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O Reinado

Fundada por uma caravana de refugiados das


terras distantes de Lamnor, esta coalizão de reinos Deheon
constitui o que a maioria dos humanos conhece
como o “mundo civilizado”. Este centro de igualdade
o Reino Capital
e progresso ainda contém muitas ameaças em suas Com sua vasta fronteira circular — delimitada
cidades e ermos, mas é governado por regentes que no ponto onde os clérigos de Valkaria perdiam seus
buscam (pelo menos em teoria) o melhor para seu poderes, antes da Libertação da deusa —, o Reino Ca-
povo. Além das fronteiras do Reinado, não há garan- pital tem sido visto como um reduto de normalidade
tia de que nobres, exércitos e países inteiros não se tranquila em meio ao caos geopolítico, um lugar onde
voltem contra os inocentes. as coisas ainda são como deveriam ser. De população
Embora seja mais seguro que outras regiões de humana, mas aberta e convidativa a quaisquer outras
$UWRQFRPIURQWHLUDVGHÀQLGDVUHODo}HVSROtWLFDVH raças, em oposição declarada à intolerância purista.
comércio entre as nações, é ilusão acreditar que o Nobres guerreiros em seus castelos, protegendo os
Reinado seja completamente civilizado — ou mes- camponeses à volta. Rotas comerciais bem patrulha-
mo mapeado. Salteadores espreitam nas estradas, das, seguras, pelo menos até onde a imensidão do país
enquanto monstros infestam cada bosque um pouco permite. Cidades ainda em reconstrução, ainda curan-
mais afastado das cidades. Incontáveis aldeias não do as feridas da guerra, mas cheias de determinação,
aparecem nos mapas, com habitantes dependendo RWLPLVPRHFRQÀDQoDHPXPIXWXURPHOKRU
de si mesmos (e de heróis) para se proteger.
Quase todo aventureiro é natural de alguma A Cidade Sob a Deusa
nação do Reinado, trazendo consigo seus maneiris- 9DONDULD A maior metrópole de Arton não é
mos típicos. Ainda que nem todos os habitantes de apenas uma cidade — mas o centro do universo. É a
cada país pensem da mesma forma, existem traços capital política do Reinado, o marco zero do mundo
culturais fortes que rendem alcunhas: “o Reino dos civilizado. É onde está a Deusa. A Líder dos Deuses.
Cavaleiros”, “o Reino da Magia”, “o Reino da Intriga” Sua fundação data de 400 anos atrás, quando
e assim por diante. O Reinado ainda é relativamente uma caravana de exilados de Lamnor, após meses de
jovem e o modo de pensar arraigado não se dissipou. rigorosa jornada através de terras selvagens, encon-
Embora cada nação do Reinado seja soberana, trou a deusa. Uma estátua alta como uma montanha,
todas respondem a uma autoridade maior: a Rainha- de tais proporções que nenhum poder mortal poderia
-Imperatriz Shivara, a maior heroína do mundo, líder esculpir. Uma mulher de joelhos, braços estendidos,
dos povos livres. A aliança entre os reinos garante olhar enigmático para os céus. Por toda a volta, planí-
relativa paz, mas isso hoje em dia é questionável. cies verdejantes e regatos límpidos, livres de feras e
Há poucos anos, a Guerra Artoniana devastou o Rei- monstros, uma terra abençoada. Quem mais poderia
nado, causando o rompimento de antigas alianças. ser, senão uma deusa? Quem mais senão Valkaria,
0DQWHUDFRDOL]mRXQLGDpXPGRVPDLRUHVGHVDÀRV seu nome já conhecido, sonhado por aqueles que
dos heróis artonianos. /DG\ Shivara muitas vezes re- haviam guiado os refugiados rumo àquele destino?
úne grupos de aventureiros em missões diplomáticas Que outro lugar no mundo seria a morada perfeita,
SDUDIRUWLÀFDUDVDOLDQoDVRXOLGDUFRPDOJXPSHULJR senão aos pés da dama, senão sob sua sombra gentil?
que ameace os reinos sob sua proteção. Um simples A partir daquele ponto, ao longo dos séculos se-
ataque de goblins a uma aldeia afastada pode fazer guintes, cresceram a cidade e a humanidade. Fazen-
populações sucumbirem às promessas de proteção das cercando povoados, povoados cercando castelos,
da odiosa Supremacia Purista. castelos cercando a deusa. Valkaria se espalhava
O atual e fragilizado Reinado de Arton contém imensa, populosa, inchada. Na arquitetura local, a
apenas sete países. Estes reinos formam o último imitação elogiosa do próprio monumento — már-
bastião de justiça e proteção mútua em um mundo more variando entre lilás e cinza-gelo, ornamentado
cada vez mais assolado pelo mal. com ondas e espirais douradas. Nem tudo limpo ou

