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Faculdade de Direito
A gestão do domínio público das autarquias locais ׃sua implicação e desafios futuros
Nelson Tarcísio
A gestão do domínio público das autarquias locais ׃sua implicação e desafios futuros
Introdução.............................................................................................................................. 4
1. A gestão do domínio público das autarquias locais ׃sua implicação e desafios futuros ..... 5
Conclusão ............................................................................................................................ 12
Um dos grandes desafios para que a descentralização seja realmente efectiva, é que as
autarquias locais disponham de recursos que lhes permitam desenvolver o seu programa de
actividades em boas condições.
Quanto a estrutura o trabalho está organizado da seguinte forma: capa, introdução onde
trazemos de forma sintética os aspectos que serão abordados no decorrer da pesquisa;
desenvolvimento que é fundamentação teórica, conclusão onde vai encontrar o que se
entendeu depois da realização do trabalho; por fim a bibliografia donde espelham-se as
referências que usamos na elaboração desta pesquisa.
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1. A gestão do domínio público das autarquias locais ׃sua implicação e desafios
futuros
De acordo com o Ministério do Plano e Finanças da República de Moçambique (2004)
Esta é uma anomalia que deveria ser resolvida pela eliminação da sobreposição de
competências que dispersa a já fraca capacidade dois órgãos numa área geográfica contígua.
Haverá quem argumente que dada a falta de capacidade das autarquias nestas povoações, as
competências devem ser transferidas para os distritos. No entanto, isso iria reduzir ainda mais
o já limitado papel das autarquias, além disso, também pouca a capacidade dos próprios
distritos.
No mínimo deveria haver uma cooperação e uma coordenação estreitas entre estes dois órgãos
de modo que os recursos disponíveis pudessem ser utilizados tao eficientemente quanto
possível. Pode dar – se o caso de por exemplo certos serviços ou funções serem solicitados
pela autarquia ao distrito, ou vice-versa, evitando – se uma sobreposição de funções dentro de
uma determinada área geográfica.
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produtos vendidos e muitos vendedores provem de zonas do distrito, mas localizadas fora dos
limites da autarquia.
Também pode ser útil rever a metodologia de produção dos planos distritais de
desenvolvimento para que estes tenham em conta as autarquias sempre que estas se
sobreponham a parte do território distrital
Por exemplo a assembleia municipal numa cidade do tamanho de Maputo, Nampula, ou Beira
deveria ter algum grau de influência na prestação de serviços educacionais, o que poderia ser
concretizado através de por exemplo da transferência da responsabilidade pela prestação dos
serviços de ensino primário para o município, que passaria por sua vez, a receber maiores
transferências do Orçamento do Estado possivelmente consignadas para o ensino primário a
fim de cobrir os custos adicionais associados a gestão da rede de escolas primárias.
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Neste cenário, a competência do Ministério da Educação, no que diz respeito ao ensino
primário nos municípios, seria desempenhar um papel de apoio, de regulamentação e de
supervisão através de aquisição e distribuição dos livros escolares, formação de professores,
exames, inspecção escolar.
Dentro das próprias autarquias, há condições para aplicar uma metodologia mais elaborada de
planeamento territorial. No caso de Mocuba, a autarquia desenvolveu um sistema rotativo no
qual em cada ano, um grupo de bairros beneficia dos fundos de investimento FIL que o fundo
de iniciativa local.
É de notar que esta abordagem foi experimentada em autarquias tais como a Ilha de
Moçambique no âmbito do Projecto de Apoio a Descentralização e Municipalização
(PADEM) financiado pela Suíça.
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Primeiro dos desafios, que compete a todos, a todas as instituições públicas e nesse contexto
também aos municípios, parece residir na necessidade de inverter uma tendência generalizada
de afastamento por parte dos cidadãos da sua actividade e do exercício dos seus direitos, mas
também das suas responsabilidades políticas perante o sistema democrático vigente.
Para Santos (2005), a prova disso são os estudos que indicam o continuado afastamento dos
cidadãos dos actos eleitorais a que são chamados a manifestar a sua opinião. Apesar de este
fenómeno não ser exclusivo de Portugal e de, em outros países ter uma expressão mais
significativa, têm – se verificado um forte crescimento da abstenção, facto que deve merecer a
devida atenção.
Para Santos (2005:291), a globalização é também responsável por alguns dos efeitos que se
verificam nas democracias modernas. Para este autor, tais efeitos seguem duas linhas
aparentemente opostas, mas que na sua opinião são complementares. Numa perspectiva,
antevê um certo afastamento, em determinadas matérias, do centro de decisão política à escala
nacional, para uma escala supranacional, em resultado de um “alargamento” mesmo que
virtual das fronteiras (integração do país em órgãos de decisão supranacionais).
