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ISSN 1982 - 1913

2008, Vol. II, nº 1, 65-70


www.fafich.ufmg.br/mosaico

Entrevista

YVES CLOT

mas a base de suas reflexões têm sido


as contribuições da chamada psicologia
sócio-histórica de Vygotski, Leontiev e
Luria, além daquelas advindas dos es-
tudos do lingüista russo M. Bakhtin em
torno da análise do discurso. Entre seus
antecessores, na França, apóia-se, so-
bretudo, em H. Wallon, I. Meyerson e L.
Le Guillant. O Ciclo de Palestras com o
Professor Yves Clot foi promovido pelo
Departamento de Psicologia da UFMG
e teve como organizadora a Profa Maria
Elizabeth Antunes, a qual agradecemos
Entre os dias 20 e 27 de setembro de pela disponibilidade e apoio na realiza-
2007 foi realizado, na Faculdade de Edu- ção da entrevista. Agradecemos também
cação da Universidade Federal de Minas a Profa Maria Luisa Nogueira e as dis-
Gerais, em Belo Horizonte-MG, o Ciclo centes Júlia Dorigo e Cassiana Machado,
de Palestras com o Professor Yves Clot. No que nos auxiliaram na execução da mes-
ultimo encontro o Prof. Clot concedeu- ma. A entrevista, conduzida por André
nos esta entrevista, acompanhada pelos Santos Viana, foi elaborada a partir de
participantes do evento. Yves Clot é res- perguntas feitas pelos próprios partici-
ponsável pelo Laboratório de Clínica da pantes do ciclo de palestras – questões
Atividade no Conservatoire National des suscitadas durante o evento ou no con-
Arts et Métiers (CNAM), em Paris. Clínica tato com as publicações do autor. Den-
da Atividade é a denominação escolhida tre os autores das perguntas destacamos
por ele para o método que vem desen- os seguintes nomes: Cassiana Machado,
volvendo juntamente com sua equipe. É Paulo Henrique Faleiro dos Santos, Re-
autor de vários livros, dentre eles A fun- nato Bento, Maria Luisa Nogueira e Julia
ção psicológica do trabalho, publicado Nogueira Dorigo.
recentemente no Brasil, pela Ed. Vozes.
Clot teve uma formação inicial em filo- Mosaico: Professor, no atual contexto de
sofia, formando-se em psicologia, após Gestão Administrativa, encontramos di-
seu doutoramento. Uma de suas maiores versas situações que promovem conflito e
fontes de inspiração, foi o trabalho de I. competitividade entre trabalhadores sob
Oddonne, na Itália, na década de 1970, o discurso da participação e do trabalho

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em equipe; como fortalecer o gênero do te em torno do desejo de cooperação,


