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Capa
Dennis Romoaldo
Diagramação
Mylene Ferreira
Revisão
Sônia Carvalho
Livro Digital
1ªEdição
Isabela M.O.T
**
O escritório parecia menor e mais sufocante do que a última vez que
estive aqui, a poltrona grande se esquentava ao meu redor e o olhar escuro
de Semyon me fazia questionar o motivo de estarmos tão quietos, mesmo
que tenha sido ele quem mandara me buscar para uma conversa. A porta
rangeu indicando mais um visitante, e antes que eu pudesse virar meu rosto,
escutei os passos de um salto batendo contra o piso frio e o olhar do meu
Pakhan saiu do modo inexpressivo para algo radiante.
— Alya, sente-se, querida! — Ele indicou a poltrona ao lado da
minha, bastou que ela se acomodasse para ele retornar ao modo negociador,
ajeitando-se e voltando a me encarar. — Podemos começar agora, já que
todas as partes interessadas estão aqui.
Não entendia a urgência dessa reunião, muito menos o porquê de
nós dois precisarmos estar presentes. Minha função era simples e eu a
cumpria com louvor sempre. Odiava ter olhos mirando-me o tempo todo, as
ordens vinham e iam através de mensagens codificadas e apenas isso me
bastava.
Na máfia todo cuidado é pouco, ainda mais quando nosso líder
altera, sem se importar com a opinião geral, a estrutura das negociações.
Semyon se desvinculou dos Bratva exatamente para enterrar essa visão de
gângsters sanguinários que foi associada a eles. Apesar de sabermos como
agir em situações extremas, ele passou a priorizar uma boa conversa regada
a favores e vantagens. Zhertva deixou de ser uma rede oculta com capangas
mal-encarados e tornou-se uma grande empresa de construção com bons
acordos políticos e empresariais.
A corrupção ainda circulava pelas entranhas do seu negócio, assim
como a venda de drogas e armas, porém, com muito mais cuidado e
organização, procurando sempre manter a situação apaziguada.
Nem todos gostaram disso, os mais velhos preferiam a velha mão de
ferro, somente desse jeito eles se sentiam no controle de algo, tratando a
todos abaixo deles como lixo e, sem perceber, conseguindo mais inimigos
dentro de seu próprio meio.
Semyon floresceu onde eles cuspiam, negligenciando seus soldados,
violando suas mulheres e marcando o corpo de crianças sem qualquer pena.
Foi através das dores dessas pessoas que meu Pakhan conseguiu formar
uma família segura, implacável e com boas relações. As formigas operárias
finalmente enxergaram suas forças e dedicações e resolveram trocar seus
reis e rainhas, entregando-as nas mãos de um Rurik jovem e ganancioso,
mas que nunca se esqueceu de seus operários.
Eu não fantasiava com um líder perfeito, sabia o quanto sua mão
poderia ser pesada e que segundas chances não faziam parte da sua vida,
mas ainda assim ele era melhor do que o lixo anterior. Por isso, seria
sempre grato e leal ao meu Pakhan, pois, encontrar alguém com o mínimo
de decência nesse mundo sujo era quase impossível.
Enquanto as palavras escapavam de seus lábios, firmes e afiadas
como a adaga que vi sua filha empunhar, eu me perguntava o motivo de ter
sido escolhido para aquele arranjo. Um relancear para o lado e encontrei a
postura ereta da herdeira mais cobiçada de toda a Rússia, seus lábios
comprimidos e o olhar tão indiferente que, mesmo sendo de cores
diferentes, lembrava demais o de seu pai.
— Não entendo, por que eu? — perguntei quando ele se calou.
— Por que não, Yakov?
Ele sabia os vários motivos que impediam tal loucura. O sorriso
ladeado e carregado de maldade me dizia algo como: “ouse dizer em voz
alta”.
— Sou apenas um Vor, creio que sua filha concorda que não serei de
grande utilidade...
— Na verdade, confio nas decisões do meu pai. — Ela sobrepujou
minha fala. — Ele não entregaria sua única filha a um louco inconsequente.
— Continuo sendo um Vor, mesmo que o líder, não passo de um
soldado.
— Seja mais gentil consigo, Yakov — Semyon se ergueu,
aproximando-se e ficando entre nós, de pé.
Era dessa forma que ele demonstrava um pouco mais de sua
superioridade. Ainda que parecesse brando em vista de outros Pakhan e
líderes, era tão feroz quanto. Ele preferia não derramar sangue, no entanto,
não se negava a fazê-lo se preciso. A hierarquia ainda importava e isso
significava jamais desrespeitar sua autoridade.
— Minha filha será a rainha deste castelo quando chegar a hora, não
tenho qualquer intenção de usá-la como moeda de troca. — Franzi o cenho.
— Não estou procurando um idiota arrogante, e sim um bom homem que
possa caminhar ao seu lado e a proteger se for necessário.
Certo. Começava a desenhar suas intenções em minha mente. Talvez
ambos acreditassem que seria fácil me manipular a ponto de não ser um
risco para o seu comando, de qualquer forma, nunca tive a ambição de
ascender como Pakhan, porque era o tipo de responsabilidade que nunca
desejei. O único problema consistia em fazê-lo dentro de uma união
matrimonial, conseguiria proteger a herdeira como guarda-costas, não
existia necessidade para tal aprisionamento entre nós.
Jamais daria a Alya o amor que ela merecia.
— Acredito que posso cuidar do bem-estar da senhorita Rurik sem
necessariamente me casar com ela.
Um toque gentil em meu braço me fez encará-la curioso, ela
inclinou a cabeça e ergueu um pouco suas sobrancelhas. O rosto de um
anjo, tingido com algumas sardas em seu nariz e bochechas.
— Minha aparência não te agrada, soldado?
Aquela pergunta me paralisou. Como ela poderia dizer algo do tipo?
E na frente de seu pai?
— Claro que... claro que agrada, quer dizer, senhorita Rurik, não
tem nada a ver com isso. — Eu simplesmente não conseguia desviar o
olhar.
— Não será difícil estar ao meu lado e além de me proteger, quero
que me satisfaça. Somos uma família cheia de superstições e não quebrarei
nenhuma delas. — Sorriu de canto, o olhar ficando mais doce à medida que
seu toque deslizava delicadamente por meu braço, esquentando e tornando-
me consciente de seus movimentos. — Você também me agrada, Senhor
Dobrow.
De repente me tornei ciente da presença de seu pai naquele
escritório e me ajeitei, afastando-me delicadamente dela e voltando a
encará-lo. Ele não parecia desagradado com a situação, porém não abusaria
da sorte.
— Yakov, se estiver com medo de algo e precisar de garantias,
estamos dispostos a fazer um contrato com cláusulas de segurança para
você, não haverá um prazo, mas os dois estão livres para debaterem sobre
um possível divórcio.
O contrato era para me assegurar, mas pelo seu tom de voz e olhar,
não existia uma chance para negar seu “pedido”. Eu, um mero soldado, me
casaria com a princesa da máfia russa, a mulher que foi estudar fora do país,
aprendeu mais de dois idiomas e é cobiçada por sua beleza e importância.
Seria isso sorte ou revés?
Não importava mais, o jogo havia começado entre os dois, as cartas
foram lançadas e eu só estava na mesa, sem saber o quanto valia e nem a
quem pertencia, torcia para que ambos estivessem do mesmo lado.
Capítulo 02
**
A mensagem era curta e o número desconhecido, porém, eu sabia
quem era seu remetente.
Olhei-a mais uma vez: “me encontre atrás da casa principal”.
Bufei e enfiei o celular no bolso, uma madrugada fria como aquela
não deveria ser subestimada, talvez ela estivesse tão acostumada com o
clima no exterior que se esqueceu de como as coisas funcionavam em sua
terra natal, não existia inimigo mais sorrateiro do que o frio de anúncio ao
inverno.
Uma silhueta esguia se atreveu a se aproximar, tão rápida e
silenciosa que se eu não estivesse atento, jamais a teria notado. Um capuz
foi abaixado, mostrando bochechas vermelhas, marcadas pela brisa gelada e
olhos de um azul tão intenso que poderiam me guiar através da escuridão da
floresta mais ao fundo do terreno, seus cabelos dourados presos em um rabo
de cabelo bem-alinhado e alto, com apenas alguns fios que se soltaram com
o movimento do capuz.
