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Sumário

RELATÓRIO .................................................................................................................. 3

QUAL A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA BÁSICA? ......................... 4

A BNCC E O ENSINO DE MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS ................................ 5

NOVOS TEMAS E REORGANIZAÇÃO DAS ÁREAS SÃO AS PRINCIPAIS


NOVIDADES EM MATEMÁTICA ................................................................................................. 9

O PAPEL DO PROFESSOR É ACREDITAR NO POTENCIAL DOS ALUNOS, DIZ


ESPECIALISTA .......................................................................................................................... 14

10 LIVROS E 3 VÍDEOS PARA SE APROFUNDAR NA BNCC DE MATEMÁTICA . 18

ENSINO HÍBRIDO NA MATEMÁTICA: COMO APLICAR NA PRÁTICA? ............... 23

COMO O ENSINO HÍBRIDO PODE AJUDAR A SUPERAR OS DESAFIOS PÓS


PANDEMIA NA EDUCAÇÃO. .................................................................................................... 28

PLANO ANUAL ........................................................................................................... 33

QUESTIONÁRIO DO ALUNO ..................................................................................... 52

SUGESTÕES DE PROJETOS E AÇÕES ................................................................... 57


RELATÓRIO
A avaliação diagnóstica foi realizada na Escola Municipal Belmira Viana
pelo professor Donilio Vinicius na disciplina de Matemática, nas turmas dos 7°
ao 9° anos. Segue abaixo a tabela com alguns pontos encontrados na
observação.
Incialmente foi feito um estudo sobre a disciplina de matemática e suas
novas metodologias no período que estamos vivenciados no antes, durante e
após pandemia. O professor fez algumas leituras com artigos, textos ou
reportagem especificas sobre a disciplina, depois teve elaboração do plano
anual. Nos primeiros dias de aulas que foi iniciado de forma remota foi aplicado
o questionário do aluno para mais observações, depois da conclusão tivemos
algumas respostas importantes dos dados para nossas ações no ano letivo. Com
a volta das aulas presencias foi feito algumas anotações durante as aulas nos
primeiros 30 dias em sala de aula, com isso fizemos algumas sugestões de
ações e projetos que pode ser aplicado durante o ano letivo de 2022 e
estendendo para o ano de 2023 posteriormente de acordo com o calendário
escolar.
Pontos observados na sala de aula:
• Dificuldade na escrita e na leitura;
• Pouca compreensão e interpretações de textos;
• Domínio mediano nas operações básicas (adição, subtração,
multiplicação e divisão);
• Alguns alunos com dificuldade na realização das atividades;
• Muitos alunos faltando sem uma devida justificativas em
atividades avaliativas e durante as aulas normais;
• No geral as turmas são bem comportadas;
• Quase 95% das turmas cadastrados no google sala de aula,
menos o 8° “B”;
• Alunos precisando de acompanhamentos pós pandemia (saúde
mental).
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Qual a importância do ensino da matemática básica?


Com a realidade da educação que se vivencia hoje, pode-se notar uma
“bola de neve” de alunos que foram empurrados de ano a ano, com déficits de
aprendizagem em matemática. O agravante disso são alunos desmotivados em
sala de aula, pois aquilo que está sendo ensinado não faz nenhum sentido para
eles; por mais que tentem, existe algo faltando, algo ficou para trás no decorrer
dos seus anos escolares. Por essa razão, é preciso resgatar esses alunos,
proporcionando momentos para que eles recuperem aquilo que não foi
aprendido em anos anteriores, além de proporcionar situações para que esses
alunos se reencontrem no processo da construção do saber, do conhecimento.
Na matemática, nota-se que os alunos possuem dificuldades nos
processos aritméticos (adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação),
assim como em procedimentos algébricos, os quais necessitam dos conceitos
aritméticos para sua construção e desenvolvimento. Se for feita uma análise dos
currículos de cada ano escolar, será notado o quanto o conteúdo sofre pequenos
acréscimos, criando-se, assim, um grande abismo quando o professor introduz
os conceitos algébricos de maneira brusca, causando uma ruptura da álgebra
em relação à aritmética. É comum notar alunos no final do Ensino Fundamental
II ou até mesmo no Ensino Médio com dificuldades em processos aritméticos de
multiplicação, divisão ou até mesmo adição, assim como alunos sem nenhuma
noção de como solucionar uma equação do 1º grau.
Diante desses fatos, surge a necessidade de se trilhar um caminho
paralelo ao ensino da matemática curricular (dos conteúdos programáticos de
cada ano escolar). Este caminho é denominado Ensino da Matemática Básica.
A importância da matemática básica provém justamente de todos esses fatores
citados e suas consequências para a vida escolar e social do aluno. Sendo
assim, torna-se essencial o acompanhamento de perto dos alunos, trabalhando
essa dificuldade que possuem quanto aos conceitos matemáticos e com isso
proporcionando motivação para o estudo da matemática, dando sentido àquilo
que se aprende durante os anos escolares.

Por Gabriel Alessandro de Oliveira


Graduado em Matemática
Equipe Brasil Escola
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A BNCC e o ensino de Matemática nos anos iniciais