trabalho através da Clínica da Atividade mas em torno do que não é falado, das
nessas situações contraditórias? coisas que ninguém quer falar. É dessa
Yves Clot: O fortalecimento e o desen- maneira que o coletivo se instala. Quan-
volvimento do gênero supõem que se do se fala cooperação, não é somente
desenvolva um trabalho coletivo. Te- concordar, é fazer alguma coisa das de-
mos que poder, primeiramente, compor suniões no trabalho. Há uma cooperação
o trabalho coletivo e organizá-lo e, se realizada. Em certo sentido, é muito im-
você me permite, vou dar um conselho portante se entrar em acordo. Mas para
técnico. O coletivo na Clínica da Ativida- mim há o real da cooperação. O real é
de não se compõe somente porque pes- precisamente estar em uma situação de
soas concordam em trabalhar juntas. Eu poder se avaliar sem as diferentes pos-
acho que até para se construir o coletivo, sibilidades que a situação esconde. É
precisa-se primeiro ter uma observação preciso, então, fazer a diferença entre a
muito precisa dos conflitos da atividade cooperação realizada e o real da coope-
em si, bem como conhecê-la para achar ração. Do mesmo jeito com a atividade,
os pontos de desunião entre os trabalha- mas é em torno da controvérsia. É difícil
dores. Quando somos capazes de achar dizer como se constrói a decisão coleti-
os pontos de discordância é que o cole- va. Não se constrói em torno da concor-
tivo se cria. O coletivo não se compõe e dância espontânea. Quando se chega,
não se cria sobre a união, mas sobre a os trabalhadores realmente conseguem
desunião. Vocês perceberam, nas auto- se entender para queixarem-se de ma-
confrontações que mostrei, é precisa- neira geral. Isso é uma fase e um grande
mente por que eles não concordavam trabalho. Passada a fase da queixa, vem
que, de certa maneira, há uma mobiliza- a fase da construção para transformar a
ção grande, subjetiva, intensa e, várias situação. É um método de pensar o que
vezes há ainda um grande prazer em poderíamos fazer e, não somente, o que
discutir. Quer dizer que a controvérsia é está sendo impedido de se fazer. Não é
a fonte do coletivo, não o contrário. Não só verdade na Clínica da Atividade, mas
é o coletivo sendo a fonte, mas a contro- até na clínica individual se conhece esse
vérsia sendo a fonte do coletivo. problema. Como o sujeito entra na situa-
Temos que achar a função do psicólogo, ção na qual ele está situado?
do pesquisador e eles têm que achar as
razões da controvérsia. Nossa profissão Mosaico: Favorecendo de forma signifi-
não é fácil, pois os trabalhadores não se cativa a saúde do trabalhador, o psicólogo
abrem espontaneamente. Quando se re- do trabalho não corre o risco de favorecer
úne um coletivo, em geral, ele quer se também sua adaptação e a conseqüente
queixar da situação e para poder atra- cooperação com a ordem social injusta?
vessar o “muro” e achar a origem das Yves Clot: Você guardou a definição de
controvérsias, precisamos fazer um tra- saúde que passei de George Cangui-
balho de investigação entre pessoas re- lhem: a responsabilidade de suas ações
almente da profissão para identificar os e de fazer os vínculos entre as coisas
objetos de controvérsias. Temos que or- que não aconteceriam sem você. Para
ganizar o trabalho coletivo não somen- Canguilhem e para mim também, ser

