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PÓS-GRADUAÇÃO EM MERCADOS FINANCEIROS

DIREITO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS

Kalussevico Miguel
Direito dos Valores Mobiliários ou dos Instrumentos financeiros?
❖ O Direito dos Valores Mobiliários é o ramo que, genericamente, se ocupa dos sujeitos,
instrumentos, actividades, estruturas de negociação e supervisão do mercado de capitais.

❖ Esta nomenclatura, actualmente, não capta de forma suficientemente assertiva, i.e.,


abrangente, a noção de instrumento financeiro, pois, analisa apenas a árvore e não a
floresta, sendo por conta disso bastante redutora.

❖ Hoje, deve-se falar em direito dos instrumentos financeiro ou direito do mercado de capitais
em detrimento da nomenclatura “Direito Valores Mobiliários”, por estar em desuso, em função
das razões avançadas.
Conceito – “Direito dos Valores Mobiliários”

❖ Direito do Mercado de Capitais para designar a disciplina que tem por objecto o estudo dos
sujeitos (Emitentes, Investidores, intermediários financeiros, entidades gestoras, contrapartes
centrais, entidades reguladoras e supervisoras) dos bens (instrumentos financeiros = valores
mobiliários, derivados e instrumentos do mercado monetário), das actividades (emissão e
transmissão de instrumentos financeiros, serviços de intermediação, contratos de
intermediação).

❖ Durante muitos anos as legislações estaduais encontravam e ainda encontram, dificuldades


em apresentar um conceito uniforme de instrumento financeiro.

❖ Alguma boa literatura definiu instrumento financeiro como sendo o conjunto de instrumento
jus comerciais heterogéneo susceptível de criação e/ou negociação em mercado de
capitais, com a finalidade primordial de financiamento e/ou cobertura do risco da
actividade económica.
Espécies de Instrumentos Financeiros

❖ Instrumentos Financeiros Mobiliários;


❖ Instrumentos Financeiros Monetários;
❖ Instrumentos financeiros derivados.

✓ Instrumentos Financeiros Mobiliários – São os instrumentos típicos ou primordiais do


mercado de capitais em sentido restrito. Este mercado é caracterizado por ser : (i) um
mercado de médio e longo prazo, (ii) são objecto de uma emissão em sentido técnico,
(iii) são doptados de forma de representação própria, (iv) que são em regra em número
finito (Excepto os FI Abertos e as SICAV), (v) são transacionadas em mercado secundários
e circulam no mercado a contado ou a vista.

✓ Instrumentos Financeiros Monetários – São instrumentos típico do mercado monetário (em


geral, menos de 1 ano), este mercado é caracterizado por ser um mercado de curto
prazo, usualmente reservado a investidores institucionais (DE n.º 320/19), sujeitos a
supervisão própria (BNA, CMC, ARSEG).
Espécies de Instrumentos Financeiros

✓ Instrumentos Financeiros Derivados – São instrumentos do mercado de capitais a prazo,


este segmento é caracterizado por ser um mercado financeiro cujas as operações, no
lugar de serem objecto de execução imediata (operações a contado ou spot) envolvem
a existência de um período de tempo mais ou (menos longo entre a data da sua
realização e data da sua realização).
Instrumentos financeiros
✓ NOÇÃO LEGAL

❖ A noção central de instrumento financeiro encontramo-la no n.º 25 do artigo do artigo 3.º


da LRGIF, segundo qual, são Instrumento Financeiro os instrumento negociáveis em
mercado financeiro, sob a forma de valor mobiliário ou de instrumento derivado.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

❖ Os VM são instrumentos financeiros representados num título ou registo em conta, que


consubstancia posições jurídicas homogéneas e fungíveis e que são susceptíveis de
negociação em mercado organizado.

❖ Os valores mobiliários tradicionalmente conhecidos são as acções e as obrigações,


entretanto, assistiu-se, posteriormente, por via da inovação financeira, a criar de outros
varos mobiliários resultantes da combinação de vários instrumentos financeiros.

