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SISTEMAS DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO E TRATAMENTO DE
EFLUENTES INDUSTRIAIS
Ana Claudia Guedes Silva
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Revisor
Jessica Klarosk Helenas Perin
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-86461-13-8
CDD 628.445
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753
2020
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
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SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO E TRATAMENTO
DE EFLUENTES INDUSTRIAIS
SUMÁRIO
Qualidade da água e sistemas de abastecimento____________________ 05
4
Qualidade da água e sistemas de
abastecimento
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Compreender a caracterização da água, bem
como sobre seus padrões de potabilidade e
balneabilidade, segundo a legislação vigente.
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1. Características da água
6
d. Sólidos: em suspensão ou dissolvidos. Sólidos em suspensão:
partículas que permanecem retidas após o processo de filtração.
Podem ser divididos em sólidos dissolvidos, que são partículas que
passam através do filtro e representam a matéria em solução ou
em estado coloidal presente na amostra; sólidos sedimentáveis,
porção dos sólidos que se sedimenta sob ação da gravidade em
um recipiente.
e. Turbidez: presença de material em suspensão (não dissolvido),
como argila, silte, substâncias orgânicas finamente particuladas e
microrganismos. A turbidez não deve ser confundida com cor, pois
representa a medida de interferência da passagem de luz pela
amostra.
f. Condutividade elétrica: capacidade que a água possui de conduzir
corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença
de substâncias dissolvidas na água, que se dissociam em íons.
Sendo maior a condutividade, quanto maior for a concentração de
íons na mesma.
7
a capacidade de resistir a mudanças do pH (efeito tampão);
em teores elevados, proporciona sabor desagradável à água,
influenciando na eficiência dos processos de tratamento da água.
c. Dureza: resulta da presença, principalmente de sais, como cálcio
e magnésio, ou de outros metais bivalentes, mas com menor
intensidade. Em teores elevados, causa sabor desagradável e
efeitos laxativos; provoca incrustações em tubulações e caldeiras.
Classificação das águas, em termos de dureza de carbonatos
(CaCO3) (Tabela 1) (BRASIL, 2014, p. 22):
8
f. Nitrogênio: na água, o nitrogênio pode ser encontrado nas mais
diversas formas. As mais relevantes são:
9
teores mínimos de oxigênio dissolvido de 2 mg/L a 5 mg/L
(exigências diferentes para cada organismo). A concentração
mínima necessária para sobrevivência das espécies piscícolas é de
4 mg/L para a maioria dos peixes. Em condições de anaerobiose
(ausência de oxigênio dissolvido), ocorre a mortandade de peixes
e outras espécies que necessitam de oxigênio e começa a ocorrer
a presença de maus odores (BRASIL, 2014, p. 25).
i. Matéria orgânica: a presença em quantidades elevadas pode
causar mal odor, turbidez e aumento no consumo de oxigênio
dissolvido pela ação dos microrganismos, em que, para a
quantificação, são utilizados indicadores indiretos da quantidade
de matéria orgânica na água: Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO).
10
fezes em números muito elevados (105 a 107 células/g), segundo
Trevisan (2017). Quando a água é caracterizada contendo
Escherichia coli, há indicação clara de que está contaminada com
fezes e, consequentemente, se encontra fora dos padrões para
consumo humano, por exemplo.
b. Coliformes totais: o grupo dos coliformes inclui bactérias de
origem não exclusivamente fecal, podendo ocorrer naturalmente
no solo, em águas naturais e em plantas, por exemplo. Em climas
tropicais, os coliformes apresentam capacidade de se multiplicar
na água, dependendo da temperatura.