“De tempos em tempos somos confrontados com notícias
de que os alunos brasileiros vão mal em Matemática. De fato, apesar
de ninguém negar a importância de se aprender Matemática na
escola, no Brasil ainda não atingimos a qualidade de aprendizagem
esperada para todos os alunos brasileiros e vemos que, segundo
dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017,
temos apenas 15,5% dos alunos do 5º ano nos níveis adequados de
proficiência em Matemática, e 4,5% de adequados no 9º ano.”
Análises de dados internacionais também colocam o Brasil em uma
situação altamente desafiadora no que diz respeito a fazer com que os alunos
aprendam Matemática de qualidade nas escolas. A BNCC (Base Nacional
Comum Curricular) traz inovações importantes nessa área de conhecimento.
Entre elas, destacamos três aspectos importantes:
• A meta de fazer com que a escola atue pelo letramento matemático como
uma competência a ser desenvolvida nos alunos;
• A alteração das áreas temáticas;
• As implicações que ambas podem trazer para o ensino.
A Matemática da BNCC tem uma peculiaridade pois é simultaneamente
área de conhecimento e disciplina. Assim, há um conjunto de competências que
se espera que os alunos desenvolvam ao longo de sua trajetória escolar, bem
como a descrição das habilidades previstas. Isso tudo está organizado
separadamente em três grandes blocos, que incluem um texto introdutório da
área/disciplina, uma descrição das áreas temáticas (anteriormente nomeada de
eixos ou campos) e, finalmente, os quadros de conceitos e habilidades por ano.
No texto introdutório, o aspecto mais relevante, a meu ver, está no
compromisso com o desenvolvimento integral do estudante com a contribuição
da Matemática. Existe um posicionamento em prol do letramento matemático,
definido com competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar
e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de
conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de
contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas
matemáticas.
É também o letramento matemático que assegura aos alunos
reconhecer que tais conhecimentos são fundamentais para a compreensão e a
atuação no mundo. Além disso, por meio do letramento é possível desenvolver
o caráter de jogo intelectual da Matemática como aspecto que favorece o
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desenvolvimento do raciocínio lógico e crítico, estimula a investigação e pode


ser prazeroso (fruição) (BNCC, p. 264).
A resolução de problemas, a formação do leitor e do escritor em
Matemática, o desenvolvimento da capacidade de argumentar e justificar
raciocínios são alguns aspectos diretamente relacionados ao letramento
matemático, e que fazem com que a Matemática ganhe valor a vida toda. Dessa
valorização do letramento decorre a primeira implicação para o ensino que você
vai desenvolver em suas aulas, ainda que a Base não aborde a metodologia. De
fato, se há um desejo de que os alunos resolvam problemas, argumentem,
aprendam a ler, escrever e falar matemática, a aula deve estar pautada por
atividades desafiadoras, problematizadoras e que favoreçam o trabalho em
grupo, a articulação de pontos de vista e, também, ações de leitura e
representação de pensamentos e conclusões.
“Será cada vez mais relevante que a Matemática e a
alfabetização caminhem juntas, que o professor assuma a formação
do leitor e do escritor também nas aulas de Matemática e que, ao
planejar a aula, já se preveja a necessidade de engajamento em
atividades que sejam possíveis, mas exijam esforço e defesa de
pontos de vista para que a argumentação, o raciocínio e as
representações sejam priorizados”.
Um segundo ponto de inovação trazido pela Base está nas áreas
temáticas – e em como o desenvolvimento deve ser integrado. Se nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) tínhamos quatro grandes
blocos/eixos/campos, agora são cinco: quatro mantidos dos PCNs com alguma
modificação de nomenclatura. Agora, passam a se chamar Números (incluindo
operações), Grandezas e Medidas, Geometria (antes Espaço e Forma),
Probabilidade e Estatística (antes Tratamento da Informação) e um bastante
novo para os anos iniciais: a Álgebra.
Das cinco áreas temáticas, Probabilidade e Estatística e Álgebra são as
que apresentam maiores inovações ao ensino e aprendizagem da Matemática,
em especial nos anos iniciais. A primeira porque recebeu mais que a troca de
nomes: houve uma valorização de conceitos, procedimentos e habilidades que
devem ser abordados ano a ano. A probabilidade aparece com maior ênfase, a
Estatística ganhou um reforço importante por meio de uma abordagem de
pesquisa e, por isso, também ficou melhor organizado o que se espera como
foco da área em cada ano. Já a segunda área, Álgebra, nunca havia sido
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trabalhada sistematicamente nos anos iniciais, e ela não pode ser confundida
com a ideia tradicionalmente abordada nos anos finais de “achar o valor de X ou
operar com letras”.
Nos anos iniciais, a Álgebra vem com foco no desenvolvimento do
algébrico por meio da exploração de padrões e regularidades, na relação entre
as operações e na ampliação do estudo da Aritmética para que os alunos
entendam algumas propriedades importantes (comutativa e distributiva, por
exemplo) que serão essenciais na Álgebra dos anos finais. Há, também, uma
ênfase no estudo do sinal da igualdade e seus significados.
Feitas estas considerações, é preciso destacar a importância do livro
didático neste momento de transição. Primeiro porque, ao selecionar o livro, mais
do que verificar se ele está de acordo com a Base, fazendo um checklist de
conteúdos e habilidades ano a ano, você precisa ficar atento à metodologia
utilizada. Estará nesse aspecto a grande diferença entre os livros. Todos podem
trabalhar o mesmo conteúdo, mas qual é a forma pela qual a Matemática está
sendo ensinada? É um conjunto de regras? As atividades são desafiadoras?
Ajudam a desenvolver o letramento matemático e o pensamento algébrico? Há
espaço para os alunos lerem e escreverem em Matemática?
A BNCC criou uma régua para que os livros estejam alinhados quanto
ao que ensinar. Sua tarefa, como professor, é perceber que o como
ensinar ficou a cargo de cada autor. No entanto, o texto introdutório dá pistas da
melhor forma de ensinar para que os alunos aprendam. É nesse diferencial que
você precisa ter atenção. Afinal, para que o ensino de Matemática tenha
sucesso, é essencial que três fatores intervenham ao mesmo tempo: o que
ensinar, para quem ensinar e como ensinar. O autor deve considerar como o
aluno de cada fase escolar aprende, quando decidir pelo como, pois o quê a
Base define. E o educador tem a tarefa de selecionar a melhor proposta para
sua realidade. Lembre-se de que, depois do professor, as atividades propostas
aos alunos são o maior fator de sucesso para que eles aprendam Matemática de
qualidade.
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Referências
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Sistema de Avaliação da Educação Básica. Edição 2015. Resultados. Brasília, DF, 2016.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=75181-
resultados-ana-2016-pdf&category_slug=outubro-2017-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 8 maio
2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a
base. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/04/BNCC_19mar2018_versaonal.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2018.
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NOVOS TEMAS E REORGANIZAÇÃO DAS ÁREAS SÃO AS


PRINCIPAIS NOVIDADES EM MATEMÁTICA
A BNCC aprofunda e amplia alguns dos objetivos dos PCNs. Mudanças
ressaltam a importância do componente para a vida em sociedade
Autor: NOVA ESCOLA