❖ Os valores mobiliários são uma categoria dos instrumentos financeiros genericamente


prevista na alínea q) do artigo 2.º do CódVM
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

❖ São valores mobiliários:

✓ Aas acções; (ii)

✓ As obrigações;

✓ As unidades de participação (UPS) em organismos de investimento colectivo;

✓ Os direitos destacados das acções, obrigações e das UPS, desde que o destaque
abranja toda a emissão ou série ou esteja previsto no acto de emissão;

✓ Outros documentos representativos de situações jurídicas homogéneas, desde que


sejam susceptíveis de transmissão em mercado.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

❖ O ordenamento jus mobiliário acolheu o princípio do numerus clausus ou do numerus


apertus em matéria de valores mobiliários ?

❖ Dinâmica dos mercados financeiros como fundamento da não adopção do princípio da


tipicidade.

❖ Flutuacao conceitual-instabilidade conceitual.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

TRAÇOS CARACTERIZADORES DO CONCEITO DE VALORES MOBILIÁRIOS

❖ Representabilidade;

❖ Homogeneidade e fungibilidade; e

❖ negociabilidade
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

REPRESENTABILIDADE

❖ Os valores mobiliários são documentos representativos – supõem um documento na lata


noção de documento do artigo 362.º do CC.

Documento em papel

Documento electrónico

❖ Enquanto documentos representativos em que constituem os instrumentos financeiros,


implicam necessariamente uma forma de representação, cartular ou escritural (cfr. artigo
50.º do CódVM)
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

REPRESENTABILIDADE

❖ A forma de representação é condição sine quo non de existência de um valor mobiliário.


Esta característica permite distinguir os valores mobiliários de outros instrumentos financeiros.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

SITUAÇÃO JURÍDICA

❖ Os valores mobiliários incorporam quaisquer situações jurídicas, isto equivale a dizer que o
seu conteúdo pode ser constituído por toda uma panóplia de posições juridicamente
relevantes.

✓ Posições jurídicas activas - direitos

✓ Posições jurídicas passivas – deveres

✓ Outras posições/situações - ónus, sujeições, meras expectativas

✓ Mesmo dentro de uma posição jurídica activa, pode abarcar indistintamente toda
uma gama de direitos, incluindo direitos sociais.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

HOMOGENEIDADE E FUNGIBILIDADE

❖ Trata-se de instrumentos financeiros homogéneos e fungíveis

✓ São emitidos em massa em mercado próprio (por vezes milhares ou até milhões) e
não emitidos singularmente (um a um);

✓ São valores de conteúdo idêntico (série, categoria, mesmo emitente, conferem


posições jurídicas idênticas, sujeitos as mesmas regras – valor nominal ou emissão,
condições de subscrição, formas de representação – artigo 48.º e 49.º do CódVM;

✓ São ainda valores fungíveis - consiste na possibilidade de serem absolutamente


substituídos por outros da mesma espécie, qualidade ou quantidade, mas com as
mesmas características e qualidades
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

SUSCEPTIBILIDADE DE TRANSMISSÃO EM MERCADO

❖ São instrumentos tipicamente concebidos para circular no mercado, quer seja no primário,
quer no secundário.

❖ Negociados no mercado de capitais – não se trata de qualquer negociabilidade.

❖ São negociação na base da procura e da oferta exclusivamente em relação ao respectivo


preço, sem negociação individualizada de outras condições.

❖ Devem ser livremente circuláveis de forma massificada e padronizada.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

MODALIDADE DE VALORES MOBILIÁRIOS

❖ O valores mobiliários podem assumir diferentes modalidades, nomeadamente:

✓ Valores mobiliários titulados – são aqueles que têm forma de representação em


papel (n.º 1 do artigo 50.º do CódVM)
o N.º de ordem
o Quantidade de direitos representados no título e, se for o caso, o valor nominal
e global;
o Identificação do titular, nos títulos nominativos.

