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Fundamentos da

Ludopedagogia
Wagner Manoel
Fundamentos da Ludopedagogia

Capitulo 01 – O lúdico e seus fundamentos

Introdução

1.1 Pedagogia e Pedagogo

1.2 Educação

1.3 Lúdico

1.3.1 O jogo enquanto cultura lúdica e seu enraizamento social

1.4 O lúdico nas perspectivas de Piaget e Vygotsky

1.5 Ludopedagogia

Atividades

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Introdução

Fonte:http://fisioterapiaalphaville.com/?p=49

Determinar Ludopedagogia passa necessariamente por um desmembramento da palavra,


ou seja, é preciso definir, pedagogia, lúdico, infância, educação...contudo antes e
acordando com Teixeira, Rocha e Silva (2007) é importante lembrarmos que esta não é
uma área nova da educação e que o aparecimento e emprego da atividade lúdica no
Brasil incide em vários documentos da nossa legislação, as quais versam sobre a
infância, a saber:

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Que no seu artigo 2º diz que é


considerado criança, o indivíduo com doze anos incompletos e adolescentes, de doze a
dezoito anos. No artigo 59, refere-se ao esforço que os Municípios, Estados e União, em
conjunto, deverão fazer, visando proporcionar programações culturais, esportivas e de
lazer para a infância e a juventude.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCN) (Resolução CEB nº


01, de 7 de abril de 1999) – Estipula em seu artigo 3º, inciso I, linha que as propostas
pedagógicas das Instituições de Educação Infantil, devem respeitar os seguintes
fundamentos norteadores: princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da
ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.

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A declaração dos Direitos das Crianças – Em seu 7º artigo estabelece que: “.... A
criança deve ter a oportunidade de participar de jogos e brincadeiras, dirigidos, sempre
que possível, para a sua educação. A sociedade e as autoridades devem se esforçar par
a promover o exercício deste direito.”

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) – estabelece que as


brincadeiras fazem parte das atividades permanentes, que devem ocorrer dentro da
instituição de educação infantil.

Segundo o ECA, criança é a pessoa que tem até 12 anos, portanto, é criança também,
aquela que freqüenta o ensino fundamental e, apesar do DCN do ensino fundamental não
mencionar que deva acontecer situações de ensino-aprendizagem em forma de
brincadeiras, estas crianças têm resguardo no ECA e nos Direitos das Crianças, para
poderem ter a brincadeira incluída em sua vivência dentro da escola.

Outra justificativa admissível para o emprego do lúdico quem nos fornece são Craidy e
Kaercher (2001, p. 101) as quais questionam o seguinte, com relação aos pais, mães e
muito educadores:

“É comum ouvirmos queixas de pais, mães e educadores de que as crianças hoje em dia
não sabem mais brincar. Dizem que na hora do recreio, principalmente, só correm e
brigam. Mas quem para e brinca hoje com as crianças? Quem as ensina a brincar? ”

Outra demanda pontual que inclui o lúdico com cultura vem dos Parâmetros Curriculares
Nacionais que pregam a utilização dos temas transversais, como por exemplo, a
pluralidade cultural, em que se leva o aluno a respeitar os diferentes grupos e culturas.
Envolve questões como discriminação e preconceito.

Num país como o nosso, em que coexistem diferentes etnias e culturas, essa discussão é
relevante (TEIXEIRA, ROCHA E SILVA, 2007).

Os brinquedos, brincadeiras e jogos, além de beneficiar que as crianças venham a se


divertir, cheguem a deixar de lado a forma agressiva como hoje se exibem nas
brincadeiras na hora das atividades livres, favorece também ao educador um resgate da
própria cultura do país, do folclore de todo um povo.

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Fonte:https://blog.oxfamintermon.org/actividades-para-trabajar-los-valores-educativos-en-el-aula/

Sendo assim, pode-se induzir o aluno ao conhecimento da história de seu povo, ao


conhecimento de sua cultura, seus valores, seus costumes.

A criança se expressa pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância leva consigo as
brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de
convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a
cada nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória
da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar (CRAIDY E
KAERCHER,001, p. 103).

Aqui podemos adequar mesmo que brevemente o jogo e o brincar como elemento
pedagógico tomando emprestado o pensamento de Celso Antunes:

“Está se perdendo no tempo a época em que se separava a brincadeira, o jogo


pedagógico, da atividade séria (...). Assim, brincar significa extrair da vida nenhuma outra
finalidade que não seja ela mesma. Em síntese, o jogo é o melhor caminho de iniciação
ao prazer estético, é descoberta da individualidade e dameditação individual (ANTUNES,
1999, p. 36-7).