Não se espante ao folhear as habilidades de Matemática: muitos


conteúdos foram reorganizados e alguns novos foram inseridos dentro do
proposto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Álgebra e
Probabilidade e Estatística passam a fazer parte do cotidiano do Fundamental 1
e habilidades relacionadas a tecnologia, robótica e programação figuram no
currículo.
Apesar das alterações, o documento não propõe uma ruptura com a
visão sobre a disciplina adotada desde os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs): uso do documento que durante anos serviu de referência para as
escolas brasileiras. Ao delimitar as competências específicas da disciplina, que
indicam como as competências gerais da Base devem ser expressas naquele
componente, a Matemática é conceituada como “ciência humana, fruto das
necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos
históricos” e, ainda, “uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas
científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções”. A Base
foca no que o aluno precisa desenvolver, para que o conhecimento matemático
seja uma ferramenta para ler, compreender e transformar a realidade.
A seguir, você confere quais foram as principais mudanças e como cada
uma delas vai impactar a sua aula.
Reorganização de conteúdos

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, além das


unidades Números, Geometria e Grandezas e Medidas, aparecem duas
novas: Álgebra e Probabilidade e Estatística. Antes, os conteúdos
relacionados a essas unidades só apareciam nos anos finais do segmento. Não
se trata de um “adiantamento” do conteúdo, mas de trabalhar desde o início do
Fundamental um modo de pensar que será utilizado mais tarde, quando
conteúdos como Equações – típico da álgebra – ou cálculos de probabilidade
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entrarem em cena.

Na prática

(EF03MA11) Compreender a ideia de igualdade para escrever diferentes


sentenças de adições ou de subtrações de dois números naturais que resultem
na mesma soma ou diferença.
As noções de igualdade e equivalência, que depois ajudam a compreender o
conceito de equações, podem ser trabalhados ao pensar em como diferentes
somas podem sempre dar o mesmo resultado.

Na base

(EF01MA20) Classificar eventos envolvendo o acaso, tais como “acontecerá


com certeza”, “talvez aconteça” e “é impossível acontecer”, em situações do
cotidiano.
Jogos e sorteios podem servir como base para conhecer as noções de provável,
improvável ou impossível, que mais tarde serão usadas como base para cálculos
numéricos.
Mais reflexão, menos memorização

Os verbos selecionados para descrever objetivos e habilidades já dão mostras


do que mudou. Nos PCNs, era comum encontrar palavras como “reconhecer”,
“identificar” e “utilizar” (para o trabalho com ferramentas e procedimentos de
cálculo). Na Base, elas deram lugar a ações como “interpretar”, “classificar”,
“comparar” e “resolver”. O novo texto deixa mais claro o propósito de levar o
aluno a pensar a partir das informações recebidas, de analisá-las e de responder
com uma postura ativa.

Progressão que favorece a aprendizagem

Outra mudança importante é a forma como os objetos de conhecimento são


tratados a cada ano. Houve a preocupação de tornar a progressão a mais natural
possível, levando em conta a complexidade dos temas (do mais simples ao mais
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complexo), as possíveis conexões entre conceitos matemáticos e o tempo de


aprendizagem do aluno. Há, ainda, a ideia de que um conceito pode levar mais
de um ano para ser aprendido. Assim, um mesmo conteúdo aparece em diversos
anos, mas as expectativas de aprendizagem aumentam a cada nova etapa, bem
como as habilidades que se espera desenvolver a partir do conhecimento
construído em sala de aula.

Na BNCC

Observe como a BNCC apresenta a progressão sobre o trabalho com


porcentagens a partir do 5º ano do Ensino Fundamental. Por esse exemplo
específico, é possível perceber que um mesmo tema volta a ser tratado em
diferentes momentos da trajetória escolar, mas com uma complexidade e uma
profundidade maior a cada ano.

5º ano

(EF05MA06) Associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100%


respectivamente à décima parte, quarta parte, metade, três quartos e um inteiro,
para calcular porcentagens, utilizando estratégias pessoais, cálculo mental e
calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros.
6º ano

(EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com


base na ideia de proporcionalidade, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando
estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação
financeira, entre outros.

7º ano

(EF07MA02) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, como


os que lidam com acréscimos e decréscimos simples, utilizando estratégias
pessoais, cálculo mental e calculadora, no contexto de educação financeira,
entre outros.
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8º ano

(EF08MA04) Resolver e elaborar problemas, envolvendo cálculo de


porcentagens, incluindo o uso de tecnologias digitais.

9º ano

(EF09MA05) Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com


a ideia de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas
percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da
educação financeira.

Cálculos contextualizados

A BNCC estabelece que, no Ensino Fundamental, a escola precisa preparar o


estudante para entender como a Matemática é aplicada em diferentes situações,
dentro e fora da escola. Na aula, o contexto pode ser puramente matemático, ou
seja, não é necessário que a questão apresentada seja referente a um fato
cotidiano. O importante é que os procedimentos sejam inseridos em uma rede
de significados mais ampla na qual o foco não seja o cálculo em si, mas as
relações que ele permite estabelecer entre os diversos conhecimentos que o
aluno já tem. Uma aplicação seria usar equações de segundo grau para
descobrir medidas de lado de figuras geométricas: aqui, o contexto é
matemático, mas há uma aplicação da álgebra em relação a outros
conhecimentos.

Vivência em pesquisa

A questão da pesquisa estruturada em etapas é algo a que a BNCC dá ênfase,


em especial no que diz respeito ao trabalho com procedimentos estatísticos. A
Base deixa evidente a necessidade de se aprender estatística simulando
pesquisas e passando pelas etapas de investigação e coleta, organização e
tratamento de dados, até chegar a um resultado que precisará ser representado
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e comunicado ao público de interesse. Além disso, o texto considera que


experimentar a pesquisa é essencial na formação do cidadão crítico, que lê e
interpreta diariamente dados estatísticos nas mais diferentes mídias

Tecnologia a serviço da aprendizagem

A tecnologia é considerada um elemento importante em todas as áreas do


conhecimento. E as tecnologias digitais, em especial, são situadas como
importantes ferramentas na modelagem e resolução de problemas matemáticos.
A principal mudança está no reconhecimento de que elas não são um elemento
separado da Matemática. A Base reconhece que campos como a programação
e a robótica são cada vez mais presentes no convívio social e na vida
profissional, e por isso busca aproximá-los da disciplina. Entre os vários
exemplos dessa tentativa está o estudo de fluxogramas no Ensino Fundamental
2, tanto na Geometria quanto em Números. É uma linguagem nova, da qual
professores terão que se apropriar, antes de inserir o tema em aula.