— Me desculpe pelo horário, a casa está uma bagunça por causa do
jantar de amanhã e minha presença é constantemente solicitada. — Sorriu,
parecendo não se incomodar nem um pouco com o clima ou o fato de estar
carregada com roupas pesadas.
— Não deseja mesmo me acompanhar até algum lugar quente e...
— Não há necessidade — cortou-me, estendeu as mãos que estavam
cobertas por luvas grosas e felpudas e pegou as minhas, que permaneciam
nuas por ter saído apressado. Ela as esfregou, como se estivesse preocupada
com o quanto poderiam estar frias. — Serei breve, não quero atrapalhá-lo
mais.
Assenti, ainda tendo o seu toque persistente, não quis afastá-la, de
qualquer forma, parecia mais como um movimento involuntário vindo de
alguém acostumado a cuidar dos outros, algo que me surpreendeu.
— Sei que as coisas estão desordenadas e isso gera dúvidas e
confusões. — Seus olhos mapearam o local uma vez mais antes de finalizar
sua frase. — Mas não sou uma inimiga infiltrada, não pude te mostrar quem
sou por causa da pressa do meu pai, porém desejo que esse casamento seja
bem-sucedido, espero que possa ser meu companheiro, Yakov.
O brilho em suas íris me confundiu, assim como o calor que passava
de suas mãos para as minhas e o leve umedecer de lábios que a levou a
colocar a língua para fora desenhando o contorno de sua linda e pequena
boca.
Todavia, sorri e acenei, a tentativa de me seduzir foi bem aplicada,
sem grandes exageros em seus gestos, e as palavras usadas cuidadosamente.
Ela poderia só querer o melhor para nós e estava usando o que sabia a seu
favor ou tentava conseguir minha confiança para me manipular em seu jogo
obscuro.
— Amanhã teremos muitos líderes e políticos nos observando, a
maioria não aprova a decisão do nosso Pakhan, por isso, mesmo que não
seja da sua vontade permanecer ao meu lado por muito tempo, seja o mais
convincente possível e me ajude na tarefa de fazê-los acreditar que temos
sentimentos um pelo outro.
— E por que isso importa?
Ela mordiscou o lábio e soltou minhas mãos, recuando um passo
para me olhar.
— Quais motivos teria um Pakhan, para casar sua filha com um cão
de guarda leal e experiente? Senão por fazer as vontades de sua única filha
mimada, então por quê?
As engrenagens em minha cabeça voltaram a funcionar com a falta
do contato físico, me lembrando que, por mais que tenha notado sua
tentativa de sedução, me deixei levar o suficiente para não enxergar a
situação como um todo.
— Eles podem pensar que o senhor Rurik deseja fazer uma nova
limpeza entre seus aliados — balbuciei e ela apenas concordou. — Com o
seu retorno isso pode ser mais consistente e gerar uma revolta, se houver
muitos inseguros podem se unir e causar uma grande dor de cabeça...
— Não precisa ser delicado... eles não causariam uma grande dor de
cabeça, e sim, aproveitariam a oportunidade para matarem a única herdeira
em seu momento mais frágil na organização.
Ela estava certa. Engoli em seco.
— Por que não vi isso chegando?
— Não importa, apenas me ajude, certo? É melhor que eles me
enxerguem como uma mulher mimada por seu pai, que criou uma paixão
por seu soldado mais antigo e presente na casa. Farei com que pensem que
irei embora com você e não tenho interesse no comando.
— E quanto ao seu sequestro?
— Nenhum deles sabe que fui eu quem me salvei. — Ela se
aproximou de novo, tocando meu peito e se inclinando em minha direção,
seu olhar tornou-se brando outra vez, quase tão doce quanto uma mulher
verdadeiramente apaixonada. — Para eles, foi meu lindo e forte Vor quem
me salvou do pior.
— Me diga exatamente o que deseja, senhorita Rurik?
Seus dedos subiram até que a luva felpuda chegasse à minha
bochecha.
— Comece me chamando apenas de Alya — hesitei por um
momento, querendo me livrar do seu toque, mas ela não permitiu, se
aproximando ainda mais de mim e invadindo meu espaço pessoal. — Não
desvie, devemos parecer acostumados um ao outro e não se preocupe, não
irei abusar do momento. — Seus olhos não deixaram os meus fugirem,
sempre me buscando o suficiente para me prender, eu já não sabia se aquilo
era sua sinceridade ou manipulação.
— Tudo bem, farei o que for preciso. Saiba que nunca fui bom com
carinhos, então peço que me ajude com isso, certo? — Ela sorriu, não como
uma fera tendo mais do sabor da sua presa, era algo parecido com uma
criança ganhando um presente que desejava muito.
— É melhor terminarmos por aqui, saiba que serei espontânea,
porém, sem exageros, precisamos passar a mensagem de nossa intimidade
com sutileza, para que pensem estarmos nos contendo. Obrigada, Yakov. —
Alya se esticou e fechei os olhos ao sentir seus lábios gelados contra minha
bochecha.
Nunca pensei que alguém me faria baixar a guarda tão fácil como
ela, isso me perturbou, nublando meus pensamentos enquanto a via se
afastando após me desejar um boa noite.
Por segundos não reconheci o que acontecia, ela parecia ser apenas
uma mulher comum se despedindo de um namorado ou amigo, e eu, parado
ainda sentindo seus lábios em minha pele, poderia ser confundido com um
homem ganancioso, desejando muito mais do que podia ter.
Capítulo 04
Yuri estava em silêncio, seu olhar atento e os passos sincronizados
com os meus demonstravam sua preocupação quanto às pessoas ao nosso
redor. Obviamente que minha morte seria de interesse para muitos que
estavam ali. Um mero soldado tomar o lugar de noivo da única herdeira do
Pakhan não soava certo aos seus ouvidos.
— Daqui a alguns minutos o senhor será oficialmente o noivo da
herdeira, como se sente sobre isso? — Yuri brincou, assim que ficamos a
sós no quarto que me foi destinado para me preparar.
— Igual sempre. — Dei de ombros.
Ele vistoriou os arredores, por mais que eu o tenha feito antes,
deixei que cumprisse seu papel como meu soldado pessoal, ao menos até o
final da cerimônia de hoje. Nós éramos o mais próximo de amigos que um
dia pude ter, não que me sentasse com ele para beber e contar sobre a vida
de forma casual, porém sentia-me confortável com sua presença e podia
ouvir algumas de suas reclamações que me soavam mais como piadas.
— Não diga besteiras, até mesmo suas roupas serão completamente
diferentes, vai andar por essa casa como um verdadeiro príncipe.
— Acho que estou velho para isso. — Ri. Yuri ficou sério de
repente.
— Então devo dizer... como um verdadeiro rei?!
Franzi o cenho e deixei minha postura ereta, lembrando-o sutilmente
que, mesmo estando em bons termos, éramos de níveis diferentes na
hierarquia e ele me devia respeito.
— Insinua algo? Acha mesmo que de todos, eu seria tão arrogante
assim?
Ele negou, relaxando os ombros e desviando o olhar.
— Desculpe, é difícil assimilar todas essas mudanças...
— Você acha? — Ri jocoso.
Tudo estava exposto sobre a cama para que me preparasse, suspirei
e comecei tirando a roupa formal e que me fazia sentir sufocado.
— Quer dizer que não é igual, no fim das contas? — brincou,
tentando voltar a um clima agradável.
Dei de ombros mais uma vez, ainda observando aquela parte da
minha vida que nunca previ e começava a me engolir de pouco em pouco.
— Yuri, tem ouvido mais alguma coisa dos funcionários? — ele
pareceu alarmado com a pergunta repentina, logo se recompôs e se colocou
ao meu lado, tocando meu ombro.
— A única coisa que dizem pelos corredores, é o quanto tudo está
sendo apressado, nada mais que isso, senhor!
Acenei.
— Está na hora de eu me arrumar, pode sair e checar se todos estão
se preparando também, e aproveite para pontuar possíveis problemas. —
Encarei-o e ele soube exatamente do que estava falando.
Não seria incomum ter um ou dois rebeldes que se precipitassem em
momentos de euforia.
