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APRESENTAÇÃO
Você já deve ter parado pra pensar sobre o quanto a coleta e o transporte adequado do esgoto de
sua casa é importante e o quanto isso contribui para a saúde de sua família. E para onde vai esse
esgoto que é coletado de sua casa quando não tem coleta pública em sua rua? Existe uma soluçã
o para descartar adequadamente esse esgoto minimizando a agressão ao meio ambiente? A respo
sta é sim, existem processos simples de tratamento do esgoto que podem ser implantados em seu
terreno, são chamados de sistemas individuais de tratamento e são a solução adequada nesses ca
sos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá algumas propriedades importantes do esg
oto e entenderá a importância de um tratamento adequado. Também será abordado o dimensiona
mento de algumas unidades mais utilizadas em sistemas de tratamento individuais e os parâmetr
os adotados para um correto dimensionamento de cada um desses sistemas.
Bons estudos.
INFOGRÁFICO
A destinação do esgoto coletado em uma residência deve ser realizada de forma correta, ou seja,
na rede pública de esgotos, se existir, se não houver essa opção, deve-se optar por um tratament
o individual. O sistema individual é relativamente simples de ser operado dependendo do sistem
a adotado. O sistema mais barato e usual é a fossa séptica seguida por uma unidade complement
ar que pode ser um filtro, um sumidouro ou outro método de destinação final. Qualquer que seja
o sistema adotado, é preciso seguir as recomendações das normas para que tenha uma eficiência
adequada. Leia o capítulo Esgotos: tratamento e aprofunde seus conhecimentos.
Boa leitura!
SANEAMENTO
Eliane Conterato
Esgotos: tratamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Você já deve ter passado por situações desconfortáveis ao abrir uma
torneira ou um chuveiro e não possuir água em quantidade ou pressão
suficiente. Ao escolher o diâmetro da tubulação pela vazão total não
estamos considerando a perda de carga no caminho percorrido pela
água do reservatório até o ponto de utilização. Quando existe uma grande
perda de carga, a pressão dinâmica final pode não ser suficiente, ou seja,
a água não chegará com pressão adequada.
Quando problemas como esse ocorrem é preciso redimensionar
a tubulação aumentando o diâmetro e recalculando novamente, até
obter um resultado satisfatório de pressão dinâmica. Nesta unidade de
aprendizagem você conhecerá os procedimentos de cálculo e verificação
para que a tubulação funcione adequadamente, desde o barrilete até o
ramal o ponto de utilização.
O esgoto sanitário
Definimos como esgoto sanitário todo o despejo líquido constituído de es-
gotos, seja doméstico e industrial, além de água de infiltração. Há três tipos
de despejos:
Uma pessoa gera, em média, de 100 a 200 litros de esgoto por dia, depen-
dendo da região onde vive e das atividades que desempenha. A quantidade
de esgoto gerado é uma função do consumo de água diário. Veja na Tabela 1
a seguir como é distribuído o consumo de água em uma residência.
Lavagem de roupa 20
TOTAL 100-200
Esgotos: tratamento 3
Figura 2. Tipos de fossa séptica (imagem de fossa industrializada e corte de fossa moldada
in loco).
Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (2011).
V = 1000 + N . (C.T + K. Lf )
Onde:
V = Volume útil do tanque séptico, dado em litros;
N = Número de habitantes ou unidades de contribuição;
C = Contribuição de esgoto, dada em L/Hab. x dia ou em L/Unid. x dia;
K =Taxa de acumulação de lodo;
Lf = Contribuição de lodo fresco, dado em L/Hab. x dia ou em L/Unid. x dia;
T = tempo de detenção, em dias.
O início do cálculo parte da identificação do número de ocupantes da resi-
dência ou do comércio, os quais contribuirão para os despejos de esgotamento
sanitário. A quantidade de pessoas é descrita na equação pela letra “N”.
Boa parte da água utilizada através dos aparelhos sanitários retorna ao
sistema de esgotamento sanitário. Esse percentual de esgoto é definido como
coeficiente de retorno (C) e especificado por norma pelo valor de C = 0,80,
ou seja, é como se considerássemos que 80% da água consumida na edificação
voltasse como água servida (esgoto). A mesma norma estabelece que este
valor pode variar quando devidamente justificado pelo projetista. Há casos
em que não é possível quantificar o consumo de água predial, assim, o uso do
Esgotos: tratamento 7
Tabela 2. Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de
ocupante.
Contribuição
de esgotos (C) e
Prédio Unidade lodo fresco (Lf)
1. Ocupantes – residência
Padrão alto pessoa 160 1
Padrão médio pessoa 130 1
Padrão baixo pessoa 100 1
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) pessoa 100 1
Alojamento provisório pessoa 80 1
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral pessoa 70 0,30
Escritório pessoa 50 0,20
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,20
Escolas (externatos) e locais de longa pessoa 50 0,20
permanência
Bares pessoa 6 0,10
Restaurantes e similares refeição 25 0,10
Cinemas, teatros e locais de curta lugar 2 0,02
permanência
Sanitários públicos (A) bacia sanitária 480 4,0
(A) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária , ferroviária, logradouro público, estádio
esportivo, etc.).