Assim, na avaliação da qualidade de águas naturais, os coliformes
totais têm valor sanitário muito limitado. Sua aplicação restringe-
se a avaliação da qualidade da água tratada, na qual sua presença
pode indicar falhas, como uma tubulação rompida, ou ainda a
presença de nutrientes em excesso em reservatórios que não
foram limpos devidamente, mas não indicam a contaminação por
fezes (coliformes fecais são os indicadores disso).
c. Algas e cianobactérias: se fazem presentes em lagos, reservatórios
e cursos d’água, são responsáveis por parcela significativa da
concentração de oxigênio dissolvido na água.
d. Protozoários: esses organismos estão relacionados com doenças
de transmissão hídrica em que produzem cistos ou oocistos
resistentes às condições do ambiente, tais como Giardia,
Toxoplasma e Cryptosporidium.
11
No Brasil, os padrões de potabilidade (água de abastecimento humano)
ficam a cargo do Ministério da Saúde, que estabelece diversos requisitos
por meio da Portaria de Consolidação (PRC) n. 5, publicada em 03 de
outubro de 2017 (BRASIL, 2017), que revogou a Portaria n. 2.914, de
dezembro de 2011.
12
Ambiente (CONAMA), que, de forma simples, categoriza classes de
qualidade para este fim, de acordo com análises de coliformes fecais
(termotolerantes). Dessa maneira, fica definido (BRASIL, 2000):
13
Seguindo o fluxo da própria água, o SAA inicia pela retirada da água
de um corpo hídrico (captação), o transporte da água bruta (adução),
adequação de sua qualidade (tratamento), transporte e fornecimento
à população (distribuição). Dependendo do projeto realizado, alguns
dispositivos podem ser requeridos no SAA, como estações elevatórias,
reservatórios, entre outros.
14
de água tratada), porém, não distribuem a água entre as unidades
consumidoras (BRASIL, 2015, p. 105).
15
seleção de processos de tratamento para obtenção de água potável deve
ser feita de modo a permitir a remoção ou redução de determinados
constituintes da água bruta, até alcançar as características ideais para
uso.
16
• Classe 3: com possível utilização dos processos, convencional
ou avançado, sendo que no avançado há o uso de técnicas
de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos
processos convencionais de tratamento, que podem conferir à
água características, como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou
patogênica.
17
Entretanto, muitos compostos solúveis em água são resistentes à
biodegradação, necessitando, portanto, de um tratamento avançado
para eliminação de tais compostos. Esse tratamento emprega técnicas
como a oxidação com oxigênio, permanganato de potássio, cloro,
dióxido de cloro ou ozônio; uso de carvão ativado em pó, precipitação
química, membranas filtrantes, adsorção, osmose reversa, luz
ultravioleta e/ou ozonificação, que visam remoção de cor, turbidez,
algas, gases, compostos voláteis, oxidação de íons metálicos (tais como
ferro e manganês) e remoção total ou parcial de dureza (íons Ca+2 Mg+2
na forma de bicarbonatos, sulfatos e cloretos), segundo Libânio (p. 24-
34, 2010).
18
• Tratamento secundário: o objetivo principal dessa etapa é a
remoção de matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel ou filtrada)
e DBO suspensa e, porventura, nutrientes. Nesse tratamento, tem
predomínio do processo biológico, realizado por bactérias aeróbias
e anaeróbias, que degradam os compostos orgânicos resultantes
do processo anterior, sendo realizado por meio de lodos ativados,
lagoas de estabilização, wetlands, filtro anaeróbio, reator anaeróbio
de fluxo ascendente (UASB) e/ou reatores com biofilmes.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação n. 5,
de 28 de setembro de 2017. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Manual de
saneamento. 4. ed. Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/
biblioteca-eletronica/publicacoes/engenharia-de-saude-publica/-/asset_publisher/
ZM23z1KP6s6q/content/manual-de-saneamento?inheritRedirect=false. Acesso em:
2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Manual
de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS.
Brasília, 2014. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/
manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente–
CONAMA. Resolução CONAMA n. 274, de 29 de novembro de 2000. Publicada no
DOU, n. 18, de 25 de janeiro de 2001, Seção 1, p. 70-71. Brasília, DF, 2000. Disponível
em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=272. Acesso em: 2
mar. 2020.
