Você está na página 1de 12

uNidAde 2 – saúde e qualidade de vida

Capítulo
A saúde no Brasil
4
Cristiano MasCaro/saMBapHoto

s As irmandades religiosas cumpriram importante papel na assistência médica à população brasileira


ao longo da história do Brasil. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Salvador (BA). Foto de 2011.

TEMAS A saúde no Brasil é um dos direitos sociais de todo ci-


dadão brasileiro.
◗ A saúde na história do
Brasil Mas, na atualidade, grande parte da população brasi-
◗ A reforma sanitária e a leira convive com a contradição entre o direito à saúde –
Revolta da Vacina um dever do Estado – e a dificuldade de acesso a ela.
◗ O Sistema Único de
Saúde (SUS) Essa realidade impõe desafios à saúde pública no país,
muitos deles ainda decorrentes do seu histórico complexo.
Por que o cidadão, ainda hoje, não tem pleno acesso
à saúde no Brasil? Que motivos o impedem de usufruir de
seus direitos?

189

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 189 5/3/13 12:21 PM


1 A saúde no Brasil colônia
A Expansão Marítima e Comercial fez os reinos europeus ocuparem novos
territórios, não só impondo sua cultura aos povos nativos, mas também conta-
giando-os com as doenças que existiam na Europa.
Assim também ocorreu no Brasil. As diversas doenças trazidas pelo coloni-
zador causaram a morte de milhares de indígenas.
Por outro lado, os portugueses também trouxeram o conhecimento médico e
medicamentos. No século XVI, diante das necessidades da colônia, o Conselho
Ultramarino português – órgão responsável pela administração das colônias –
incentivou a vinda de médicos para o Brasil, criando os cargos de físico-mor e
de cirurgião-mor. Poucos profissionais, contudo, arriscaram-se nessa aventura
porque as condições de vida na colônia eram difíceis, e os salários, muito baixos.
Assim, durante o período colonial, as questões de saúde ficaram relega-
das principalmente aos cuidados dos cirurgiões-barbeiros, dos aprendizes de
boticários, dos padres jesuítas e das práticas de cura de origem europeia,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
indígena e africana.

Práticas de cura
No território brasileiro, às práticas de cura dos portugueses foram adicio-
nadas práticas dos povos indígenas e dos africanos escravizados, já que os
diferentes povos indígenas e os de origem africana também possuíam seus pró-
prios saberes para curar ou atenuar os sintonas de algumas doenças.
Durante todo o período colonial, essas práticas de cura foram muito utiliza-
das pela população devido à falta de médicos e aos altos custos dos remédios.
Muitas das práticas de cura populares realizadas ainda hoje pelos brasileiros
são heranças da troca de saberes entre esses povos.
Jean-Baptiste DeBret/Museus Castro Maya, rio De Janeiro

Jean-Baptiste Debret,
s

O cirurgião negro. Litografia


colorida à mão. Em: Viagem
pitoresca e histórica ao
Brasil, 1834-1839, v. 2,
prancha 46. Museus Castro
Maya, Rio de Janeiro (RJ).

190

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 190 5/15/13 3:23 PM


UNIDADE 2 – Saúde e qualidade de vida

O ofício do boticário
O primeiro boticário a mudar-se para o Brasil foi o português Diogo de Castro,
diplomado em Coimbra. A maior parte dos boticários que atuavam na colônia,
contudo, não tinham conhecimento formal. Em geral, eram pessoas de famílias
humildes, com algum conhecimento prático sobre o preparo de medicamentos.
Esses profissionais instalaram no Brasil as boticas. Para a abertura de uma
botica, o interessado deveria passar por um teste aplicado por um representante
da Coroa. Se aprovado, era autorizado a abrir a loja e preparar os medicamen-
tos. Esse tipo de comércio, contudo, só foi legalizado pelo governo português
em 1640, juntamente com a prática da sangria.
As boticas mais famosas foram as dos jesuítas, concorrentes dos boticá-
rios. Além de manipular substâncias químicas, incorporaram matérias-primas
utilizadas pelos indígenas. Nelas se produziam medicamentos que depois eram
vendidos em toda a colônia.