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normal não é ser adaptado à situação, tência prática e crítica é essa que se faz
mas ser criador de normas. Ser normal em nome do trabalho bem feito e de seu
não é ser conformado. Ser normal é fa- desenvolvimento. Isso demanda contro-
zer subversão, em todos os sentidos. A vérsia, diálogo profissional e, sobretudo,
atividade humana é a subversão dos ob- romper com a ordem da organização so-
jetos da atividade. De certa maneira, en- bre a qual muitos trabalhadores funcio-
tão, a saúde relaciona-se com a invenção nam.
e criação de normas. Se as pessoas, ou
os trabalhadores, voltarem a controlar a Mosaico: Como dar um novo destino ao
situação e a fazer a experiência, então, trauma decorrente de um acidente, isto é,
como ter saúde não é somente viver no como fazer com que ele não “pese” mais
meio, mas criar o meio para viver, clara- na atividade?
mente, a dedicação criará melhor eficá- Yves Clot: Minha resposta vai ser rápi-
cia no trabalho. Minha convicção é que da. Antes de vir para cá eu me encontra-
hoje, interessando-se realmente na eficá- va no Rio de Janeiro e lá há pessoas que
cia do trabalho, na qualidade, em um tra- fazem psicologia de trabalho e que tra-
balho bem feito, queremos desenvolver balharam com isso por meio de métodos
a saúde no sentido explicado. Entra-se, que não são de auto-confrontação, mas
assim, em conflito direto com as normas métodos gráficos. Eles trabalham com
da organização de adaptar o trabalha- acidentes que ocorreram e fazem, com o
dor ao trabalho. Acho que dedicar-se ao coletivo de trabalhadores, desenhos da
trabalho prático de subversão reside na situação do acidente e, posteriormente,
conquista da eficiência contra a rentabi- organizam coletivamente discussões so-
lidade. Realmente não é um processo de bre o desenho. Uma pessoa faz o dese-
adaptação à ordem que domina, mas é nho da situação e o outro faz o desenho
constituir contra essa ordem um tipo de dele e, de certa forma, eles organizam a
força indestrutível. A ordem dominante confrontação sob as formas gráficas do
impõe-se de maneira fácil, uma vez que acidente. Em tais situações, até mesmo
muitas pessoas no mundo do trabalho os acidentados acham maneiras de re-
concordaram mais ou menos bem em pensar o acidente na descrição feita pe-
renunciar à luta pela qualidade do tra- los outros. Isso é fundamental na questão
balho e essa luta não é fácil. dos acidentes e no tratamento dos trau-
O que é interessante nessa questão é mas por jogar com a situação do coleti-
que é controversa. No que diz respeito à vo na análise do acidente e torná-lo co-
qualidade do trabalho, a última palavra mum para o acidentado, mas é claro que
nunca é dita. Por definição, isso se discu- há também a terapia individual, pois é
te. Se o objeto do trabalho é a definição muito importante localizar e classificar o
de qualidade e o critério da qualidade é acidente na história do sujeito. Fica claro
o critério do trabalho, então a coopera- que o acidente não é só de uma pessoa,
ção pode se desenvolver. Não podemos mas que qualquer um poderia ter se aci-
é parar em uma definição única sobre dentado. Relatar os riscos pessoais no
a qualidade do trabalho, pois isso pode qual ele se colocou.
ser discutido, construindo controvérsias Há pesquisas e intervenções a se fazer.
e criações. É por isso que a melhor resis- Gostei do exemplo do Rio, porque ele

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é interessante para ver como se tratar o zabeth Antunes. Não temos somente bi-
trauma na elaboração psíquica coletiva. bliografia francesa, pois no Brasil temos
também muita matéria. Há textos ainda
Mosaico: Para quem está iniciando seus de Allan Wisner, ergonomista muito im-
estudos na Psicologia do Trabalho, como portante, pois tais textos que embasaram
é o caso de alguns de nossos leitores, que a Clínica da Atividade na análise do tra-
percurso bibliográfico seria o mais indi- balho concreto. Em certo sentido, Wisner
cado? Por onde começar? fez um pouco de psicologia concreta, se
Yves Clot: Vai ser difícil responder isso eu poderia usar o vocabulário de Geor-
rápido, mas é preciso se ler nas três ge Politzer, uma vez que o primeiro fez
grandes escolas da psicologia do tra- psicologia concreta, mas nunca o citou.
balho, que não é a psicologia industrial. Realmente ele realizou o programa de
Tem a psicologia cognitiva do trabalho, Politzer, então leiam Wisner. Vocês acha-
pois é necessária uma cultura nessa rão textos em francês, mas também exis-
área. Nesse ponto de vista devem-se ler tem versões em português dos textos de
textos publicados de Jacques Leplat, que Wisner. Há também, para concluir, acho
você acha na internet, textos clássicos que para se fazer psicologia do trabalho
sobre o modelo de atividade na psico- temos de ter lido Vygotsky . Ele não é
logia ergonômica. É uma referência de- um psicólogo do trabalho, mas, em certo
cisiva, pois nesse âmbito Jacques Leplat sentido, ele inventou essa idéia grande,
é muito bom e vocês perceberam que a qual eu acho muito importante, que é o
nos últimos textos ele pensa muito a res- desenvolvimento do objeto e o método
peito da clinica da atividade, inclusive da psicologia. O objeto que se estuda, o
escrevemos um artigo juntos intitulado objeto cientifico de certa maneira, mas
“O método clinico em ergonomia e psi- é um método, ao mesmo tempo, que diz
cologia do trabalho”. É o resultado de que para estudar esse objeto é preciso
vários anos de cooperação com ele. É o provocar seu desenvolvimento. Do ponto
representante da psicologia ergonômica de vista da operacionalidade e das me-
que se precisa ler. Isso é o mais impor- todologias de análise do trabalho, acho
tante. Depois tem de se ler Le Guillant. É que Vygotsky é muito importante para
perfeito por existir uma versão em por- a epistemologia. O último conselho é
tuguês, mas é preciso ler, reler, digerir de um livro que eu coordenei chamado
e triturar. É muito importante. Depois “Les histoires de la psychologie du tra-
textos no campo da clínica do trabalho vail” (As histórias da psicologia do tra-
contemporânea, há o Cristophe De- balho), que é uma espécie de inventário
jours, que eu não concordo muito, mas do que se fez na área da psicologia fran-
faz parte e é preciso uma cultura sobre cesa e da ergonomia, um tipo de inven-
isso. Vocês podem ler também Yves Clot tário do que se fez a partir do início do
criticando Dejours, que é muito interes- século XX até hoje. Há textos de Wisner,
sante e, também, vou dizer que há auto- meus, de Dejours e vários autores, onde
res brasileiros que escreveram críticas conta-se a história de discussões sobre
sobre Dejours, não sei ao certo se foram conceituações na psicologia do trabalho.
publicadas, mas aqui ao meu lado há Ele se chama ¨As histórias da psicologia
uma especialista (referência à Maria Eli- do trabalho¨, como um jogo de palavras.

