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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA

ATUALIDADE E ELABORAÇÃO DE
DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS
UNIDADE IV
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS
PSICOLÓGICOS
Atualização
Aline Freire Bezerra Vilela

Elaboração
Ana Paula Corrêa e Silva

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS.......................................................................5

CAPÍTULO 1
TIPOS DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS............................................................................. 5
CAPÍTULO 2
DIFERENÇAS ENTRE OS DOCUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA................................. 7
CAPÍTULO 3
ASPECTOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DOS DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS................. 13
PARA (NÃO) FINALIZAR........................................................................................................27

REFERÊNCIAS.........................................................................................................................29
ELABORAÇÃO DE
DOCUMENTOS UNIDADE IV
PSICOLÓGICOS

Capítulo 1
TIPOS DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS

Figura 22. Documentação.

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-de-negocios-que-fala-a-seu-psicologo_860909.
htm#query=documentos%20psicologicos&position=1&from_view=search.

A elaboração de documentos faz parte do cotidiano da avaliação psicológica. Para


dirimir dúvidas, o CFP tem resoluções a serem seguidas com informações sobre o
que difere cada tipo de documento: declaração, atestado, relatório (psicológico e
multiprofissional), laudo e parecer. Aqui serão seguidas as orientações deste material
que pode ser consultado na íntegra na Resolução.

Para saber mais, consulte a Resolução n. 6, de 29 de março de 2019. Disponível em:


http://www.in.gov.br/web/guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/
id/69440957/do1-2019-04-01-resolucao-n-6-de-29-de-marco-de-2019-69440920.

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

São muitas as diferenças entre os documentos, porém contêm um ponto em comum,


que é a finalização.

O que deve conter no fechamento dos documentos:

Figura 23. Documentos psicológicos.

• Local
• Data de emissão
1 • Obs.: todo documento deve ser feito em papel timbrado.

• Assinatura do profissional
• Obs: o documento deve ser assinado acima dos dados que
2 constam no item 3 (abaixo).

• Nome completo do psicólogo(a).


• Inscrição no Conselho Regional de Psicologia (CRP).
3 • Obs.: essas informações podem (ou não) constar em carimbo.

Fonte: elaborada pela autora.

O CFP, em suas resoluções, deixa claro que os documentos oriundos de avaliação


psicológica devem seguir as diretrizes do Manual supracitado. Não seguir essas
orientações pressupõe falha ética que consta no Código de Ética Profissional do
Psicólogo (2005).

Consulte o “Código de Ética Profissional do Psicólogo” em sua íntegra. Disponível


em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.
pdf.

Figura 24. Os tipos de documentos psicológicos.

Declaração
Psicológica

Laudo Atestado
Psicológico Psicológico

DOCUMENTOS

Relatório Parecer
Psicológico Psicológico

Fonte: elaborada pela autora.

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Capítulo 2
DIFERENÇAS ENTRE OS DOCUMENTOS DE
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Figura 25. Avaliação psicológica.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escrevendo.png.

2.1. Declaração Psicológica

Figura 26. Componentes da Declaração Psicológica.

2. Nome completo, 3. Local, data


1. Título razão da declaração, emissão, carimbo
dias, horas e duração profissional

Fonte: elaborada pela autora.

A Declaração Psicológica fornece informações contingenciais restritas ao atendimento


psicológico, não devendo conter os registros de sintomas, ocorrências ou estado
psíquico. Devem constar na declaração o nome completo do solicitante e o propósito
das informações pedidas.

Informações referentes à declaração psicológica estão elencadas na figura abaixo:

Figura 27. Declaração.

Número de atendimentos

Acompanhamento psicológico

Informações gerais do atendimento:


tempo, dias, horários

Fonte: elaborada pela autora.

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

2.1.1. Atestado Psicológico


Figura 28. Atestado.

1. Identificação 2. Descrição da questão 3. Análise

4. Conclusão 5. Referências

Fonte: elaborada pela autora.

Nesse caso, o documento deverá trazer nome completo do paciente e especificação


de uma situação ou estado psicológico que foram objetivos do atendimento, razão do
afastamento ou falta.

Caso necessário, pode ter o código da Classificação Internacional de Doenças (CID)


em vigor. A emissão desse documento é posterior à avaliação psicológica, seguindo
o rigor técnico e ético referidos na Resolução CFP n. 6/2019 (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2019), que também preconiza que as normas de escrita desse documento
sejam corrida, sem parágrafos, com frases separadas exclusivamente pela pontuação.

Se houver necessidade de parágrafos, estes devem ter os espaços preenchidos por


traços. É necessário que se tenha cópias dos atestados arquivados.

O atestado psicológico deve atender aos objetivos descritos na figura a seguir:

Figura 29. Atestado.

Justificar faltas ou impedimentos no trabalho

Solicitar afastamento e/ou dispensa de trabalho

Avaliar aptidões

Fonte: elaborada pela autora.

2.1.2. Parecer Psicológico

Figura 30. Componentes do Parecer Psicológico.

2. Descrição da
1. Identificação questão 3. Análise

4. Conclusão 5. Referências

Fonte: elaborada pela autora.

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

Documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico


cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,
2019).