O deposito é facultativo, salvo se forem admitidos à negociação em MR (art.º


103.º/2 do CódVM)

✓ Valores mobiliários escriturais – aqueles cuja representação se efectiva


exclusivamente por registo em conta, em suporte informático (artigos 65.º a 69.º)
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

MODALIDADE DE VALORES MOBILIÁRIOS

❖ Os valores mobiliários podem ainda ser:

✓ nominativos – aqueles que permitem ao emitente conhecer a todo tempo a


identidade dos seus titulares (art. 101.º, n.º 1 al. C)72.º, n.º 1 do CódVM)

✓ Ao portador – aqueles que não permitem ao emitente identificar os seus titulares


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
REGIME JURÍDICO VALORES MOBILIÁRIOS
❖ O regime jurídico dos valores mobiliários, é extremamente vasto e complexo, não sendo
possível analisá-lo de forma pormenorizada, todavia, deixamos aqui alguns aspectos
fundamentais, nomeadamente:

✓ A emissão – conjuntos de actos jurídicos e materiais destinado à criação (deliberação ou


decisão de emissão, entrega ou registo dos VM, os intermediários – colocação ou
distribuição, destinatário – subscrição pública ou privada;

✓ A transmissão – dentro ou fora do mercado (art.º 84.º, 105.º, 106.º);

✓ Os sistemas de registo e controlo – consiste no conjunto de entidades e regras relativas à


formação, interrelação e movimentação de contas interligadas (art.º 92.º, 93.º);

✓ A negociação (trading), a liquidação (settlement) e compensação (clearing) – consiste


num conjunto de entidades e regras relativas à transmissão dos VM para os transmissários –
liquidação física e do dinheiro para os transmitentes – liquidação financeira e o
apuramento das posições liquidas dos participantes no sist. liquidação.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
OS VALORES MOBILIÁRIOS REPRESENTATIVOS DE DÍVIDA – AS OBRIGAÇÕES

❖ A obrigação é um VM representativo de um direito de crédito a uma certa quantia monetária


que o seu titular detém sobre a sociedade emitente.

❖ Mecanismos de financiamento empresarial alternativo às acções, por recurso a capitais alheios


– hétero-financiamento

Podem as sociedades por quotas emitir acções?

❖ A subscrição de obrigações pode ser pública ou privada (art.º 154.º e 155.º)


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

❖ Obrigação ordinárias ou clássicas são aquelas que conferem ao seu titular o direito a juros
periódicos e ao reembolso da importância correspondente ao respectivo valor nominal.

❖ A subscrição destas obrigações levou a que se fixasse previamente um plano de amortização.

✓ Obrigação de taxa fixa

❖ Taxa de juro do cupão é inalterável durante toda vida do empréstimo – permite antecipar
fluxos financeiros – juros e valor de reembolso.

A taxa de juros do mercado pode ser diferente da taxa de juros do cupão – mais ou menos valia

O que ocorre se em momento posterior as taxas de juros subirem de forma vertiginosa – os


investidores seriam penalizados.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigação de taxa fixa – art. 388.º LSC

❖ As obrigações ordinárias têm uma taxa de juros fixa não revisível.

❖ A emissão de obrigações de taxa de juros com prazos longos pode incluir na ficha técnica a
possibilidade de revisão da taxa de juro inicialmente fixada.

Qual é a razão da fixação de susceptibilidade de revisão?


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigação de taxa variável - art. 388.º LSC

❖ Susceptibilidade da taxa de juros evoluir ao longo do tempo, sempre de acordo com certos
parâmetros previamente fixados no momento da emissão.

❖ A taxa de juros de cupão será determinante por uma taxa de referência – representativo das
taxas de juro que a todo momento vigoram no mercado, um índice ou uma preço de um bem
real.

❖ Indexação da taxa de juro da obrigação à indexantes financeiras – taxa de referência, ou


indexante real – PIB real.

❖ A fixação de indexante leva de imediato a uma desvantagem que reside na circunstância de


se verificar uma incerteza quanto ao fluxo de rendimento futuro da obrigação.

❖ O risco mais relevante desta classe de obrigações é o risco de taxa de juros.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações com opção de reembolso antecipado

❖ As obrigações podem ser emitidas com uma opção de reembolso antecipado a favor da
sociedade emitente (cal option). Trata-se de um disposição que confere ao emitente o direito
de amortizar as obrigações antes do prazo previsto.

❖ As obrigações com cal option são aquelas que conferem à entidade emitente o direito de
amortizar, parcial ou totalmente, os títulos antes de estes atingirem a sua maturidade, mediante
o pagamento de um prémio de opção de compra.