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Trata-se também das pequenas histórias pedir a cada um de vocês para me man-
de grafismos. É um livro em francês, mas dar textos e vou ler um pouco em por-
eu acredito que se acha também em si- tuguês, pois agora consigo. Então, vou
tes de compra de livros, como ¨Amazon¨, aprofundar meu conhecimento sobre a
e é uma ferramenta de trabalho mui- produção brasileira nessa área e daqui a
to boa. Se eu esqueci alguma coisa me pouco acho que vou conhecê-la melhor.
desculpem, pois não consigo achar tudo Por enquanto não consigo vê-la bem
de maneira rápida. por que não fiz os esforços necessários
Lembrei de uma coisa, desculpem! Entre para conhecê-la bem, mas está no meu
meus esquecimentos, na cadeia de psi- programa e eu tento entender melhor
cologia do trabalho onde eu estou ensi- as grandes linhas desenvolvidas aqui.
nando, criamos com Dominique Lhuilier, Tenho impressão que tem futuro por ha-
uma coleção que se chama “Clínica do ver muita diversidade e muitas equipes.
Trabalho”, por um editora francesa, sen- Há controvérsia em potencial, por isso a
do três volumes. Nessa coleção publica- acho boa.
mos dois livros por ano, às vezes três, e Espero que essa controvérsia potencial
são todos livros a respeito dessa orien- possa se desenvolver no Brasil e a críti-
tação de clínica do trabalho no sentido ca necessária das equipes para com as
amplo, não somente no sentido da clini- outras. Espero que uma em oposição à
ca da atividade. O primeiro livro da co- outra possa se desenvolver. Essa ques-
leção foi um livro de Dominique Lhuilier tão da controvérsia sobre as linhas, so-
chamado ¨Clínica do trabalho¨, no qual bre os métodos, existindo no campo da
ela faz um inventário do que se chama psicologia do trabalho em sentido am-
em psicologia do trabalho, a clínica do plo, espero que elas possam acontecer
trabalho. Ela discutiu o meu trabalho a e que vocês não a contornem. O pior no
partir do dela e ela é uma pessoa que desenvolvimento das disciplinas é con-
se juntou há pouco à minha equipe, mas tornar os conflitos e tamponar as situa-
não veio da nossa tradição. Ela é da psi- ções. Cada um respeita tanto a diferença
cossociologia do trabalho. Neste livro do outro que as diferenças se tornam in-
ela faz um inventário da atividade, da diferentes aos outros. Cada um trabalha
psicossociologia dinâmica e do ponto sozinho desenvolvendo sem controvér-
de vista dela sobre isso. É um livro cri- sias e discussões o seu próprio trabalho,
tico, muito interessante para os estudan- sem criticar o trabalho dos outros. Na
tes por ser um tipo de pequeno manual França, há uma coisa presente e dramá-
prático para achar pontos de referência. tica que nos impede de progredir, é essa
Então, ler Dominique Lhuilier em “Clíni- idéia de que o mundo universitário aca-
ca do Trabalho”. dêmico poderia ficar protegido contra
o que acontece nos meios de trabalho.
Mosaico: Após algumas visitas ao Brasil, Fala-se que a controvérsia é o meio de
como o senhor vê a produção da Psicolo- desenvolvimento, mas se no mundo uni-
gia do Trabalho no país? versitário não for cultivada essa orienta-
Yves Clot: Eu a vejo boa e também ção teremos uma psicologia do trabalho
ruim. Vou começar pelo fim. Não a vejo subdesenvolvida. Não falo do Brasil, mas
bem por que não a conheço bem. Vou da França agora. Na França temos esse