Esse documento tem por objetivo centrar o esclarecimento sobre a situação do


paciente, respondendo à situação apresentada na consulta, devendo o parecerista fazer
uma análise criteriosa dos principais pontos com escrita devidamente fundamentada
em teorias científicas.

Caso não possua dados suficientes, o parecerista utilizará a expressão “sem elementos
de convicção”. E se ainda não tiver elementos suficientes para fechar o parecer, usará
a expressão “aguarda evolução”.

Deve atender aos objetivos descritos na figura a seguir:

Figura 31. Parecer.

Destina-se à transcrição do objetivo do


atendimento

O psicólogo apresentará seu posicionamento,


respondendo à questão levantada

Informa o local e a data em que foi elaborado e


assina o documento

Fonte: elaborada pela autora.

2.1.3. Relatório Psicológico

Figura 32. Componentes do Relatório Psicológico.

2. Descrição da
1. Identificação 3. Procedimento
questão

4. Análise 5. Conclusão

Fonte: elaborada pela autora.

Um relatório psicológico tem valor científico, segundo o CFP, por isso, sua escrita
deve seguir normas didáticas e descritivas. Ou seja, deve ter definições e explicações
conceituais de base técnica e científica, com a devida clareza em suas explicações.

É importante que a análise da demanda justifique, em sua descrição, o procedimento


que foi adotado. Esse procedimento representa todas as técnicas, recursos e/ou

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

instrumentos que foram utilizados para chegar à conclusão do relatório. A conclusão


deve ser objetiva e metódica, sempre correspondendo à síntese do que foi vivenciado
no processo.

O Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução CFP n. 6/2019 instituindo,


assim, regras para elaboração de documentos que fornecem orientações aos psicólogos
sobre como elaborar documentos escritos advindos de avaliações psicológicas
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2019).

Seguindo o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005), o relatório deverá conter


apenas as informações estritamente necessárias para esclarecer um encaminhamento,
com afirmativas que sustentem fatos baseados em teorias, entendendo ser um
documento não definitivo, devido à natureza dinâmica e mutável dos casos, o que
deve ser enfatizado.

De acordo com a resolução, os relatórios podem ser divididos em relatórios


psicológicos (não têm como finalidade o diagnóstico) e os relatórios multiprofissionais,
escritos pelo profissional de Psicologia em conjunto com outros profissionais.

Deve atender aos objetivos dispostos na figura a seguir:

Figura 33. Relatório.

Definições e explicações conceituais

Conclusão deve ser objetiva e metódica

Informações estritamente necessárias para


esclarecer um encaminhamento

Fonte: elaborada pela autora.

2.1.4. Laudo Psicológico

Figura 34. Componentes do Laudo Psicológico.

2. Descrição da 3.
1. Identificação
demanda Procedimento

4. Análise 5. Conclusão 4. Referências

Fonte: elaborada pela autora.

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

A Resolução CFP n. 6/2019 define o laudo como um documento, derivado da


avaliação psicológica, de natureza e valor técnico-científico (CONSELHO FEDERAL
DE PSICOLOGIA, 2019). Nesse laudo, deve conter narrativa detalhada e didática,
com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário,
em conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005).

Essa resolução ressalta que a elaboração do laudo deve estar pautada em informações
adquiridas e analisadas por meio de métodos, procedimentos e técnicas consagradas
na Psicologia, assim como todo documento produzido pelo psicólogo.

A resolução também explicita que o laudo psicológico tem a finalidade de descrever


os procedimentos utilizados na realização do processo avaliativo, assim como as
análises e sínteses conclusivas advindas destas, devendo, ainda, relatar e propor
recomendações sobre conclusões diagnósticas e prognósticas, projetos interventivos
e psicoterapêuticos e encaminhamentos, além de poder apontar a necessidade de
atendimentos psicológicos, solicitando que se tomem essas providências.

Importante ressaltar novamente que, como todo documento psicológico, para a


elaboração do laudo, o psicólogo deve se restringir a fornecer apenas informações
estritamente essenciais para responder à demanda e alcançar os objetivos da
avaliação solicitada.

Ele deve estar em conformidade com a Resolução CFP n. 1/2009 ou outras que venham
a alterá-la ou substituí-la, com interpretação e análise dos dados obtidos por meio de
métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos cientificamente para uso na prática
profissional, conforme Resolução CFP n. 9/2018 ou outras que venham a alterá-la ou
substituí-la (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2018).

É dado ao profissional o direito de ressaltar, ao final do laudo, que ele não poderá
ser utilizado para fins diferentes dos destacados no item identificação, que é de
caráter sigiloso e que se trata de documento extrajudicial, uma vez que não será de
responsabilidade do profissional psicólogo o uso dado ao laudo após sua entrega em
entrevista devolutiva.

Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas ou


referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente.

Deve atender aos objetivos dispostos na figura a seguir:

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

Figura 35. Laudo.

Definições e conclusões gerados pelo processo


psicológico

Fundamentado teórica e tecnicamente

Relatar o encaminhamento, o diagnóstico,


prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução
do caso, o projeto terapêutico

Fonte: elaborada pela autora.

Conforme abordado neste capítulo, os documentos elaborados para a apresentação


de avaliações psicológicas demandam embasamento teórico e domínio técnico. Os
aspectos técnicos serão mais explorados no capítulo seguinte.