Boticários ou farmacêuticos?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Embora não fossem formados, os boticários eram reconhecidos pela população


como farmacêuticos. Por isso, mesmo após a implantação dos estudos de Farmácia
no Brasil, os farmacêuticos diplomados ainda eram chamados de “boticários”.
Em 1832, porém, foi implantada uma lei que proibia qualquer pessoa de ofe-
recer tratamentos médicos ou possuir botica sem cursar faculdade de Medicina
ou de Farmácia. Assim, os proprietários de boticas passaram a pagar farmacêu-
ticos diplomados para atuar em seus estabelecimentos.
Com o tempo, as designações “boticário” e “botica” foram sendo substi-
tuídas por “farmacêutico” e “farmácia”, termos que diferenciavam a atuação
desses estabelecimentos.
Jean-Baptiste DeBret/Museus Castro Maya, rio De Janeiro

Jean-Baptiste
s

Debret, Botica
(1823). Aquarela.
Museus Castro
Maya, Rio de
Janeiro (RJ).

191

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 191 5/3/13 12:21 PM


2 As primeiras escolas de medicina
Durante o período colonial, diversas doenças infec-
tocontagiosas espalharam-se pelo Brasil, transmiti-
das pelos viajantes.
A escassez de médicos na colônia por muito

iro
ane
tempo fez a população recorrer a outros tipos de

De J
, rio
atendimento para tratar doenças. Além disso, as

i onal
pessoas também tinham receio de consultar os

DeBret/Museu HistÓriCo naC


médicos, pois os tratamentos baseavam-se em
sangrias e purgantes.
A partir de 1808, porém, com a chegada da
família real, algumas melhorias foram implan-

aptiste
tadas no Brasil. Nesse contexto, o príncipe re-

-B
gente D. João instalou as primeiras escolas de

Jean

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
medicina do Brasil, com o objetivo de formar na
colônia profissionais diplomados na área da saú-
de (praticamente inexistentes nessa época).
Assim, em fevereiro de 1808, foi fundada em Sal-
vador a Escola de Cirurgia da Bahia, que passou
a funcionar no antigo Colégio dos Jesuítas, sede
do Hospital Militar. No mesmo ano, um decreto s Em 1816, com a morte da rainha
D. Maria I, o príncipe regente D. João
real determinou a criação da Escola Anatômico- (1767-1826) foi aclamado rei e, em
Cirúrgica e Médica, no Rio de Janeiro, precursora 1818, recebeu o título de D. João VI.
Jean Baptiste-Debret, Retrato de D.
da Faculdade de Medicina do Brasil. João VI (1816). Óleo sobre tela. Museu
Mais tarde, em 1835, durante o período impe- Histórico Nacional, Rio de Janeiro (RJ).
rial, foi criada a Imperial Academia de Medicina,
que reunia os principais médicos do Rio de Janeiro. Essa academia funcionou,
por muitos anos, como órgão consultivo de D. Pedro I nas questões relativas
à saúde pública.

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia


No início do processo de colonização foi implantada a Irmandade da Santa Casa
de Misericórdia, a primeira instituição hospitalar e de assistência social de que se tem
notícia no Brasil. A instalação das primeiras unidades ocorreu ao longo dos séculos XVI
e XVII. Em pouco tempo, elas se espalharam pelas principais cidades e vilas da colônia.
Muitas dessas instituições ainda são atuantes no Brasil, como a Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia da cidade de Santos (SP) (considerada a mais antiga do país).
Na atualidade, elas são mantidas por meio de convênios com o Sistema Único de
Saúde (SUS) e com doações feitas pela sociedade civil.

192

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 192 5/3/13 12:21 PM


UNIDADE 2 – Saúde e qualidade de vida

3 A reforma sanitária
Até o início do século XX, os grandes centros urbanos no Brasil apresentavam
péssimas condições sanitárias e urbanísticas. Além de propagar epidemias, isso
também prejudicava a economia. Muitos países não permitiam que seus navios
atracassem em portos brasileiros, temendo o contágio dos tripulantes, o que di-
ficultava o comércio. Assim, após a proclamação da República, em 1889, muitas
cidades brasileiras foram modernizadas, o que incluiu também a reforma sanitária
dos principais centros urbanos.
A modernização das cidades brasileiras resultou, em muitos casos, em um
aumento da marginalização da população carente, provocando muitas tensões
e insatisfações populares. A situação agravou-se com a aprovação, em 1904,
da lei de obrigatoriedade da vacina contra a varíola.