❖ O prémio de opção de compra apresenta um determinado valor no 1.º exercício da opção,


sendo posteriormente reduzidos nas datas futuras de exercício, se houver mais do que uma
opção de compra ao longo da vida das obrigações.

❖ Os prémios das opções são calculados em função da perspectiva de evolução das taxas de
juro no mercado e do tempo que decorre entre o exercício da opção e a maturidade.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações com opção de reembolso antecipado

❖ Quanto mais longo for o período de tempo entre a possibilidade do exercício da opção e a
maturidade das obrigações, maior será o prémio da opção, porquanto o risco de se
verificarem alterações na taxa de juros no mercado é igualmente maior.

Qual é a motivação da previsão desta opção na emissão?

❖ A opção de compra a favor da entidade apresenta uma desvantagem para o investidor.

❖ Se a taxa de juro no mercado baixar, naturalmente que o emitente accionará a opção de


compra, situação que pressuporá que os investidores têm de reinvestir os seus fundos a uma
taxa mais baixa, ficando assim expostos ao risco da taxa de juro
Pré aviso sobre o exercício da
❖ Formas de proteger os interesses dos obrigacionistas opção
Impossibilidade do exercício da
opção nos 1.ºs anos de vida do
empréstimo
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
✓ Obrigações com opção de reembolso antecipado

❖ Se para o emitente há, nas condições da emissão, a opção de compra, para o investidor existe
a opção de venda, também conhecida por put option, que se traduz na possibilidade de
solicitar o reembolso antecipado

❖ As obrigações de put option são aquelas que conferem ao obrigacionista o direito de vender
as obrigações à entidade emitente, antes da maturidade.

❖ A opção de venda efectua-se a um determinado preço, que pode ser o valor nominal das
obrigações e mediante o pagamento de um prémio de opção de venda ao emitente.

❖ Caso o obrigacionista exerça a opção de venda, suportará uma desconto sobre o valor de
reembolso.

❖ Os prémios são mais elevados quanto mais longo for o tempo entre a data do exercício da
opção de venda e a maturidade.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações garantidas e obrigações não garantidas

❖ Uma obrigação diz garantida quando o credor tem direito a uma certa parcela de
determinada propriedade da entidade emitente em caso de falência da mesma em virtude
da impossibilidade de pagamento de juros e capital em dívida. Diz –se não garantida aquela
que não goza deste estatuto de segurança.

❖ Uma obrigação pode ser estruturada de forma a conceder especiais garantias aos
obrigacionistas.

❖ Liberdade de fixação das garantias – ficha técnica.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações garantidas e obrigações não garantidas

Obrigações hipotecarias – VM que incorporam o dto ao juro e ao


reembolso do capital investido, adicionado de um privilegio
creditório especial sobre os créditos hipotecários afectos à
respectiva emissão.

Só podem ser emitidas por instituições financeiras, incluindo as


Tipos de obrigações parabancárias, legalmente autorizadas
garantidas

Obrigações titularizadas – VM associados a créditos que foram


cedidos, a este tipo de sociedades, para respetiva titularização.

As obrigações titularizadas gozam de privilegio creditório especial


sobre os bens que em cada momento integram o património
autónomo afecto à respectiva emissão, com precedência sobre
quaisquer outros.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações de cupão zero, obrigações de capitalização automática e obrigações


participantes

❖ As obrigações de cupão zero são aquelas em que o principal não paga juros (cupão), sendo
que a sua rendibilidade resulta do facto de as mesmas serem colocadas a desconto.

❖ As obrigações de capitalização automática representam uma modalidade de obrigações que


não pagam juros periódicos, porquanto estes são liquidados, no final da maturidade, em
conjunto com o montante do reembolso devido, ou noutro momento definido.

❖ As obrigações participantes são as que para além de conferirem aos seus titulares o direito a
um juro fixo, os habilitam igualmente a um juro suplementar ou a um prémio de reembolso, quer
fixo quer dependente dos lucros realizados pela sociedade emitente. Também podem
apresentar juro e plano de reembolso dependentes e variáveis em função dos lucros da
entidade emitente, sem qualquer pagamento de juro fixo.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações convertíveis em acções e obrigações com warrant

Obrigações convertíveis em
acções

❖ VM que conferem ao seu titular/obrigacionista, para além dos direitos creditórios


habituais (reembolso e juro), um direito potestativo especial a uma futura participação
no capital social do emitente

❖ São instrumentos financeiros de natureza híbrida.