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Capítulo 3
ASPECTOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DOS
DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS

Figura 36. Elaboração de documentos.

Fonte: http://www.gantt-consulting.hr/images/Evaluation4.png.

Para além do que já foi apresentado no capítulo anterior, é importante salientar


algumas indicações aplicadas para a elaboração dos documentos oriundos da avaliação
psicológica.

Alguns dos pontos relevantes para a técnica na escrita dos documentos são citados na
figura a seguir:

Figura 37. Técnicas de escrita.

2. Não utilizar 3. Apresntar


1. Usar linguagem
afirmações precisão
técnica
categóricas fundamentada

4. Estar atento aos


5. Fazer uso de 6. Usar linguagem
limites da atuação
escrita impessoal culta e profissional
profissional

8. Fazer uso
adequado de dados
7. Ter parcimônia e
oriundos do
clareza no uso dos
processo da
termos técnicos
avaliação
psicológica

Fonte: elaborada pela autora.

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

» Uso da linguagem técnica: a falta de cuidado no uso da linguagem técnica


pode gerar interpretações com julgamentos morais nos documentos da avaliação
psicológica, o que é inadequado. Deve-se ter em mente que o texto desse tipo de
documento não é coloquial, mas sim profissional.

» Não utilizar afirmações categóricas: afirmativas categóricas devem ser evitadas


em documentos de avaliação psicológica, já que a Psicologia não é uma ciência
exata. É preciso ter cautela nas afirmações feitas a partir dos dados obtidos na
avaliação. No caso, alguns exemplos de formas aceitas de escrita referem-se a
frases com palavras, como: “denota”, “indica”, “evidencia” etc. Sempre sendo
descrito o que está relacionando com referências teóricas que embasem as
observações do profissional. Essas referências devem ser destacadas em nota de
rodapé ou em lista no fim do documento.

» Precisão fundamentada: o documento de uma avaliação psicológica deve


esclarecer o diagnóstico com os critérios utilizados para sua conclusão com base
na Classificação Internacional de Doenças (CID). Esse cuidado é fundamental para
que o profissional esteja respaldado em seu trabalho.

» Atenção para os limites da atuação profissional: não cabe ao psicólogo


avaliador se imbuir de autoridade que possa ser confundida com o papel de
juiz, por exemplo. Por isso, deve-se ter cuidado na escrita dos documentos e na
escolha das palavras que serão utilizadas. Cabem na avaliação recomendações,
indicações etc.

» Uso de escrita impessoal: todo documento técnico deve ser impessoal em sua
escrita, ou seja, não deve ser utilizada a primeira pessoa. O mais indicado é o uso
da voz passiva (exemplo: indica-se) ou reflexiva (exemplo: indicar-se-á).

» Uso da linguagem culta e profissional: o documento de uma avaliação


psicológica jamais deve conter gírias ou expressões cotidianas. O avaliador deve
descrever apenas fatos e não sua opinião pessoal e/ou juízo de valor.

» Parcimônia e clareza no uso dos termos técnicos: sempre que houver


necessidade do uso de termos técnicos em documentos de avaliação psicológica,
estes devem ser esclarecidos com explicações acerca do que se trata para que
não sejam gerados documentos incompreensíveis ou que deem margem a
inadequadas interpretações.

» Uso adequado de dados oriundos do processo da avaliação psicológica: os


documentos de avaliação psicológica devem esclarecer de forma objetiva as

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

técnicas utilizadas no processo e o efeito do processo no paciente. É necessário


também saber fazer o uso correto dos termos técnicos para que estes apenas
clarifiquem o que foi observado e as conclusões geradas.

3.1. Validade e guarda dos documentos

Figura 38. Guarda de documentos.

• O avaliador deverá considerar a legislação vigente.


• Caso não haja definição legal, deverá constar o prazo de
Validade validade do conteúdo no documento, com a devida
fundamentação para essa indicação.

• Mínimo de cinco anos, não apenas do laudo, mas de


todos os materiais referentes à avaliação. Poderá haver
Guarda ampliação desse prazo nos casos previstos em lei.
• Responsabilidade do profissional avaliador ou da
instituição.

Fonte: elaborada pela autora.

O documento de uma avaliação psicológica é a maneira do profissional comunicar


seu trabalho para leigos e/ou profissionais de outras áreas.

Qual a responsabilidade do psicólogo na elaboração desses documentos?

Conforme visto anteriormente, o laudo de uma avaliação psicológica tem valor


científico, por isso deve ter uma linguagem clara com explicações conceituais para sua
sustentação.

Embora o cuidado com esse documento seja referenciado, encontramos inadequações


como as que podem ser vistas nos trechos a seguir, que foram retirados de documentos
de avaliação psicológica. Neste quadro, são identificadas falhas por falta de atenção aos
pontos relevantes para a técnica da escrita.

Leia os trechos a seguir, retirados de documentos de avaliação psicológica.

Quadro 5. Falhas de escrita.

“E de repente, surge aquele estranho querendo abusá-la, atacando-a da


1. Uso da linguagem forma mais cruel que uma criança pode conceber... Essa paciente está muito
técnica sentida, com aqueles soluços que parecem do fundo de sua alma infantil”.
“Joana é uma mulher guerreira e muito sofredora”.
“A partir das entrevistas realizadas com mãe, pai, filha, avós e tia materna
2. Não utilizar afirmações
da vítima, é possível afirmar, com certeza, que abusos sexuais e físicos
categóricas ocorreram”.