A Revolta da Vacina
O momento mais tenso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, onde as mu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

danças decorrentes das intervenções urbanísticas e sanitárias, comandadas pelo


prefeito Pereira Passos e pelo médico Oswaldo Cruz, haviam sido mais drásticas.
Sem nenhum tipo de assistência e excluída das melhorias implantadas ape-
nas nas áreas centrais, a população carente do Rio de Janeiro teve ainda de se
submeter ao programa de vacinação obrigatória.
Para garantir o sucesso dessa ação, o governo criou uma polícia sanitária
com poderes para obrigar todos a tomar a vacina. Quem se recusasse podia
ser preso e forçado a pagar as despesas médicas caso adoecesse no cárcere.
Assustada, a população rea-

reproDuçÃo – aCerVo Da Casa De osWalDo CruZ/


FioCruZ, rio De Janeiro
giu contra o programa de vacina-
ção, tanto pela falta de informação
quanto pela maneira violenta com
que foi posto em prática. Assim,
em 10 de novembro de 1904, uma
série de protestos ocorreu na ci-
dade do Rio de Janeiro: tiroteios,
quebra-quebras, barricadas, bon-
des incendiados, greves etc.
Somente em 16 de novembro,
após suspender a obrigatoriedade
da vacinação, o governo conseguiu
controlar a rebelião, que ficou co- s Charge de 1904 sobre a Revolta da Vacina, intitulada O espeto obri-
nhecida como Revolta da Vacina. gatório. Acervo da Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro (RJ).

• Durante sua infância houve alguma doença que se tornou epidemia na região
em que você vivia? Qual era essa doença? Você foi vacinado contra ela?
Converse com seus colegas.

193

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 193 5/3/13 12:21 PM


4 Estado e saúde
Até fins da década de 1940, os serviços de saúde limitaram-se a ações sanita-
ristas e de combate às epidemias. Durante esse período, o governo criou diversos
órgãos, como o Instituto Soroterápico Federal (1900), o Serviço de Profilaxia da
Febre Amarela (1904) e o Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (1907).
Mais tarde, em 1953, foi criado o Ministério da Saúde (MS). Durante seus
primeiros anos, o Ministério da Saúde concentrou-se no combate às doenças
que atingiam sobretudo a população do interior. Assim, foram realizadas cam-
panhas sanitaristas e de combate a doenças como varíola, malária, doença de
Chagas e a esquistossomose, principalmente voltadas para a população rural.
Apenas um ano após a criação do Ministério da Saúde, o governo aprovou uma
lei que atribuía ao Estado o dever de proteger a saúde de seus cidadãos.
Contudo, até a década de 1960 os serviços de saúde oferecidos pelo Estado
ainda eram limitados, com programas voltados para a vacinação e para a vigilância
epidemiológica e sanitária. A assistência médica individual ficava, por sua vez, sob

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
responsabilidade das instituições privadas de saúde. Assim, os cidadãos que não
podiam pagar pelo atendimento médico particular nem eram vinculados a algum
plano de previdência mediante o trabalho formal tinham de recorrer aos serviços
dos hospitais filantrópicos, como as Santas Casas da Misericórdia, ou submeter-se
aos precários atendimentos disponíveis em poucos hospitais públicos.
A partir da década de 1970 surgiram os primeiros movimentos visando a re-
formas na área da saúde. Mas foi somente entre as décadas de 1980 e 1990 que
a sociedade começou de fato a reivindicar melhorias significativas nesse setor.

rogério reis/pulsar iMagens

s Prédio do antigo Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro (RJ), transformado,


em 1970, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foto de 2010.

194

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 194 5/3/13 12:21 PM


UNIDADE 2 – Saúde e qualidade de vida

O Sistema Único de Saúde (SUS)


Em 1986, ocorreu a VIII Conferência Nacional de Saúde, evento que desenhou
as bases do Sistema Único de Saúde (SUS), órgão estabelecido pela Constitui-
ção Federal de 1988 com o objetivo de cuidar da saúde dos brasileiros.
Leia o texto a seguir sobre o SUS.
“O [...] SUS é um dos maiores sis-

rooseVelt CÁssio/FolHapress
temas públicos de saúde do mundo.
Ele abrange desde o simples atendi-
mento ambulatorial até o transplante
de órgãos, garantindo acesso integral,
universal e gratuito para toda a popu-
lação do país.
[...] Além de oferecer consultas,
exames e internações, o Sistema tam-
bém promove campanhas de vacinação
e ações de prevenção e de vigilância
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sanitária – como fiscalização de ali-


mentos e registro de medicamentos –, s Unidade de saúde do SUS, em São José dos
atingindo, assim, a vida de cada um Campos (SP). Foto de 2003.
dos brasileiros.”
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde/Apresentação. Disponível em: <http://portal.saude.gov.
br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1395>. Acesso em: 18 mar. 2013.
Com o SUS, o acesso ao atendimento básico e de emergência – um dos
graves problemas da saúde no Brasil – foi ampliado, além de outros serviços.
Ainda existe, porém, um longo caminho a ser percorrido quanto à plena eficiên-
cia dos serviços públicos de saúde.