Educação financeira

O tema ganhou maior destaque, além de um enfoque diferente. Sai a matemática


financeira pura e entra a preocupação em formar cidadãos mais capazes de
tomar boas decisões quando o assunto é dinheiro – tanto na vida pessoal quanto
no convívio social. Para isso, a Base propõe situações do cotidiano do estudante
como pano de fundo. É importante que o professor de Matemática promova um
estudo no contexto da educação financeira tanto na dimensão espacial
(impactos das ações e decisões financeiras sobre um contexto social específico)
como na dimensão temporal (como as decisões tomadas no presente podem
afetar o futuro).
Fontes
Cristiane Chica, gestora pedagógica do Mathema
Fernando Barnabé, diretor da Orez Educação
Luciana Tenuta, consultora na área de formação de professores de
Matemática — Ensino Fundamental e Médio
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O PAPEL DO PROFESSOR É ACREDITAR NO POTENCIAL DOS


ALUNOS, DIZ ESPECIALISTA
Na opinião da secretária de Educação Básica do MEC, a BNCC
aprofunda e amplia ideias que já estavam contidas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), estabelecendo um roteiro claro para o planejamento das
aulas
Autor: NOVA ESCOLA

Katia Smole Stocco. Crédito: Mariana Pekin

Planejar aulas que articulem os diversos aspectos importantes


colocados pela BNCC para a área da Matemática será um desafio para os
educadores. Embora concorde com essa afirmação, Katia Smole Stocco, que
esteve à frente do Mathema, instituição especializada em pesquisa e
desenvolvimento do ensino da Matemática, pondera que, a partir das definições
trazidas pela Base, já há um roteiro objetivo do que precisa ser ensinado para
se alcançar os resultados esperados no processo de aprendizagem da disciplina.
“As habilidades específicas de cada área temática, explicitadas ano a ano,
indicam um caminho para a organização das aulas. Mostram o ponto de partida
e o de chegada”, afirma a especialista, que assumiu a Secretaria de Educação
Básica do MEC em junho de 2018. A seguir, ela comenta outros avanços trazidos
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pelo documento, bem como o impacto dessas mudanças no dia a dia do


professor.
NOVA ESCOLA: A BNCC traz mudanças expressivas em relação
aos PCNs no que diz respeito às competências específicas propostas para
a área da Matemática?

Katia Stocco Smole: A BNCC traz uma complementação aos PCNs,


não necessariamente uma ruptura. A importância da aplicação na sociedade do
que se aprende, a Matemática como um sistema abstrato que contém ideias e
objetos fundamentais para a compreensão de fenômenos, a construção de
representações e argumentações consistentes em diferentes contextos, a
matemática como ciência que desenvolve o raciocínio hipotético-dedutivo...
Essas ideias já estavam presentes nos PCNs. Em relação ao ensino, ganhou
mais peso o conceito de letramento matemático e as competências
fundamentais para o seu desenvolvimento: raciocínio, representação,
comunicação e argumentação e os processos matemáticos de resolução de
problemas, de investigação, de desenvolvimento de projetos e a modelagem
(prática de abstrair características de uma situação para criar um modelo e uma
representação matemática). É possível perceber que embora a BNCC traga
inovações, muitas das competências específicas, com alguma alteração de
redação, já estavam previstas nos PCNs.

Qual será o impacto dessas mudanças no trabalho do professor, em sala


de aula?

Creio que as habilidades específicas de cada área temática, explicitadas ano a


ano, trarão um impacto grande porque indicam um caminho para a organização
das aulas. Mostram o ponto de partida e o de chegada e -- o que é importante -
- segundo uma lógica de progressão da aprendizagem. A explicitação das
expectativas de aprendizagem não era tão evidente nos PCNs e, a meu ver, é
bom que se tenha um mapa orientador de aprendizagens esperadas, que é como
eu enxergo na Base.
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Como conectar tantos objetos de conhecimento a tantas


habilidades e garantir que realmente possam ser trabalhados com os
alunos?

É muito importante definir os focos da metodologia pela qual a


Matemática será ensinada na escola. Não é qualquer metodologia que leva ao
letramento matemático e ao desenvolvimento das competências específicas. É
preciso um enfoque problematizador, que envolva desafios, que permita
estabelecer relações com outras áreas do conhecimento e mesmo o
desenvolvimento de projetos. A decisão pela divisão do ensino de Matemática
em áreas precisa ser vista como uma opção didática, que envolve uma
concepção de ensino e aprendizagem que se contrapõe à tendência de um
ensino fragmentado. Embora a organização seja feita por área temática, é
essencial assumir que os alunos aprendem fazendo conexões e relações entre
diferentes conceitos e procedimentos matemáticos implícitos nessas áreas.

De forma geral, há uma expectativa maior em relação ao que o aluno


deve aprender no Ensino Fundamental 1 e 2? Nesse contexto, como devem
ser planejadas as aulas?