19
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente–
CONAMA. Resolução CONAMA n. 357, de 25 de março de 2005. Publicada no
DOU, n. 053, de 18/03/2005, p. 58-63. Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://
www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 2 mar. 2020.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3. ed. rev. e
ampl. Campinas: Átomo, 2010.
TELLES, D. D. Ciclo ambiental da água: da chuva à gestão. 1. ed. São Paulo, SP:
Edgard Blucher Ltda., 2013.
TREVISAN, G. de M. Remoção de coliformes e ascaris lumbricoides em sistema
de wetland construído de fluxo vertical. Dissertação de mestrado. Universidade
Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2017.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
UFMG, vol. 1, 3. ed., 2008.
20
Estações de tratamento e
sistemas de esgotamento
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Caracterizar efluente sanitário conforme suas
características, bem como seus padrões de
lançamento após o tratamento.
21
1. Dimensionamento para elaboração de
estações de tratamento de água e efluente
22
forças de separação das partículas coloidais e suspensas, sendo
a calha Parshall um dispositivo eficiente para esse processo,
segundo Richter (2012). A mistura deve ser a mais homogênea
e rápida possível para que haja coagulação e, por isso, a NBR
12.216/1992 recomenda um gradiente de velocidade alto (entre
700 s-1 e 1100 s-1) e um tempo de dispersão baixo (inferior a um
segundo) (ABNT, 1992).
23
Os parâmetros básicos de projeto para as unidades filtrantes são:
taxa de filtração, obtida por meio de filtro-piloto. Quando não for
possível tal teste, adotar, para filtro de camada simples, 180 m3.m-2.d-1;
e para filtro de camada dupla, 360 m3.m-2.d-1; espessura, tamanho
efetivo e coeficiente de uniformidade das camadas filtrantes e
suporte determinados por ensaios em filtro-piloto, quando os ensaios
não são realizados, pode ser utilizada a especificação básica para tais
parâmetros da NBR 12.216/1992 (ABNT, 1992).
24
Os tratamentos de efluentes, normalmente, dispõem de unidades de
remoção de sólidos grosseiros (grades e/ou peneiras), remoção de areia
e sólidos facilmente sedimentáveis (desarenador), decantação primária
(tanque de decantação), processos de remoção de matéria orgânica
(lodos ativados, Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente–UASB, filtros
biológicos, entre outas tecnologias diferentes).
25
Para que isso ocorra, o fluxo de efluente deve ser mais lento para
possibilitar a decantação, por isso, a NBR 12.209/2011 recomenda que
a velocidade de escoamento esteja entre 0,25 a 0,40 m.s-1, caso seja
de fluxo horizontal e seção retangular (o mais usual). A profundidade
do canal deve ser, no mínimo, de 0,20 m, para que haja depósito de
material sedimentado, além de funcionar com uma taxa de aplicação
superficial de 600 a 1300 m3.m-2.d-1 (ABNT, 2011).
26
Há várias configurações desse tipo de tratamento de alta e baixa taxa,
com recirculação do efluente, filtros dispostos em série, seguidos de
decantador. A escolha do método varia conforme a necessidade de
eficiência de remoção de matéria orgânica.
Além disso, a mesma norma cita que, como o sistema atua sob fluxo
vertical, a velocidade ascensional na câmara de digestão não deve
ultrapassar 0,7 m.h-1, para vazões médias, e sendo inferior a 1,2 m.h-1
quando operado em vazão máxima.
27
que pode variar em processos aeróbios, anaeróbios e físico-químico,
segundo Von Sperling (2014).
28
Assim, pode-se inferir que os objetivos principais desse sistema são o
controle e/ou a erradicação de doenças de veiculação hídrica, a melhora
da qualidade de vida da população, bem como da qualidade ambiental,
seja em ambientes aquáticos ou terrestres.
