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Capítulo
A saúde no Brasil
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Cristiano MasCaro/saMBapHoto
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
indígena e africana.
Práticas de cura
No território brasileiro, às práticas de cura dos portugueses foram adicio-
nadas práticas dos povos indígenas e dos africanos escravizados, já que os
diferentes povos indígenas e os de origem africana também possuíam seus pró-
prios saberes para curar ou atenuar os sintonas de algumas doenças.
Durante todo o período colonial, essas práticas de cura foram muito utiliza-
das pela população devido à falta de médicos e aos altos custos dos remédios.
Muitas das práticas de cura populares realizadas ainda hoje pelos brasileiros
são heranças da troca de saberes entre esses povos.
Jean-Baptiste DeBret/Museus Castro Maya, rio De Janeiro
Jean-Baptiste Debret,
s
190
O ofício do boticário
O primeiro boticário a mudar-se para o Brasil foi o português Diogo de Castro,
diplomado em Coimbra. A maior parte dos boticários que atuavam na colônia,
contudo, não tinham conhecimento formal. Em geral, eram pessoas de famílias
humildes, com algum conhecimento prático sobre o preparo de medicamentos.
Esses profissionais instalaram no Brasil as boticas. Para a abertura de uma
botica, o interessado deveria passar por um teste aplicado por um representante
da Coroa. Se aprovado, era autorizado a abrir a loja e preparar os medicamen-
tos. Esse tipo de comércio, contudo, só foi legalizado pelo governo português
em 1640, juntamente com a prática da sangria.
As boticas mais famosas foram as dos jesuítas, concorrentes dos boticá-
rios. Além de manipular substâncias químicas, incorporaram matérias-primas
utilizadas pelos indígenas. Nelas se produziam medicamentos que depois eram
vendidos em toda a colônia.
Boticários ou farmacêuticos?
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Jean-Baptiste
s
Debret, Botica
(1823). Aquarela.
Museus Castro
Maya, Rio de
Janeiro (RJ).
191
iro
ane
tempo fez a população recorrer a outros tipos de
De J
, rio
atendimento para tratar doenças. Além disso, as
i onal
pessoas também tinham receio de consultar os
aptiste
tadas no Brasil. Nesse contexto, o príncipe re-
-B
gente D. João instalou as primeiras escolas de
Jean
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medicina do Brasil, com o objetivo de formar na
colônia profissionais diplomados na área da saú-
de (praticamente inexistentes nessa época).
Assim, em fevereiro de 1808, foi fundada em Sal-
vador a Escola de Cirurgia da Bahia, que passou
a funcionar no antigo Colégio dos Jesuítas, sede
do Hospital Militar. No mesmo ano, um decreto s Em 1816, com a morte da rainha
D. Maria I, o príncipe regente D. João
real determinou a criação da Escola Anatômico- (1767-1826) foi aclamado rei e, em
Cirúrgica e Médica, no Rio de Janeiro, precursora 1818, recebeu o título de D. João VI.
Jean Baptiste-Debret, Retrato de D.
da Faculdade de Medicina do Brasil. João VI (1816). Óleo sobre tela. Museu
Mais tarde, em 1835, durante o período impe- Histórico Nacional, Rio de Janeiro (RJ).
rial, foi criada a Imperial Academia de Medicina,
que reunia os principais médicos do Rio de Janeiro. Essa academia funcionou,
por muitos anos, como órgão consultivo de D. Pedro I nas questões relativas
à saúde pública.
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3 A reforma sanitária
Até o início do século XX, os grandes centros urbanos no Brasil apresentavam
péssimas condições sanitárias e urbanísticas. Além de propagar epidemias, isso
também prejudicava a economia. Muitos países não permitiam que seus navios
atracassem em portos brasileiros, temendo o contágio dos tripulantes, o que di-
ficultava o comércio. Assim, após a proclamação da República, em 1889, muitas
cidades brasileiras foram modernizadas, o que incluiu também a reforma sanitária
dos principais centros urbanos.
A modernização das cidades brasileiras resultou, em muitos casos, em um
aumento da marginalização da população carente, provocando muitas tensões
e insatisfações populares. A situação agravou-se com a aprovação, em 1904,
da lei de obrigatoriedade da vacina contra a varíola.
A Revolta da Vacina
O momento mais tenso ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, onde as mu-
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• Durante sua infância houve alguma doença que se tornou epidemia na região
em que você vivia? Qual era essa doença? Você foi vacinado contra ela?
Converse com seus colegas.
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responsabilidade das instituições privadas de saúde. Assim, os cidadãos que não
podiam pagar pelo atendimento médico particular nem eram vinculados a algum
plano de previdência mediante o trabalho formal tinham de recorrer aos serviços
dos hospitais filantrópicos, como as Santas Casas da Misericórdia, ou submeter-se
aos precários atendimentos disponíveis em poucos hospitais públicos.
A partir da década de 1970 surgiram os primeiros movimentos visando a re-
formas na área da saúde. Mas foi somente entre as décadas de 1980 e 1990 que
a sociedade começou de fato a reivindicar melhorias significativas nesse setor.
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rooseVelt CÁssio/FolHapress
temas públicos de saúde do mundo.
Ele abrange desde o simples atendi-
mento ambulatorial até o transplante
de órgãos, garantindo acesso integral,
universal e gratuito para toda a popu-
lação do país.
[...] Além de oferecer consultas,
exames e internações, o Sistema tam-
bém promove campanhas de vacinação
e ações de prevenção e de vigilância
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2 Uma das heranças das tradições africanas na cultura brasileira é a prática das benzeduras,
ainda muito comuns em algumas regiões do Brasil. Na região em que você vive ainda existe
algum benzedor? Qual é sua opinião sobre essa prática?