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O mesmo autor deixa claro que nem todo jogo é um material pedagógico. Em geral, o
componente que afasta um jogo pedagógico de outro de caráter apenas lúdico é que os
jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a finalidade explícita de
provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo
conhecimentoe, principalmente, despertar odesenvolvimento de uma habilidade
operatória (ANTUNES, 1999, p. 38).

1.1 Pedagogia e Pedagogo

Nenhuma pessoa mais perfeita que Ghiraldelli Jr(2006) para nos nortear na significação
de Ludopedagogia por meio da coleção “O que é pedagogia” oferecida pela Editora
Brasiliense dentro da coleção Primeiro Passos, que, diga-se de passagem, explicam, de
modo simples e conciso, muitas das nossas dúvidas em relação aos mais variáveis
conceitos.

Fonte:https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-946654723-livro-o-que-e-pedagogia-_JM

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Na Grécia antiga, o condutor da criança era chamado de paidagogo, um escravo cuja


atividade específica consistia em guiar as crianças à escola onde receberiam as primeiras
letras. Atualmente, o termo pedagogia ganhou outras conotações, mas nesse ínterim,
observamos uma crescente evolução que merece destaque, que Ghiraldelli Jr. divide em
três, digamos, correntes:

• Uma francesa baseada na sociologia de Émile Durkheim;


• Uma americanade John Dewey
• Uma alemã de Friedrich Herbart.

Entre o final do século XIX e o início do XX, Durkheim se empenhou em conceituar


pedagogia, educação e ciências da educação, definindo educação como o fato social pelo
qual uma sociedade transmite o seu patrimônio cultural e suas experiências de uma
geração mais velha para uma mais nova, garantindo sua continuidade histórica.
A pedagogia, por sua vez, é vista não propriamente como teoria da educação, ou pelo
menos não como teoria da educação vigente, mas como literatura de contes tação da
educação em vigor e, por tanto, afeita ao pensamento utópico. Contrariamente, teorias da
educação real e vigente deveriam seguir as ciências da
Educação. Essas seriam compostas, principalmente, pela sociologia e pela psicologia. À
primeira Durkheimincumbiude substituir a filosofia na tarefa de propor fins para a
educação; à segunda caberia o trabalho de fornecer os meios e instrumentos para a
didática.

Friedrich Herbart, antes de Durkheim,e Dewey concomitante e após ele, compreendem o


termo pedagogia no interior de outras constelações conceituais. Herbart não separa
ciência e pedagogia; ao contrário, é exatamente ele o formulador, em nossos tempos, da
idéia da “pedagogia como ciência da educação”. Para tal, fundamenta a pedagogia na
psicologia.

Dewey, por outro lado, não separa pedagogia e filosofia. Dewey pertence a uma corrente
filosófica denominado pragmatismo. Podemos dizer que a contribuição dessa corrente
para a discussão filosófica contemporânea é a contestação da idéiatradicional de verdade
— a verdade como correspondência — em favor da idéia pragmática de verdade — “a
verdade é o útil”.
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Sendo assim, uma filosofia, ou melhor, uma teoria do conhecimento de cunho filosófico,
pode ser vista como verdadeira, para Dewey, a partir de seus resultados práticos — sua
utilidade. Ora, pergunta Dewey, qual o melhor lugar para averiguar a veracidade — a
validade — de uma teoria do conhecimento senão na situação de ensino? Desse modo,
Dewey subverte a consagrada relação entre filosofia e educação. O importante é menos o
estabelecimento de fins para a educação propostos pela filosofia e mais a averiguação da
veracidade de uma filosofia (uma teoria do conhecimento) proporcionada pela educação.

A educação torna-se o banco de provas da filosofia. A filosofia, então, é uma filosofia da


educação. Pedagogia, filosofia e filosofia da educação, na concepção deweyana, tornam-
se, em alguma medida, sinônimos (GHIR ALDELLI Jr. 20 0 6).

Herdeiros dessas três tradições, os estudiosos contemporâneos da educação utilizam-se


do ter mo pedagogia, alternada ou concomitantemente, negativa ou positivamente, nas
acepções definidas acima, isto é, como utopia educacional, como ciência da educação e
como filosofia da educação. Numa visão mais moderna, para Libâneo (2005), o que
justifica a existência da pedagogia é o fato de esse campo ocupar-se do estudo
sistemático das práticas educativas que se realizam em sociedade como processos
fundamentais da condição humana.