Dias Horas
Tabela 4. Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas e
temperatura do mês mais frio.
t ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
Vu = 1,6 N . C . T
Onde:
V = Volume útil do filtro, dado em litros;
N = Número de habitantes;
C = Contribuição de esgoto, dada em L/Hab. x dia;
T = Tempo de detenção hidráulica dado em dias (fornecido pela Tabela 6
a seguir).
Esgotos: tratamento 11
Dimensionamento de sumidouro
O sumidouro consiste em um grande tanque onde o efluente é infiltrado pelo
fundo e pelas laterais. Pode ser preenchido com um material poroso ou ainda
ter o fundo e as laterais cobertas por material que permita a infiltração.
Para o dimensionamento do sumidouro, é preciso conhecer as caracterís-
ticas do solo em que este será instalado, pois isso determina como o efluente
infiltrará. O cálculo é simples e necessita apenas do volume total (em litros)
de contribuição diária de esgoto e do coeficiente de infiltração do solo (dado
em L/m² x dia).
A contribuição diária total de esgoto é a mesma encontrada anteriormente
no cálculo do tanque séptico, ou seja, será o número de habitantes multiplicado
pela contribuição diária por pessoa. O coeficiente de infiltração é encontrado
por meio de teste de percolação no solo. Cada tipo de solo apresenta um
12 Instalações hidráulicas
Argila arenosa 40 a 60
A= V/C
Onde:
A = Área de infiltração necessária para o sumidouro, em metros quadrados;
V = Volume total de contribuição diária de esgoto, em litros por dia;
C = Coeficiente de percolação do solo (l/m²/dia).
Esgotos: tratamento 13
Calcule o volume total útil do tanque séptico e do sumidouro e suas dimensões para
uma residência padrão alto com 5 habitantes. Adote a temperatura ambiente da região
de 25ºC e coeficiente de infiltração de 40 L/m² x dia.
Resolução:
1° – Conforme a tabela de contribuição diária de esgoto para esse tipo de residência,
o volume de esgoto é de 160 litros/pessoa x dia, e a contribuição de lodos frescos é
de 1 litro por pessoa.
2° – Basta multiplicar o volume de contribuição de cada habitante pelo número de
pessoas: 160 x 5 pessoas = 800 litros /dia.
3° – O volume total de esgoto lançado pela edificação em um dia é de 800 litros.
4º – Com o valor encontrado do volume total de esgoto lançado pela edificação
(800 litros), verifique na tabela o tempo de detenção, que será de T = 1 dia, já que o
volume está abaixo da faixa de 1500 litros.
5º – Para encontrar a variável que falta, basta analisar a temperatura que foi informada,
e definir o intervalo entre as limpezas do sistema. Adotando o período de intervalo de
limpeza de 2 anos, a taxa de acumulação total de lodo será K = 97.
6º – Agora, basta dimensionar o volume útil da fossa pela equação:
V = 1000 + 5 · (160 · 1 + 97 · 1)
V = 2285,00 litros = 2,285 m3
V = 1,2 · 1 · 2
V = 2,4 m3 = 2400 litros
800
A=
40
A = 20 m2
A = π · R2 + 2 · π · R · h
20 = π · 12 + 2 · π · 1 · h
h = 2,68 metros
V = π · R2 · h
V = π · 12 · 2,70
V = 8,48 m3
Esgotos: tratamento 15
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução
CONAMA n° 397, de 3 de abril de 2008. Altera o inciso II do § 4o e a Tabela X do § 5º,
ambos do art. 34 da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA
no 357, de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes. Brasília: CONAMA, 2008.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Reso-
lução CONAMA n° 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de
lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março
de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília: CONAMA, 2011.
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro:
ABES, 2014.
NUVOLARI, A. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. 2. ed.
São Paulo: Edgard Blücher, 2011.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3. ed.
Belo Horizonte: UFMG, 2005.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Quando não se dispõe de coleta pública de esgoto, a destinação final adequada é essencial para e
vitar riscos para você e sua família. Quando descartamos o esgoto de forma irregular, simplesme
nte dispersando em sarjetas, sobre o solo sem preparo ou em fossas negras, assumimos um alto r
isco de adquirir doenças como disenterias, verminoses, infecções e muitas outras de origem ou v
eiculação hídrica. A fossa negra é uma grande fonte de contaminação e ainda é utilizada princip
almente em regiões mais carentes e residências antigas. No Vídeo a seguir, acompanhe como u
ma fossa negra pode facilmente ser uma fonte de contaminação para os habitantes próximos a el
a.
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NA PRÁTICA
Ana tem em sua casa um sistema de tratamento de fossa séptica seguida por sumidouro. O sumi
douro é antigo e apresenta problemas de colmatação, o que dificulta a infiltração. Ana pretende
desativar o sumidouro e optar por outra forma de destinação final, aproveitando parte do terreno
que possui. Para isso ela consulta um profissional da área sobre as alternativas de destinação fin
al que poderiam substituir o sumidouro.
Analisando a área disponível e percebendo a preocupação de Ana com os impactos que o lança
mento inadequado do efluente pode causar, o profissional indica três opções, sendo que uma del
as deverá ser escolhida por Ana:
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
Avaliação qualitativa e quantitativa do reúso de águas cinzas em edificações
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Resolução no 430
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