Infelizmente, muitos destes herdeiros ricos acreditavam ser
intocáveis, levavam a vida no limite e pouco se importavam com negócios
arriscados. Muitos vivem drogados e são constantemente cobrados por seu
comportamento exagerado. Um evento como esse é perfeito para essas
pessoas perderem a cabeça e agirem feito idiotas.
Nem mesmo Semyon conseguiu conter ou se desvencilhar desse tipo
de pessoa, são como vermes que rastejam entre o dinheiro e a podridão. São
eles que tornam nossos negócios difíceis. Imaturos demais para entenderem
que a roupa de bom negociador e o olhar acolhedor de Semyon Rurik são
apenas uma bela e agradável fachada.
Deixei com o meu soldado a missão de identificar esses merdas, era
um dia para me fingir de apaixonado, entregue aos desejos pela linda filha
do Pakhan, uma ousadia que eu jamais teria, no entanto, poderia ser
facilmente explicada devido à beleza de Alya.
Vestir-me feito alguém que não sou. Mal conseguia me encarar
diante do espelho, as roupas limpas demais com um tecido que meu corpo
poderia se acostumar facilmente, os meus cabelos penteados para trás com
um pouco de gel os ordenando e mantendo-os no lugar e aquele perfume
suave, mas tão diferente do cheiro de sangue, lama e poeira que costumava
ter.
Ela estava tentando dizer algo quando colocou o frasco junto das
roupas?
Cocei a cabeça encarando-o... bom, era o suficiente de qualquer
jeito.
Algumas batidas delicadas na porta me fizeram ter noção de quem
era e o quanto aquela loucura estava mais perto de se tornar real. Olhei no
meu relógio de pulso e vi que ainda faltavam pelo menos duas horas para
começarmos nosso pequeno teatro, logo sua visita deveria ser para alinhar
nossas ações.
Abri a porta e encontrei a criatura mais linda que meus olhos já
puderam admirar, isso era um fato ao qual não pude ignorar nenhuma vez.
Seu sorriso curto deixou as maçãs de seu rosto mais proeminentes, dando-
lhe uma fofura que parecia errada, em vista de tudo que já a vi fazer.
— Tudo bem se eu entrar? — Abri espaço, meio desajeitado por ter
ficado encarando-a ao invés de agir rapidamente. — Vejo que usou tudo que
enviei.
Ela usava um vestido branco com detalhes em azul-claro, tudo
parecia ornar com sua beleza, acompanhando as cores de seus olhos ou com
pequenos toques de dourado como seus cabelos. Sua aproximação me
deixou atento, porém, ela apenas ficou nas pontas dos pés, apoiando as
palmas contra meu peito e levando seu nariz até meu pescoço.
— Eu sabia que esse perfume combinaria com você. — Sorriu,
afastando-se um pouco. — Fico feliz de não ter recuado.
— Foi um teste? — perguntei confuso, ela caminhou pelo quarto,
então se sentou na beirada da cama.
De algum jeito minha mente se desviou para o quanto era errado tê-
la sozinha comigo em um quarto. Ainda existia a pequena barreira com as
escritas “filha do Pakhan” em evidência, brilhando para mim como um
alerta.
— Talvez. — Esticou mais os lábios e o movimento me deu a
sensação de que seus olhos sorriam também. — Quero que fique
confortável comigo, Yakov. Consigo ver em seus olhos o desespero a cada
vez que se lembra de quem sou filha.
Mordisquei o lábio, quase soltei um riso. Ela era boa em ler as
pessoas, também gostava de tornar o ambiente leve, quase não dava para
perceber que a pequena criatura à minha frente era mais sorrateira do que
um tigre escondido observando sua presa.
— Não é algo que vai mudar de repente...
— Concordo. Mas há um método bem eficaz. — Cerrei o olhar em
sua direção. — Por que não tentamos um beijo? — perguntou como se não
fosse nada demais.
Então seria Alya a conduzir nossa relação? Não me importaria de
verdade, desde que fosse somente sobre o contato que teríamos. Para sua
própria confiança, era bom deixá-la seguir com o controle, afinal, que
mulher não se sentiria intimidada por um homem mais velho e treinado para
matar, estando sozinha com ele e tendo que suportá-lo por causa de um
acordo? Quem poderia lhe garantir que eu não me aproveitaria dessa
situação?
Caminhei até estar a centímetros de distância de seu corpo, ajoelhei-
me, ficando com meu rosto na altura do seu e comecei a me aproximar
devagar.
— Como quiser, Alya!
Suas mãos vieram até minha nuca, o que pensei que seria um beijo
tímido e apenas de reconhecimento, se tornou agressivo quando ela fincou
as unhas em minha pele e tomou minha boca com ganância. Sua língua
contornou meus lábios antes de pedir passagem e sem perceber, eu já a
tinha envolvida em meus braços.
Não deveria ser tão quente... isso estava longe do que eu esperava
encontrar.
Alya fervia, sua boca se movendo decidida e roubando de mim o
fôlego, os sons baixos que escapavam de sua garganta me provocavam, um
único beijo foi capaz de esvaziar minha mente por longos segundos.
Quando se afastou, aliviou o aperto em minha nuca e acariciou meu rosto,
sua cabeça inclinada e os olhos ferozes mirando minha boca.
— O que achou, Yakov? Sirvo para ser sua esposa? — O ar escapou
dos meus pulmões e parecia se recusar a voltar, ela se inclinou novamente,
mordiscando meu lábio inferior, suas unhas voltaram para a minha nuca,
arranhando sutilmente, atiçando minha pele. — Acha que pode ficar
excitado comigo?
Sussurrou lascivamente, deixando seu hálito quente bater contra a
minha orelha depois de deslizá-lo para lá. Engoli em seco, minhas mãos
desobedientes apertavam sua cintura, mesmo que eu quisesse me afastar,
simplesmente não podia. Ela estava me enfeitiçando?
— Eu... eu acho que...
— Vai ser capaz de me enxergar como mulher quando estivermos na
cama? — continuou, cada palavra soava como um encantamento que fazia
meu sangue ferver e correr direto para o meu pau.
Eu estava duro e bastaram alguns toques, beijos e palavras para isso.
— Por favor... senhorita Rurik...
— Alya. — Afastou-se o suficiente para me encarar. — Apenas
Alya.
Assenti, podendo puxar um pouco de ar para dentro, voltando a
lembrar como se respira.
Ela sorriu pretensiosamente, esfregando na minha cara o quanto
gostou de brincar comigo, então se levantou e se afastou, me deixando
ajoelhado diante da cama.
— Nos vemos daqui a pouco, Yakov.
O barulho da porta se fechando foi o que me tirou do pequeno
transe. Meu pau pulsou, se sentindo sufocado pelas roupas. Foi patético
como me deixei ser levado, apenas fiquei ali, obedecendo suas vontades e
nem foi por causa da porcaria do meu dever. Seria assim sempre?
Não. Não quando estivesse fora do quarto. Alya poderia ter todo o
comando entre quatro paredes, fora disso seria perigoso demais.
Olhei para baixo, gemi derrotado. Precisava cuidar daquela maldita
ereção, ainda tinha um tempo até alguém vir me buscar para o jantar de
noivado. Levantei-me e segui até o banheiro, não poderia sujar aquela
roupa, então decidi tomar outro banho.
Enquanto a água morna caía nas minhas costas, me masturbava com
força, apertando a minha mão ao redor do meu pau, o pior era a imagem
que vinha à minha cabeça toda vez que fechava os olhos para me
concentrar. Meu corpo se arrepiou e estremeci sentindo minhas bolas
repuxarem conforme imaginava olhos azuis e luxuriosos me encarando,
aquela boca pequena e rosada entreaberta esperando pela minha porra,
sussurrando meu nome e me pedindo para gozar.
Gemi rouco, o líquido pegajoso jorrou contra a parede deixando
alguns resquícios escorregando por minha mão. Lavei-me devagar, vendo
aquele pecado descer pelo ralo, lembrando-me do quanto pequenos desejos
como aquele poderiam se tornar em problemas gigantescos na minha vida.
Capítulo 05
Eu sabia que aquelas mãos eram boas, assim como a força seria útil
nesses momentos, mas me surpreendi quando o barulho do vestido sendo
rasgado no decote dos meus seios foi mais alto do que nossas respirações se
misturando. Sua boca faminta se fechou na pele exposta da minha clavícula,
lambendo, mordiscando e descendo cada vez mais. Não usava sutiã, meus
seios saltaram livres e duros, ansiando pela pele na pele.