29
• Sistema separador parcial: conhecido também como misto,
separa parcialmente as águas pluviais e o esgoto, pois as águas
que caem no interior dos terrenos e telhados das construções
ainda são enviadas a rede coletora. Sistema com melhor
eficiência que o unitário, porém, ainda não é o melhor adaptado
ao Brasil devido ao elevado índice pluviométrico.
30
Figura 1 – Esquema de alguns constituintes básicos do SES
31
Quando um interceptor deixa de receber contribuições e passa a ser
apenas uma tubulação com a finalidade de condução do efluente
para o ponto de lançamento ou tratamento, esta passa a ser chamada
de emissário, recebendo apenas contribuições na extremidade à
montante.
32
3.1 Características do esgoto sanitário e padrão de
lançamento de efluentes após o tratamento
33
garantir, para águas continentais, qualidade compatível com os usos
mais exigentes a que forem destinadas, bem como reduzir os custos das
ações que objetivam o combate à poluição das águas, por meio de ações
preventivas permanentes (BRASIL, 1997).
34
A mesma resolução também menciona que os efluentes não poderão
conferir ao corpo receptor características de qualidade, em desacordo
com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu
enquadramento, ou seja, os efluentes que serão lançados em rios de
melhor classe (maior qualidade de água), são efluentes que devem ter
passado por um tratamento mais rigoroso.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.216: projeto de estação
de tratamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.209: elaboração de
projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento de esgotos sanitários. 2
ed. Rio de Janeiro, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação
n. 5, de 28 de setembro de 2017. Brasília, DF, 2017. Disponível em: https://
portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/29/PRC-5-Portaria-de-
Consolida——o-n—-5—de-28-de-setembro-de-2017.pdf. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Portaria n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Brasília, DF, 1997. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA n. 357 de 17 de março de 2005. Publicada no DOU, n. 053, de
18/03/2005, p. 58-63. Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA n. 430 de 13 de maio de 2011. Brasília, DF, 2011. Disponível
em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 2
mar. 2020.
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 6. ed. Rio de
Janeiro, 2011.
35
NUVOLARI, A. Esgoto sanitário – coleta, transporte e reuso agrícola. 2. ed. São
Paulo: Edgard Blucher. 2011.
RICHTER, C. A. Água: métodos e tecnologia de tratamento. 1 ed. São Paulo: Editora
Blucher, 2012.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
UFMG, vol. 1, 1. ed., 2014.
36
Acepção e tratabilidade dos
efluentes industriais
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Caracterizar e classificar os efluentes industriais;
expondo também, os especiais.
37
1. Efluentes industriais
38
• Sólidos: podem estar em suspensão ou dissolvidos no efluente,
sendo de composição orgânica ou inorgânica. Sua classificação,
segundo Von Sperling (2014, p. 88), pode ser sobre a natureza
química, representado por sólidos voláteis, de composição
orgânica; e sólidos não voláteis, conhecidos também como fixos,
de composição inorgânica ou mineral. O impacto do lançamento
de efluente in natura pode provocar a formação e depósito de
lodo nos corpos hídricos, em função da concentração de sólidos
sedimentáveis e a interferência da passagem de luz nas águas
naturais, com consequente alteração no ciclo biodinâmico daquele
meio, devido a concentração de sólidos suspensos e dissolvidos.
39
• Temperatura: é o parâmetro de controle da poluição térmica,
advindo de métodos para perda de energia calorífica
(resfriamento) ou de reações exotérmicas (aquecimento), ocorridas
nas águas utilizadas no processo industrial. Assim, esse parâmetro
pode alterar a concentração de oxigênio dissolvido (quando o
efluente se encontra em temperaturas elevadas) e interferir na
velocidade de degradação dos compostos por meio da redução da
atividade biológica (nos valores de temperatura próximos de zero).
Além disso, influencia na determinação do pH e na solubilidade
dos gases da água residuária industrial.
40
1.2 Efluentes industriais especiais
41
Outras indústrias não produzem diretamente efluentes oleosos, mas
podem ter algum setor que gere efluentes com este tipo de propriedade,
como os provenientes de oficinas mecânicas.