A aprendizagem do aluno se efetiva se o professor for capaz de organizar o


planejamento percebendo as possíveis ligações entre as unidades temáticas, de
modo que sua aula ajude os alunos a entenderem como uma se relaciona com
outra, auxiliando-os a realizarem sínteses e fechamentos para explicitar as
relações percebidas. Nesse sentido, o planejamento das aulas deve ser
estruturado de modo que, por meio das atividades e das ações do professor, os
alunos associem ideias; percebam que uma tarefa não se restringe a um objetivo
limitado; compreendam que uma ideia transita de uma tarefa para outra, de um
problema para o outro; possam explorar uma situação, discuti-la, generalizá-la;
possam comparar e contrastar procedimentos; possam representar uma
situação ou conceito em Matemática de muitas formas diferentes.
Sim, mas era esperado que isso ocorresse quando as expectativas de
aprendizagem fossem explicitadas, e que a progressão ficasse mais clara. Além
disso, é natural que novas pesquisas e novos conhecimentos sejam
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incorporados a qualquer processo que envolva renovação curricular, e com a


Base não foi diferente. Não vejo nada impossível de se colocar em prática, mas
entendo que exigirá estudo, conhecimento e formação dos professores.

O papel do professor muda muito diante desse novo cenário?

O papel do professor continua sendo o de alguém que acredita no potencial dos


alunos, que tem altas expectativas sobre a aprendizagem, que planeja bem a
aula, que conduz na sala um ambiente desafiador, mas estimulante. Hoje, há
muitos estudos mostrando aspectos do trabalho docente como um grande
agente que articula e faz a mediação da aprendizagem. Mas o professor também
precisa estudar, precisa de apoio, de incentivo e valorização, para que consiga
fazer tudo que se espera dele. Não dá para achar que a Base resolverá os
problemas da Educação Matemática no Brasil. Ainda há muito por fazer.
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10 LIVROS E 3 VÍDEOS PARA SE APROFUNDAR NA BNCC DE


MATEMÁTICA
Confira uma lista de conteúdo para ajudar a compreender e aplicar as
novas diretrizes para esse componente curricular
Autor: NOVA ESCOLA

Nesta lista, algumas obras à disposição dos professores trazem


conceitos que foram reforçados na Base, como a questão da investigação e da
resolução de problemas enquanto recursos para favorecer a aprendizagem. Os
livros reunidos nessa seleção abordam conteúdos que permitirão ajustar o seu
planejamento de aulas ao que deve ser a nova realidade da educação brasileira
no Ensino Fundamental.

LIVROS

Metodologia para o Ensino da Aritmética: Competência Numérica no Coti


diano, de Antônio José Lopes Bigode e Joaquin Gimenez Rodrigues

Traz várias perspectivas para a abordagem em sala do pensamento


numérico, com foco especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Destaque para os exemplos práticos e para o foco no aluno como sujeito no
processo de aprendizagem.

Escritas e Leituras na Educação Matemática, de


Celi Aparecida Espasandin Lopes

A obra apoia o professor na tarefa de conduzir o aluno a desenvolver seus


próprios procedimentos nas aulas de Matemática, recorrendo ao raciocínio e à
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criatividade. O foco recai sobre o desenvolvimento de processos, tais como


comunicação, argumentação, representação e negociação de significados.

Investigações Matemáticas na Sala de Aula, de João Pedro da


Ponte, Joana Brocardo e Hélia Oliveira

Os autores mostram como as práticas de investigação e pesquisa podem ser


trabalhadas em sala, principalmente nas áreas de estatística, geometria e
aritmética. De forma acessível, eles apresentam ainda as vantagens e os
desafios de se trabalhar com essa abordagem.

O Uso da Calculadora nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, de


Ana Coelho Vieira Selva e Rute Elizabete de Souza Borba

Oferece exemplos de como utilizar a calculadora durante as aulas, para


favorecer a aprendizagem de diversos conceitos importantes do componente,
desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. As autoras apresentam,
inclusive, pesquisas que validam a utilização da ferramenta nesse contexto.

Ler, Escrever e Resolver Problemas: Habilidades Básicas para


Aprender Matemática, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz

Explica como essas habilidades estão intimamente relacionadas ao


desenvolvimento do pensamento matemático em todo o Ensino Fundamental.

Coleção Matemática de 0 a 6, Volume 3: Figuras e Formas, de


Kátia Stocco Smole, Maria Ignez Diniz e Patrícia Cândido

Propõe atividades voltadas à Educação Infantil, que ajudam as crianças a


consolidarem conceitos matemáticos relacionados a números, geometria,
medidas e noções de estatística.

Cadernos do Mathema – Jogos de Matemática de 1º a 5º


ano, de Kátia Stocco Smole, Maria Ignez Diniz e Patrícia Cândido
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Apresenta ideias de como trabalhar os jogos para desenvolver e consolidar os


saberes dos alunos no que diz respeito a operações, frações, geometria e
medidas.

Cadernos do Mathema – Jogos de Matemática de 6º a 9º ano, de


Kátia Stocco Smole, Maria Ignez Diniz e Patrícia Cândido

A proposta é usar os jogos como recurso para o desenvolvimento de conceitos


matemáticos e a consolidação de temas fundamentais no componente. Aqui, o
foco são os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental.

Matemática no ensino fundamental: formação de professores e


aplicação em sala de aula, de John A. Van de Walle

O autor é um dos principais estudiosos, no mundo, sobre como as crianças


aprendem matemática. No livro, traz ideias de como os professores podem
conduzir os alunos a uma compreensão eficaz dos principais tópicos do
componente, a partir de uma abordagem em que as crianças e adolescentes
também são vistos como produtores do conhecimento.

Mentalidades Matemáticas na Sala de Aula, de Jo Boaler, Jen


Munson e Cathy Williams

A partir dos resultados obtidos em suas pesquisas, a autora defende a ideia do


esforço produtivo, onde a valorização do erro do aluno como parte do processo
de aprendizagem permite uma mentalidade de crescimento. Ela sugere
estratégias que podem ser usadas pelos professores para criar, na sala de aula,
uma experiência mais leve e prazerosa, de modo que os alunos se sintam
motivados a participar e a criar ao estudar os conceitos básicos relacionados ao
componente. A autora também lançou outro livro com aplicações em sala de
aula, trazendo conjuntos de atividade que seguem sua teoria.
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VÍDEOS

Matemática na BNCC

Disponível em: http://bit.ly/2SoFb2n


Neste vídeo, a professora Maria Ignez Diniz, diretora do Mathema, explica as
principais mudanças que a BNCC traz para o componente Matemática.