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elegante; em muitos distritos, sobretudo os mais da metrópole, mais oferendas para a deusa. Pois era
afastados, moradores imploravam perdão à deusa Valkaria, a Deusa da Ambição, a deusa jamais satis-
por seus casebres humildes e ruas estreitas de terra feita. Nenhum tesouro seria demais para agradá-la,
batida, infestadas de mascates, pregadores, mendi- nenhuma feiura ou sujeira jamais poderia tocá-la.
gos e punguistas. Mas ali, sob os braços generosos Para sua tão querida deusa-mãe, a humanidade não
da donzela, tudo seria enorme, majestoso, brilhante. poderia oferecer menos.
Palácios opulentos quase alcançando os quadris da
deusa. Parques e jardins suspensos, ligados por
viadutos. Amplas pontes cruzando canais abarrota-
A Libertação
dos de embarcações. Dúzias de estátuas menores,
de Valkaria
retratando não apenas a deusa, mas também seus Mas por que os poderes da deusa alcançavam
irmãos no Panteão. O centro de Valkaria era arte e apenas algumas centenas de quilômetros? Religiosos
beleza até onde a vista alcançava. debatiam o tópico com fervor, mas a verdade oculta
era mais sinistra que qualquer de suas teorias. A
Orando à padroeira, clérigos descobriam-se estátua de Valkaria não era um presente para seus
capazes de conjurar milagres, mas havia um limite. devotos, mas uma prisão — a própria deusa en-
Ao exceder certa distância da estátua, os poderes contrava-se cativa no monumento. Era sua punição
concedidos desapareciam. Naquele ponto seria por crimes contra o Panteão, crimes que teriam
demarcada a distintiva fronteira circular da nação levado à própria criação da Tormenta. Ainda que a
Deheon, futuro Reino Capital do Reinado. Outras diva pudesse dar poderes a seus devotos, ainda que
raças talvez temessem exceder a barreira invisível, pudesse percorrer os arredores em forma de avatar,
pisar em terras além da proteção divina, mas não os sua essência estava aprisionada na pedra. Durante
seres humanos. Expedições partiriam para explorar, esse período ocorreria o Dia dos Gigantes; um em-
desbravar, colonizar o continente ao redor — e bate épico entre o Kishinauros, máquina humanoide
retornar com mais riquezas para o enriquecimento gigante de Mestre Arsenal, e um colosso celestial de

