética, refletindo a luminosidade observada logo após o Sol se
pôr, assim posicionando a cena, cronologicamente, próxima ao plano anterior.
Pode-se perceber que esse plano é precedente em sentido cronológico ao
Plano 02 devido a roupa de Miles, que é uma fantasia comprada por ele
anteriormente no filme, diferindo da vestimenta que ele usa no plano citado
anteriormente, além da iluminação, que também delata que o plano se passou
mais cedo, já que há apenas "luz natural" no mesmo. A alternância entre o
presente e o passado ocorre durante toda a sequência e essa é apenas a
primeira vez que isso ocorre.
Plano 04
Descrição: Miles leva sua mão até a fechadura da porta, porém a mesma abre
sozinha.
Imagem: O plano em questão pode ser reconhecido como um plano detalhe,
retratando a fechadura que dá acesso a porta para o elevador se abrindo, além
de também ser possível ver a mão de Miles indo em direção ao objeto em
destaque. O ângulo é caracterizado como ¾, além de ser levemente
contra-plongée, e há o movimento óptico de zoom-in durante toda duração do
plano. O foco abrange toda a composição, assim mantendo tanto a porta, o
cadeado e a fechadura, quanto a mão, nítidas na imagem. Novamente,
percebe-se a luz diegética presente, já que, antes da abertura da porta, apenas
momentaneamente, a "luz natural" do ambiente aparece, sendo ofuscada pela
luminosidade emitida pelos símbolos de aranha vistos na cena, que refletem
nos dedos de Miles ao acenderem. Um detalhe interessante nesse plano é a
maneira que a mão de Miles consegue expressar a surpresa que ele sente em
relação a abertura da porta. Quando Miles visita a casa de Tia May (Lily Tomlin)
pela primeira vez, a personagem em questão abre a porta com uma chave, o
que implica que apenas ela consegue abri-la. Logo, assim podemos perceber a
razão do leve movimento feito por ele ao perceber que a porta havia sido
destravada: para que isso ocorresse, alguém precisou abrir a mesma de
maneira remota, o que, por consequência, quer dizer que alguém esperava por
seu retorno. Esse alguém, algo que descobrimos alguns planos depois, é a
própria Tia May.
Descrição: Miles passa pela porta e chega no elevador que o levará até a
base.
Plano 06
Descrição: Quando realmente chega na base, Miles aperta seus olhos para
enxergar algo.
Plano 07
Descrição: May Parker (Lily Tomlin) se encontra sentada dentro da base, como
se esperasse a chegada de Miles.
Imagem: Aqui, vê-se um plano conjunto, no qual vemos, no centro, Tia May,
sentada em uma cadeira de balanço, preparando uma xícara de chá e Miles,
do lado esquerdo da imagem, finalmente descobrindo quem foi que liberou sua
entrada no local. No segundo plano, vemos as telas azuis que comentei
rapidamente durante a análise do Plano 06, além de uma escrivaninha cheia
de pequenos detalhes, como uma caneca temática do Homem-Aranha, uma
"action figure" do personagem, frascos com líquidos coloridos, retratos,
desenhos, outros monitores e etc. Nesse plano, o ângulo é um plongée suave,
já que há apenas uma pequena inclinação de cima para baixo, e há um
zoom-in em direção a May. Já sobre o foco, percebe-se que, no plano, o que é
mais nítido é a personagem centralizada no enquadramento e os elementos
atrás dela, deixando Miles, mais próximo à câmera, desfocado. A luz agora é
um contraponto do plano passado, já que a "câmera" está oposta ao plano
anterior. Se antes víamos a iluminação no rosto de Miles, agora vemos sua
fonte e o rosto de Miles permanece escondido devido a sua posição. Porém, os
detalhes mais intrigantes são em relação às cores apresentadas e a disposição
das telas azuis. Novamente, vemos o azul e o vermelho, cores que
representam o Homem-Aranha, além das listras pretas no chão, algo que
também é visto no uniforme do personagem por meio de teias representados
no tecido mesmo (algo visto com maior claridade na fantasia comprada por
Miles na loja de fantasias), assim novamente mostrando que esse era um local
pessoal daquele herói, dessa maneira remetendo sempre a sua identidade
visual. Sobre a disposição dos monitores, é impossível deixar de comentar que
o mesmo remete e muito a uma aranha, assim, novamente brincando com
símbolos que remetem a iconografia do "Cabeça de Teia" por todo o seu
espaço de trabalho.