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risco também. É muito difícil de chegar posição. Sou a favor disso e contra isso.
entre universitários, de chegar a um co- Nossa disciplina é muito mais valiosa
letivo de trabalho, onde temos, em geral, que nossas pequenas pessoas. Isso é di-
relações acadêmicas muito boas, mas fícil. Quando você se expõe em um con-
pensamos muito o contrário uns dos ou- flito interpessoal com um colega é ne-
tros e em nossos textos acadêmicos nun- cessário agüentá-lo em nome do trans-
ca criticamos uns aos outros. Talvez por pessoal e do impessoal. Quando nós não
medo que o outro faça o mesmo. Eu, pes- estivermos mais vivos o que ficará é a
soalmente, seguindo um pouco o meu capacidade da disciplina de poder agir,
trabalho, vocês vêem que desde o início independentemente de nossas peque-
tentei ser diferente, sempre tentei situar nas pessoas. Precisamos nos sentir como
o que faço em relação ao que foi feito e contadores da disciplina e é necessário
contra o que foi feito, quando acho ne- nos expormos às controvérsias. Não há
cessário falar. No fundo, devemos con- outra solução, pois não fazendo isso fa-
siderar que a controvérsia entre nós é a zemos o contrário do que falamos. Dese-
fonte de desenvolvimento da disciplina. jo a vocês poderem fazer isso.
Nossa disciplina é mais importante do
que nós. Eu sou o portador do futuro des-
sa disciplina e é por isso que eu corro o
risco de me expor à critica dos outros.
Pois se fazemos prevalecer a proteção
pessoal também no âmbito acadêmico,
é a estratégia pessoal que supõe não
criticar o outro, freqüentemente, que
prevalece contra o futuro da profissão.
De certa maneira, fazemos o contrário
de tudo que tentamos explicar no âm-
bito teórico e clínico. Se quisermos um
desenvolvimento dessa área temos que
proceder com os mesmos mecanismos
de qualquer trabalhador, então, temos
que poder completar o ciclo que expli-
quei antes, de impessoal a transpessoal.
Em nossa profissão, o conflito inicial que
se vê é o contrário. Como não há confli-
to profissional e como há controvérsias
insuficientes entre os psicólogos do tra-
balho, então, temos o aumento de brigas
pessoais. Quanto menos controvérsias
profissionais, mais animosidades pes-
soais e brigas institucionais. Temos de
combater todos esses processos em
público e, é por isso, que em público,
sempre faço esforço para colocar minha

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