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História – construção da modernidade europeia

Nos seculos XVII e XVIII, surgiu a base da ciência moderna. Defendia-se o


conhecimento assente num método científico rigoroso, associado á observação, á
experimentação e á razão (racionalismo).
O método científico foi amplamente seguido por pensadores dos mais variados
domínios do conhecimento, transformando a forma de pensar e de explicar o mundo
através da ciência, num processo designado “revolução científica” recusaram-se os
preconceitos e criaram-se teorias e métodos que favorecem o avanço da ciência.
Principais impulsionadores:
 Galileu
As suas observações, baseadas no conhecimento matemático, abriram caminho ao
conhecimento científico.
Na obra Mensageiro das Estrelas questionou o saber académico e livresco e as
convicções defendidas pela igreja.
Defendeu o saber resultante do confronto com a realidade.
Utilizou a luneta astronómica e comprovou a teoria heliocêntrica de Copérnico,
refutando o geocentrismo ptolemaico.
 Francis Bacon
Defendeu um novo método para chegar ao conhecimento, baseado na observação, na
experiência e na indução.
Na obra Novum Organon defendeu o conhecimento a partir de uma observação
empírica particular (facto) para chegar a uma conclusão universal.
 René Descartes
Formulou a proposição “Penso, logo existo”, defendendo o pensamento racionalista.
Na obra O Discurso do Método defendeu os princípios para o conhecimento do
individuo e do mundo.
Desenvolveu o método cartesiano para chegar ao conhecimento. Este era composto por
quatro etapas: a evidencia (não aceita como verdadeiro o que a razão não reconhece), a
analise (decomposição do problema em várias partes), a síntese (ordena as observações
do mais simples para o mais complexo), a enumeração (garante que o processo está
completo).

 Isaac Newton
Na sua obra Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, conjugou a razão, a
observação, a demonstração e a analise matemática.
Formulou a lei da gravitação universal.
Demonstrou que o universo era infinito e se regia por regras matemáticas, pondo fim á
cosmologia antiga.

Alem destas personalidades, outros protagonistas ficaram igualmente associados ao


nascimento da ciência moderna em diversas áreas do saber. Para o desenvolvimento
científico contribuíram diversas inovações e instrumentos que abriram novos caminhos
á investigação, tais como:
Os gabinetes de curiosidades: laboratórios improvisados, em pequena escala.
As academias: instituições que promoveram a ciência e difundiram os novos
conhecimentos e descobertas.
Protagonistas e instrumentos no avanço da ciência
Edmond Blaise Pascal Johannes William
Halley Kepler Harvey
Descreveu Criou a teoria Descobriu Descreveu, em
a orbita de do cálculo das as três leis 1628, o circuito
um probabilidade do continuo da
cometa s e inventou a moviment circulação
observado primeira o dos sanguínea.
em 1531 e máquina de planetas,
1607, calcular: a que se
calculand Pascaline em deslocam
o que 1642. numa
seria orbita
visível a elíptica em
cada 75 torno do
anos. sol. 1609

Microscópio Luneta Barómetro Telescópio


astronómica e
termómetro
Inventado em Inventados por Criado em 1643 Criado por Hans
1590, por Hans e Galileu em 1610. por Torricelli. em 1608.
Zacharias Janssen,
possibilitou
avanços na
microbiologia e no
estudo de micro-
organismos.

