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Técnicas de Investigação em

Psicologia
PESQUISA E DISCUSSÃO

A PSICOLOGIA EXAMINA FREQUENTEMENTE CONSTRUCTOS. QUAL


É A DIFERENÇA ENTRE UM CONCEITO E UM CONSTRUCTO?

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CONCEITO E CONSTRUCTO
• CONCEITOS são designações na linguagem comum de fenómenos
psicológicos (e.g., personalidade, amor, medo)
• CONSTRUCTO refere-se à definição clara e sem viés de um conceito (torna-
se objeto de estudo)
 Permite comunicar, conhecer e manipular fenómenos (torná-los objetos
concretos)

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CONSTRUCTO E VARIÁVEL
• VARIÁVEIS são a característica ou conjunto de características que se
pretende observar ou mediar numa investigação
• DEFINIÇÃO OPERACIONAL do(s) constructo(s) que pretendemos estudar
 Descrição dos procedimentos ou processos utilizados para avaliar
(medir) constructos
 Informação que será recolhida
 Estratégia de análise dos dados

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MEDIDAS
• Os estudos em Psicologia envolvem a aplicação de testes estandardizados,
ou questionários e/ou medição de parâmetros fisiológicos (ECG, EEG, etc)…
• Escolha da medida depende da variável que pretendemos estudar
 Comportamento observado (e.g., ratos a corer num labirinto)Registos
de atividade fisiológica (pressão arterial, batiamento cardíaco)
 Medidas de auto-relato (e.g., avaliação das atitudes, personalidade)

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ESCALAS
• ESCALAS referem-se a testes psicológicos e questionários usados para
avaliar (medir) constructos psicológicos
• Conjunto de itens (questões ou afirmações)
• Respostas aos itens são classificadas e combinadas para produzir uma nota
(score) da escala

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ESCALAS

ESCALA DE MEDIDA DAS VARIÁVEIS

Escala Definição Exemplos


NOMINAL Variáveis qualitativas formada por categorias não hierarquizadas Feminino/Masculino
Sim/Não
Muito Insatisfeito
Insatisfeito
ORDINAL Medidas de forma discreta em que pode-se estabelecer uma ordem Nem satisfeito, nem
que tem significado insatisfeito
Satisfeito
3Muito Satisfeito
INTERVALAR Variáveis quantitativas em que não existe um zero absoluto Temperatura
RAZÃO OU Variáveis quantitativas em que existe um zero absoluto Peso, número de
RÁCIO filhos, tempo de
reação
Amadeu Quelhas Martins, Ph.D.
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MEDIDAS, FIABILIDADE (FIDELIDADE), VALIDADE
• Associadas a essas medições estão os conceitos de fiabilidade e validade.
• A fiabilidade ou fidelidade designa a precisão do método de medição e pode
ser investigada através da análise da consistência ou estabilidade desse
método de medição.
• Um instrumento de medida diz-se fiável se não produzir resultados
significativamente diferentes ao ser repetido no mesmo sujeito, e diz-se
válido se traduz verdadeiramente a grandeza que pretende medir.
• Por exemplo, os anos e meses de vida são uma medida válida para a idade, o
peso em Kg já não é uma medida válida para a idade

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FIABILIDADE / FIDELIDADE
• Existem diferentes tipos de fidelidade (Almeida & Freire, 1997; Drost, 2011; Mertens,
2010) associados a diferentes aspetos de uma investigação:

Obter resultados similares no mesmo indivíduo ao Teste-Reteste


longo do tempo (estabilidade)

Itens diferentes medem o mesmo constructo? Ou Inter-Item


seja, perguntando de forma diferente: chegamos
ao mesmo resultado? (consistência interna)
Fidelidade
Observadores diferentes avaliam de forma similar
Inter-Observador
o mesmo fenómeno?

O mesmo observador avalia de forma consistente o


Intra-observador
mesmo fenómeno em momentos diferentes? Internal use
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TIPOS DE FIDELIDADE
1. Fidelidade Teste-Reteste
Estabilidade da medida ao longo do tempo (Drost, 2011).
• Como se avalia? Administra-se o mesmo instrumento aos mesmos indivíduos, nas mesmas condições, em
pelo menos dois momentos distintos.

