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2024
Rio de janeiro
O QUE É ELA?
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é a doença do neurônio motor. Embora
reconhecida e caracterizada primeiramente por degeneração dos neurônios motores no
córtex, tronco encefálico e medula espinhal, a ELA é atualmente mais bem conceituada
como uma doença multissistêmica em que o sistema motor é tipicamente o primeiro e o
mais drasticamente afetado.
NO BRASIL
No Brasil, o primeiro relato da ELA coube a Dr. Cypriano de Freitas, publicada em
1909, e, em 1910, nos arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal,
pág. 71. Em 1916, o Dr. Gonçalves Viana, professor catedrático de Anatomia e
Fisiologia Patológicas de Medicina de Porto Alegre, descreve dois pacientes com ELA.
Um dos pacientes, com apresentação inicial bulbar, foi motivo de estudo e de defesa de
tese pelo Dr. Raul Moreira da Silva, em 1916.
FISIOPATOLOGIA
Na ELA, há dois tipos de neurônios motores afetados: os neurônios motores superiores
ou os primeiros neurônios (células de Betz), que se localizam na região motora do
cérebro (giro pré-central); os neurônios motores inferiores ou os segundos neurônios,
que se localizam no tronco cerebral e na porção anterior da medula espinhal. Os
neurônios motores superiores controlam a atividade dos neurônios motores inferiores
por meio do envio de mensagens químicas (neurotransmissores) A ativação dos
neurônios motores inferiores estimula a contração dos músculos voluntários do corpo.
Os neurônios motores inferiores presentes no tronco cerebral estimulam os músculos da
face, boca, garganta e língua. Os neurônios motores inferiores na medula espinhal
acionam todos os outros músculos voluntários do corpo, incluindo os membros
superiores e inferiores, o tronco, o pescoço e o diafragma.
O diagnóstico da ELA é baseado em critérios clínicos, eletrofisiológicos e laboratoriais,
e requer a exclusão de outras doenças que possam mimetizar os sintomas.
O primeiro e principal sintoma da ELA é a fraqueza, que pode ocorrer em um lado do
corpo. Outro sintoma inicial da doença é a atrofia muscular de um membro específico
(por exemplo: perna, mão ou braço).
Além disso, espasmos musculares, cãibras, perda de coordenação motora, falta de
sensibilidade, dificuldade para caminhar, dificuldade para escrever e problemas de
deglutição também fazem parte dos sintomas da ELA.
A progressão da doença varia em cada caso. Pode durar semanas ou meses, e a
progressão ou estagnação da perda de função também pode variar durante esse período.
À medida que a doença progride, os músculos respiratórios também são afetados,
causando dificuldade para respirar, insuficiência ou até parada respiratória. Mais tarde,
são afetadas as funções vocais e respiratórias. Os nervos cranianos, que controlam a
visão e os movimentos oculares, e os seguimentos sacros inferiores da medula espinhal,
que controlam os esfíncteres, não são usualmente afetados.
Com o progresso da deterioração da ação muscular voluntária, os indivíduos que
alcançam os estágios avançados da enfermidade podem chegar a ficar completamente
imobilizados (disfagia/ disartria).
A classificação das doenças neuromusculares depende de vários critérios, incluindo
síndrome clínica, com predominância de envolvimento dos tipos de neurônios motores,
alterações morfológicas, padrão de herança, achados eletrofisiológicos, e anormalidades
bioquímicas e imunológicas.
EPIDEMIOLOGIA
Apesar de, ELA seja considerada uma doença de ocorrência rara, cerca de 1 caso para
100 000 pessoas no ano, ela representa um grande impacto pessoal e socioeconômico
para o indivíduo e para a sociedade. Assumindo-se que uma família completa é
equivalente de 3 gerações, e que cada indivíduo tem 2 filhos, e que o período de cada
geração é de 20 anos, calcula-se que 1 em cada 200 indivíduos tenha um membro
familiar afetado pela ELA. Exceto em um pequeno foco no Pacífico Ocidental, onde a
ELA assumiu uma forma epidêmica, a frequência é similar em todo o mundo.
Aparentemente, a frequência tem aumentado uniformemente e não parece que se
encontra relacionada com a maior habilidade dos médicos para reconhecerem a doença.