Algo ainda faltava, precisava de mais, então deixei um pouco à parte
o bom senso e ergui minha coxa esquerda, a prendendo em seu quadril.
Aquele pequeno roçar gostoso naquela forma grossa e tão dura... tão
pronto.
Homens como Yakov precisavam perder a cabeça para fazerem algo
imprudente no sexo, era o tipo que vivia no controle de seus desejos, no
entanto, isso tinha um lado fragilizado e o exploraria com todo prazer. A
tensão se foi, seus movimentos mais naturais e intensos e os sons roucos
que escapavam de sua garganta a cada vez que sua língua provava da minha
pele.
Meu noivo com certeza não transava há um tempo, a pressa o
denunciava.
O hálito quente sobre o bico do meu seio me arrepiou inteira, depois
a língua veio circulando-o cuidadosamente, ainda que seu toque com as
mãos fosse bruto, era como se ele equilibrasse suas vontades para não me
ferir. Poderia ser um detalhe ínfimo, mas vinha de um homem perdido em
seus desejos, tendo apenas um deslumbre de sanidade o barrando de me
tratar como uma boneca inflável.
Sua atenção foi aos dois seios e meus olhos não conseguiam se
desviar do seu rosto, suas íris afogadas em prazer, tão ousada e vulnerável,
direcionados unicamente a mim.
A ganância sussurrou em meu ouvido: tome-o para si.
Entretanto apenas fechei meus olhos e me permiti sentir o prazer
contorcendo meu ventre, cada músculo do meu corpo tensionando e aqueles
arrepios que pareciam me eletrizar.
Mais um barulho de tecidos sendo rasgados. Sorri quando mirei o
pedaço de pano ao redor de mim, um dia aquilo foi um vestido casual,
agora não era nada além de provas da minha rebeldia contra meu pai.
Yakov continuou descendo, sua boca sem deixar minha pele,
ajoelhou-se diante de mim, sem títulos o fazendo hesitar, sem matrimônio
nublando nossos deveres, sem nada além de dois corpos sedentos um pelo
outro. Enfiei meus dedos em seus cabelos, vendo minha pele branca se
misturando aos castanhos de seus fios, seu nariz cutucando minha vulva
enquanto os lábios deslizavam com a missão de me chupar com força,
estremecendo minhas coxas e me tirando do eixo.
Foi uma boa ideia agarrar seus cabelos, pude me apoiar graças a
isso.
Ele parou e se afastou somente para ver minha reação. Eu deveria
estar uma bagunça, mas ele... os lábios molhados da minha lubrificação, o
olhar faiscando e o pau marcando e manchando com pré-gozo o casaco que
usou para se cobrir mais cedo.
— Um Vor não deveria ser tão erótico assim — murmurei, segundos
depois ele sorriu de canto e se afundou novamente, me fazendo apoiar
minhas pernas em seus ombros.
Ele me devorou, dentes beliscando minha carne sempre que eu
estava prestes a gozar, então se afastava e soprava, voltando a me chupar e
lamber, brincando com meu clitóris, prolongando o momento de maneira
enlouquecida.
Como ele podia ser tão paciente em um momento desses? Eu já
melava minhas coxas e seu rosto inteiro com minha lubrificação.
— Peça, princesa... peça e te darei.
Pisquei, aturdida, ele ficou calado, aguardando uma resposta e
somente segundos depois que entendi.
Aquele cretino queria me ver implorar, me fazer perder a razão da
mesma forma que o fiz perder antes.
— Por favor... me deixe gozar, noivo — balbuciei, nossos olhares
pregados um ao outro.
Yakov sorriu satisfeito e logo senti meu clitóris ser sugado, não foi
com força, apenas uma sucção gentil e persistente que me levou à ruína. Ele
me daria esse tipo de orgasmo? Minhas costas apenas com a parte de cima
apoiada na parede, tão arqueada e perdida dentro de mim mesma, quase
como se meu sangue tivesse sido roubado e eu viajasse para perto da
inconsciência, e ele usou apenas a boca.
Ainda estava me recuperando quando ele me ajeitou e me fez ficar
de pé. Juntei as sobrancelhas sem entender o que ele pretendia, até vê-lo
remover o casaco e me virar de costas para ele.
— Aperte bem suas coxas — obedeci sem perceber, a voz rouca em
um comando firme. — Isso... — Deixou um beijo suave em meu pescoço,
segundos depois senti seu pau invadindo entre minhas coxas, arfei. Ele
prendeu minhas mãos apoiadas na parede, sem me permitir mover. — Estou
sem camisinhas aqui, princesa, por ora será o suficiente.
Sentia os movimentos de quadril, sua pélvis batendo contra mim.
Seus grunhidos e a respiração vibravam contra a curva do meu pescoço e,
principalmente, seu pau indo e vindo entre minhas coxas, atiçando meu
clitóris e me fazendo contorcer, querendo mais do que ele estava disposto a
me dar.
— Não parece o suficiente para mim — resmunguei, o pulsar do seu
pau só me deixava mais ansiosa por tê-lo dentro de mim.
Sua risada contra minha pele me fez arrepiar novamente, ele
entrelaçou nossos dedos e tornou o aperto mais pesado, me fazendo sentir
seu verdadeiro peso contra minhas costas. Bombando forte, gemendo mais
alto e acrescentando mordidas em seus beijos.
Ansiava pela penetração, tanto pelo prazer quanto pelo meu plano,
movia meu quadril com o pouco espaço que tinha, mesmo assim ele não
cedeu, soube que aquilo seria o máximo que arrancaria dele.
— Vou te deixar gozar de novo..., mas..., porra! — Sua cabeça se
recostou em mim, o pulsar de seu pau foi mais forte e então o líquido
quente começou a escorrer por minha pele.
Algo nisso me excitou, saber que seu gozo denso estava deslizando
em mim, um prazer que ele se negava a ter, mas sucumbiu, ainda que não
do jeito que almejei para nós essa noite.
Ele se afastou devagar, tomando cuidado para me segurar, me virou
de frente e sem aviso, puxou-me pela nuca roubando um beijo mais brando,
como se me agradecesse por ter insistido um pouco mais. Não havia
arrependimento, esperei ouvir palavras como: “não deveríamos ter feito”;
“vamos fingir que nunca aconteceu” ou “isso foi um erro que não
repetiremos”. Porém, tudo que recebi naquele momento foi um beijo
cadenciado
— Sente-se na pia.
Assenti e caminhei até a pedra fria de mármore, um exagero que
meu pai fez questão em todos os banheiros, me apoiei devagar, ainda estava
um pouco trêmula, mas assim que me ajeitei ele retornou com uma toalha
pequena molhada, a água estava morna e pareceu beijar minha pele, como
ele fez minutos antes. Yakov limpou todo o seu gozo, tão devagar e
carinhoso que pensei ter sido enganada: onde estava o homem que fodeu
minhas coxas como se fosse um animal?
Seus olhos focaram em meu rosto, a seriedade me fez voltar a todas
aquelas frases clichês que homens soltam para voltarem atrás de suas
decisões.
— Prometi que a faria gozar de novo, então abra bem suas pernas,
noiva.
Mal abri a boca para respondê-lo e tive minhas pernas separadas e
seu corpo entre elas, sua boca parecia conhecer muito bem os caminhos do
meu prazer, dessa vez seus dedos também resolveram participar. Com
movimentos lentos e constantes de seu indicador e médio, ele não os fazia ir
e vir, e sim como formato de um gancho.
Gemi alto quando sua língua sincronizou a velocidade, tornando
tudo mais intenso e me fazendo explodir novamente, tão fácil e rápido.
Talvez já estivesse no limite, certo?
Eu estava completamente em branco, sabia que em algum momento
ele me carregou até a banheira e senti suas mãos lavando meu corpo, a
moleza que me abateu foi novidade para mim e meu corpo resistente o
suficiente para aguentar dois ou mais dias sem comer e sem se hidratar
devidamente. Obviamente que os dois orgasmos foram os culpados, junto
de um estresse que tentei suprimir e as preocupações de como lidar com
tudo e ainda me manter sobre total controle dos meus pensamentos e
sentimentos.
Aquele momento insignificante de prazer foi o pavio aceso para
explodir a bomba que me tornei desde que pus meus pés nesse país.