❖ O obrigacionista tem o direito aos juros das respectivas obrigações até ao momento da
conversão.

❖ O regimes de atribuição de dividendos que será aplicado às acções em que as


obrigações se convertem, devem constar sempre das condições da emissão.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações convertíveis em acções e obrigações com warrant

Obrigações convertíveis em
acções

❖ o numero de acções a que a cada obrigação dá direito a converter chama-se rácio


de conversão ( ex. obrigações com valor nominal de 40 Kz, em caso de conversão em
acções, em 4 acções, o rácio de conversão é igual a 4)

❖ As obrigações convertíveis representam para o emitente, em primeiro lugar, um


instrumento de captação de capitais alheios em condições mais proveitosas do que as
possíveis emissão de obrigações simples, por outra, no momento da conversão os seus
encargos financeiros são automaticamente reduzidos.

❖ Para além de serem um meio para se fazer apelo a capitais alheios, também servem
como um instrumento de angariação de capitais próprios dilatados no tempo
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações convertíveis em acções e obrigações com warrant

Obrigações com warrant

❖ Obrigações que têm associado o direito de subscrever uma ou mais acções do


emitente, nos prazos e em condições de preço definidos no momento da emissão do
empréstimo obrigacionista.

❖ Só podem ser emitidas desde que se encontrem cotadas na bolsa de valores as


acções do emitente daquelas que poderão ser adquiridas pelo exercício do direito de
subscrição.

❖ Conferem ao seu titular, durante um prazo determinado, o direito adicional – face ao


próprio conteúdo da obrigação ordinária, de adquirir, em principio por subscrição, um
dado numero de acções pelo preço e demais condições previstas no momento da
emissão.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações convertíveis em acções e obrigações com warrant

Obrigações com warrant

❖ podem ser emitidas obrigações que confira direito de subscrever acções a emitir, não
pelo emitente das obrigações, mas por sociedades que directa ou indirectamente
detém uma participação maioritária.

❖ O exercício do warrant não contende com a subsistência da obrigação, sendo em


regra, alienável e negociável independentemente da obrigação.

❖ O número de acções que podem ser subscritas ou adquiridas pelo obrigacionista


depende do rácio de subscrição definido, que representa o numero de acçoes
subscrever/adquirir por cada warrant detido.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Obrigações de Tesouro

❖ São valores mobiliários representativos de empréstimo de prazo igual ou superior a um


ano, emitidas pelo Estado.

❖ Natureza pública do emitente.

❖ Atribuem ao seu titular o direito de reembolso do capital e o pagamento de um juro.

❖ No que diz respeito ao juro, admite-se a possibilidade de emissões de cupão zero.

❖ Os pagamentos inerentes a estas obrigações são assegurados pela totalidade das


receitas não consignadas inscritas no OGE, por esta razão têm um risco nulo ou quase
nulo.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

✓ Papel Comercial

❖ São valores mobiliários representativos de dívida, emitidos pela entidades referidas no


n.º 1 do artigo 3.º do regime jurídico do papel comercial, por um prazo igual ou inferior
a um ano.

❖ Necessidade de certificação das contas do emitente – art.º 6.º.

❖ Pode ser objecto de emissão simples ou continuada – art.º 7.º, n.º 1.

❖ É nominativo e deve obedecer a forma escritural – art.º 8

❖ A emissão está condicionada aos limites fixados pela CMC – art.º 9.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

✓ As Unidades de Participação

❖ São valores mobiliários representativos da posição jurídica do participante em fundos


de investimento.

❖ São emitidos pelos organismos de investimento colectivo, enquanto patrimónios


autónomos desprovidos de personalidade jurídica art.º 3.º do RJOIC).

❖ Representam o estatuto jurídico do participante nos fundos de investimento, ou seja,


um posição jurídica unitária e global, constituída por um feixe de direitos e deveres, de
natureza real, creditícia e outra.