Sob uma forma mais geral, no estudo da ELA análise que o sexo masculino é mais
comprometido que o feminino em uma proporção de 2:1 e os brancos são mais afetados
que os negros, com média de idade do início aos 57 anos, um pouco mais precoce nos
homens. Pessoas com mais de 40 anos por cerca de 4% a 6% dos casos afetados. A
forma e ocasional é a forma mais comum desta doença, de todos os casos no mundo
todo contabiliza cerca de 90%.
A média de sobrevivência dos pacientes após o início dos sintomas é de 3 a 5 anos. Na
forma com envolvimento bulbar (Paralisia Bulbar Progressiva) a sobrevivência é menor,
variando de 6 meses a 3 anos. Há, por outro lado, pessoas que vivem mais do que dez
anos com a doença.
Os estudos epidemiológicos as 3 formas de apresentação da doença: ELA esporádica
(forma clássica); ELA familiar; ELA do Pacífico Oeste. A ELA familiar tem uma a
forma de herança autossômica dominante e o quadro clínico é indistinguível da forma
esporádica. A ELA do Pacífico Oeste, mais precisamente na Ilha de Guam, 2 400 km ao
sul do Japão e 2 000 km a leste das Filipinas, a maior das Ilhas Marianas, acomete a
população dos Chamorros apresenta uma prevalência 50 a 100 vezes maior que no
restante do mundo. Recentemente, o Dr. P.A. Cox, do Instituto de Ethnobotany, Kauai,
Havaí, apresentou uma nova explicação para este interessante aspecto clínico.
Considerando-se que a doença tinha um forte impacto regional, possivelmente
relacionada com aspecto nutricional, estudou-se o hábito alimentar nesta região. Um
outro hábito alimentar particular deste povo era a ingesta de “flying fox”, uma espécie
de morcego com aspecto facial de raposa. A análise de BMAA neste morcego
demonstrou a presença muito elevada de BMAA. Este aminoácido excitatório cruza
barreira hematoencefálica e se mostrou aumentado no cérebro de seis pacientes com o
complexo ELA/ Parkinson/Demência. A origem do BMAA encontra-se nas
cianobactérias que vivem em simbiose com os frutos de plantas, que por sua vez são
fonte nutricional para os “flying-fox”. Demonstrando assim, uma associação entre uma
neurotoxina presente no meio ambiente e um comprometimento cerebral onde ELA é
uma característica dominante.
ETIOLOGIA
A causa para a Esclerose Lateral Amiotrófica não é totalmente esclarecida. Os trabalhos
epidemiológicos e, sobretudo os experimentos com modelos animais têm permitido
concluir que a doença se relaciona com a presença de algum fator genético e a sua
expressão clínica estaria relacionada com a exposição deste indivíduo, marcado
geneticamente, a algum fator, ou fatores, que funcionariam como gatilho para o
desencadeamento do processo de degeneração do motoneurônio.
Existem extensos dados que demonstram a existência de fatores exógenos e endógenos
associados ao aumento da incidência e incidência de ELA em determinadas populações.
Um número crescente de fatores de risco exógenos foi identificado, mas há poucas
evidências de uma forte associação com o desenvolvimento da doença. Por outro lado,
os fatores de risco endógenos ou genéticos estão sendo cada vez mais explorados e se
tornando cada vez mais importantes na origem da ELA. Apesar dos resultados
encorajadores, os verdadeiros mecanismos fisiopatológicos desta doença progressiva e
fatal permanecem obscuros.
Estudos epidemiológicos sugerem que pacientes com ELA esporádica podem ter sido
expostos a toxinas ambientais. A exposição a fumos/fibras, atividade física, metais
pesados, produtos químicos agrícolas, radiação/campos eletromagnéticos e o tipo de
dieta foram estudados por se pensar estar associado ao risco de desenvolver ELA.
CÉLULA
Disfunção mitocondrial: Alterações na função e na estrutura das mitocôndrias têm sido
observadas em pacientes com ELA e em modelos animais da doença. A disfunção
mitocondrial está associada a um aumento do estresse oxidativo, à redução na produção
de energia e à indução de morte celular.
A disfunção mitocondrial é uma condição caracterizada pela deficiência ou diminuição
da atividade das mitocôndrias, pequenas estruturas presentes dentro das células. Essas
mitocôndrias são responsáveis por produzir mais de 90% da energia necessária para o
funcionamento celular. Quando há problemas no funcionamento dessas organelas,
podem ocorrer graves consequências para a saúde.
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