Plano 08
Som: Fala diegética simultânea interna da Tia May ao dizer “Já era hora”
enquanto há continuidade não diegética da música “Whats Up Danger”.
Plano 09
Plano 10
Descrição: Miles, agora com uma roupa nova, espera a chegada do metrô.
Imagem: O décimo plano é caracterizado como um plano médio, retratando
Miles, já com suas roupas vistas nos planos que representam a atualidade do
filme, esperando a chegada de um metrô. Pode-se perceber que a “câmera” se
encontra em uma elevação mais baixa, o que possibilita o enquadramento de
Miles como um todo na cena. A angulação pode ser quase considerada de
perfil, já que Miles se encontra muito próximo de estar a 90° graus da
“câmera”. Dessa vez, não há movimentação nem da “lente” ou da “câmera” em
si, porém, dentro do plano, fica óbvio que o metrô realiza um movimento em
direção ao ponto de vista atual. O foco se encontra do lado direito da imagem,
majoritariamente deixando Miles em destaque, porém elementos fora dessa
área também são de fácil percepção do espectador, por mais que se encontrem
desfocados, como é o exemplo da placa do lado esquerdo, onde está escrito
“31 Street”. Mudando a atenção para a iluminação, percebe-se que a mesma é
originada de luzes artificiais que compõem a cena, como os faróis do metrô, as
luzes indicando a chegada do veículo, as lâmpadas da estação, etc. Também
em relação a iluminação, pode-se captar um detalhe interessante em Miles e
nos próprios faróis do transporte. Durante a passagem do metrô, vemos a luz
do interior do mesmo refletindo em Miles, e, ao observar atentamente,
percebe-se que, quando isso ocorre, há a presença de “Ben-Day Dots”, ou
“Pontos de Ben-Day”, sendo esse o nome dado a um processo gráfico de
colorização usado à exaustão pela indústria de quadrinhos americana durante
os anos 1950 e 1960. Por meio do uso dos mesmos, vê-se aqui uma
valorização da antiga cultura dos quadrinhos pelos idealizadores, que usando
esse pontos, estão homenageando a história das Hqs americanas,
especialmente as de cunho super-heróico. Além deste, há outro detalhe que
referencia os quadrinhos como um todo, que seria a figura humana que se
encontra dentro do metrô. Algo muito comum em diversos quadrinhos e
animações é a simplificação de formas humanas a fim de retratar sua
presença, porém sem demandar demais dos ilustradores/animadores
responsáveis, assim economizando tempo e dinheiro, algo aqui referenciado
por essa silhueta.
Plano 11
Som: Dessa vez mais fortes, o som do raio é diegético simultâneo interno,
enquanto ocorre a continuidade não diegética da música “Whats Up Danger”.
Plano 12
Plano 13
Plano 14
Plano 15
Descrição: Miles sobe uma escada, que o leva para a cobertura de um prédio,
e abre a porta.
Som: Mais uma vez um monólogo deslocado do pai de Miles: “Pode fazer
coisas ótimas com esse dom”. Ouve-se o ruído diegético interno da porta
sendo aberta.
Plano 16
Plano 18
Plano 19
Plano 20
Plano 21
Som: Neste plano está presente apenas as batidas da música não diegética.
Em cerca de 95 bpm (batidas por minuto), a música apresenta tensão e
intensidade.
Plano 22
Plano 23
Som: Continua o som deslocado anterior, no qual Miles fala com o Homem
Aranha de outra realidade (Jake Johnson), uma versão que assume um posto
de mentor para ele. Nesse fragmento Miles pergunta “Quando eu vou saber
que sou o Homem Aranha?”. Há um ruído diegético dentro de tela que
representa o som da máscara sendo colocada.