A paisagem próspera
de Deheon

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origem incerta. A metrópole sofreu danos extensos e aventureiros contra o centro de comando purista co-
por pouco a própria estátua não teria sido destruída, ORFRXÀPjDPHDoD
o que resultaria na morte da deusa. Hoje, três anos mais tarde, o reino de Deheon
O segredo sobre o cativeiro de Valkaria seria DLQGDVHUHFXSHUDGRH[WHQVRHVRIULGRFRQÁLWR0DV
revelado apenas a seu novo sumo-sacerdote, Hennd Valkaria, a deusa, agora lidera o Panteão. A cidade
Kalamar. O fardo era terrível, mas havia esperança; em seu nome retoma seu papel como coração do
o castigo divino não era eterno. Conforme decretado mundo civilizado, como inspiração máxima da
por Khalmyr, então líder do Panteão, a deusa seria humanidade. A mais cosmopolita das comunidades,
SHUGRDGDFDVRVHXVFDPSH}HVYHQFHVVHPXPGHVDÀR abrigando seres de todas as raças, todos os reinos,
— um vasto labirinto planar, o mais perigoso de to- todas as devoções. A metrópole frenética onde tudo
dos, forjado pelos próprios deuses. Coube a Kalamar existe, tudo acontece, tudo é dez vezes maior, mais
encontrar e convocar esses aventureiros. E assim, famoso, mais belo. Onde todo evento notável tem
após uma extenuante campanha, após derrotar os repercussões pelo resto de Arton. Para o verdadeiro
poderosos guardiões das masmorras, os heróis saíram herói aventureiro, não importa até onde suas jor-
vitoriosos. Seriam agora conhecidos como “os Liberta- nadas levem; cedo ou tarde, a Cidade sob a Deusa
dores”. A punição de Valkaria terminava. A deusa era estará em seu caminho.
livre outra vez, seus poderes agora atuando em toda
Arton. Mas sua estátua permaneceria ali, como o
presente que todos sempre
empre acreditaram ser. Bielefeld
Anos mais tarde,
de estado perpetrado
e, após sofrer um golpe
o por radicais, a nação
o Reino
militarista vizinha seria
eria renomeada Supre-
dos Cavaleiros
macia Purista. Seguindo
indoo uma vivvisão
são detur- Embora Deheon seja o primeiro e úl-
pada dos dogmas de Val Valkaria,
a ka
k ria, os puristas timo bastião da humanidade, não há
acreditavam que os humanos seriam a nação mais devotada à luta contra o
raça eleita, com a missão
ssão de exterminar mal que Bielefeld. Lar da Ordem da
todos os outros povos.
vos. Seus podero- Luz, há séculos o país vem treinan-
sos batalhões marchariam
hariam do e ordenando os mais prestigiados
sobre os reinos, aniqui-
iqui- cavaleiros e paladinos de Arton, ver-
lando anões, elfos e ou- dadeiros campeões do Reinado. Foi
tros não humanos. Ma Mass
M Bielefeld quem primeiro ergueu seu
seu maior objetivo não
ão po- aço contra as forças de Von Krau-
deria ser outro: a conquis-
nquis- ser, travando contra seus exérci-
ta de Valkaria, centro
o polí- tos as mais violentas batalhas na
tico-religioso do mundo,
undo, Guerra Artoniana. Mesmo nos
e lar da deusa que acre- dias de hoje, enquanto tenta
ditavam honrar com m sua UHVWDXUDU VXDV ÀOHLUDV RV FD-
terrível doutrina de pureza ra- valeiros ainda combatem os
cial. Assim seria desencadeada
esencadeada puristas na turbulenta Con-
a Guerra Artoniana,, lotando as ÁDJUDomR GR $oR D ]RQD
ruas valkarianas com m refugiados HP FRQÁLWR TXH H[LVWH
das terras vizinhas, impregnan- nas fronteiras entre Bie-
do a cidade com penúria
núria e misé- lefeld, Wynlla e as ter-
ria, trazendo a batalha
ha até seus ras da Supremacia.
muros. Apenas a investida
vestida au-
daz de um pequeno grupo de