Ser treinada não me isentava de ser humana. Eu ainda tinha que
lidar com a exaustão e todos os pensamentos intrusivos que poderiam me
visitar durante momentos difíceis, a única diferença era como respondia
àquilo.
Mirei suas mãos grandes enquanto me secava devagar, tomando
cuidado para não esfregar demais minha pele e acabar me causando
vermelhidão. Sorri. Há tempos ninguém cuidava de mim desse jeito, como
se eu valesse mais do que uma joia rara. Pequenos gestos que me permiti
apreciar, afinal, era o cachorrinho leal do meu pai comigo, não alguém que
se aproximou dizendo querer ser meu amigo ou namorado.
Yakov agia daquele jeito apenas por ser ele, não por uma intenção a
mais, do mesmo jeito que me pegou sem ressalvas no sexo. Não tinha uma
expressão naquele rosto que fosse minimamente fingida.
Ele demonstrava dois estados: expressivo de menos ou demais.
Meios termos não faziam parte da sua vida.
Mesmo que me trouxesse um certo conforto, era um ponto a se
prestar atenção, se aquele soldado se rendesse a mim, seria tão devoto que
poderia se tornar obsessivo, já que a natureza do nosso relacionamento seria
mais carnal do que qualquer outra que ele teve enquanto Vor. Mas se ele
negasse a mim, eu teria grande dor de cabeça para me livrar dele quando
chegasse a hora.
Um esfregar gostoso sobre meu lábio inferior me fez encará-lo, seus
olhos escuros pareciam curiosos, mas ele se deteve.
— Não vá para outro lugar durante o tempo em que estiver comigo
ou ficarei desconfiado. — Lambi a ponta do seu polegar e ele ousou colocá-
lo mais para dentro, me fazendo lambê-lo e então chupá-lo como se fosse
seu pau.
— Tem alguma camisinha pelo quarto, soldado? Ou eu devo ir
buscar no meu?
Ele piscou, afastando-se repentinamente. Esquadrinhou o local,
voltou com o casaco gigante que usei para vir até seu quarto e o esticou
para mim.
— É melhor terminarmos essa noite por aqui. Seu pai pode
desconfiar que saiu e não acho que ele aprovaria nada do que fizemos hoje.
— Também acho que não. — Levantei-me, minhas costas
queimaram com sua encarada assim que virei de costas e me enfiei no
casaco, fechando-o bem na frente também e colocando o capuz, só depois o
mirei sorridente. — Ele ficaria decepcionado em saber que perdemos a
chance de lhe dar um neto. — Pisquei e passei por ele, saindo de seu
banheiro e quarto, o abandonando com os pensamentos tão inquietos quanto
os meus.
Não completei minha missão da maneira que gostaria, mas foram
bons avanços. Yakov me mostrou um lado vulnerável e não fui a única
exposta diante da luxúria.
Capítulo 08
A rosa dos ventos era vista pela Bratva como uma identificação de
alto escalão dentro da organização, se fosse nos joelhos significava o quanto
aquele soldado não se ajoelhava nem mesmo para Deus, no ombro era como
se aquele Vor fosse o braço direito de seu Pakhan, eu receberia as três se
Semyon não tivesse mudado todo o sistema e revertido esse tipo de imagem
para algo negativo, estava satisfeito em não ter nenhuma marca em meu
corpo, era apenas um homem servindo ao seu chefe, sem perguntas demais,
ainda que fosse completamente atento ao meu redor.
Ele não precisava me dizer toda a situação, era meu dever entendê-
la com poucos elementos presentes, do contrário não seria mais do que
todos os outros soldados.
Semyon Rurik me notou ainda na adolescência, um garoto astuto,
mesmo que um pouco encrenqueiro demais. Barulhento. Orgulhoso. Coisas
que para ele foram perfeitas, como um ponto de partida.
No começo todos pensavam que eu estava sendo criado para
substituir o filho que sua esposa não pôde lhe dar, no entanto, ele nunca me
viu dessa maneira.
Fui jogado aos porcos com feridas por todo o corpo assim que
completei dezoitos anos. Pensei que a viagem para a Itália era um presente
de aniversário, completamente alheio à guerra fria que a máfia italiana vivia
com a Bratva, os fazendo odiar qualquer russo que pisasse em seu território.
Semyon era apenas um conselheiro de confiança do Pakhan da
Bratva, seus olhos já tinham a ganância pelo poder e fui seu primeiro
recruta. Ele cuidou de mim, mas se esqueceu de me avisar sobre a
emboscada feita para “criar meu caráter”, se eu sobrevivesse aos italianos
malditos, me tornaria um soldado e poderia me mudar para o dormitório dos
Vor.
Não fui morto imediatamente porque eles acharam meu rosto e
corpo agradáveis e foi graças aos caprichos de um dos homens do Don que
pude ser jogado ainda com vida aos porcos, após apanhar de mim por toda a
noite que tentou me estuprar, ele achou que dar alguns socos e abrir duas ou
mais feridas em meu corpo seria o suficiente para me deixar fraco e me
fazer ser a refeição dos porcos gigantes e gordos de sua pequena fazenda.
Foi Semyon quem me resgatou e tratou das minhas feridas, assim
como foi ele quem assumiu meu treinamento e me ensinou metade de tudo
que sei, a outra parte tratei de correr atrás sozinho, principalmente depois de
ouvir seu plano de criar uma nova organização com apoio de políticos da
Rússia e do exterior, levando os homens que não se sentiam confiantes com
a liderança da Bratva, fomentando a sede por reconhecimento nos soldados.
Minha lealdade poderia ser baseada apenas nessas situações, na
verdade, entendia que ser leal a Semyon seria o mínimo que eu poderia
fazer, como uma troca por toda a sua ajuda anterior, ele esperava por isso.
Então conheci a sua irmã mais nova, uma linda mulher de cabelos
castanhos e olhos grandes da mesma cor, seu sorriso poderia iluminar uma
floresta no meio da noite, era o que eu acreditava. Yelena era destemida,
responsável e uma força da natureza... pensando bem, ela e Alya se dariam
muito bem se pudessem se conhecer.
Aquela tatuagem nas minhas costas me fazia lembrar que foi graças
a um sentimento arrogante mascarado de paixão que traí meu Pakhan, o
único homem que salvou minha vida quando jovem, aquele que me
resgatou de uma organização que apenas me usava como escudo. Quis
Yelena para mim, a desejei com tanta força que pude tê-la em meus braços,
ninguém nunca ousou se aproximar dela como eu, não apenas por causa de
seu irmão, mas a própria mulher impunha limites bem claros a todos os
homens, menos a mim.
Pensando bem, seria melhor se ela o tivesse feito.
Os olhos de Alya me incomodavam por se parecerem tanto com os
de sua mãe na cor e com o de seu pai na intensidade. Odiava aquela cor e
sentia culpa quando era alvo daquela intensidade.
Um passado que minha noiva nunca chegou perto. Uma tia que ela
jamais conhecerá e sua história que foi apagada como se não valesse a pena
ser lembrada.
A maneira como a herdeira age não é exatamente igual a de Yelena,
mas em pequenos gestos e alguns detalhes de sua personalidade; me fazem
lembrar dela, não sempre... em momentos específicos. Era por isso que
preferia me afastar, mas o Pakhan escolheu a mim como seu genro, e depois
de tudo que compartilhamos não era justo negar.
Nunca mais poderia negar nada a Semyon.
Tirei de nós o direito de ver sua linda e radiante irmã sorrir.
Ousei tocar no fruto proibido da árvore mais importante para os
Zhertva.
Sentir a maciez da pele de Alya soou como profanação, indecente de
um jeito que perdi minha moral e razão, foi fácil demais ceder aos seus
pedidos, me deixar levar pelo tesão em seus olhos e experimentar daquele
corpo sensível.
Foi como se voltasse no tempo e repetisse meus erros, mas dessa
vez com a permissão de Semyon. Algo nisso me incomodava e me causava
certa ansiedade.
O que poderia esperar de um relacionamento fadado a dar errado? E
que direito eu tinha de ser feliz com uma mulher cujo sangue que corria em
suas veias era o mesmo de outra a qual roubei a vida?
Alya sabia até onde sua mãe era capaz de ir para ter o que quer?