A filosofia das luzes


O iluminismo foi um movimento intelectual, filosófico e literário, que se iniciou na
segunda metade do século XVII e se prolongou no século XVIII. Defendia o uso da
razão como base do conhecimento, a ideia de liberdade, de progresso e a procura da
felicidade, recusando a autoridade absoluta e a opressão.
A sua transformação na Europa deu se através de vários meios de difusão, tais como:
 Academias- sociedades formais que tinham objetivos científicos, promoviam e
divulgavam a ciência, as artes, as letras, as línguas e a história.
 Bibliotecas e gabinetes de curiosidades- colecionavam trabalhos científicos e
exibiam coleções de objetivos arqueólogos ou raridades.
 Língua francesa- usada correntemente pelos iluministas, favoreceu a
universalidade e a difusão das ideias das luzes.
 Cafés- locais onde se reuniam os iluministas, tais como Voltaire e Diderot, e se
debatiam novas ideias.
 Imprensa- a publicação de jornais e revistas científicas facilitou a difusão das
novas ideias a um publico mais alargado.
 Salões- locais de convívio social onde os anfitriões recebiam os artistas, os
sábios, os poetas e os filósofos, nos quais se debatiam temas específicos.
 Enciclopédia- obra publicada entre 1751 e 1772, em 35 volumes. Reuniu os
mais importantes vultos do iluminismo, tendo um caracter universalista,
abarcando um vasto conjunto de conhecimentos (Diderot e D`Alembert). A
partir de 1759 passou a integrar o Index, por ser considerada uma obra proibida.
Os iluministas defenderam um novo olhar sobre o mundo e uma nova forma de
pensamento. O uso da razão foi entendido pelos iluministas como motor do progresso,
do conhecimento e do desenvolvimento da humanidade.
 Consideraram a época anterior á sua como um período de trevas, marcado pela
superstição e tradição.
 Recusavam a ausência do espírito critico e os dogmas que, em seu entender,
eram entraves ao desenvolvimento do ser humano e do mundo.
 Valorizavam o uso da razão, como forma de passar das trevas para a luz numa
luta contra a ignorância e o fanatismo, a intolerância e a injustiça.
 Reexaminaram e questionaram o passado, defenderam a contestação e a abolição
de verdades consideradas, até então, inquestionáveis, imutáveis e irrefutáveis.
O pensamento racionalista do seculo XVIII estava ligado á valorização da ideia e de
progresso. De acordo com o iluminismo:
 Só pela razão se compreendia melhor o mundo, se progredia e atingia a
felicidade.
 A liberdade do pensamento, orientada pelo uso da razão era fundamental para
atingir o progresso material e espiritual, com vista á melhoria do individuo e da
sociedade.
 O desenvolvimento de várias áreas de conhecimento, consideradas alicerces da
modernidade, permitia mudar a sociedade, política e económica.
 Todos os indivíduos eram dotados de razão e, desde que fizessem um bom uso
das suas faculdades, podiam chegar á verdade.
 A razão comandava o pensamento e as ações humanas ligavam a teoria á pratica,
possibilitando ajuizar de forma esclarecida.
 Os progressos proporcionavam o desenvolvimento intelectual, moral e material
do indivíduo e permitiam alcançar a felicidade.

O valor do individuo começou a ser defendido entre as elites intelectuais do iluminismo:


 Recusavam os privilégios do nascimento.
 Valorizavam o mérito, o desenvolvimento das capacidades, o estudo e o saber.
 Valorizavam a liberdade individual, interligando-a com o ideal de universalidade
humana, na união de raças, regiões e culturas.

As Luzes fizeram apologia da tolerância:


 Valorizavam a justiça e a tolerância, valores fundamentais na construção de uma
sociedade melhor.
 Afirmaram os princípios na universalidade, da harmonia, da liberdade e da
igualdade.
 Condenaram a tortura, contraria ao ideal da felicidade, por atentar contra a
dignidade humana.

As Luzes atribuíram uma importância fundamental á educação:


 Para moldar o ser humano e promover o seu desenvolvimento moral e
intelectual.
 Para atingir a felicidade e alcançar um lugar na sociedade.
A educação devia ter uma vertente eminentemente pratica, centrada em disciplinas
como a matemática e as ciências.

Os iluministas defenderam que a liberdade do ser humano era um direito natural:


 Defenderam a liberdade individual e de pensamento.
 Defenderam a ideia de uma religião natural em que Deus não era a pertença, de
modo a combater o fanatismo religioso, a intolerância e a perseguições.
 Condenaram a escravatura, as arbitrariedades e o determinismo que
condicionava a ação humana.
 Defenderam a liberdade económica e a livre circulação.
Voltaire, um dos vultos do iluminismo, destacou-se pela defesa da tolerância, pela
recusa das superstições e das injustiças cometidas em nome da religião.

A ideia do direito natural ganhou relevância durante o período das Luzes.