Os cavaleiros da Luz.
Campeões do bem
e guardiões do Reinado

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Nomes em Arton
Norm
A cidade mais populosa de Bielefeld é conheci- Nomes são muito importantes em Arton.
GDFRPRXPODUGHKHUyLV(P1RUPÀFDR&DVWHOR Existe uma tradição, predominantemente
da Luz, sede da famosa e honrada Ordem da Luz. KXPDQDTXHDÀUPDTXHFDGDSHVVRDGHYH
Erguido por anões, é a construção mais impres- ter um nome único, para que os deuses
VLRQDQWH GR UHLQR 6XDV WRUUHV GH SUDWD H PDUÀP possam vigiá-lo durante a vida e dar-lhe o
imitam a espada de Khalmyr, enquanto o escudo do julgamento correto quando a hora da morte
Deus da Justiça aparece em todas as portas e pare- chegar. Assim, a maioria dos pais tenta ser
des. No pátio central, subindo acima das muralhas, o mais criativo possível na hora do batismo,
o próprio deus Khalmyr aparece reproduzido numa embora não haja qualquer garantia que não
estátua de sessenta metros de altura. Sua mão direi- exista algum outro, digamos, Bazinthir ou
ta erguida simboliza a justiça divina que recai sobre Lithora no mundo.
todos. Além disso, uma técnica secreta empregada Essa tradição não impede que a criança
pelos anões faz com que o castelo brilhe à noite, receba o nome de um herói ou membro da
RIHUHFHQGRXPDYLVmRPDJQtÀFD³HXPVLJQLÀFDGR família falecido. Distorcendo o raciocínio
literal ao nome “Castelo da Luz”. LQLFLDOKiTXHPSUHÀUD´URXEDUµRQRPHGH
O Castelo é poderoso. Armadilhas, passagens celebridades de boa fortuna, na esperança
secretas, muralhas e rampas móveis podem repelir de trazer para o rebento as bonanças do
tropas invasoras. Suas catapultas e balestras podem outro. Quando dois aventureiros que levam
deter mesmo monstros poderosos, enquanto cen- a tradição a sério e possuem o mesmo nome
tenas de seteiras estão prontas para acomodar os se encontram, é comum que se enfrentem.
melhores besteiros do reino. A cidade cresce a partir O derrotado é obrigado a mudar seu nome
das muralhas do Castelo, com uma profusão de es- perante um clérigo do Panteão, sob pena de
talagens, tavernas e estabelecimentos comerciais — ser amaldiçoado para sempre.
que logo cedem lugar às residências, pastos e campos 1RPHV+XPDQRV Muitos humanos
de cultivo. Boa parte dos recursos locais é empregada não possuem sobrenome — isso é mais
SDUD PDQWHU D IRUWLÀFDomR DEDVWHFHQGR VXDV WURSDV comum na nobreza ou em linhagens de
com armas, armaduras, boa comida e serviços. aventureiros. Entre os plebeus, é costume
Muitos dos maiores heróis da atualidade vivem adotar como sobrenome o nome do pai ou
em Norm ou passaram por aqui — Alenn Toren GDPmH 7KHGRQÀOKRGH%HOGRQ RORFDO
Greenfeld, Orion Drake e Vanessa Drake são apenas de nascimento (Heleonor de Bielefeld) ou
alguns deles. Apenas as cidades de Valkaria e Nova uma divindade (Ghart de Khalmyr).
Malpetrim podem competir com Norm como berço 1RPHV$Q}HV Anões têm nomes
de campeões. Contudo, tamanha notoriedade tem imponentes, que carregam o timbre grave
seu preço. A história de Norm é trágica e também que lembra o bater dos martelos dos
conta com máculas. Arthur Donovan III, neto do ferreiros e dos tambores de batalha. Seus
fundador da Ordem, vivia aqui quando enloqueceu sobrenomes vêm de famílias ancestrais ou
e se tornou um vilão autoritário e sanguinário. O jo- de adjetivos que exaltam suas qualidades.
vem cavaleiro Vincent Gherald organizou aqui uma ([HPSORVKhovarinn Hastharom, Dorotha
revolta que corrompeu boa parte da juventude da 4XHEUD3HGUDH%KROWDULPP0DFKDGR$ÀDGR
Ordem com poderes da Tormenta, resultando num
incêndio que devastou Norm. Durante a Guerra 1RPHV'DKOODQ Esta invenção dos povos
Purista, o inimigo chegou às portas do Castelo da civilizados nem sempre é adotada pelas
Luz — congelados por uma maldição, os cavaleiros dahllan. Algumas, por não acreditarem ter
foram salvos apenas pela intervenção de um grupo muita importância, aceitam qualquer nome
de heróis. Quase todos os habitantes da cidade que alguém decida lhes dar — enquanto
conhecem alguém que morreu ou perdeu tudo du- outras, fascinadas com essa novidade,
rante algum desses desastres. Mas o povo continua escolhem o próprio nome com muito
ÀUPH HP VXD GHYRomR D .KDOP\U H VHX DSRLR DRV capricho. ([HPSORV Violeta, Celandine e
RXWURVQRPHVGHÁRUHV
cavaleiros. Norm se orgulha de aguentar golpes que
fariam outros lugares desabar. A cidade-sede da
Ordem da Luz se vê como o bastião que protege Continua na página 350...
todo o reino de Bielefeld — e todo o Reinado.