O mercado de planos de saúde no Brasil


“O mercado de planos de saúde começou a se desenvolver, no Brasil, nas décadas de
1940 e 1950, quando empresas do setor público reverteram recursos próprios e de seus
empregados para financiar ações de assistência à saúde. [...]
A partir dos anos 50, começaram a surgir organizações de assistência à saúde desti-
nadas, exclusivamente, aos funcionários estaduais desprotegidos pela Previdência Social.
Mas foi na década de 60 que os denominados convênios médicos entre empresas empre-
gadoras e empresas médicas (cooperativas médicas e empresas de medicina de grupo),
mediados pela Previdência Social, estimularam, decisivamente, o processo empresarial da
medicina.
O mercado foi se expandindo e, em 1988, a Constituição Federal, além de estabelecer a
atribuição do Estado de assegurar o direito à saúde dos cidadãos pela criação de um sistema
nacional de saúde, garantiu o setor de assistência médico-hospitalar, permitindo a oferta de
serviços de assistência à saúde pela iniciativa privada, sob o controle do Estado. [...]”
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. Histórico da regulação.
Portal ANS/Adequação de planos antigos/Saiba Mais. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/
portal/site/_destaque/artigo_complementar_11375.asp>. Acesso em: 18 mar. 2013.

195

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 195 5/3/13 12:21 PM


AtividAdes

1 Como a população brasileira tratava as doenças durante o período colonial?

2 Uma das heranças das tradições africanas na cultura brasileira é a prática das benzeduras,
ainda muito comuns em algumas regiões do Brasil. Na região em que você vive ainda existe
algum benzedor? Qual é sua opinião sobre essa prática?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3 Qual era a diferença entre os ofícios do boticário e do farmacêutico?

4 O que mudou no campo da saúde com a chegada da família real ao Brasil em 1808?

5 Pesquise em livros, jornais, revistas e na internet e responda: como as questões de saúde e


doença se relacionam com os fatores sociais?

196

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 196 5/3/13 12:21 PM


UNIDADE 2 – Saúde e qualidade de vida

6 Leia o texto a seguir e responda às questões.


“O Brasil chega ao fim do século XIX com graves problemas de saúde públi-
ca e projetando uma imagem de lugar extremamente insalubre, onde a vida se
encontrava em risco constante, em virtude das precárias condições sanitárias de
seus centros urbanos e dos diversos surtos epidêmicos que costumavam atingir
sua população. O processo de urbanização e o crescimento populacional, aliados
à ausência de infraestrutura básica, de legislação, de fiscalização e de conheci-
mentos adequados, agravavam os problemas resultantes das reduzidas condi-
ções de higiene observadas nas cidades da velha colônia portuguesa. [...]”
PONTE, Carlos Fidelis. O Brasil no microscópio. Em: Na corda bamba de sombrinha:
a saúde no fio da história. Rio de Janeiro: Fiocruz/COC/EPSJV, 2010. p. 49.

a) No início do século XX, em que ações o Estado investiu para combater


“a imagem de lugar extremamente insalubre” conforme cita o trecho do
texto de Ponte?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Quais foram as consequências dessas ações para a população brasileira daquele período?

7 A atual Constituição Federal prevê, em seu artigo 196:


“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, prote-
ção e recuperação”.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>.
Acesso em: 18 mar. 2013.
Com base nesse artigo da Constituição, reúna-se com mais dois colegas e discutam sobre
a questão da saúde no Brasil. Depois, produzam no caderno um pequeno texto para
registrar as conclusões do grupo.