Teoria do direito natural soberano por natureza (determinava a liberdade e a
integridade individual)
· O iluminismo dedicou particular atenção às desigualdades e às injustiças do Antigo
Regime bem como às questões da tolerância e do Humanismo/Humanitarismo.
· Os iluministas insurgiram-se contra os atropelos à dignidade moral, efetuada pelo
direito penal vigente.
· Em 1764, Cesar Beccaria publica sobre os Delitos e as Penas, tratado polémico e de
grande impacto, onde condena veementemente a tortura nos interrogatórios, os métodos
da inquisição e a forma bárbara como eram cumpridas as sentenças.
. Beccaria vai mesmo mais além, chegando a questionar a legitimidade da pena de
morte: "Que direito é esse, que os homens se arrogam, de matar o seu semelhante?"
· Vozes como estas contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da fraternidade
humana. A justiça suavizou-se em numerosos países como a Suécia, a Dinamarca, a
Áustria, a frança ou a Prússia, onde Frederico II proibiu a tortura como forma de
apuramento da verdade instando os juízes a que se guiassem pelo "São entendimento
humano".
· No século XIX este Humanitarismo desenvolveu-se conduzindo, por exemplo, á
abolição da escravatura, de que Portugal foi primeiro.
Portugal, na segunda metade do século XVIII, era um país onde as ideias iluministas
ainda não tinham chegado;
 A Inquisição perseguia todos aqueles que defendiam as novas ideias;
 O ensino continuava dominado pela Companhia de Jesus que recusava integrar
as novas ideias, o ensino experimental e descobertas científicas nas escolas;
Iluminismo e despotismo iluminado em Portugal
Os estrangeirados (entrada da modernidade iluminista)
A filosofia iluminista colocava o ensino no centro da política pois considerava a
ignorância como o grande travão da evolução dos povos;
Os estrangeirados foram os grandes divulgadores das ideias iluministas em Portugal;
Estas, conscientes do atraso do país, publicam vários livros e outras publicações que
influenciaram as decisões políticas;
Os estrangeirados eram portugueses que tendo vivido no estrangeiro tomaram contacto
com o progresso e pretendiam implementá-lo em Portugal;
Em Portugal o iluminismo adquiriu sobretudo, uma feição de Estado apresentando sob a
forma de despotismo iluminado. – Monarca iluminado pela razão.
Em Portugal esta filosofia materializou-se na ação governativa de marques de pombal,
ministro todo-poderoso o rei D. José I.

A submissão das forças sociais


Os principais objetivos do Marquês eram a modernização do país e o fortalecimento
dos poderes do Estado;
Esta política teve a oposição da Alta Nobreza e de alguns setores de Igreja,
nomeadamente a Companhia de Jesus;
Em 1758, após um atentado contra D. José I, o Marquês de Pombal perseguiu várias
famílias nobres, nomeadamente os Távoras, que foram executados;
A Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal;

Reordenamento urbano
Em 1755, Lisboa foi quase completamente destruída por um terramoto, nessa altura
destacou-se a personalidade do Marquês de Pombal que tomou medidas para socorrer
as vítimas e iniciar a reconstrução da cidade;
A cidade de Lisboa foi reedificada segundo um projeto arquitetónico moderno,
criando aquilo que hoje se chama a baixa pombalina;
Foram criadas ruas largas e retilíneas, uma praça monumental, Praça do Comércio;
Os blocos de prédios eram idênticos, de linhas simples e de construção robusta;
Esta construção urbanística é uma afirmação do despotismo iluminado.

O Marquês de Pombal iniciou um vasto programa de reestruturação do ensino;