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

“Sr. João demonstra um comportamento extremamente agressivo e,


3. Precisão sem que haja mínimos critérios de segurança, quanto à doença mental/
fundamentada neurológica que acomete o Sr. João e que se apresenta como grave, seu
contato com a filha não deve ser permitido, para segurança desta.”
4. Atenção para os “Foi ordenado a Srta. Maria que não permitisse o contato de sua filha com o
limites da atuação pai.”
profissional
“A seguir apresentamos análise de cada um dos avaliados”. “Nessa ocasião
5. Uso de escrita
o avô compartilhou conosco a perda da esposa e sua preocupação com os
impessoal netos.”
“Joana apresentava-se vestida de acordo com a idade, mas sem grandes
investimentos no vestuário”. “O paciente teve a oportunidade de conviver
6. Uso da linguagem
com seus pais casados por somente três anos ... Ele cursou a faculdade por
culta e profissional cinco anos e, durante todo esse tempo, não conseguiu avançar além do
terceiro semestre.”
“Essa escala demonstrou que o paciente encontra-se num nível intelectual
superior, com alta capacidade de análise e síntese, bem como de insight...
7. Parcimônia e clareza Suas fraquezas estão centradas numa dificuldade específica de atenção e
no uso dos termos de memória imediata, o que sugere uma baixa capacidade do ego sobre os
técnicos processos de pensamento.” “Nesse instrumento foi detectada uma tendência
do indivíduo de utilizar em demasia a fantasia, gerando uma forma de
pensamento infantil e egocêntrica”.
“No teste HTP, onde o paciente deve desenhar uma casa, uma árvore e uma
pessoa em folhas individuais, tanto colorido como, posteriormente, sem cor.”
“Na escala SNAP, das 26 questões da escala, as respostas da mãe foram, 15
8. Uso adequado de ‘bastante’, 8 ‘demais’, 2 ‘um pouco’ e 1 ‘nada’. As respostas da professora
não foram muito diferentes: 17 ‘bastante’, 6 ‘demais’’ e 3 ‘um pouco’”. “A
dados oriundos do
análise das características de personalidade de Maria sugere que ela não
processo da avaliação dispõe de recursos psicológicos suficientes para enfrentar seus disparadores
psicológica internos de tensão. Os dados indicaram que a paciente apresenta um estilo
vivencial do tipo ambigual, isto é, seu estilo de responder às demandas do
meio ocorrem tanto por meio de atividades reflexivas (pensamento), bem
como por meio dos afetos eliciados (emoção).”

Fonte: Lago; Yates e Bandeira (2016).

É sabido que alguns itens são fundamentais para a elaboração do laudo. São eles:

Figura 39. Elementos para laudo psicológico.

Identificação (nome e
CRP do psicólogo Procedimento
Descrição (motivos
avaliador, nome do (instrumentos
da avaliação)
avaliado, finalidade) utilizados)

Análise (dados Conclusão


obtidos) (considerações finais)

Fonte: elaborada pela autora.

A seguir, serão apresentados dois exemplos de modelos para laudos psicológicos.

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

» Exemplo 1

LAUDO PSICOLÓGICO

1. Identificação

Avaliador: xxx – CRP: xxx

Avaliado: xxxx

Finalidade: continuidade de acompanhamento psicológico.

2. Motivos da avaliação (descrição)

A demanda de avaliação psicológica para o adolescente xxxxx deu-se


a partir de diversas ocorrências no ambiente escolar como déficit
de atenção, comportamento antissocial e agressivo, danificação
de materiais, oposição a regras, impulsividade, dentre outros
comportamentos de inadequação que levaram a reprovações,
suspensão e até mesmo expulsão no seu histórico escolar.

A família relata que as dificuldades sociais do adolescente o


acompanham desde a infância. Demonstrando comportamento
destrutivo e isolamento. O histórico familiar mostra pai alcoólatra,
com problemas de autoridade e mãe conflituosa, com comportamento
ambíguo em relação à forma de disciplinar passando da passividade à
agressividade na educação do filho.

Com isso, o objetivo da avaliação psicológica faz-se necessário para


que o adolescente possa dar continuidade ao acompanhamento
psicológico e, assim, manter-se na atual escola.

3. Procedimento

Foram realizadas quatro sessões com o tempo de uma hora para cada,
com alternância em seus dias. Nessas sessões houve aplicação de
instrumentos psicológicos.

4. Análise

Na entrevista inicial, o avaliado apresentou comportamento tenso, com


irritação e agressividade. Demonstrou rebeldia em relação à família e
intenções destrutivas. Após o auge das implicações emocionais, pôde
fazer os instrumentos avaliativos para identificação da percepção
familiar, personalidade, memória e inteligência.

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

O instrumento de percepção familiar apresentou desarmonia nesse


campo com sentimentos de inferioridade e insegurança. Foram
verificados o afastamento, a rejeição e a desvalorização entre os
membros da família, com discurso de indiferença pela vida.