Em sentido oposto, antevê uma tendência para a revalorização e o reforço dos poderes dos
órgãos da administração local, fundamentando a sua opinião na proximidade destes órgãos
com os destinatários das respectivas medidas (aproximação aos centros de decisão) e no
potencial efeito de promoção da participação dos cidadãos.
Para além de antever estas perspectivas, que lançam necessariamente novos desafios à
administração, para este autor, existe hoje um reconhecimento generalizado de que é ao nível
do governo local e designadamente através dos municípios, que até hoje se tem exercido da
melhor forma, a aproximação entre os eleitos e os eleitores, aproximando os cidadãos da
concepção das políticas que se lhes destinam.
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reciprocamente se conhecem, se influenciam e se esclarecem. (Santos,
2005:284).
Sendo os municípios as estruturas locais com competência para responder à generalidade dos
problemas que se colocam aos cidadãos e às colectividades no seu dia – a – dia, devido à sua
proximidade e ao conhecimento mais real das necessidades, aplicando o princípio
constitucional da subsidiariedade, é natural que os seus desafios e as suas responsabilidades
sejam também eles proporcionais ao acréscimo de competências.
Este autor alerta para alguns desajustes entre a prática política e as suas estruturas
exemplificando o que sucede com a perda de operacionalidade e legitimidade do estado
nação, no âmbito da globalização e os reflexos que tal está a ter ao nível local.
Para este autor, a insuficiência financeira dos entes locais, a deficiente legislação, a inércia da
perspectiva ideológica neoliberal, a fragilidade de um tecido associativo fragmentado e com
dificuldades para se organizar e se adaptar às novas condições e o esgotamento de uma cultura
reivindicativa, são factores que promoveram a implantação de um modelo de gestão
empresarial dos governos locais, essencialmente nas grandes cidades e, em consequência de
uma visão muito distante da participação da cidadania.
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de “manter” equilibradas as contas públicas e de fazer coincidir, uma grande flexibilidade na
forma de organização das estruturas de governo locais, maior flexibilidade no seu modo de
gestão (o que não pode significar menor rigor na utilização das disponibilidades públicas,
antes pelo contrário deve originar mais e melhores sistemas internos e externos de controlo).
De acordo com Carvalho (2010), a este propósito parece oportuno tecer as seguintes
considerações:
A implementação das regiões administrativas seria sem dúvida uma forma de
descentralização de atribuições e competências do Estado. Contudo, a rejeição deste
processo impulsionou a reforma no sentido de uma descentralização directa da
administração central para a administração local e particularmente para os municípios;
Face à evolução das atribuições e competências transferidas da administração central
para os municípios deve questionar-se qual o papel de alguns organismos da
administração central (se se justifica ou não a sua coexistência ou se ficaram
desprovidos de competências) e ainda se não é necessário existir uma entidade que
coordene as políticas públicas a nível supramunicipal, mas simultaneamente infra
estadual.
Todos estes factores representam novos desafios que certamente conduzirão a uma gestão
mais próxima da sociedade e ao convite à maior participação e discussão pública dos cidadãos
e das suas estruturas sociais, de forma a tentar inverter a tendência de afastamento acima
referida. Acima de tudo representam um desafio à capacidade das organizações em geral, da
administração central e dos municípios em particular, para manterem uma dinâmica
socioeconómica local activa, que justifique e sustente a própria estrutura político-
administrativa e assim seja capaz de tornar mais democrático o sistema que assim se diz, mas
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que tantas vezes receia auscultar a opinião soberana do povo conforme determina a
Constituição.
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Conclusão
Chegados ao término do presente trabalho, foi importante compreender e sanar alguns
aspectos tais como ׃O aumento das transferências do governo moçambicano para os governos
locais requer, do nosso ponto de vista, pelo menos três acções corajosas por parte do governo.
Se tal estratégia resultasse num entendimento claro e num quadro legal de subsidiariedade (ou
seja, o principio segundo o qual ao nível de governo mais adequado para solucionar questões
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de fornecimento e gestão de serviço local são dados a autoridade e os recursos para o fazer)
estaria vencida uma batalha crucial rumo a descentralização efectiva. Uma estratégia explicita
poderia também alcançar melhores condições de enquadramento da descentralização – uma
mais ampla aceitação por parte do eleitorado e dos contribuintes, especialmente se
conseguisse simplificar o vasto conjunto de leis e de instrumentos legais que regulam a
descentralização e condensa-los num quadro institucional fácil de entender e fácil de usar para
os governos e para a governação locais.
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Referências bibliográficas
Carvalho, M. F. (2010). A governação local no Algarve no Contexto de Financiamento e
Responsabilidades. Universidade do Aveiro.
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