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Março de 2020
1 - O Problema
1.1 - Introdução
O conjunto de técnicas de improvisação teatral conhecido como Sistema Impro, criado para
potencializar o treinamento de atores e dinamizar a prática cênica por intermédio de criações
espontâneas e colaborativas que encorajam o uso de respostas livres e intuitivas
(Dudeck,2013) têm sido incorporado ao treinamento de empresas norte-americanas há
décadas, sobretudo no que diz respeito a profissões que sustentam inovação como valor e
capacidade criação em equipe. De modo geral, acredita-se que tais técnicas aprimorem
significativamente a confiança, familiaridade, entusiasmo e habilidades sociais necessárias
para superar inibições que impedem o processo criativo (Hackbert, 2010). Em uma época em
que o avanço tecnológico preconiza a automatização de postos de trabalho em numerosos
setores, é possível replicar o modelo norte-americano baseado em jogos teatrais para
aprimorar a experiência do serviço ao cliente e o relacionamento com a marca? O emprego de
tal sistema pode impactar público alvo e colaboradores da mesma forma? De que forma se
pode desenvolver uma referência para o diagnóstico, concepção e implementação de
programas de treinamento a partir de uma concepção do teatro de improviso como recurso
estratégico de comunicação intra e interorganizacional em endomarketing e marketing de
serviços?
1.2 - Objetivos
O objetivo final deste projeto é desenvolver uma referência para o diagnóstico, concepção e
implementação de programas de treinamento a partir de uma concepção do teatro de
improviso como recurso estratégico de comunicação intra e interorganizacional em
endomarketing e marketing de serviços.
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como ferramenta de fomento para criatividade e execução de estratégias de marketing de
serviços e endomarketing.
1.3 - Relevância
O avanço tecnológico rumo à automação dos serviços coloca em xeque a própria definição de
produtividade humana (Harari, 2015). O marketing de serviço ainda demonstra menos avidez
pelo processo de desumanização, porque é na interação pessoal com o cliente que a relação
com a marca se consolida, especialmente em áreas como turismo e produtos de alto luxo.
Investigar a utilização de técnicas que potencializem relações interpessoais e estimulem
engajamento e empatia tem o potencial de fomentar resultados e competências. Países onde o
Sistema Impro já se encontra amplamente inserido, reagem com mais naturalidade ao
emprego de suas metodologias no universo corporativo. Em Portugal, onde os coletivos
teatrais já estudam o Sistema Impro há mais tempo, é possível fazer uma observação empírica
do impacto de tal estratégia no rendimento de profissionais e companhias.
Assim como as aplicações pedagógicas do Sistema Impro têm ganhado crescente evidência
em estudos no Canadá e nos Estados Unidos em diversas escolas de gestão, ciências sociais e
mesmo ciências médicas (Carvalho, 2019), em Portugal, identifica-se a oportunidade de uma
investigação que possibilite o preenchimento de algumas das lacunas interdisciplinares locais
para o avanço do conhecimento acadêmico sobre o tema.
São classificados como serviços as transações realizadas por uma empresa ou indivíduo, cujo
objetivo não está associado à transferência de bens. Há, ainda, dois componentes de
qualidade que devem ser considerados: o serviço propriamente dito e como ele é percebido
pelo cliente (LOVELOCK; WRIGHT, 2006). Se os clientes baseiam suas avaliações na
percepção que formam de uma experiência, então a imagem poderia influenciar a qualidade
percebida. A qualidade sensorial estaria relacionada à qualidade do serviço uma vez que essa
é a “base do marketing de serviços por que o produto total buscado é uma performance”
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(PARASURAMAN, 1991, p.5). A comunhão de pensamentos em dramaturgia e marketing de
serviços sugere uma aplicabilidade da dramaturgia ao marketing de serviços (GROVE; FISK,
1989).
O Sistema Impro é definido por Dudeck (2013) como o conjunto de teorias, terminologias,
pedagogias, técnicas, exercícios e jogos criados pelo encenador britânico Keith Johnstone
para potencializar o treinamento de atores e dinamizar a prática teatral, por intermédio de
criações espontâneas e colaborativas que encorajam o uso de respostas livres e intuitivas
pelos participantes. No Sistema Impro, percebe-se que a espontaneidade é parte da
criatividade, sendo os dois processos apresentados como simultâneos, no qual ambos estão
relacionados com o fator do desbloqueio e da criação permitida a partir dele (Horta; Muniz,
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2015). Quando aplicada à criação teatral, o Sistema Impro não recorre exclusivamente à
memória ou à espontaneidade individuais, mas oferece-se como um trampolim para a
reflexão coletiva (VERA ; CROSSAN , 2004). Trata-se de uma metodologia para criação
instantânea e coletiva.
O uso do Teatro de Improviso como recurso estratégico está alinhado com a Visão Baseada
em Recursos (VBR), que fundamenta a administração de recursos tangíveis e intangíveis na
heterogeneidade das empresas e nas variáveis que impactam na dinâmica setorial e criam
vantagem competitiva (BARNEY, 1991). Os recursos, portanto, precisam ser capazes de
facilitar a exploração de oportunidades e/ou neutralizar ameaças do ambiente, permitindo a
redução dos custos ou o incremento de receitas (PRZYCZYNSKI ; BITENCOURT, 2011).
3 - Metodologia da Pesquisa
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Os Improváveis estrearam em 2008, no Teatro Casa da Comédia, em Lisboa, e desde então
mantêm espetáculos com notória regularidade, dedicando-se também a festivais
internacionais, teatro corporativo e cursos regulares de formação. Os Instantâneos atuam
desde 2010, dedicados à proposta de posicionar Portugal no circuito mundial de teatro de
improviso, razão pela qual criaram em 2012 o Festival Espontâneo, atualmente um dos mais
importantes da Europa (Carvalho, 2019).
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4 - Referências Bibliográficas
DeWALT, K.; DeWALT, B. (2011). Participant observation: a guide for fieldworkers. 2. ed.
Lanham: AltaMira Press.
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GROVE, S. J.; FISK, R. P. (1989). Impression management in services marketing: a
dramaturgical perspective. In: GIACALONE, R A; ROSENFELD, P. (1989) Impression
Management in the Organization. LEA, USA.
HARARI, Y. N. (2016). Homo Deus, Uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia
das Letras.
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LOVELOCK, C.; WRIGHT, L. (2006). Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva.
TORQUATO, G. (2002). Tratado de Comunicação organizacional e Política. São Paulo:
Editora Thonson.
VERA, D.; CROSSAN, M. (2004). Theatrical improvisation: lessons for the organizations.
Organization Studies, 25 (5), pp. 727-749.