❖ Os participantes podem ser pessoas singulares e colectivas, sendo por conta disso
titulares de uma quota-parte ideal ou contitularidade de um património comum.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

✓ As Unidades de Participação

❖ Da titularidade ou contitularidade decorrem direitos – direito ao resgate ou reembolso


das unidades de participação ou do produto de liquidação das unidades de
participação em caso de dissolução (art.º 16.º, 17.º, 18.º, 32.º, n.º 8 RJOIC).

❖ O prazo para o resgate é de quatro dias (art.º 19.º RJOIC).

❖ AS unidades de participação são valores mobiliários sem valor nominal, possuindo valor
identifico entre si, variável em função da evolução do VLG (art.º 13.º RJOIC).

❖ Susceptibilidade de transmissão em mercado. Apenas para os fundos fechados.

❖ Não é possível o registo na CEVAMA, pela natureza do título.

❖ O título não viagem de mão em mão – não se transfere a título – fundos abertos.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Depósito a Prazo

❖ os depósitos a prazo são remunerados mediante o pagamento de juros e só são


exigíveis no fim do prazo por que foram constituídos.

❖ As Instituições de crédito podem conceder aos seus depositantes, nas condições


acordadas, a mobilização antecipada, sofrendo penalizados que consistem, regra
geral, na perda total ou parcial dos juros, todavia, o capital será sempre garantido.

❖ Os montantes são inscritos a crédito em conta própria, denominada conta de depósito


a prazo.

❖ Condição sine quo non para a sua constituição é a existência prévia de uma conta de
depósito à ordem.

❖ O banco recorre a estas quantias para as suas operações activas.

❖ Mecanismo de financiamento bancário.


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ As Green Bonds

❖ Os investidores orientavam-se, tradicionalmente, com base em critérios financeiros,


pelo que, a decisão de investimento seria determinada apenas pela avaliação do
risco e pela previsão do possível retorno financeiro num determinado prazo.

❖ A necessidade de adopção de um modelo de desenvolvimento sustentável, permitiu a


alteração do paradigma.

❖ Actualmente, a preocupação dos agentes económicos passa pela satisfação das


necessidades das gerações presentes sem comprometer o equilíbrio necessário à
salvaguarda das gerações futuras.

❖ Nesta ordem de ideias, alguns produtos financeiros, passam a integrar critérios


ambientais, sociais e de governo societário, i.e., factores de sustentabilidade “ESG” –
Environmental, social and governance, dando assim lugar aquilo a que hoje se designa
por finanças sustentáveis.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ As Green Bonds

❖ Garantir o crescimento económico enquanto se prosseguem determinadas finalidades


sociais e ambientais.

❖ Acordos de Paris de 2015.

❖ Agenda 2030

❖ Pacote legislativo europeu sobre finanças sustentáveis

❖ As Green bonds são valores mobiliários com um resultado fixo, com as quais se
pretende angariar capital para financiamento de um ou mais projectos (existentes ou
futuros), com específicos benefícios ambientais. Pense-se por exemplo, na emissão de
obrigações com o objectivo de financiar um projecto de energia renovável ou de
transporte colectivo de baixo carbono.

Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ As Green Bonds

❖ Garantir o crescimento económico enquanto se prosseguem determinadas finalidades


sociais e ambientais.

❖ Acordos de Paris de 2015.

❖ Agenda 2030

❖ Pacote legislativo europeu sobre finanças sustentáveis

❖ As Green bonds são valores mobiliários com um resultado fixo, com as quais se
pretende angariar capital para financiamento de um ou mais projectos (existentes ou
futuros), com específicos benefícios ambientais. Pense-se por exemplo, na emissão de
obrigações com o objectivo de financiar um projecto de energia renovável ou de
transporte colectivo de baixo carbono.

Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ As Acções

❖ São valores mobiliários emitidos por sociedades anónimas, representativos da


participação social do accionista.