Ignorei essa coceira que vez ou outra aparecia debaixo da minha
pele, bem onde meu coração estava. Mesmo que fosse insistente e pedisse
para ser coçada...
O escopo de uma vida muito bem planejada foi riscado com uma
caneta preta e pesada do destino, redesenhando novos caminhos com fins
bem parecidos ao anterior. Eu me vi encarando a janela daquele quarto,
vendo o dormitório ao longe e a movimentação dos meus soldados, a
porcaria de um espectador de algo que semanas atrás também me pertencia:
a vida fútil de um Vor dos Zhertva. O que a herdeira decidida e de olhos
ferozes pensaria de mim, se soubesse que foi sua destemida e jovem tia a
minha última vítima.
A tatuagem parecia queimar em minhas costas, voltando a coçar
com uma história trágica... Yuri e os outros corriam em volta do terreno e eu
continuava quieto os observando, talvez minha vida existisse apenas para
ser assim: trágica e moldada na solidão. O que mais um ser insignificante
como eu poderia ter?
Semyon se arrependeria de sua decisão, me dar sua filha como
forma de demonstrar sua confiança em mim, mesmo que seu sangue já
tenha pingado de meus dedos.
A cobra que esmagava minha rosa dos ventos, era minha ganância
roubando meu título de conselheiro fiel. A memória de alguém que eu
poderia ter sido.
Aceitei minha punição, mesmo que ainda acreditasse ser branda em
vista do meu crime, deixar de ser parte da nata política e empresarial e viver
arriscando minha vida na linha de frente, sendo o único marcado com uma
tatuagem, ainda frequentar a casa do Pakhan, e agora o primeiro Vor a ter
autorização para se juntar em matrimônio com uma herdeira tão importante.
Não fazia sentido. Soava errado, como se a vida de repente,
estivesse me poupando demais.
Algumas batidas na porta foram responsáveis por me tirarem do
pequeno devaneio, poucas coisas na minha vida me pertenciam, de fato, e
assim que girei a maçaneta tive mais certeza disso.
— Deseja algo, senhora Rurik? — Mal pude disfarçar o desprezo.
Há mais de oito anos venho evitando qualquer tipo de contato com
esta mulher, sequer existiam motivos para termos qualquer interação, no
entanto, lá estava ela, encarando-me indiferentemente, como se nada nunca
a abalasse. A postura de uma esposa diligente e elegante.
— Posso entrar? — Obriguei-a a recuar alguns passos enquanto
fechava a porta e me colocava do lado de fora.
— Temo que não é de bom grado ter a minha sogra sozinha comigo
em meu quarto.
— Não é uma conversa que pode chegar aos ouvidos curiosos de
alguns subordinados.
— E por que motivo teríamos uma conversa desse nível? — Sorri de
canto, tentando suprimir a vontade de lhe dizer tudo que guardei por anos.
— Não quero parecer rude, senhora, mas faz anos que não nos dirigimos a
palavra, então não vejo o porquê de tanto mistério.
Ela olhou ao redor, depois suspirou e tocou meu braço, me afastei
imediatamente, apenas o roçar de seus dedos em mim, me causava repulsa.
— Está sendo ridículo, Yakov Dobrow! — Não a respondi, ainda
negando-me a deixá-la entrar em meus aposentos. — Que seja, vamos
caminhar pelo pequeno jardim de inverno, serei rápida de qualquer forma.
Aceitei apenas para finalizar qual fosse a pendência que a trouxe
direto a mim. Todo cuidado era pouco quando se tratava da família do
Pakhan. Cometi erros severos o suficiente, ele não seria tão benevolente
uma segunda vez.
— Pode falar, não há ninguém por aqui. — Eu a apressei.
Caminhamos na mesma velocidade, porém tão longe um do outro
que um muro poderia ser construído entre nós, e era essa distância que eu
queria manter dela.
Em uma primeira olhada descuidada, poderiam confundi-la com sua
filha, entretanto se prestássemos atenção, veríamos as discrepantes
diferenças. O tom do loiro de seus cabelos, o tipo de azul e os pequenos
detalhes de formatos de seus olhos, os lábios de Alya eram maiores também
e a personalidade dela encantaria qualquer um, ao contrário de sua mãe que
sempre olhava a todos de forma vazia, fútil.
— Faça com que ela desista disso!
Não pude conter o riso jocoso que escapou de minha garganta.
Natalya nunca pedia, ela ordenava.
— Sinto muito, não interfiro nas decisões do Pakhan, peça você
mesmo que ele cancele meu noivado.
Encarei-a, a expressão soberana caindo por terra, me deixando ver,
mais uma vez, aquela amargura que ela escondia muito bem.
— Você sabe que ele não me ouve.
— Então converse com sua filha, senhora.
— Ela muito menos — grunhiu irritada. — Você é o único que pode
ter a decência de interromper essa loucura, sabe que nada de bom vem
desse tipo de união.
Parei e ela fez o mesmo quando percebeu, ficando apenas alguns
passos mais à frente de mim.
— Irá mesmo reproduzir os erros de antes?
— Você a ama? — perguntou de supetão, o olhar transparecendo o
pouco da loucura que um dia conheci. — Sente algo por ela ou apenas
enxerga Yelena quando a vê? — Franzi o cenho e ela sorriu arrogante. —
Não é engraçado? — Seus olhos inquietos me causaram um desconforto
familiar. — A minha filha parece mais com aquela mulher do que comigo
— divagou por um segundo, depois se recompôs e voltou à postura de
sempre.
— Não importa o que sinto, tampouco Alya se interessa por isso.
Acabou de dizer absurdos, me permita voltar para o meu quarto...
— Não quero competir com ela, nunca quis isso — interrompeu-me.
Natalya se aproximou. — Não sou uma vilã, Yakov. Eu desejava ser livre e
até hoje sonho com essa utopia. Você me perguntou se eu queria reproduzir
o passado? É exatamente por não querer isso que te suplico... convença-a,
acabe com esse noivado o quanto antes.
Ela passou por mim, me deixando sozinho com aquelas recordações
incômodas, mexendo com minha cabeça mais uma vez.
Não permitiria que me manipulasse, estava cansado dos joguinhos
que ela gostava de fazer com todos ao seu redor. Nem mesmo sua filha foi
capaz de amolecer seu coração, talvez nem existisse um batendo naquele
peito.
Capítulo 09
**
O tempo que fiquei fora desta casa me serviu para ver toda a
situação como uma mera expectadora, podendo analisar ponto a ponto de
ângulos que a convivência massiva não me permitiria. Retornar foi um
choque que eu já esperava, sentir o cheiro, ver as cores e dimensões, tocar
em tudo que participou da minha infância e início da adolescência me
trouxeram lembranças que poderiam ser pequenas armadilhas, porém não
recuaria.
Usar a racionalidade não significava deixar de lado os sentimentos,
estúpidos eram aqueles que acreditavam poder controlá-los com
indiferença, a menos que seja um psicopata de alto nível, é impossível. A
questão toda girava em torno de como aceitá-los. Nunca deixaria de amar
meu pai, mas isso não significava fechar meus olhos aos seus absurdos ou
permitir que me molde conforme sua maldita forma, e no mundo em que
vivemos, matar seu próprio sangue era apenas mais um ato de sacrifício.
A sexta-feira finalmente havia chegado, dando um tempo nas
reuniões entediantes onde mais procuravam me bajular e persuadir do que
tratar de assuntos realmente importantes. Semyon seguiu cada um de meus
passos, seu olhar de águia junto de um instinto quase perfeito o alertando de
que há mais do que pode ver nas minhas ações.
Com toda a perturbação das semanas anteriores, não pude me
aproximar mais de Yakov, isso me trouxe problemas para relaxar, por causa
do meu plano e também pelo desejo que ardia em meu ventre. Não era
verdadeiramente virgem e explicaria isso ao soldado quando chegasse o
momento, embora não fosse um assunto primordial e não mudaria nossa
situação, foi ele o primeiro homem a sentir minha boceta ao seu redor. O
problema estava no quanto ele fez isso ser bom, não dormia em paz até ter
me masturbado enquanto relembrava seu toque firme, a voz rouca e falhada,
a grossura do seu pau indo e vindo atingindo todos os meus pontos
sensíveis... sem se esquecer de dar atenção ao meu clitóris com seu dedo
calejado.