1.2.2 Surfactantes
42
O lançamento de detergente in natura provoca poluição estética do meio
ambiente, devido a formação de espumas sobre a massa d’água, além
de exercer efeitos venéficos sobre os ecossistemas aquáticos, sendo
um dos agentes atuantes para ocorrência da eutrofização, pois grande
maioria dos detergentes comerciais são ricos em fósforo, acelerando a
ocorrência desse fenômeno.
43
Assim, em tratamentos utilizando lodos ativados, as concentrações de
fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L provocam inibição do sistema, sendo
que em valores próximos a 40 mg/L já são suficientes para a inibição da
nitrificação do meio. O mesmo ocorre nos sistemas anaeróbios, em que
os fenóis provocam a inibição da atividade microbiana nos valores de
100 a 200 mg/L.
Então, sua remoção dos efluentes industriais pode ser realizada por
processos físico-químicos, bem como por oxidação química, que
apresenta eficiência variável em função das características do efluente.
Essa última técnica citada é considerada de baixo custo, se comparada
com as demais, por utilizar oxidação via altas dosagens de cloro,
realizando uma supercloração do efluente.
44
Em relação aos índices de fenóis nos efluentes industriais tratados para
lançamento direto no corpo receptor, fica estipulado no limite de 0,5
mg/L pela Resolução CONAMA n. 430/2011 (BRASIL, 2011).
Sendo assim, segundo Von Sperling (2014 p. 249), essas múltiplas etapas
podem ser classificadas em quatro fases (Figura 1).:
45
A fase preliminar, ou pré-tratamento, visa a remoção de sólidos
grosseiros, flutuantes e material mineral sedimentável, utilizando
grades, peneiras, desarenadores e caixas de retenção de óleos e
gorduras. Também é nesta etapa que é realizado o resfriamento do
efluente, se apresentar temperaturas não condizentes com o método
de tratamento que será empregado posteriormente. Como é o caso
do tratamento biológico, por exemplo, que pode inibir ou inativar os
microrganismos responsáveis pelo processo.
46
2.1 Processos físicos, químicos e biológicos
47
2.1.2 Processos químicos
48
Esses reatores podem se valer de diversas formas de metabolismo
microbiológico, sendo os principais utilizados os reatores aeróbios e os
anaeróbios, cada um com suas particularidades no que diz respeito a
eficiência, produção de lodo, complexidade operacional etc.
49
3. Padrão de lançamento de efluentes
industriais após o tratamento e
enquadramento do corpo hídrico receptor
50
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA n. 357 de 17 de março de 2005. Publicada no DOU n. 053, de
18/03/2002, p. 58-63. Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA n. 430 de 13 de maio de 2011. Brasília, 2011. Disponível em:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 2
mar. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Manual
de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS.
Brasília, 2014. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/
manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf. Acesso em: 2 mar. 2020.
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 6. ed. Rio de
Janeiro, 2011.
NUNES, J. A. Tratamento físico-químico de águas residuárias industriais. 1 ed.
Editora Chiado Books, 2019.
PEIG, D. B. Modelo para otimização do projeto de sistemas de ultrafiltração.
Dissertação. São Paulo, SP, 2011.
TELLES, D. D. Ciclo ambiental da água: da chuva à gestão. 1. ed. São Paulo, SP:
Edgard Blucher Ltda., 2013.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
UFMG, v. 1., 3. ed., 2014.
51
Tecnologias e inovações no
tratamento de efluentes
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Expor sobre os equipamentos e tecnologias no
tratamento de efluentes, bem como as inovações
tecnológicas existentes no mercado.
52
1. Equipamentos e tecnologias no tratamento
de efluentes
53
movimento rotacional das peneiras (peneiras rotativas), de acordo com
Jordão e Pessôa (2011, p. 175-177).
54
dispositivo de remoção de lodo (mecanizado ou manual), com o formato
do fundo (plano ou cônico) e o sentido do fluxo (horizontal ou vertical).