Plano 24
Plano 25
Som: Enquanto a música se torna cada vez mais simples, tendo apenas
batidas praticamente, inicia-se mais um som diegético deslocado anterior de
um monólogo do Homem Aranha de Jake Johnson.
Plano 27
Som: Termina o monólogo do mentor de Miles, no qual ele diz “That’s all it is,
Miles, a leap of faith”, que significa “É apenas isso, Miles, um salto de fé”. Essa
é a frase que dá nome à cena, e que marca um ponto de extrema importância
no arco de evolução do personagem principal.
Plano 28
Descrição: Miles, que estava olhando para o chão, levanta a cabeça para
iniciar o salto.
Imagem: Retorno ao close-up do protagonista, praticamente idêntico ao plano
26. Singelo plongeé com movimento para um ângulo frontal. Também é
possível ver a cidade nos olhos da máscara, e o prédio no fundo fora de foco.
Porém neste plano o personagem se movimenta. Levanta a cabeça, olhando
para frente. No final do plano é possível percebê-lo se afastando do prédio,
iniciando o movimento de salto.
Plano 29
Imagem: Plano médio com foco em Miles. Seu corpo aparece completamente
em quase todo o plano, tendo uma pequena parte da perna direita fora de
quadro antes do personagem se desprender do prédio. É um foco médio, com
o personagem como principalmente elemento do plano e mais próximo da
câmera. A cidade no fundo mantém os esquemas de cores analisados e baixo
foco. Há um curto movimento de tilt, acompanhando o eixo vertical do salto.
Montagem: No plano existe uma pequena elipse inversa já que ele apresenta
o início do salto, que já havia sido iniciado no plano anterior. A continuidade
de espaço, no entanto, se mantém.
Plano 30
Plano 31
Som: Um baixo som diegético do estilhaços de vidro caindo ainda pode ser
ouvido, e a música repete vagarosamente a palavra “danger” (que significa
“perigo”), quase como se fosse um eco.
Montagem: Novamente uma pequena elipse inversa, pois os pés de Miles já
haviam se deslocado das janelas anteriormente. Este plano apresenta
continuidade de espaço.
Plano 32
Plano 34
Som: A música continua ecoando, agora apenas com a palavra danger (perigo)
ecoando. Essa palavra específica ecoar faz um paralelo com o perigo da ação
realizada pelo protagonista, principalmente no momento em que ele se debate
no ar, apresentando desequilíbrio. O plano apresenta um som diegético,
simples, interno e crescente do vento na queda do personagem.
Plano 35
Plano 36
Plano 37
Descrição: Da rua, os pedestres têm a sua visão atraída para a forma que se
desloca em alta velocidade na sua direção.
Plano 38
Plano 39
Som: Nessa parte da música há somente as batidas. May realiza uma fala
diegética, simples e interna, dizendo “Eu mesma as fiz”, se referindo aos
lançadores de teia. Há um som metálico, diegético e interno, quando Miles
pega um dos lançadores.
Plano 40
Imagem: Durante este meio primeiro plano, observamos Miles e May após
instalar o lançador de teia, através de um ângulo ¾, com um movimento de
grua na diagonal, da direita para a esquerda, de baixo para cima.
Plano 41
Plano 43
Descrição: Miles, com o olhar semicerrado, focaliza no ponto fixo que sua teia
irá prender-se.
Imagem: No ângulo ¾, observamos o olhar do Miles projetado para fora do
quadro, concentrado no sucesso do lançamento das teias, neste primeiro
plano. Ao fundo, a luz superexposta aproxima-se, trazendo consigo a
iminência do impacto caso ele falhe.
Som: Pode-se ouvir com pouca distinção os sons diegéticos dentro de quadro
do vento, que balança a roupa de Miles produzindo barulho de tecido.
Plano 44
Som: O som neste plano apresenta-se somente com a música não diegética.
Plano 45
Som: Ouve-se apenas a voz da música, dizendo: “Can’t stop me now”. Não
pode me parar agora. Neste momento, Miles se liberta de suas inseguranças,
dúvidas e medos. Agora ele é imparável. Agora ele é o Homem-Aranha.