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3 Qual era a diferença entre os ofícios do boticário e do farmacêutico?
4 O que mudou no campo da saúde com a chegada da família real ao Brasil em 1808?
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b) Quais foram as consequências dessas ações para a população brasileira daquele período?
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de 1865, enviou ofício ao presidente da pro-
mas patriotas’. Vítor campo de batalha (século
víncia solicitando trabalho como enfermeira XIX). Óleo sobre tela.
Meireles pintou seu Câmara Municipal, Paço
na guerra. Alegava dois motivos: atenuar
retrato em tamanho Imperial de Salvador (BA).
o sofrimento dos que lutavam pela defesa
natural, que foi ex-
da pátria e estar junto aos filhos, que já se
posto na sede da Cruz Vermelha Brasileira.
achavam na frente de batalha.
No dia 5 de julho de 1870, chegava à
Ana não esperou a resposta de seu pedido
Bahia, no vapor Arino, a ‘mãe dos brasilei-
e embarcou junto com o exército de voluntá-
ros’, como foi denominada pelo Exército na
rios no dia 13 de agosto de 1865. A resposta
campanha do Paraguai. Posteriormente vol-
do presidente da província chegou mais tarde, tou ao Rio de Janeiro, onde faleceu em 20 de
definindo a sua contratação como enfermeira maio de 1880, aos 66 anos. Está sepultada no
para servir com as tropas no Paraguai. É con- cemitério de São Francisco Xavier.”
siderada a primeira enfermeira voluntária no
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital
Brasil, embora a paulista Felisbina Rosa seja (Orgs.). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a
mencionada como a primeira a partir para o atualidade (biográfico e ilustrado). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2000. p. 61.
front paraguaio.
Ana Néri ficou por quase cinco anos com Glossário
o exército. Perdeu um filho e um sobrinho na
guerra e teve extraordinária atuação como • Fragata: navio de guerra.
enfermeira. Em sua passagem pelo Rio de Ja- • Brigue: veleiro de guerra.
neiro, quando regressava da guerra, recebeu • Irromper: começar.
várias homenagens. Foi presenteada, em 6 de • Front: frente de batalha.
maio de 1870, por uma comissão de senhoras
Questões
1 Segundo o texto, Ana Néri destacou-se em que atividade? Quando e por que ela
começou a praticá-la?
2 Você conhece outras mulheres que tenham se destacado na sociedade em que viveram
assim como Ana Néri?
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Livros
(Unidade 1)
O ouro e as transformações na sociedade colonial, de Eduardo França Paiva.
uu
4. ed. São Paulo: Atual, 2011.
Apresenta o ciclo da mineração no Brasil durante o século XVIII e busca relacionar
importantes fatores desse período – como o desenvolvimento urbano e o aumento de
complexidade da composição social – com alguns problemas ainda presentes hoje
no país. (Unidade 1)
Casa-grande & Senzala em quadrinhos, de Gilberto Freyre; Adaptação de Estevão
uu
Pinto e Adolfo Aizen. 3. ed. São Paulo: Global, 2005.
O autor aborda as contribuições portuguesas, indígenas e africanas no processo de
formação do povo brasileiro, durante os primeiros tempos da colonização. (Unidades
1 e 2)
Memórias de um bandeirante, de Sonia Sant’Anna. São Paulo: Global, 2001.
uu
O livro apresenta as memórias de um velho bandeirante que, no fim da vida, relata a
história de sua vida na época da colonização do Brasil. (Unidade 1)
História da saúde pública no Brasil, de Claudio Bertolli Filho. São Paulo: Ática, 2011.
uu
(Coleção História em Movimento).
O autor trata da situação da saúde pública no Brasil e daqueles que só podem contar
com ela, desde a Proclamação da República, em 1889. (Unidade 2)
Grécia e Roma, de Pedro Paulo Funari. São Paulo: Contexto, 2011. (Coleção
uu
Repensando a História).
O que herdamos das culturas grega e romana, denominadas clássicas? Por que
ainda estudamos a Antiguidade? Esses e muitos outros aspectos são apresentados
de maneira instigante pelo historiador e arqueólogo Pedro Paulo Funari. (Unidade 2)
A Idade Média explicada aos meus filhos, de Jacques Le Goff. 2. ed. Rio de Janeiro:
uu
Agir, 2012. (Coleção Explicando aos Meus Filhos).
Nesse livro, Jacques Le Goff, um dos maiores historiadores e pensadores europeus,
apresenta em linguagem acessível as principais características da cultura e da socie-
dade medieval. (Unidade 2)
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse acervo há objetos de diferentes lugares do mundo e em épocas diversas, desde
os produzidos pelos primeiros seres humanos que habitaram a Europa até artefatos
mais recentes, feitos por diversos povos indígenas do Brasil. (Unidades 1 e 2)
Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM. Disponível em: <www.
uu
fumdham.org.br/sitiosarq.asp>. Acesso em: 28 mar. 2013.
O site apresenta informações sobre sítios arqueológicos, pinturas rupestres, patrimônio
cultural e natural do Brasil, na região do Parque Nacional Serra da Capivara, no estado
do Piauí (PI). (Unidades 1 e 2)
Filmes
A missão, direção de Roland Joffé. Estados Unidos, Versatil Home Video, 1986. 120 min.
uu
Uma história trágica de amor que se passa no final do século XVIII e leva o protagonista
a reunir-se aos jesuítas em defesa dos indígenas nos aldeamentos dos Sete Povos
das Missões, região localizada no atual Estado do Rio Grande do Sul. (Unidade 1)
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