Para avaliar a personalidade, foram aplicados os instrumentos TAT


(Percepção Temática), Rorschach e HTP (Casa, Árvore, Pessoa).
Demonstrou discernimento em relação ao que vivencia. Foram
identificados os seguintes traços de personalidade: baixa autoestima;
introversão; imaturidade; egocentrismo; ambivalência comportamental;
alteração de humor; insegurança; hostilidade; desinteresse; fantasias;
inadequação a normas e regras; negligência; busca pelo risco; tendência
piromaníaca; e capacidade para arquitetar e agir.

Apresentou déficits na memória auditiva e visual, apresentando


classificação inferior.

Para a verificação da inteligência, foram aplicados o Raven e o R-1


que mostraram resultado acima da média em relação à escolaridade
e idade.

5. Conclusão

A avaliação psicológica realizada não apresentou indicações de


deficiência mental.

Foram observadas desordens afetivas e sociais, traços para piromania,


obsessão, bipolaridade e autodestruição.

Como diagnóstico, o avaliado denota personalidade antissocial, CID-10:


F60.2 + F91.3. Deve ser dada continuidade ao tratamento psicoterápico
com indicação de acompanhamento psiquiátrico em paralelo.

Cidade, dia, mês, ano

Nome do psicólogo

CRP n. /
(PSICOLOGIA NO BLOG, 2016)

» Exemplo 2

PARECER PSICOLÓGICO

1. Identificação

Avaliador: xxx – CRP: xxx

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

Avaliado: xxxx

Finalidade: seleção para concurso público.

2. Motivos da avaliação (descrição)

Este parecer pretende relatar avaliação psicológica dos candidatos


aprovados em prova objetiva. Esta etapa será eliminatória.

3. Procedimento

Esta etapa foi realizada por meio de dinâmica de grupo com duração
de uma hora e meia e entrevista dirigida individual com duração de
uma hora cada.

Para a dinâmica de grupo, foi solicitado o desenho de uma figura


humana, após concluído o desenho, pediu-se que colocassem, na altura
da cabeça, uma meta de vida; na mão direita, três pontos fortes; e na
mão esquerda, três pontos a melhorar.

Para a entrevista individual foram feitas perguntas dirigidas com o fim


de identificar características pessoais e verificar interesse e visão que o
candidato possui em relação ao cargo pleiteado.

4. Análise

A partir do que foi relatado pelos candidatos nessa etapa, a análise


pôde identificar as seguintes características buscadas para o cargo em
questão: percepção relacional e motora apropriada; bom nível mental;
equilíbrio emocional compatível; adequado controle da ansiedade e da
impulsividade; adequação psicomotora; autoconfiança; boa resistência
à frustração e à fadiga; adequado desenvolvimento; boa memória
auditiva e visual; bom autocontrole; alta energia laboral; boa iniciativa;
forte potencial de liderança; facilidade no trabalho em equipe e
cooperação; bom relacionamento interpessoal; pertinente flexibilidade
de conduta; boa capacidade criativa; fluência verbal adequada; e
ausência de traços de fobia.

Observou-se também receptividade em todas as etapas, assim como


um bom nível de oralidade.

5. Conclusão

A conclusão apoiada nas informações da avaliação psicológica é de


que a candidata xxxx encontra-se inapta para o cargo de xxxxxx, já
que foram observados fortes traços de ansiedade e impulsividade
para conflitos e pressão, além de baixa capacidade de cooperação

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UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

grupal e de confiança, dando preferência para tarefas individuais. Suas


características pessoais encontram-se em dissonância para o cargo
pleiteado, podendo ser mais bem adaptada a outras funções.

Cidade, dia, mês, ano

Nome do psicólogo

CRP n. / (PSICOLOGIA NO BLOG, 2016)

A seguir, serão disponibilizados exemplos de resultados de testes psicológicos de


correção informatizada. Os relatórios foram reproduzidos na íntegra para melhor
compreensão do formato do documento.
» Exemplo 1
Resultado do BETA-III – Teste Não Verbal de Inteligência Geral: Subtestes Raciocínio Matricial e
Códigos – Editora Casa do Psicólogo.
Autores: Kelogg e Morton, adaptação brasileira: Ivan Sant’Ana Rabelo, Silvia Verônica Pacanaro,
Irene F. Almeida de Sá Leme, Rodolfo A. M. Ambiel, Gisele Aparecida da Silva Alves
Nome: XXXXX
CPF:
RG:
Sexo:
Lateralidade:
Data de nascimento:
Idade:
Escola/instituição:
Segmento:
Escolaridade:
Série:
Empresa:
Profissão:
Função:
Aplicador:
Início:
Término:
Local de nascimento:

3.2. Raciocínio matricial


Tabela PB Percentil Classificação

Geral 17 60 Médio

Sexo – Feminino 17 50 Médio

Faixa etária – de 26 a 36 anos 17 60 Médio

Escolaridade – Ensino Superior 17 50 Médio

Estado – São Paulo 17 50 Médio

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Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

3.2.1. Interpretação

O subteste Raciocínio Matricial do teste Beta-III avalia a capacidade para resolver


problemas novos, relacionar ideias, induzir conceitos abstratos e compreender
implicações. Os resultados de XXXXXX no subteste Raciocínio Matricial mostram que
seu desempenho foi Médio em relação à população geral.