197

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 197 5/3/13 12:21 PM


teXtO COMPLeMeNtAR

Vítor Meireles - CâMara MuniCipal, paço iMperial de salVador


Ana Néri
“Ana Justina Ferreira Néri nasceu em baianas residentes
13 de dezembro de 1814 na então Vila da na capital, com uma
Cachoeira do Paraguassu ou Vila de Nossa coroa de ouro onde
Senhora do Rosário de Cachoeira (BA), na estava gravado ‘À
antiga rua da Matriz, atualmente rua Ana heroína da carida-
Néri. Era filha de Luísa Maria das Virgens de, as baianas agra-
e de José Ferreira de Jesus. Casou-se com o decidas’. Hoje, essa
oficial de marinha capitão de fragata Isidoro coroa faz parte do
Antônio Néri, que faleceu em 1844 a bordo acervo do Museu do
do brigue Três de Maio, no Maranhão. Estado da Bahia. Re-
Quando irrompeu a Guerra do Para- cebeu também um
guai, em dezembro de 1864, Ana morava álbum com a dedi-
em Salvador com os filhos Isidoro Antônio, catória ‘ Tributo de
admiração à cari- s Vítor Meireles, detalhe
Antônio Pedro e Justiniano. Em 8 de agosto
dosa baiana por da- da obra Ana Néri no

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de 1865, enviou ofício ao presidente da pro-
mas patriotas’. Vítor campo de batalha (século
víncia solicitando trabalho como enfermeira XIX). Óleo sobre tela.
Meireles pintou seu Câmara Municipal, Paço
na guerra. Alegava dois motivos: atenuar
retrato em tamanho Imperial de Salvador (BA).
o sofrimento dos que lutavam pela defesa
natural, que foi ex-
da pátria e estar junto aos filhos, que já se
posto na sede da Cruz Vermelha Brasileira.
achavam na frente de batalha.
No dia 5 de julho de 1870, chegava à
Ana não esperou a resposta de seu pedido
Bahia, no vapor Arino, a ‘mãe dos brasilei-
e embarcou junto com o exército de voluntá-
ros’, como foi denominada pelo Exército na
rios no dia 13 de agosto de 1865. A resposta
campanha do Paraguai. Posteriormente vol-
do presidente da província chegou mais tarde, tou ao Rio de Janeiro, onde faleceu em 20 de
definindo a sua contratação como enfermeira maio de 1880, aos 66 anos. Está sepultada no
para servir com as tropas no Paraguai. É con- cemitério de São Francisco Xavier.”
siderada a primeira enfermeira voluntária no
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital
Brasil, embora a paulista Felisbina Rosa seja (Orgs.). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a
mencionada como a primeira a partir para o atualidade (biográfico e ilustrado). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2000. p. 61.
front paraguaio.
Ana Néri ficou por quase cinco anos com Glossário
o exército. Perdeu um filho e um sobrinho na
guerra e teve extraordinária atuação como • Fragata: navio de guerra.
enfermeira. Em sua passagem pelo Rio de Ja- • Brigue: veleiro de guerra.
neiro, quando regressava da guerra, recebeu • Irromper: começar.
várias homenagens. Foi presenteada, em 6 de • Front: frente de batalha.
maio de 1870, por uma comissão de senhoras

Questões

1 Segundo o texto, Ana Néri destacou-se em que atividade? Quando e por que ela
começou a praticá-la?
2 Você conhece outras mulheres que tenham se destacado na sociedade em que viveram
assim como Ana Néri?

198

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 198 5/15/13 3:24 PM


Indicações de livros, sites e filmes

Livros

Arqueologia, de Pedro Paulo Funari. São Paulo: Contexto, 2003.