Sala dos Professores SAS - Matemática na BNCC

Disponível em:
Os educadores Ademar Celedônio e Luciana Tenuta discutem os principais
pontos referentes ao ensino de Matemática nos anos iniciais e finais de acordo
com a BNCC

DOCUMENTOS

Base Nacional Comum Curricular para o Professor

Disponível em: http://bit.ly/2S4lJJv


Este documento direcionado para professores do Ensino Fundamental propõe
uma refletir sobre os principais aspectos fundantes da BNCC, com enfoque no
trabalho a ser desenvolvido em sala de aula no processo de transição até a
efetiva implantação do documento nos sistemas de ensino e escolas do país.
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BNCC na íntegra

Disponível em: http://bit.ly/387hGS2


Neste link você confere a íntegra da BNCC e todas as informações necessárias
para entender o documento.
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Ensino híbrido na Matemática: como aplicar na prática?


Aprofunde seus conhecimentos nessa proposta e conheça 5 dicas sobre
o seu uso no dia a dia.
No atual cenário da pandemia temos visto acontecer, em vários
municípios e estados, a retomada presencial das aulas. Esse momento traz
possibilidades de trabalho com os alunos respeitando as diferentes realidades e
as orientações sanitárias propostas conforme cada situação. Dentre elas está
o ensino híbrido.
Em 2015, no prefácio do livro “Ensino Híbrido: personalização e
tecnologia na educação”, José Armando Valente começa dizendo que o ensino
híbrido veio para ficar. Cinco anos depois, com as mudanças trazidas pela
pandemia, não se tem dúvida do contrário. O processo foi apenas acelerado, se
é que podemos dizer isso.

O que é (e o que não é) ensino híbrido?

Nesse mesmo prefácio, José Armando define o “ensino híbrido como


uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e atividades
realizadas por meio das tecnologias digitais da informação e comunicação”.
Entretanto, o grande mote está em colocar o estudante no centro do processo
de aprendizagem. Assim, um ensino pautado apenas na transmissão das
informações pelo professor perde o sentido nessa proposta.

O estudante como o centro desse processo, debate, argumenta,


desenvolve o pensamento crítico e a resolução de problemas. O professor é o
mediador, é aquele que “desenha experiências”, pesquisando os melhores
meios para proporcionar o desenvolvimento de tais habilidades. A tecnologia é
o suporte que possibilita o protagonismo estudantil e o desenvolvimento da
cultura digital, estabelecendo um diálogo com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). É o elemento mediador da aprendizagem e não se destina
apenas a disponibilizar conteúdos.
Isso leva uma personalização da aprendizagem, ou seja, os estudantes
aprendem em seu próprio ritmo e tempo. E você, professor e professora,
encontra as melhores ferramentas que permitem a aprendizagem de todos. É
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uma grande mudança de concepção! É a possibilidade mais próxima para


atender as demandas desse retorno presencial às escolas, diante de tudo que já
estudamos.
Vale ressaltar que há alguns equívocos ao exemplificar modelos de
ensino hibrido. Aulas transmitidas da escola para aqueles que estão em casa,
aulas que acontecem no modelo remoto utilizada por tantos profissionais,
enriquecer aulas presenciais com jogos online ou com apresentações de
PPTs não se enquadram, por exemplo, dentro do conceito de ensino híbrido. Já
que sempre o foco da aprendizagem está centrado no professor e o
protagonismo estudantil não tem espaço.
Lilian Bacich, co-autora do livro que citei no início dessa nossa conversa,
explica que na ótica do ensino híbrido planeja-se o que é para ser aprendido no
presencial e o que é para ser aprendido no virtual cabendo ao professor conectar
essas duas aprendizagens. Nesta reportagem de NOVA ESCOLA, você pode
conferir mais detalhes sobre esse conceito. Aqui no site há também cursos
relacionados ao tema.

E como fica a Matemática dentro desse contexto?

Se você tem buscado mudar o olhar para a forma de trabalhar a


Matemática, certamente, estará mais aberto para colocar em prática a proposta
do ensino híbrido. Isso porque você deve buscar dar voz e vez ao seu aluno,
permitindo que ele construa o seu próprio conhecimento, interagindo com o
outro.
Já deve ter começado a rever o espaço da sua sala de aula, trazendo
novos materiais e novas propostas. Nesse momento de aulas remotas já deve
estar mais próximo das tecnologias e dos jogos, por exemplo. Por isso, convido
você a introduzir o ensino híbrido por meio da Matemática nesse retorno.
Se você ainda não se convenceu, lembre-se que a BNCC afirma que o
“conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação
Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas
suas potencialidades na formação de cidadão críticos, cientes de suas
responsabilidades sociais”. E qual forma de atingir a todos os alunos se não
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respeitando o tempo de cada um e adequando as formas de ensinar e aprender,


ou seja, personalizando o ensino – o que é preconizado pelo ensino híbrido.
5 dicas para colocar em prática o ensino híbrido na Matemática
> Aprofunde os seus conhecimentos

Para começar é preciso aprofundar o que você já sabe sobre o ensino


híbrido e as metodologias ativas. Conhecer cada modelo híbrido ajudará a
escolher a melhor opção para colocar em prática em sua realidade, fazendo as
adequações necessárias.

Como já disse o site da Nova Escola está recheado de possibilidades. A


leitura do livro que citei anteriormente é também uma boa opção. Se quiser algo
mais sintetizado, o livro “Metodologias Ativas de Bolso” de José Moran poderá
dar uma visão mais geral sobre o que estamos falando.
Conhecer a teoria que embasa a prática é fundamental para você fazer
as melhores escolhas e repensar sobre a sua ação. Sentir-se confortável
(conforto dado pelo estudo) permitirá a inovação.
> Reorganize o espaço da sala de aula

Você pode iniciar sem usar as tecnologias, como uma forma de mudar a
sua cultura, de rever o seu papel de professor e do seu aluno. Refletir até que
ponto você utiliza a aula expositiva como forma de transmissão de conhecimento
e não como mais uma possibilidade de contribuir para a construção do
conhecimento. São pontos importantes a serem refletidos.