Recomenda-se observar o desempenho do indivíduo com relação às normas


referentes à faixa etária, ao sexo e à escolaridade na população geral e dessas
mesmas variáveis por estado (quando se aplicar), uma vez que foram identificadas
variações importantes em relação a elas, no estudo de normatização do teste. A
análise qualitativa permite compreender discrepâncias entre percentis obtidos, além
de contribuir em diagnósticos diferenciais. Psicólogo XXXXX CRP: XXXX”
» Exemplo 2
Resultado do teste NEO PI-R (Personalidade). Editora Vetor
Autores: Paul T. Costa Jr. e Robert R. McCrae
DADOS DO AVALIADO
Nome: XXXXXX
CPF:
Gênero:
Idade na data de avaliação:
Escolaridade:
DADOS COMPLEMENTARES
E-mail:
Estado civil:
Estado: Cidade:
DADOS DA AVALIAÇÃO
Profissional responsável: Data da avaliação:

3.2.2. Introdução

Uma das tarefas mais complexas no campo da Psicologia é a avaliação da


personalidade. Diferentes teorias explicam esse fenômeno, sendo a teoria do Big
Five, ou dos Cinco Grandes Fatores, uma das mais utilizadas em todo o mundo para
avaliá-la. O Inventário de Personalidade NEO Revisado (NEO PI-R) é um instrumento
de avaliação da personalidade baseado no modelo pentafatorial ﴾Cinco Grandes
Fatores﴿ e está sustentado em décadas de pesquisa analítica fatorial. Pressupõe haver
cinco grandes fatores latentes ou domínios que fornecem uma ampla explicação da
personalidade, sendo cada um desses domínios composto por seis facetas, o que
totaliza 35 características de personalidade.

No NEO PIR, além do resultado e da definição dos cinco domínios, é possível


encontrar também uma descrição de cada uma das seis facetas correspondentes. As
possibilidades de resultado para cada domínio ou faceta variam entre muito baixo,

21
UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

baixo, médio, alto e muito alto. Considerando que os resultados medianos equivalem a
uma característica comum à maior parte das pessoas, nesse relatório são apresentados
apenas os resultados extremos, ou seja, aqueles que mais se diferenciam da média.

Além do resultado individualizado de cada domínio ou faceta, é possível que haja


combinações entre elas, uma vez que algumas características se complementam. Dessa
forma, quando determinadas combinações são encontradas, a descrição do relatório
engloba o significado de cada uma delas.

3.2.3. Definição

A seguir será apresentada uma descrição de cada um dos cinco domínios, assim como
as facetas correspondentes, embora estas sejam apresentadas, no item “Síntese dos
Fatores do NEO PI-R”, somente quando se diferenciam da média.

» Neuroticismo: contrasta o ajustamento versus o desajustamento emocional;


avalia a suscetibilidade ao estresse e como uma pessoa reage diante das situações
de pressão. Composto pelas facetas: ansiedade, raiva, depressão, embaraço,
impulsividade e vulnerabilidade.

» Extroversão: refere-se à intensidade das interações interpessoais e da busca e


estimulação do meio. Formado pelas facetas: acolhimento caloroso, gregarismo,
assertividade, atividade, busca de sensações e emoções positivas.

» Abertura à experiência: indica o interesse por novas experiências ou


preferência em manter uma postura mais conservadora. Constituído pelas
facetas: fantasia, estética, sentimentos, ações variadas, ideias e valores.

» Amabilidade: relaciona-se à qualidade da orientação interpessoal; predisposição


a se sensibilizar e ajudar as pessoas ou em ter uma postura mais autocentrada.
Dispõe as facetas: confiança, franqueza, altruísmo, complacência, modéstia e
sensibilidade.

» Conscienciosidade: refere-se ao grau de persistência, força de vontade


e determinação na orientação por um objetivo. Composto pelas facetas:
competência, ordem, senso de dever, esforço por realização, autodisciplina e
ponderação.

Os avaliados usualmente respondem ao teste de maneira comprometida e procuram


se autodescrever conforme as orientações da instrução. Contudo, alguns podem não
ser cooperativos na forma de responder, o que influencia diretamente na avaliação do
teste.

22
Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

Dessa forma, ainda que sejam fornecidos os gráficos e uma descrição dos fatores
extremos obtidos no NEO PIR, sua interpretação deve ser feita apenas quando os
critérios de validade do teste são atendidos. Esses critérios são apresentados sob
a forma de uma tabela, antes dos resultados do teste e informam se eles estão
apropriados para serem avaliados, se estão invalidados ou se devem ser interpretados
com cautela a fim de garantir maior segurança e qualidade na avaliação.

3.2.4. Síntese dos fatores do NEO PI-R

3.2.4.1. Neuroticismo

Atualmente mantém uma postura calma para lidar com os desafios e adversidades
do dia a dia, sem reagir de forma hostil ou com irritabilidade. Mesmo pressionado(a),
tem segurança para tomar decisões conforme lhe é habitual e baixa propensão a se
demonstrar frustrado(a). Juntamente com as pessoas com quem convive, raramente se
expressa com raiva ou se comporta com hostilidade.

3.2.4.2. Extroversão

Na maior parte do tempo, transparece uma imagem entusiasmada às demais pessoas


e tende a manter uma postura positiva em relação ao que fala. Geralmente, preserva o
bom humor e tende a ver o lado positivo das situações com as quais está envolvido(a).
Além disso, prefere manter-se ocupado(a) e, assim, corre o risco de se envolver em
muitos projetos e tarefas ao mesmo tempo.