Começava a desconfiar de que todos os compromissos foram
planejados com a intenção de me separarem do soldado, como se meu pai
tivesse farejado a sua utilidade para mim e tentasse cortar o mal pela raiz.
Meus saltos batiam contra o piso refinado e sempre tão limpo do
corredor de acesso ao escritório do Pakhan, anunciando minha chegada e o
quanto algo me desagradava, ainda que dos meus lábios ele não fosse ouvir
nada parecido com reclamações.
Bati uma única vez e empurrei a porta de madeira que pesava mais
do que o necessário para algo tão fútil. Ele ergueu os olhos em minha
direção, rapidamente colocou um sorriso falso no rosto.
— Querida, pensei que estaria em reunião com o...
— Foi rápido, afinal ele queria apenas me dizer as qualidades de seu
filho, o que só o fez parecer mais incompetente. — Soltei um riso fraco de
desdém, da mesma forma que meu pai costumava fazer quando queria
diminuir os seus “aliados”. — Quem manda o pai para conquistar o coração
de uma possível pretendente? — Umedeci os lábios, ele se endireitou na
cadeira e cruzou os braços, o seu olhar mudou da mesma forma que o clima
em torno de nós pesou. — O que me faz pensar em algo engraçado. Porque
meu pai agendaria uma reunião tão ridícula com um homem desprezível em
plena sexta-feira, mesmo que tenha sido ele quem me noivou com seu
soldado leal?
Nossos olhares travavam uma batalha silenciosa, sua mente
meticulosa bolando qualquer desculpa que me fizesse sair da sua frente e
seguir com o planejado dele. Soltou o ar devagar e se levantou, caminhando
para mim como se cada passo lhe desse uma nova palavra para acrescentar
à sua mentira.
Suas mãos tocaram meus ombros e, sem que eu esperasse, me
puxaram para um abraço esquisito e apertado o suficiente para parecer uma
prisão.
— Minha linda e determinada princesa, está desconfiando de mim?
— Apertou-me mais. Engoli em seco. — Se pretende assumir um posto de
liderança, terá que saber lidar com todo tipo de gente, inclusive os
desprezíveis. — Soltou-me um pouco, encarando meus olhos com a
intensidade de uma fera prestes a atacar seu oponente. — Nenhuma aliança
é ridícula quando se trata de poder, até mesmo os ratos sabem qual caminho
seguir em momentos de crise.
Ele não recuou, esperou como um animal que tenta reafirmar seu
poder sobre outro, ansioso pelo momento em que eu desviaria meu olhar,
mas não o fiz.
— Não quando estou noiva! — Permaneci de queixo erguido, sendo
branda em meu tom de voz e gestos, alcançando seu rosto e o acariciando,
mantendo nosso contato na mesma linha de poder. — É como se
desrespeitasse meu futuro marido e afrouxasse a mão, dando a estes homens
mais motivos para se sentirem no direito de ocuparem uma hora do meu dia
com futilidades, como se eu fosse uma maldita mimada que não tenho nada
mais para fazer. Onde está o mérito neste tipo de reunião?
Ele não encontrou palavras suficientes para me responder, apenas
cerrou o maxilar, sem me afastar.
— Creio que não é da sua intenção, me tornar frágil diante de leões
babões, certo?!
Sim, era.
Seu jogo consistia em me iludir com um título que jamais pretendeu
me fornecer, aumentar meu preço de leilão para os homens de seu interesse
e causar a morte do meu noivo usando de algum idiota desesperado que
esteja disposto ou tenha dinheiro o suficiente para lidar com as
consequências. Ele sairia de mãos limpas, seria meu herói e ainda fecharia
um acordo bom para os seus negócios.
Só me faltava enxergar quem era seu alvo.
Semyon Rurik não entraria em uma corrida sem ter a faixa de
chegada em seu ponto de visão. O filho daquele babaca não se enquadrava,
o pai era um idiota falastrão, seus negócios precisavam mais de nós do que
o contrário, talvez ele fosse o responsável pelo atentado? Alguém
desesperado, querendo uma única chance de sair do poço puxado pelas
mãos sujas de sangue do Pakhan.
— Obviamente que não. Minha filha será a primeira mulher a ser
Pakhan, uma conquista única em toda a Rússia. Uma mulher que tratará de
negócios até mesmo com os Bratvas.
Sorri de canto, fingindo gostar de ouvir suas palavras enganosas e
carregadas de um mel que jamais provaria.
— Então posso te pedir por algo? — Afastei-me um pouco,
deixando o clima mais leve entre nós. Assentiu, esquadrinhando-me com
certa desconfiança, mas aceitando. — Me deixe ter uma semana com o seu
soldado. — Afunilou o olhar e abriu a boca com a negativa na ponta de sua
língua, porém, eu fui mais rápida. — Apenas para conhecer um pouco do
homem que estará ao meu lado por algum tempo. Não acha que mereço
saber em que terras estou pisando, já que aceitei todas as suas imposições
até agora? — Inclinei levemente a cabeça. — Me negar isso seria fazer
comigo o mesmo que todos os Zhertva e Bratvas já fazem com suas
mulheres, me jogando no escuro com alguém que não conheço nada.
Ele rangeu os dentes e fechou o punho.
— Disse para confiar em mim...
— E eu o fiz, não foi? Estou pedindo apenas uma semana de folga
para nós dois, posso tê-la ou serei tratada como um objetivo pelo meu
próprio pai?
Semyon já me enxergava dessa forma, mesmo que
inconscientemente. No entanto, tentava me fazer acreditar que eu era
especial, uma mulher diferente das outras de nossa organização. Ele tentava
plantar na minha cabeça uma arrogância que não me cabia, enaltecendo o
quanto eu teria, e em como nenhuma outra pôde desfrutar de tal capricho,
mesmo que no fundo minha situação fosse igual a delas. Ainda tive um
casamento arranjado sem a minha permissão e participação, fui obrigada a
retornar sem escolhas e estava sendo usada como peça-chave em seu
joguinho de poder.
— Está proibida de visitar seu quarto, sabe que quero lhe dar total
liberdade, mas não abro mão de casar minha filha virgem!
Sorri o mais doce que pude, entretanto, em minha cabeça se
passavam cenas da noite que Yakov teve para si o que meu pai tentava tanto
proteger. Ironia ou não, foi para o cão treinado dele que me entreguei, o
mesmo que ele estava disposto a sacrificar por motivo nenhum.
E se não fosse por motivo nenhum?
Analisei-o com mais cuidado, seu olhar afiado e ao mesmo tempo
desesperado, puxei uma lufada de ar e endireitei meus ombros, dando-lhe o
melhor dos meus sorrisos.
— Fique tranquilo, passaremos o dia juntos pelos arredores da
mansão e quando sairmos da propriedade, me assegurarei de levar alguém,
até porque devemos estar sempre em segurança, certo?
Feria meu orgulho ter esse tipo de conversa com ele, como se
estivesse, de fato, pedindo permissão para viver a porcaria da minha vida,
só mais um lembrete que aquela conversinha dele não era real. Patético
como ele ainda acreditava estar diante da garotinha devota e apaixonada
pela versão poderosa de seu pai, a mesma que decidiu ser a sua sucessora
porque o admirava mais do que tudo, sendo capaz até mesmo de ferir o
coração de sua mãe matando um homem diante de seus olhos.
Todavia era preciso ter o papel da menininha do papai, a filha
obediente que saiu do país como forma de acalmar a situação dentro de casa
e melhorar minhas habilidades nos negócios. Ele só não imaginava que
encontraria alguém que me faria ver toda aquela situação de outro ângulo,
uma pessoa que conheceu a tia que jamais me foi apresentada e sequer
existem fotos suas por qualquer lugar desta casa.
O Pakhan ovacionado pelos Zhertvas era uma farsa montada por
uma mente mais perturbada do que o líder do Bratvas, ele soube aonde ir e
qual dor sanar, observou as fraquezas da organização e se enfiou naquela
cicatriz a abrindo e conseguindo uma legião de admiradores e aliados.
Nenhum soldado trairia Semyon, porque a maioria veio de tempos
difíceis, onde eram usados sem qualquer restrição. Nenhum político
fecharia os olhos para os Zhertvas, porque ele não só fazia bem a parte
ilegal como também sabia se portar diante de uma reunião com pessoas
importantes para o país. Derrubar um homem que conseguiu poder à base
da força era fácil, mas derrubar alguém que conquistou o respeito de
diversos soldados e a confiança de empresários e políticos.... Bom, era
quase impossível.