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Wynlla te terreno ou vegetação natural, apenas ruas limpas,
torres deslumbrantes e muito silêncio.
o Reino da Magia Como esperado, a economia local é baseada na
produção e manutenção de golens — mercado restri-
Em Arton, conjuradores são prestigiados, res- to, mas que movimenta fortunas, tornando Coridrian
peitados e invejados — e nenhuma nação representa uma das cidades mais prósperas do Reinado. Pratica-
esse costume melhor que Wynlla. Fundado por arca- mente todos os habitantes, mesmo os não arcanistas
nistas e governado por uma austera magocracia, este ou inventores, exercem alguma atividade ligada a
reino de cidades opulentas e torres altíssimas goza construtos: extrair minerais raros, forjar metais exóti-
de posição privilegiada no Reinado, com sua eco- cos, entalhar runas complexas. Quase todo o trabalho
nomia baseada na restrita e lucrativa exportação de pesado ou monótono é realizado por golens, e apenas
itens mágicos. Por vezes seu poderio arcano também porque muitos destes seres são atraídos por tarefas
se provou necessário para proteger o Reinado, assu- simples. O resultado é uma população pequena, mas
mindo papel-chave durante a investida de Arsenal. vivendo em extremo conforto e riqueza.
Mas nem tudo em Wynlla é exatamente “mágico”; o
abismo social entre arcanos e mundanos é chocante Em Coridrian estão possivelmente as tavernas
— aqueles incapazes de usar magia são considerados e estalagens mais elegantes do Reinado — impeca-
ralé, sem acesso aos pontos mais prósperos do reino. velmente limpas, sem que se consiga encontrar uma
única mancha ou inseto. Quase todas são atendidas
por golens, enquanto enxames de construtos meno-
O Lar dos Golens res cuidam da arrumação e limpeza. Mas visitantes
Na fantástica cidade de &RULGULDQ, forjar estrangeiros vão achar os preços exorbitantes, sobre-
construtos vivos não é apenas a principal atividade tudo quanto às refeições — até dez vezes mais caras
econômica, mas também o traço mais marcante em que o padrão. Não existindo plantações ou criações
sua história e cultura. de gado nas proximidades, toda a comida precisa
Como tantas outras povoações do reino, Cori- ser transportada por grandes distâncias, elevando
drian nasceu por iniciativa de um grande arcanista, in- seu custo às alturas (o que não é problema para a
WHUHVVDGRHPÀ[DUPRUDGLDSDUDUHDOL]DUVHXVHVWXGRV endinheirada população local). Alimentos realmente
Além de conjurador, o qareen Sar-Laazar era também frescos só podem ser obtidos por meios dispendio-
um renomado inventor especializado em golens. Com sos, incluindo teletransporte; uma simples fruta
o tempo, uma comunidade cresceu à volta de seu cas- pode custar o equivalente a uma boa espada!
telo, formada por assistentes, servos, ferreiros, merca- Forasteiros também podem se espantar com as
GRUHVHVXDVIDPtOLDV³QDWXUDLVRXDUWLÀFLDLV2XWURV rígidas leis locais, sob as quais não existe diferença
PDJRVHDUWtÀFHVVHVRPDULDPjFUHVFHQWHSRSXODomR entre causar dano a uma propriedade ou uma pessoa!
o que demandou a fundação de uma cidade. Agora Por longos anos essa legislação escondeu um segredo:
prefeito, Sar-Laazar nomeou-a em homenagem à fale- parte da cidade era um único golem gigantesco. Trata-
cida esposa Coridrianne, assassinada poucos anos an- va-se do Colosso Coridrian, forjado em sigilo durante
tes por um golem defeituoso; a tragédia motivaria o anos para proteger Arton contra inimigos gigantescos
arcanista a aprimorar ainda mais estas criaturas, incu- — sobretudo após a destruição ocorrida em Valkaria,
tindo-lhes inteligência, moral e ética verdadeiras. Seu durante o fatídico Dia dos Gigantes.
trabalho levou ao surgimento dos golens autocons- De fato, quando Mestre Arsenal concluiu os
cientes que hoje perambulam pelo Reinado. reparos de sua máquina-fortaleza Kishinauros, o
Golens circulam livremente pelas ruas de Cori- infame clérigo da guerra e seus seguidores marcha-
drian, lado a lado com humanos e outras raças. Mui- ram sobre os reinos, com o propósito de mergulhar
tos destes construtos assumem papéis tradicionais, R PXQGR HP FRQÁLWR HWHUQR $LQGD LQDFDEDGR R
como soldados ou trabalhadores braçais, enquanto Colosso Coridrian receberia recursos apressados de
os demais abraçam todo tipo de devoção — arcanis- todo o Reinado, bem como a ajuda de numerosos
tas, clérigos, até mesmo inventores forjando outros grupos de aventureiros que correram o mundo em
golens! Não apenas parte da população coridriana é busca de itens mágicos necessários, em uma inves-
DUWLÀFLDOPDVWDPEpPVXDÁRUDHIDXQDFDUUXDJHQV WLGD TXH ÀFDULD FRQKHFLGD FRPR &RQWUD $UVHQDO $
são puxadas por cavalos mecânicos, pássaros de en- batalha titânica terminaria com a destruição total
JUHQDJHQV FKLOUHLDP P~VLFD VXDYH ÁRUHV PHWiOLFDV de ambos os colossos, além de qualquer reparo. A
exalam compostos perfumados, brisa é soprada por Capital dos Golens seria reconstruída, desta vez sem
ventiladores ocultos na arquitetura. Quase não exis- ocultar nenhum gigante secreto. Até onde se sabe.