3.2.4.3. Abertura

No dia a dia, tende a levar em consideração as emoções ao tomar decisões e, ao agir,


pode atribuir grande importância aos sentimentos. Aprecia se engajar em atividades
que não lhe sejam conhecidas, normalmente não apresenta resistência diante de
mudanças em sua rotina, podendo manter uma postura receptiva para realizar tarefas
de maneira diferente da qual lhe é habitual.

3.2.4.4. Amabilidade

Ao interagir, na maioria das vezes, tende a manter uma postura atenciosa, solícita
e cordial. Procura ser compreensivo﴾a﴿ com os outros e, ainda que se depare
com situações de desentendimento, prefere esquecer o ocorrido, o que ajuda a
preservar os relacionamentos interpessoais. Concomitantemente, pode demonstrar
preocupação pelo bem-estar das pessoas, sendo cooperativo﴾a﴿ no desenvolvimento
das atividades do dia a dia.

23
UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

3.2.4.5. Conscienciosidade

Tem alto grau de preocupação e atribui grande importância aos princípios éticos e
morais, levando em consideração sua tomada de decisão e sua conduta do dia a dia.
Cumpre seus compromissos com disciplina até sua finalização e não costuma sentir
desencorajamento para desistir das responsabilidades assumidas.
» Exemplo 3
Resultado do teste EPR – Escala dos Pilares da Resiliência (Editora Vetor)
Autores: Tábata Cardoso e Maria do Carmo Fernandes Martins
DADOS DO AVALIADO
Nome:
CPF:
Gênero:
Idade na data de avaliação:
Escolaridade:
DADOS COMPLEMENTARES
E-mail:
Estado:
Cidade:
DADOS DA AVALIAÇÃO
Profissional responsável:
Data da avaliação:

3.2.5. Introdução

Há pessoas que, naturalmente, lutam para superar as dificuldades diárias e que se


fortalecem à medida que superam cada obstáculo vivenciado. São condutas resilientes
que podem ser observadas diariamente nas famílias, nas escolas, nas empresas, nos
abrigos, nos hospitais, nos asilos, entre outros. Pesquisas apontaram que, para que
tal conduta seja adotada, é necessário que as pessoas tenham algumas características
pessoais e comportamentais que permitem a elas agir de maneira eficaz diante de uma
adversidade.

O resultado a seguir mostra o perfil da pessoa avaliada em relação aos 11 pilares da


resiliência, com o indicativo de quais características estão mais e menos desenvolvidas
se presentes em seu comportamento. É apresentado em um gráfico de barras, que
mostra o percentil atingido em cada pilar e a interpretação descritiva de cada faixa
alcançada. A partir da interpretação das classificações, o profissional terá alguns indícios
referentes às respostas resilientes que a pessoa avaliada poderá ou não adotar diante
de situações adversas do dia a dia.

3.2.6. Definição

Resiliência consiste na capacidade dos seres humanos de superar as adversidades da


vida e, além disso, saírem fortalecidos após uma situação-problema. Os pilares da

24
Elaboração de documentos psicológicos | UNIDADE iv

resiliência são características comportamentais ou qualidades internas que permitem


às pessoas encararem uma situação de conflito, adversidade ou mudança, com uma
postura resiliente. Tais características servem de sustentação para que os obstáculos
do cotidiano no contexto pessoal, familiar, de trabalho ou social sejam enfrentados e
superados de maneira saudável, flexível e eficaz e, além disso, permitam que as pessoas
se tornem cada vez mais fortes e preparadas para enfrentarem uma próxima situação
de adversidade.

Figura 40. Gráfico do resultado do teste Escala dos Pilares da Resiliência (EPR).

Fonte: Cardoso; Martins (2013).

3.2.7. Controle Emocional (CE): muito alta

Mantém o controle emocional mesmo diante de situações estressantes, tais como


problemas familiares ou problemas do dia a dia. Não deixa que problemas externos ou
conflitos com outras pessoas interfiram no modo de sentir ou de agir, ou seja, é uma
pessoa capaz de manter o equilíbrio interno. Mesmo estando com raiva, consegue lidar
de maneira saudável com esse sentimento, não deixando que isso influencie em seus
relacionamentos. A classificação muito alta acentua essas características.

3.2.8. Bom Humor (BH): alta

Lida com os problemas de forma leve e esforça-se para tornar o ambiente agradável,
mesmo ao se deparar com alguma discussão ou situação de conflito. Consegue relevar
seus problemas pessoais, colocando-se de maneira alegre diante de dificuldades para
resolvê-lo em momento oportuno.

3.2.9. Independência (I): alta

É capaz de buscar seus próprios recursos sem, necessariamente, depender de outras


pessoas. Embora goste de ter amigos para fazer algo, não depende deles para fazê-lo.

25
UNIDADE iv | Elaboração de documentos psicológicos

3.2.10. Autoconfiança (AC): média

Em algumas situações demonstra maior segurança do que em outras. Consegue


assumir responsabilidades, cumprir tarefas, demonstrar sua opinião, no entanto, sem
muita convicção.