A expulsão da Ordem de Jesus, que se dedicava ao ensino, tinha criado um vazio em
muitas escolas do país;
Foram criados quase 500 postos para "mestres de escrever e ler", para promover o
ensino das primeiras letras, aquilo que hoje chamamos o ensino básico;
Foram fomentados os estudos para alunos que queriam ingressar na Universidade
para as disciplinas de Latim, Grego, Retórica, Filosofia, etc., cerca de 360, o equivalente
ao atual ensino secundário;
A Universidade de Évora, dirigida pelos jesuítas foi encerrada;
A Universidade de Coimbra estava dominada por um ensino muito antiquado e
tradicional;
Em 1768 é criada a Junta da Previdência Literária para estudar a reforma da
Universidade;
Em 1772, a Universidade de Coimbra passa a ter novos estatutos;
Estes vão no sentido de criar uma universidade moderna e com métodos de ensino
baseados no experiencialismo e racionalismo;
São criadas novas faculdades e os cursos tradicionais são reformados;
Pombal criou um imposto, Subsídio Literário, para subsidiar as reformas no ensino
(1772);
Pombal fundou a Aula do Comércio (1759) para preparar os comerciantes para a sua
atividade;
A reforma pombalina do ensino insere-se na ideia, do estado absoluto, de submeter,
através da educação, os grupos privilegiados e instruir a nova burguesia, sem qualquer
atenção à educação do povo;
Abolida a Inquisição foram criados outros órgãos incumbidos da repressão e da
censura de todos aqueles que se opunham ao estado absoluto;

A Revolução Americana
Países que possuíam territórios na América do Norte, em 1774:
França; Inglaterra; Espanha; Holanda…
Motivos que conduziram os povos dos primeiros Estados independentes na
América à revolta contra a Inglaterra:
Os conflitos entre as colónias americanas e a Inglaterra intensificaram-se após a guerra
dos 7 anos, uma vez que o governo inglês na tentativa de recuperar as suas finanças
tomou um conjunto de medidas que provocaram um sentimento de revolta entre as
colónias.
Entre essas medidas está o aumento dos impostos sobre o selo (que levou a que em
alguns jornais estivesse presente uma caveira, que substituía a símbolo de imposto de
selo. Como geralmente a caveira está associada à morte os editores dos jornais
pretendiam criticar o lançamento de mais um imposto por parte da Inglaterra sobre as
colónias americanas), o chá, o açúcar, vidro, chumbo, papel e outros produtos coloniais.
As colónias inglesas foram ainda obrigadas a suportar despesas militares da Inglaterra
na América e viram recusado o pedido de representantes no parlamento britânico.
Estes motivos de descontentamento aliados à difusão das ideias iluministas e
liberalistas, iram contribuir para o crescimento do sentimento de revolta entre os
colonos americanos.
Acontecimentos referentes ao processo revolucionário americano:
O conflito crescente entre as colónias americanas e as autoridades inglesas. Os colonos
americanos recusavam-se a aceitar o pagamento de mais impostos e em 1770 na cidade
de Boston deu-se um dos primeiros incidentes antes da revolução. Um grupo de colonos
que se manifestava contra o pagamento de impostos foi recebido a tiro pelas tropas
militares inglesas (Massacre de Boston). O “Boston Tea Party” foi uma revolta contra o
imposto britânico sobre o chá em que os colonos americanos disfarçados de índios
lançaram ao mar a carga de chá de vários navios ingleses. Estes dois acontecimentos
levaram a que, como forma de represália, os ingleses lançassem as chamadas leis
intoleráveis, que provocaram o corte definitivo das relações com a Inglaterra e deram
início ao movimento revolucionário americano.
Princípios ideológicos que nortearam os políticos da revolução americana de 1776:
Na declaração de independência americana de 1776 reafirmaram-se dois princípios
fundamentais do movimento iluminista: o princípio da igualdade, todos os homens
nascem iguais e com um conjunto de direitos inalienáveis, o direito à vida, à liberdade e
à felicidade; o princípio da soberania popular, ou seja, o poder reside no povo e como
tal os governos só são legítimos, quando mandatados pelo povo.

De que forma o regime político adotado pelo Estado Americano, após a revolução é
coerente com os princípios defendidos na Declaração da Independência:
É coerente, no sentido em que a aplicação dos princípios iluministas deu origem à
criação de uma república federal, associado de forma livre todos os Estados americanos.
Deste modo, através da constituição definiram-se os direitos e os deveres essenciais de
todos os cidadãos. No entanto o princípio da igualdade e da soberania popular nem
sempre foi respeitado, porque a escravatura era legal e o direito de voto não era
extensível a todos os cidadãos.

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