❖ A expressão acção constitui um vocábulo polissémico, susceptível de ser visto em três


dimensões:

➢ Participação social: conjunto unitário de direitos e obrigações de que uma


pessoa é titular;

➢ Fracção do capital social: transparece a ideia segundo a qual nas sociedades


anónimas o capital social está dividido em acções;

➢ Produto financeiro: um instrumento financeiro negociável em mercado de


capitais, podendo ser quer em mercado primário assim como em mercado
secundário.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ As Acções

❖ As acções são valores mobiliários sujeitos a um percurso vital que compreende o seu
nascimento (emissão), passando por um conjunto de vicissitudes (a titularidade,
transmissão, oneração, execução), até ao seu desaparecimento
❖ A expressão acção constitui um vocábulo polissémico, susceptível de ser visto em três
dimensões:

❖ A emissão de acções tem, usualmente, a sua origem na constituição da sociedade –


contrato de sociedade, ou no aumento do seu capital social, através de subscrição de
novas acções.

❖ As acções podem ser transmitidas de forma individualizada ou em mercados


organizados. É, decerto, a transmissão das acções em mercados organizados que
melhor traduzem a ideia das acções enquanto instrumento financeiro.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Acções ordinárias, preferenciais e de fruição

❖ As acções preferenciais são aquelas que conferem direitos especiais aos sócios. Estas
podem ser preferenciais sem voto e preferenciais remíveis.

❖ As acções preferenciais sem voto são aquelas que se caracterizam, em primeiro lugar
pela privação do direito ao voto e, em segundo, pela atribuição de uma contrapartida
ao accionista (cfr. Artigo 364.º, 365.º e 366.º da LSC).

➢ Direito a um dividendo prioritário não inferior a 5% do respectivo valor nominal


(não dos lucros distribuições);

➢ Direito ao reembolso prioritário do seu valor nominal na liquidação da


sociedade.

❖ Estas acções foram concebidas para permitir a captação de poupanças de


accionistas financeiros, mais interessados nos dividendos do que no exercício do poder.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Acções ordinárias, preferenciais e de fruição

❖ As acções preferenciais remíveis são aquelas que, em contrapartida de um privilegio


patrimonial que conferem ao seu titular, ficam sujeitas a remissão em data fixa ou
quando a assembleia geral o deliberar (cfr. Artigo 367.º, n.º 1 da LSC)

❖ Em que consiste a remissão ?

❖ A remissão não pode implicar a redução do capital socia, obrigado à constituição de


uma reserva obrigatória de importância igual ao valor nominal das acções remidas
(cfr. Artigo 367.º, n.º 6 e 7 da LSC).

❖ A remissão depende de deliberação da assembleia geral, tomada por maioria simples


(cfr. Artigo 367.º, n.º 8 da LSC).
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Acções ordinárias, preferenciais e de fruição

❖ As acções de fruição que conferem ao titular a participação nos dividendos, bem


como preferência na aquisição de novas acções. São na verdade acções ordinárias
amortizadas sem redução do capital social, depois de inteiramente reembolsadas (cfr.
Artigo 369.º, n.º 1 da LSC)

❖ Conferem direitos iguais aos das acções ordinárias, com as seguintes diferenças:

➢ As cções de reembolsadas na totalidade só compartilham, com as restantes,


os lucros de exercício, depois de a estas ser atribuído um dividendo, cujo limite
deve ser estipulado no contrato de sociedade;

➢ As acções reembolsadas na totalidade só compartilham, com as restantes, o


produto da liquidação da sociedade, depois de a estas ter sido reembolsadas
o respectivo valor nominal.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários

✓ Os instrumentos derivados

❖ são instrumentos financeiros resultantes de contratos a prazo celebrados e valorados


por referência a um determinado activo subjacente.

❖ Constituem uma categoria dos instrumentos financeiros prevista genericamente na


alínea e) do art.º 2.º, nomeadamente:

o Opções;

o Futuros;

o Swaps;

o Os contratos a prazo; e

o Quaisquer outros instrumentos ou contratos com características análogas


Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Os instrumentos derivados

❖ os derivados desempenham fundamentalmente uma função de cobertura dos riscos


inerentes à actividade económica (hedging), de especulação (trading) e de
arbitragem.