uu
Com esse livro é possível conhecer um pouco mais sobre o trabalho do arqueólogo;
como agem e como pensam esses profissionais que nos ajudam a compreender
melhor como viviam os nossos antepassados. (Unidades 1 e 2)
Os primeiros habitantes do Brasil, de Norberto Luiz Guarinello. 15. ed. São Paulo:
uu
Atual, 2011.
Atualizada com base em pesquisas arqueológicas recentes, essa obra apresenta uma
surpreendente diversidade cultural dos povos indígenas que habitavam o Brasil muito
antes mesmo da chegada dos portugueses ao território brasileiro. (Unidades 1 e 2)
Cidades brasileiras do passado ao presente, de Rosicler Martins Rodrigues. 2. ed.
uu
São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção Desafios).
A autora aborda desde o nascimento das primeiras vilas e cidades do Brasil, até
os problemas atuais enfrentados pelos habitantes dos centros urbanos brasileiros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(Unidade 1)
O ouro e as transformações na sociedade colonial, de Eduardo França Paiva.
uu
4. ed. São Paulo: Atual, 2011.
Apresenta o ciclo da mineração no Brasil durante o século XVIII e busca relacionar
importantes fatores desse período – como o desenvolvimento urbano e o aumento de
complexidade da composição social – com alguns problemas ainda presentes hoje
no país. (Unidade 1)
Casa-grande & Senzala em quadrinhos, de Gilberto Freyre; Adaptação de Estevão
uu
Pinto e Adolfo Aizen. 3. ed. São Paulo: Global, 2005.
O autor aborda as contribuições portuguesas, indígenas e africanas no processo de
formação do povo brasileiro, durante os primeiros tempos da colonização. (Unidades
1 e 2)
Memórias de um bandeirante, de Sonia Sant’Anna. São Paulo: Global, 2001.
uu
O livro apresenta as memórias de um velho bandeirante que, no fim da vida, relata a
história de sua vida na época da colonização do Brasil. (Unidade 1)
História da saúde pública no Brasil, de Claudio Bertolli Filho. São Paulo: Ática, 2011.
uu
(Coleção História em Movimento).
O autor trata da situação da saúde pública no Brasil e daqueles que só podem contar
com ela, desde a Proclamação da República, em 1889. (Unidade 2)
Grécia e Roma, de Pedro Paulo Funari. São Paulo: Contexto, 2011. (Coleção
uu
Repensando a História).
O que herdamos das culturas grega e romana, denominadas clássicas? Por que
ainda estudamos a Antiguidade? Esses e muitos outros aspectos são apresentados
de maneira instigante pelo historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari. (Unidade 2)
A Idade Média explicada aos meus filhos, de Jacques Le Goff. 2. ed. Rio de Janeiro:
uu
Agir, 2012. (Coleção Explicando aos Meus Filhos).
Nesse livro, Jacques Le Goff, um dos maiores historiadores e pensadores europeus,
apresenta em linguagem acessível as principais características da cultura e da socie-
dade medieval. (Unidade 2)

199

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 199 5/3/13 12:21 PM


Sites

Museu da Companhia Paulista. Disponível em: <www.museudacompanhiapaulista.


uu
com.br>. Acesso em: 28 mar. 2013.
Apresenta informações históricas sobre a construção da Estrada de Ferro Santos-
-Jundiaí. (Unidade 1)

Instituto Socioambiental. — ISA. Disponível em: <www.socioambiental.org/>. Acesso


uu
em: 28 mar. 2013.
São fornecidas diversas informações sobre os povos indígenas brasileiros, seu modo
de vida, sua organização, suas línguas, alimentação, brincadeiras etc. Além disso, há
jogos nos quais se pode interagir com a cultura indígena. (Unidades 1 e 2)

Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP).


uu
Disponível em: <www.mae.usp.br>. Acesso em: 3 abr. 2013.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse acervo há objetos de diferentes lugares do mundo e em épocas diversas, desde
os produzidos pelos primeiros seres humanos que habitaram a Europa até artefatos
mais recentes, feitos por diversos povos indígenas do Brasil. (Unidades 1 e 2)
Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM. Disponível em: <www.
uu
fumdham.org.br/sitiosarq.asp>. Acesso em: 28 mar. 2013.
O site apresenta informações sobre sítios arqueológicos, pinturas rupestres, patrimônio
cultural e natural do Brasil, na região do Parque Nacional Serra da Capivara, no estado
do Piauí (PI). (Unidades 1 e 2)

Filmes

Caverna dos sonhos esquecidos, direção de Werner Herzog. Alemanha, França,


uu
Canadá, Reino Unido e Estados Unidos, Zeta Filmes, 2010. 90 min.
Documentário sobre a caverna de Chauvet, no sul da França, um dos mais importantes
sítios de arte pré-histórica do mundo, que reúne pinturas rupestres de mais de 30 mil
anos. (Unidades 1 e 2)

A missão, direção de Roland Joffé. Estados Unidos, Versatil Home Video, 1986. 120 min.
uu
Uma história trágica de amor que se passa no final do século XVIII e leva o protagonista
a reunir-se aos jesuítas em defesa dos indígenas nos aldeamentos dos Sete Povos
das Missões, região localizada no atual Estado do Rio Grande do Sul. (Unidade 1)

O incrível exército de Brancaleone, direção de Mario Monicelli. Itália, França e


uu
Espanha, Spectra Nova, 1966. 116 min.
Narra de maneira divertida a aventura de Brancaleone e seus homens na Europa,
durante a Idade Média, que enfrentam grandes perigos e aventuras, entre os quais a
peste negra, a fome, bruxas, bárbaros, entre outros. (Unidade 2)

200

189-200-EJAH5-U2-C4.indd 200 5/3/13 12:21 PM

Você também pode gostar