A pedagogia, segundo o autor, serve para investigar a natureza, as finalidades e os


processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização
desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem. Ela se constitui,
sob esse entendimento, em um campo de conhecimento que possui objeto, problemáticas
e métodos próprios de investigação, configurando-se como “ciência da educação”. Essa
visão da pedagogia fundamenta- -se em um conceito ampliado de educação.

Para Libâneo (2005), as práticas educativas não se restringem à escola ou à família. Elas
ocorrem em todos os contextos e âmbitos da existência individual e social humana, de
modo institucionalizado ou não, sob várias modalidades. Entre essas práticas, há as que
acontecem de forma difusa e dispersa, são as que ocorrem nos processos de aquisição
de saberes emodos de ação de modo não intencionale não institucionalizado,
configurando a educação informal.

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Há, também, as práticas educativas realizadas em instituições não convencionais de


educação, mas com certo nível de intencionalidade e sistematização, tais como as que se
verificam nas organizações profissionais, nos meios de comunicação, nas agências
formativas para grupos sociais específicos, caracterizando aeducação não formal.

Existem, ainda, as práticas educativas com elevados graus de intencionalidade,


sistematização e institucionalização, como as que se realizam nas escolas ou em outras
instituições de ensino, compreendendo o que o autor denomina educação for mal.
Conforme Libâneo (2005) são esses processos que constituem o objeto de estudo da
pedagogia, demarcando-lhe um campo próprio de investigação.

Ela estuda as práticas educativas tendo em vista explicitar finalidades, objetivos


sociopolíticos e formas de intervenção pedagógica para a educação. O pedagógico da
ação educativa se expressa, justamente, na intencionalidade e no direcionamento dessa
ação. Esse posicionamento é necessário, defende o autor, porque as práticas educativas
não se dão de forma isolada das relações sociais, políticas, culturais e econômicas da
sociedade.

Vivemos em uma sociedade desigual, baseada em relações sociais de antagonismo e de


exploração. Por isso a pedagogia não se pode eximir de se posicionar claramentesobre
qual direção a ação educativa deve tomar, sobre que tipo de homem pretende formar
(LISITA, 2007). Do ponto de vista do autor isso é o que justifica a existência da pedagogia
como área do conhecimento, cuja especificidade é realizar uma reflexão global e
unificadora da realidade da educação.

Nessa concepção, pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática


educativa, indireta ou diretamente vincula das à organização e aos processos de
aquisição de saberes e modos de ação, com base em objetivos de formação humana
definidos em uma determinada perspectiva.

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Fonte:http://www3.gobiernodecanarias.org/medusa/ecoescuela/pedagotic/

Dentre essas instâncias, o pedagogo pode atuar nos sistemas macro, intermediário ou
micro de ensino (gestores, supervisores, administradores, planejadores de políticas
educacionais, pesquisadores ou outros); nas escolas (professores, gestores,
coordenadores pedagógicos, pesquisadores, formadores etc.); nas instâncias educativas
não escolares (formadores, consultores, técnicos, orientadores que ocupam de atividades
pedagógicas em empresas, órgãos públicos, movimentos sociais, meios de comunicação;
na produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na formação profissional etc.)
(LISITA , 2007).

Essa formulação distingue claramente a atividade profissional do professor, que realiza


uma forma específica de trabalho pedagógico (ensino) e a atividade profissional do
pedagogo, que se desenvolveem um amplo leque de práticas educativas (informais, não
formais e formais). Por isso Libâneo (2005) entende que a formação do professor e a do
pedagogo não pode ser realizada em um único curso. A proposta do autor é a de que haja
dois cursos, um de pedagogia para formar o pedagogo stricto sensu e um de licenciatura
para formar professores para os níveis fundamental e médio de ensino (LISITA, 2007).

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Para Gadotti (2000) ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo, conviver; é ter
consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem
educadores, assim como não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos. Os
educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em
conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Eles fazem fluir o
saber (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem sentido para
a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas
produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis.

Em palavras mais simples e voltando nosso foco para educação, podemos dizer que
existem muitas abordagens possíveis para propiciar o ato educativo. Na intenção de
transmitir informações e transformá-las em conhecimento, um professor pode optar por
diversas maneiras de comunicação com seus alunos. A pedagogia é exatamente isso, a
normatização das ações e dos instrumentos didáticos que devem ser utilizados para
qualquer nível de educação (COSTA, 2008).

1.2 Educação

Fonte:https://blog.psiqueasy.com.br/2018/10/18/como-aproveitar-as-oportunidade-de-aprendizado/

Agora é Carlos Brandão (1993) quem nos define de maneira clara o que seria educação,
a educação ajuda a pensar tipos de homens, mais do que isso, ela ajuda a criá-los,

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