Cada classificação tem suas particularidades, vantagens e desvantagens,
mas é indicado sempre que possível, que a remoção do lodo seja na
forma mecanizada, segundo Von Sperling (2014, p. 269).
55
de polialumínio (PAC) e sulfato ferroso. Entretanto, também podem
ser utilizados coagulantes orgânicos, como o tanino, que facilitam o
tratamento do lodo produzido, segundo Nunes (2019).
56
íons OH- (aniônicas), que são trocados por ânions como fluoreto, cloreto,
sulfato, segundo Nunes (2019).
57
manta de lodo de fluxo ascendente–Upflow Anaerobic Sludge Blanket
(UASB), segundo Von Sperling (2014).
58
Há diversos tipos de sistemas que utilizam lagoas em alguma etapa, ou
até mesmo sistemas compostos apenas por lagoas para o tratamento.
Dessa maneira, serão abordadas as lagoas mais utilizadas:
59
2. Legislações nacionais no âmbito tratamento
de efluentes
Para realizar o lançamento do efluente no meio ambiente, sua
geradora deve enquadrá-lo nas normas ambientais vigentes. Para isso,
é necessário satisfazer a Resolução n. 357, de 17 de março de 2005,
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que classifica
os recursos hídricos segundo seus usos preponderantes, atualizada
pela Resolução n. 430, de treze de maio de dois mil e onze, que define
as condições e padrões de referência para o lançamento de águas
residuárias (BRASIL, 2005; 2011).
60
3. Lodo de ETA e ETE
61
A higienização do lodo só é válida se o uso for para reciclagem
agrícola, a fim de reduzir os níveis de patógenos a valores aceitáveis,
sendo realizada por meio de aplicação de cal (calagem), solarização,
compostagem, entre outros. Para incineração ou disposição em aterro, a
higienização não se faz necessária.
62
Tabela 2 – Segregação das águas residuárias e sua fonte de origem
Classificação Fonte de origem
Provém de bacias sanitárias, contendo,
Águas negras.
basicamente, fezes, urina e papel higiênico.
Contém, basicamente, urina, obtido por meio de vasos
Águas amarelas.
sanitários com dispositivos separadores e mictórios.
Oriundas de pontos de consumo, como os lavabos de banheiro
Águas cinza.
e cozinha, chuveiros, banheiras e lavagem de roupas.
Águas pluviais. Originadas por deflúvios decorrentes de chuvas.
Reuso não potável: esse tipo de reuso não exige níveis elevados de
tratamento da água residuária, apresentando um potencial amplo
e diversificado para uso final. É classificado para fins: agrícolas,
visa a produção agrícola com aplicação na fertirrigação de plantas
alimentícias e não-alimentícias; industriais, utilização da água de
reuso em diversos processos da indústria, tais como resfriamento, em
caldeiras e transporte de materiais; urbanos, chamado também de
uso doméstico ou municipal, objetiva o reuso de água para irrigação de
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áreas verdes urbanas, lavagem de calçamentos e veículos, descargas
sanitárias etc.; recreacionais e ambientais, é passível de uso para
manutenção das vazões em corpos d’água, principalmente, em períodos
de estiagem, atividades que envolvem o contato mínimo com a água,
como canoagem, pesca e aquicultura, recarga de aquíferos subterrâneos
de forma direta e indireta, represas e lagos ornamentais, irrigação de
campos e plantas decorativas.
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5. Inovações tecnológicas
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matéria orgânica e nutrientes. Pelo fato da biomassa estar aderida no
meio suporte, o reator sofre menos com picos de carga orgânica ou de
vazão, não ocorrendo arraste de sólidos para a etapa seguinte, segundo
Jordão e Pessôa (2011, p. 692).
6. Medidas sustentáveis
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Referências
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– Unidades de tratamento complementar disposição final dos efluentes líquidos –
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BONS ESTUDOS!
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