❖ Diferentemente dos VM e instrumentos monetários que constituem mecanismos de


financiamento directo das empresas emitentes, os derivados são essencialmente um
meio de salvaguarda das empresas face ao risco de mercado (oscilações das taxas de
câmbio, taxas de juros, cotações bolsistas, inflacção), aos risco de crédito
(incumprimento, insolvência, iliquidez do devedor), ao risco regulatório (limites
prudenciais à aquisição de acções).

❖ Também têm finalidade especulativas, i.e., permitindo ao investidor realizar aplicações


lucrativas que visam jogar na antecipação do sentido da evolução do valor dos
activos subjacentes, ou de arbitragem, permitindo ao investidor realizar aplicações
lucrativas que visam tirar partido das imperfeicções do mercados ou preços dos activos
subjacentes – monitora os preços dos mercados.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Os instrumentos derivados

❖ Os derivados são instrumentos financeiros que têm na sua génese num contrato,
derivam, nascem de contratos, os representam contratos que geram um instrumentos
financeiro.
Noção e Regime Geral dos Valores Mobiliários
✓ Os instrumentos derivados

❖ Mercados de Derivados

o Negociados em bolsa

➢ Bolsas tradicionais negociavam de viva voz, mas hoje o negócio passou a


plataformas electrónicas;

➢ Contratos padronizados e quase sem risco de crédito (robustez financeira das


Câmaras de Compensação e os sistemas de liquidação)

o Over-the-counter (OTC) Mercado de Balcão

➢ Baseados em rede de computadores e telefones que ligam


dealers(negociadores) em instituições financeiras, empresas e gestores de
fundos

➢ Os contratos podem ser não padronizados e existe um efectivo risco de crédito


(de contraparte).
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✓ Os instrumentos derivados

❖ Futuro

❖ Contrato a prazo padronizado, negociados em mercado organizado, que conferem


posições de compra e de venda sobre determinado activo subjacente por preço
acordado em data futura previamente fixados, a executar mediante liquidação física
ou financeira (acções, divisas, mercadorias, etc.).

❖ O comprador assume uma chamada posição longa, enquanto o vendedor assume


uma posição curta.

❖ Na data de vencimento, o comprador tem a obrigação de comprar o activo


subjacente ao preço convencionado – liquidação física ou de liquidar a diferença
entre o preço do activo subjacente e o preço contratação – liquidação financeira.

❖ Como são transaccionados em mercados organizados, não há o risco de contraparte,


uma vez que há uma contraparte central.
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❖ Opções

❖ Contratos a prazo que atribuem a uma das partes, um direito potestativo de compra
ou venda de certo activo subjacente por um preço e em (ou até) data
predeterminadas, a executar mediante liquidação física e financeira, contra a
obrigação de pagamento de um prémio.

❖ As opções podem corresponder a contratos individualizados negociados em mercado


de balcão.

❖ As opções, contrariamente aos futuros, as respectivas operações são condicionais, no


sentido em que, estando a sua execução dependente de manifestação de vontade
do optante, situação que conduz a que os efeitos correspectivos podem nem sequer
chegar a ocorrer.
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❖ Opções

❖ O titular da opcao de compra – cal option tem uma expectativa de subida das
cotação do activo subjacente e obterá um ganho se esta se confirmar na data de
vencimento.

❖ O titular da opção de venda – put option tem expectativa de descida das cotações e
se esta se verificar, controla o risco da correspondente desvalorização do activo
subjacente, podendo vendê-lo ao preço convencionado.
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❖ swaps

❖ Uma família de contratos pelos quais se estabelece entre as partes uma obrigação
reciproca de pagar, de acordo com modalidades pré-estalecidas, na mesma divisa ou
em diferentes divisas, certas quantias de dinheiro calculadas por referência aos fluxos
ligados a activos e passivos monetários, reais ou físicos – subjacentes.

❖ Os principais swaps são swaps sobre taxas de juros, swaps cambiais sobre divisas, os
swaps sobre valores, swaps sobre mercadorias.

❖ Por exemplo os swaps sobre taxa de juro, são contratos mediante os quais dois
mutuários de empréstimos do mesmo montante e com o mesmo vencimento, mas com
taxas de juros calculadas com bases distintas, se compromete a fazer pagamentos
recíprocos, com base nas taxas de juros da contraparte.

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