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Namalkah dos Cavalos, que escolheu o estábulo para passar a
noite. Assombrada, a família Verimm, que morava
o Reino dos Cavalos aqui, trouxe tudo que tinha de riquezas em oferenda
à divindade. Quando Hippion partiu pela manhã, os
Neste reino pastoril de extensas planícies e rancheiros começaram a experimentar uma época de
distâncias imensuráveis, homem e cavalo são como boa fortuna que não acabou até hoje, séculos depois.
irmãos. Rústicos e honrados, os namalkahnianos des- A fama do lugar se espalhou e o pequeno rancho
cendem de colonos e bárbaros nativos, cujo contato se transformou na cidade de Hippiontar, também
LQLFLDOSDFtÀFRUHVXOWRXQDPLVFLJHQDomRGHVWHVSRYRV chamada de “Baia de Hippion”.
Aqui cavalos são considerados sagrados, cultuados Hippiontar mal parece uma cidade — não passa
como presentes dos deuses — ainda que cumprindo de uma vastidão de estalagens, canchas de corrida,
seu papel tradicional como companheiros dos seres SHTXHQDVID]HQGDVHRÀFLQDVHVSDOKDGDVQXPDSOD-
humanos. Não existem em Arton cavalos mais rápidos nície ao redor do rancho. Contudo, os tropeiros de
ou inteligentes que os de Namalkah, nem ginetes mais Namalkah consideram que em cada viagem devem
hábeis. Cada criança, aos seis anos, é presenteada com parar pelo menos uma noite em Hippiontar, assim
um cavalo, tornando-se responsável por ele como pai como Hippion fez tanto tempo atrás. A “cidade” está
HÀOKR'L]VHTXHXPQDWLYRGHVWHUHLQRFRQVHJXHDWp sempre recebendo visitantes que trazem oferendas,
falar a língua desses animais. gastam dinheiro nas tavernas, hospedam-se nas es-
talagens e, é claro, visi-
Hippiontar tam a lendária
Uma
Umma dad
dass ci
ccidades
d dees ma
da mais
ais
i imp
importantes
m or
orta
taantes
ntes dee Na
N
Namalkah
maalkah
começou
come
co meço
meçou
ço u coccomo
mo um
mo m memero
m ro rrancho
ero a cho
an o n no meio
o mei nada,
io do nad da,
até
at
té qu rrecebeu
quee re cebe
cebeu
be vvisita
u a vi dee Hi
siita d Hippion,
Hipp
p ion, o D
pp Deus
e s Me
eu Menorr

Ginete e cavalo. Em Namalkah,


são irmãos pela vida

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