3.2.11. Autoeficácia (AE): média

Demonstra ser uma pessoa que acredita ter alguns recursos cognitivos necessários para
a resolução da maioria dos problemas que lhe são apresentados, podendo acreditar em
suas capacidades em algumas situações enquanto em outras não.

3.2.12. Empatia (E): média

Tem capacidade média de perceber o estado emocional de outras pessoas, podendo


interpretar o comportamento alheio de forma errônea algumas vezes.

3.2.13. Aceitação Positiva de Mudança (APM): baixa

Descreve-se como uma pessoa que não lida adequadamente com mudanças,
podendo haver um desgaste emocional muito grande para se adaptar ao novo e ao
desconhecido, pois tem dificuldades de aceitação.

3.2.14. Sociabilidade (S): baixa

É uma pessoa mais reclusa, que não busca estabelecer interações com outras pessoas,
nem mesmo em caso que necessite de ajuda.

3.2.15. Valores Positivos (VP): baixa

Descreve-se com falta de preocupação com os valores comuns a toda a sociedade e


com o bem-estar de outras pessoas. Não valoriza os bons princípios e a riqueza interior.

3.2.16. Orientação Positiva para o Futuro (OPF): muito baixa

É pessimista em relação ao futuro. Eventos negativos tendem a ser um motivo para


que perca a esperança de que dias melhores virão. Não enxerga muito sentido em
fazer esforços no presente para atingir um objetivo por acreditar que não trará bons
resultados. A classificação muito baixa acentua essas características.

26
PARA (NÃO) FINALIZAR

Falamos ao longo do nosso material sobre o tema Avaliação Psicológica e descobrimos


que devemos nos atentar na hora da escolha das ferramentas de avaliação, uma vez
que, para iniciar um processo avaliativo em um cliente ou paciente, é preciso utilizar
de ferramentas válidas para que o processo, assim como o psicólogo habilitado, possa
trazer um excelente retorno ou colaborar na hora da devolutiva do processo para o
seu cliente.

Discorremos sobre as diretrizes do Conselho Federal de Psicologia e nos antenar com


os preceitos éticos e práticos das medidas psicológicas de cada material. Seguindo,
assim, as normas técnicas e padronizadas do instrumento avaliativo que será aplicado.

Vimos, então, que avaliação psicológica é um processo técnico e científico que tende
por avaliar uma variedade de processos psicológicos individuais. Esse processo ocorre
por meio do psicólogo, que é o único profissional, por lei, habilitado para realizar essa
função. O processo pode ser realizado individualmente ou em grupo e, para isso, é
necessário um tipo de metodologia específica.

Tratamos da nova Resolução CFP n. 6, de 29 de março de 2019, que considera complexa


a realização da atividade profissional do psicólogo quando se trata de avaliação
psicológica ou de processos que envolvem raciocínios psicológicos e, por isso, ela
editou normativas para fornecer subsídios éticos e técnicos necessários para elaboração
qualificada da comunicação escrita.

Ressaltamos, porém, que mesmo em se tratando de comportamentos humanos


complexos e subjetivos, é possível compreender os fatores envolvidos nos processos
pretendidos em avaliar de maneira objetiva, uma vez que se trata de métodos
cientificamente fundamentados e que constituem modelos confiáveis que diminuem a
subjetividade no processo da análise do sujeito.

Vimos ainda que o processo de avaliação psicológica vai muito além de um


procedimento de aplicação de teste ou instrumento psicológico, visto que para
trabalhar com avaliação psicológica teremos que contar ainda com perspicácia,
competência e habilidade e atitude do próprio psicólogo avaliador. Esse profissional
deve apresentar diversas características que corroborem para uma boa aplicação
dos testes, como conhecimento e destreza para aplicar, observar e interpretar a
ferramenta de avaliação.

27
Para (não) finalizar

Na atualidade, os psicólogos precisam estar cientes da validade do teste tendo


sapiência se ele é considerado válido, ou seja, se as informações obtidas naquele
teste e o levantamento realizado com amostras brasileiras foram validadas dentro do
nosso padrão de referência e validação. E, por fim, assumirmos a responsabilidade da
aplicação do instrumento da melhor forma possível em nosso cliente, seja de modo ao
vivo, seja de modo remoto.

Sim, hoje os procedimentos podem ser realizados de maneira virtual, é o tipo de


aplicação remota (via computador, celular, tablet). Esse tipo de aplicação existe devido
à realização dos atendimentos on-line e, por isso, já temos à disposição teste com
aplicação remota.

28
REFERÊNCIAS

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para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional e
revoga a Resolução CFP n. 15/1996, a Resolução CFP n. 07/2003 e a Resolução CFP n. 04/2019. Disponível
em: https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-do-exercicio-profissional-n-6-2019-institui-regras-para-a-
elaboracao-de-documentos-escritos-produzidos-pela-o-psicologa-o-no-exercicio-profissional-e-revoga-
a-resolucao-cfp-no-15-1996-a-resolucao-cfp-no-07-2003-e-a-resolucao-cfp-no-04-2019?origin=institu
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Referências

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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 9, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes


para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo,
regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as Resoluções n.
002/2003, n. 006/2004 e n. 005/2012 e Notas Técnicas n. 01/2017 e 02/2017. Disponível em: https://
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