Leve os jogos, (re)aprenda a problematizá-los e a vê-los como uma


estratégia mais significativa para que sua turma aprenda os diferentes
conteúdos. Quando estiver mais confiante, passe a introduzir as tecnologias.
Abra espaços para o celular e outros dispositivos. Vale ressaltar que essa
reorganização implica em repensar a disposição das carteiras: um atrás do outro
não tem vez dentro dessa concepção!
> Planeje, planeje e planeje
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Planejar é fundamental em qualquer situação. A sua intenção clara e


objetiva só se concretizará a partir de um bom planejamento.
Planejando você estará apto também a enfrentar os desafios que
aparecerão, antecipará boas perguntas que farão sua turma avançar, além de
encontrar diferentes estratégias para atender as necessidades de cada
estudante.
Registre o seu percurso e o de seus alunos

Documentar e registrar, como já falei tantas outras vezes, permitirá que


você entenda o que está fazendo e levante seus pontos fortes mostrando o que
necessita mudar ou manter na sua trajetória.
Esse movimento contribuirá para sua autoavaliação e reflexões sobre a
sua prática, bem como os avanços de seus alunos. No começo é um pouco
difícil, mas a persistência pode te ajudar a consolidar esse hábito.
> Encontre o melhor modelo

O estudo, o planejar, o executar e refletir sobre os resultados permitirão


encontrar o modelo híbrido que mais se adequa a sua realidade. Você
conseguirá encontrar o melhor caminho para aliar as propostas de ambos os
ambientes. Conheça aqui e aqui inspirações para você, que apesar de
representarem realidades distintas, podem te ajudar. E então, se animou?
Vamos começar a introduzir o ensino híbrido pela Matemática? Tenho certeza
de que você obterá excelentes resultados e o mais importante: estará
trabalhando de forma a atender as demandas da sociedade do século XXI!
Como diz um velho ditado “uma andorinha só não faz verão” e é evidente
que as redes de ensino precisam também subsidiar a implantação do ensino
híbrido investindo na formação continuada do professor a partir desse viés, na
adequação do currículo e na dinâmica do tempo e da sala de aula.
Sei que você, que é um insubordinado criativo ou uma insubordinada
criativa, não irá esperar a sua rede de ensino dar o primeiro passo. Vamos estar
a frente disso, certo?
Um abraço e até a próxima,
Selene
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Selene Coletti é professora há 39 anos na rede pública.


Atua na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos tendo
trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da Fundação Victor
Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro
que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e
recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do
Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora
do Núcleo de Formação Continuada do município. Atualmente é
formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de Itatiba.
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Como o ensino híbrido pode ajudar a superar os desafios pós


pandemia na Educação.

Descubra mais sobre o que caracteriza essa abordagem, como ela ajuda
a engajar os estudantes e como pode colaborar na recomposição de
aprendizagens

Se antes da covid-19 muito já se falava sobre a importância e a


necessidade de promover o protagonismo da garotada, seu desenvolvimento
integral e o uso significativo de tecnologias digitais no mundo da sala de aula,
agora isso se faz ainda mais relevante. A exclusão escolar alcança níveis
alarmantes e é preciso recompor as aprendizagens e reconquistar o vínculo dos
alunos com a escola e entre colegas. Nesse sentido, o ensino híbrido pode
ajudar bastante. Não se trata, contudo, de uma solução mágica.

O ensino híbrido é uma abordagem que pode ser implementada aos


poucos, conforme for fazendo sentido para os professores e os estudantes. E
para funcionar, tem de acontecer acompanhado por formação docente, apoio da
gestão aos professores e acesso aos recursos tecnológicos.

"Este ano, tenho usado o ensino híbrido com muita frequência para diagnosticar os
estudantes que estão chegando à turma e para personalizar o ensino a fim de nivelar as
aprendizagens. Estou surpresa com o ganho de tempo que tenho tido", relata Taís Lino,
professora do Colégio Uirapuru, em Sorocaba (SP).

Mas, afinal, o que é ensino híbrido?

Vamos começar pelo que não é: não se trata de alternar, simplesmente,


aulas presenciais e remotas.

"O ensino híbrido é uma abordagem composta de estratégias


diversas, que mesclam momentos presenciais na escola com
atividades que usam recursos digitais, em qualquer espaço", explica
Fernando Trevisani, professor, doutorando em Metodologias Ativas e
organizador do livro Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na
Educação (ed. Penso).

Com essa abordagem, a intenção é que as aulas sejam planejadas de


maneira integrada para que as tecnologias permitam ao professor coletar dados
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sobre a aprendizagem dos alunos rapidamente. Com esses dados em mãos, o


docente pode avaliar cada um dos estudantes e planejar as próximas aulas,
personalizando o ensino. E aí está a chave: a personalização do ensino é o
grande objetivo do ensino híbrido.

"É fundamental que as atividades permitam que o estudante


tenha um trabalho ativo. Ele tem de construir, criar e investigar, tanto
em momentos individuais quanto coletivos", diz Leandro Holanda,
coautor de Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na
Educação, diretor da Tríade Educacional e professor na pós-
graduação do Instituto Singularidades.
Assim, as crianças podem mobilizar seus conhecimentos prévios e
contar com a mediação do professor para ir em busca dos recursos necessários
até chegar onde o docente deseja, construindo os saberes de forma concreta,
significativa e integrada.

Modalidades híbridas, na prática

Existem diversas formas de trabalhar com a abordagem do ensino


híbrido. Confira três delas, mais interessantes para investir na recomposição das
aprendizagens e as mais adequadas para a nossa realidade:

Sala de aula invertida

O que é. Basicamente, tem a ver com o envio prévio de um material para


os alunos explorarem antes da aula presencial em qualquer espaço (em casa,
na biblioteca da cidade ou da escola, etc).