2. Consistência interna (inter-item)


Os instrumentos são constituídos por vários itens que, em conjunto, avaliam um
determinado constructo. Será que todos têm igual eficácia?
• Instrumento com itens do tipo Likert: Coeficiente alfa (α) de Cronbach – calculado a partir do número de
itens, da média da covariância inter-item e da variância média dos itens
• Instrumento constituído por itens dicotómicos: Coeficiente de Kuder-Richardson – calculado a partir do
número de itens, da soma da variância de todos os itens e da variância do teste.

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TIPOS DE FIDELIDADE
3. Fidelidade Inter-observadores
Avalia-se o grau de concordância (acordo) entre os dados recolhidos por dois ou mais
observadores independentes com o mesmo instrumento de medida.
• DEMONSTRAR KAPPA de Cohen e Coeficiente de correlação de rankings de Spearman:
https://statistics.laerd.com/statistical-guides/spearmans-rank-order-correlation-statistical-guide.php
• Pretende-se medir o erro externo, oriundo da falibilidade da observação humana

4. Fidelidade Intra-observador
Avalia-se o grau de concordância (acordo) entre duas observações efetuadas em momentos
diferentes pelo mesmo observador, i.e., a sua consistência na interpretação das
observações.
A fidelidade intra-observador pode ser também avaliada através do coeficiente de
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correlação de rankings de Spearman. Internal use
TIPOS DE VALIDADE
A medida revela o objetivo da
Face validity
investigação?

Medidas de constructos similares estão Validade de Constructo


fortemente correlacionadas? Convergente

Medidas de constructos não relacionados Validade de Constructo


não estão correlacionadas? Discriminante
Validade
A medida permite fazer a distinção entre
Validade de Critério
grupos?

As variações na VD devem-se única e


Validade Interna
exclusivamente ao efeito da VI?

Podemos generalizar os resultados? Validade Externa


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TIPOS DE VALIDADE
1. Validade facial (“face validity”)
A validade facial refere-se à objectividade com que o instrumento mede o construto.
• O instrumento espelha claramente o constructo que pretende avaliar?

2. Validade convergente de constructo


A validade de constructo convergente permite definir em que medida um instrumento avalia
o constructo em questão e não outras variáveis ou fenómenos normalmente associados ao
constructo.
• Em que circunstâncias é importante? Quando se utiliza um instrumento pela primeira vez, para garantir que
avalia, de facto, o constructo em questão.
• Como se calcula? Através da comparação do instrumento em causa com outro instrumento que avalie o
mesmo constructo e que já tenha dado provas de ser válido, denominado de gold standard.

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TIPOS DE VALIDADE
3. Validade discriminante de constructo
Se dois constructos são distintos, então, as medidas que os avaliam não devem estar
fortemente correlacionadas.
• Em que circunstâncias é importante? Deve ser testada quando se utiliza um instrumento pela primeira vez,
para garantir que não avalia outros constructos além do constructo em questão.
• Como se calcula? Através da comparação do instrumento em causa com outro instrumento desenhado
para avaliar um constructo diferente.
4. Validade de critério
Permite definir em que medida um instrumento permite distinguir entre dois ou mais grupos
Funciona através da correlação entre um instrumento e uma outra medida independente,
que serve de critério e que trata o mesmo fenómeno ou conceito.
• Em que circunstâncias é importante? Quando precisamos de um critério para distinguir grupos de
indivíduos com as mesmas características.
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TIPOS DE VALIDADE
5. Validade interna
A validade interna de um estudo é óptima quando se pode afirmar que as mudanças
observadas na variável dependente se devem única e exclusivamente ao efeito da variável
independente, e não a quaisquer outros fatores externos.
• Em que circunstâncias é importante? Quando pretendemos testar se uma determinada variável
dependente (VD) varia apenas em função de uma ou mais variáveis independentes (VI).

6. Validade externa
Capacidade de generalização dos resultados obtidos com uma determinada amostra para a
população que esta representa, para outras pessoas e contextos.
• Em que circunstâncias é importante? Quando se pretende generalizar os resultados a uma determinada
população.
• Como prevenir problemas de validade externa? Utilizando métodos de amostragem aleatórios.
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