Plano 46
Plano 47
Plano 48
Descrição: No meio dos carros, Miles corre para impulsionar o seu salto.
Imagem: O seguinte plano feito em tilt, frontal, traça um paralelo imagético
com a sequência em que Miles começa a descobrir seus poderes e encontra
Peter Parker do universo alternativo. Na primeira sequência, Miles ainda é
inábil, sem controle de suas habilidades, de forma desastrada pelos carros e
ônibus. Agora, nesse plano, com plena ciência de si e suas ações corporais.
Seguindo o tráfego dos carros. Com o som sendo um condutor rítmico da ação,
as batidas do grave característico do hip-hop substituem o som do que seria os
passos de Miles.
Imagem: Esse breve plano feito em traveling, traz cada vez mais a urgência
de Miles, em perfil, para com o embate final, pela velocidade atribuída
referente a distorção dos carros dando a sensação de Miles, em um foco
clínico, está cada vez mais rápido, a sua fuga do plano, subindo cada vez mais
aos céus com a sua teia, não é só pela urgência, mais também o começo da
ascensão aos céus e ao heroísmo tanto buscado.
Plano 50
Descrição: Miles Morales está cada vez mais próximo de seu objetivo, mas
ainda há obstáculos.
Imagem: Um travelling frontal acompanha Miles, em um ângulo traseiro,
que está mais próximo da ascensão, o caminhão, um empecilho físico, junto do
sinal vermelho que paralisa o fluxo dos carros que Miles acompanhava,
simbolicamente é Brooklyn dificultando as ações, testando Miles, mas nada
pode pará-lo.
Som: Assim como no plano anterior, o único som além da música vem de
veículos. Nesse momento em específico, um caminhão passa
perpendicularmente à direção do movimento de Miles, trazendo ao plano um
som diegético dentro do quadro.
Descrição: Obstáculos físicos não surtem mais efeito em Miles Morales, ele é
o homem-aranha e o caminhão é seu trampolim.
Plano 52
Plano 53
Plano 54
Som: Ainda com a música ao fundo, o som diegético da ação de Miles dentro
de tela é ouvido, caracterizado pelos dois giros que ele realiza antes de se
lançar para cima.
Plano 55
Imagem: Contra-zenital é feito neste plano médio, Miles agora faz parte
visualmente e simbolicamente do céu do Brooklyn, onde é seu lugar, um herói
de fato.
Plano 56
Plano 57
Plano 58
Plano 60
Plano 61
Plano 62
Plano 63
Plano 64
Descrição: Miles, ofegante, retira sua máscara para respirar com mais
liberdade.
Imagem: Em primeiro plano, Miles para pra descansar e retira sua máscara,
no ângulo frontal. Ofegante, tomado pela adrenalina e ainda assustado, ele se
dá conta do quão incrível foram as coisas que ele acabou de fazer, e sorri, de
orgulho e alívio, tudo isto através da steadycam que estabilizada, acompanha
o movimento do Miles.
Som: Respiração ofegante do Miles ao finalizar a corrida de forma diegética
simultânea interna com continuidade não diegética da música “Whats Up
Danger”.
Plano 65
Plano 66
1º ELEMENTO: Grafitagem
2° ELEMENTO: Breakdance
3° e 4° ELEMENTOS: O DJ e o MC.
A parte melódica do filme tem como papel, dar o clima de cada cena, a
ambiência, enquanto as letras falam o que Miles quer e precisa dizer, e do seu
jeito. Criam a atmosfera perfeita para todas as partes da sequência do salto de
fé, e dizem com ritmo e poesia, tudo o que Miles está dizendo com suas ações.
As interseções artísticas do Hip Hop e a dialética do R.A.P são novamente
utilizadas, dando camadas extras de significado a toda a obra. A mensagem
aqui é clara, Miles se tornou um Homem-Aranha, mas um único, singular, e que
só pode ser o que é por que Miles é o que é, e com sua própria identidade, seja
ela visual, com o graffiti em seu uniforme, física, com seus movimentos
estilizados e rítmicos, ou musical, com sua própria trilha sonora única,
utilizando o antigo, e o atual, para criar algo novo.
Referências