Como funciona. Antes da aula presencial, os estudantes realizam


alguma tarefa planejada pelo professor, de forma que consigam aprender parte
do conteúdo que seria ensinado tradicionalmente em sala de aula. Essa tarefa
pode envolver diferentes recursos, como vídeos, textos, podcasts, pesquisas
online, leitura de materiais, dentre outros. Ao realizar essa tarefa, os alunos
devem produzir algum material que pode ser enviado digitalmente para o
professor ou levado para a escola (como um mapa mental feito em papel sulfite).
Na aula presencial, o docente usa os materiais produzidos pelos alunos para
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realizar a aula. É nesse ponto que fica clara a inversão do processo: a lição de
casa, que seria dada depois da aula foi dada antes, de modo orientado pelo
professor para que a turma conseguisse executá-la. Em classe, espaço onde o
docente explicaria os conceitos, os estudantes podem vivenciar outras
experiências de aprendizagem com base no que foi produzido antes da aula.

Por que é interessante. Esse modelo de aula possibilita que o professor


desenvolva a autonomia dos estudantes a partir de atividades orientadas antes
dos momentos presenciais de aprendizagem, de modo que a turma consiga
entrar em contato com alguns conceitos que seriam ensinados em sala de aula
previamente. Isso estimula e fortalece o momento presencial em sala de aula
com o professor, quando podem ser realizadas outras propostas, como trabalhos
em grupo e produções coletivas (confira sugestão de atividade aqui).

Rotação por estações

O que é. Como indica o nome, os estudantes percorrem estações para


realizar pequenas tarefas em grupo.

Como funciona. Os grupos de alunos têm de visitar as estações sem


uma ordem predefinida, seja na sala de aula, seja em diversos espaços da
escola. O ideal é que as estações demandem diferentes habilidades e
competências, a fim de atender às diversas formas pelas quais os estudantes
aprendem. Ao menos em uma delas a turma precisa realizar alguma atividade
no ambiente digital, de forma que o professor consiga coletar dados para analisar
posteriormente e realizar a personalização do ensino. Todos os estudantes
devem visitar todas as estações e o tempo de duração de todas elas deve ser o
mesmo para cada grupo. Leia uma sugestão de trabalho com essa
modalidade aqui.

Por que é interessante. "A possibilidade da observação docente


enquanto a turma realiza as atividades é fundamental e valiosa como forma de
acompanhamento e avaliação. Para diagnóstico e recomposição das
aprendizagens, esse modelo é especialmente útil, porque em uma das estações
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o professor pode propor o trabalho com um conceito anterior, para avaliar o que
os estudantes sabem e, em outra estação, pode abordar algo que ele já
identificou que precisa ser revisto pela turma para garantir a progressão das
aprendizagens”, fala Fernando.

Laboratório rotacional

O que é. Semelhante ao modelo anterior, divide a turma em dois grupos


que trabalham simultaneamente realizando tarefas diferentes. Um grupo fica
com o professor enquanto o outro utiliza recursos digitais para realizar alguma
atividade planejada pelo professor.

Como funciona. O primeiro grupo fica em sala de aula com o professor


para tirar dúvidas, dialogar sobre o conteúdo que está sendo explorado e
trabalhar conceitos. Já o segundo grupo, trabalha de maneira autônoma em
outra parte da escola, seguindo uma lista de atividades, preferencialmente a
serem realizadas com o apoio de algum recurso digital e que permita a criação
de algo próprio pelos estudantes. Tanto no diálogo direto com os estudantes
quanto na análise da produção da turma, o professor pode avaliar como eles
estão aprendendo e suas principais dúvidas. Por fim, com os dados coletados, o
professor pode agrupar os estudantes para propor atividades que atendam às
demandas específicas. Confira uma sugestão de trabalho com essa
modalidade aqui.

Por que é interessante. Permite dividir a turma em dois grupos e


trabalhar focado nas maiores dificuldades, mapeadas anteriormente.

Na hora de implementar o ensino híbrido e escolher os modelos,


conhecer as estratégias disponíveis é propício, mas não é necessário ficar preso
a moldes. "Mais importante é ter clareza dos objetivos da aula, do que a turma
vai produzir e os elementos que serão utilizados para fazer a avaliação", reforça
Leandro. Confira outras modalidades de ensino híbrido na reportagem
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Ensino híbrido: Quais são os modelos possíveis?

Leandro também indica que incorporar uma rotação por estações, uma
sala de aula invertida ou um laboratório rotacional a uma sequência didática pode
ser um bom caminho para quem está começando a trabalhar com ensino híbrido.
Essa estratégia permite compreender os aspectos estruturantes da prática,
como organização do espaço, do tempo e do conteúdo e as formas de avaliação.
"Depois o docente pode criar modelos mais autorais", reflete.
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Plano Anual
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Questionário do
Aluno
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Sugestões de
Projetos e Ações
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Projeto Xique – Xique:


Projeto foi criado pelo professor Donilio Vinicius para ajudar a
desenvolver ações pedagógicas na disciplina de matemática em 2022/ 2023.
Objetivos: Desenvolver o seu raciocínio lógico e estimular a sua
curiosidade. Interligar o estudo da matemática com seu cotidiano, perceber a
presença da matemática em tudo que fizermos. Desenvolver e resolver
situações-problemas, criando e elaborando técnicas de resolução válidas no
encontro das soluções.
Público alvo: Alunos do 6° ao 9° anos da EMBEV.
Projetos e Ações ofertados:
• Gincana no dia 6 de maio em comemoração ao dia da Matemática
• Aulões de Matemática para provas da OBMEP NA 2° Fase dia 08 de
outubro em formato hídrico.
• Cursinho preparatório de Matemática IFRN
• I Olimpíada de Matemática da EMBEV
• I Amostra de Ciência e Matemática
• Construção dos jogos em Matemática - Laboratório
Origem do nome do projeto:
Está cactácea se desenvolve nas áreas mais secas do semiárido
nordestino. Normalmente cresce em solos rasos, sobre as fendas das rochas e
também cobre extensas áreas da Caatinga. Durante a seca mais intensa, é
praticamente a última (e única) alternativa de alimentação para os animais nas
propriedades rurais (quando as reservas de mandacaru, macambira e coroa-de-
frade não existem mais).
Ao fazer uma análise com educação podemos dizer que na maioria das
vezes os estudos para as pessoas que mora nesse tipo de região é única alternativa
de ter melhores condições para se apropriar, bem como construir saberes e
informações em que permite o sucesso alcançado através dos estudos para uma
grande mudança de vida.

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