Semyon Rurik soube disso antes que outro pudesse enxergar a mina
de ouro diante de seus olhos. Ele não fez movimentos pensando na dor do
outro, almejava somente a vitória em suas mãos.
— Que assim seja, Alya, espero que não me decepcione.
— Não o farei, papa!
Serei exatamente a filha que você merece ter!
Capítulo 14
**
— Princesa, acorde.
O leve sacolejar do meu corpo me fez abrir os olhos
preguiçosamente, queria continuar no sonho gostoso em que viajava o
mundo. Pisquei e esfreguei minhas pálpebras, encontrando meu pai meio
atordoado diante de mim.
— Pai, o que aconteceu?
Ele segurou minha mão e me forçou a abrir a palma, colocou uma
pequena adaga sobre ela e me encarou com determinação.
— O papai precisa de um grande favor, querida.
Ele estava inquieto e toda aquela agitação me fez sentar e engolir
em seco, a adaga queimava sobre minha pele, trazendo calafrios ao meu
corpo. Eu sabia que um dia chegaria meu momento de agir, que todas
aquelas lutas com o mestre Grigori e ele não foram em vão, mas nunca
imaginei que seria tão cedo, sequer completei meus dezessete anos.
— Pai... está me assustando.
— Alya, olhe aqui. — Puxou meu rosto com as mãos, sua voz baixa,
porém firme. — Não é o momento de ficar assustada. — Suspirou,
recuando um pouco e esfregando seu rosto. — Você tem uma escolha: mate
o homem que está com a sua mãe no terceiro quarto deste corredor ou eu a
matarei com minhas próprias mãos.
Suas palavras me cortaram como se aquela lâmina da adaga tivesse
escapado em minha mão.
— O que será, princesa? — Buscou meu olhar e sorriu em desgosto,
vendo a minha hesitação. Ele puxou minhas cobertas, me fazendo
sobressaltar e, realmente, me cortar com a adaga ao fechar minha palma no
impulso. — Essa é sua primeira decisão difícil, querida, mas não será a
única.
Assenti devagar, as lágrimas se acumulando em meus olhos
enquanto lutava para segurá-las, então me levantei e segui para a porta.
— Se entrar naquele quarto com essa adaga e não for até o final,
saiba que será o seu cadáver no chão, porque ele não vai pensar duas vezes
ao te atacar.
Acenei.
Ser filha de um mafioso era aceitar que a vida jamais seria normal,
que dias leves se tornariam cada vez mais raros conforme os anos fossem
passando. Mesmo sabendo disso e fazendo de tudo para me encaixar
naquele estilo de vida, não conseguia ficar confortável ou sequer indiferente
a esse tipo de situação.
A cada novo passo para mais perto da porta indicada pelo meu pai,
meu coração saltava e as perguntas flutuavam em minha cabeça.
Quem era aquele homem?
Por que estava sozinho com a mamãe?
Não era para o papai estar viajando a negócios hoje?
Se é tão importante matá-lo, qual a necessidade de ser eu a fazê-lo?
Minhas pernas tremiam a ponto de me apoiar nas paredes para
conseguir continuar de pé, a pequena arma branca em minha mão brilhando,
parecendo tão letal como nunca.
Treinei com facas e armas de fogo, odiava a primeira opção. Era
preciso muita técnica, rapidez e frieza para matar alguém com uma lâmina,
sentindo a pele abrir, ouvindo o barulho daquele corte sendo feito e ainda
recebendo o sangue em si, dependendo de onde acertar. Preferia arma de
fogo, rápido e podia ser feito à distância, o estampido do disparo te impede
de ouvir muito mais ao redor e treinando a mira é possível terminar o
trabalho com um único tiro.
Mas o meu pai queria que eu fizesse isso com uma pequena adaga; a
minha primeira morte seria por uma lâmina de quinze centímetros, me
obrigando a ficar bem próxima da vítima correndo o risco de ter retaliação,
em frente da minha mãe e dentro da minha casa, um lugar que eu deveria
me sentir segura.
Por que ele estava fazendo isso comigo?
A terceira porta do corredor não estava trancada, um leve girar de
maçaneta foi capaz de me expor os corpos nus de duas pessoas na cama, o
maior permanecia por cima, movendo-se ritmado e nenhum notou minha
presença.
Então ela o traiu... e seria eu a matar seu amante.
Observei rápido a cena, assim como Grigori tinha me ensinado em
uma das nossas lutas: “nunca dê o primeiro passo sem saber onde vai ser o
segundo!”.
A posição deles me favorecia, o homem cobria toda a visão da
minha mãe da porta e ele estava de costas para mim, cada passo que dei a
partir dali foi silencioso, feito com as habilidades de uma bailarina que foi
interrompida em seu sonho para viver o que lhe foi planejado.
Respirei fundo e posicionei a adaga confortavelmente em minha
mão. Quando vi os olhos da minha mãe se fecharem junto de um gemido
mais estridente, saltei na cama e fiquei de pé atrás dele, o susto o deixou
sem reação e foi nesse instante que puxei seus cabelos para trás e passei a
lâmina de uma ponta a outra em seu pescoço.
— Eu te amo! — minha mãe sussurrou segundos antes de sentir o
sangue encobrir seu rosto e ver sua única filha de pé na cama, atrás dele.
**
**
Seus olhos azuis gelo escanearam os arredores com precisão, a porta
de ferro fez um rangido quando ela a puxou, aquele lugar era o armazém
dos Vor, todas as munições e equipamentos necessários ficavam guardados
ali, o que me fez cruzar os braços assim que ela nos fechou dentro, pois
somente autorizados tinham a chave para acessar aquele local.
Contudo, antes de abrir a boca, uma nova silhueta surgiu detrás de
algumas caixas de madeira.
— Ei, Yakov, pensei que só te veria na próxima semana. — Yuri riu
se aproximando, deu um leve tapinha em meu ombro e se colocou ao lado
de Alya.
Deixei meus braços caírem, aquela sensação de estar sendo
enganado aumentando e pressionando meu orgulho, esmagando-o como
uma máquina de compressão faz.
— Que porra está fazendo aqui? — Encarei Alya, de certo o que
mais me deixou em alerta era sua proximidade com outro soldado, em que
momento isso ocorreu?
Quantos outros Vor ela teve contato sem que eu soubesse?
— Calma, cara...
— Sem enrolação, Yuri — insisti.
Minha noiva não disse nada, acompanhou nossa interação com
curiosidade e até mesmo admiração, isso apenas aumentou minha raiva.
Eu me vi cansado de ser um brinquedo nas mãos dos Rurik, aquela
família tinha problemas demais e não queria fazer parte de nada disso.
Acompanhei Semyon por acreditar que seu modo de tratar a todos os
soldados era mais digno do que Grigori, que sequer se apresentava para
seus homens. Meu destino foi traçado desde o meu nascimento, jogado nas
mãos de mafiosos impiedosos para ser um cão de caça e nada além, no
entanto, eu quis sonhar com um futuro menos turvo, ainda que enraizado
naquela merda de vida obscura, tendo um pouco do meu orgulho salvo e
ficando mais tempo longe de violência, como um dia prometi a Yelena.
Eu nunca seria um homem comum, mas precisava ser alguém
melhor do que a porra de um açougueiro de humanos.
— Yakov, você está se irritando à toa...
— Não é uma decisão sua, me diga o que faz aqui e eu mesmo bato
o martelo se é ou não besteira.
Ele assentiu, seu olhar escorregando de mim para Alya.
— Sua noiva está há dois anos protegendo alguém que amo, prometi
que a ajudaria e farei isso, principalmente por saber que querem te
machucar também, cara.
Franzi o cenho, sequer imaginei que Yuri estivesse em algum
relacionamento, ele sempre foi reservado demais para falar de sua vida
pessoal, presumi que sua história não fosse tão diferente da minha ou que
era jovem demais para ter se envolvido com alguém.
— Seu soldado te admira o suficiente para não te colocar em risco, e
isso é suficiente para que ele esteja nesse plano, mas é verdade que tenho
alguém sobre meus cuidados e essa pessoa interessa demais a ele.
— Essa mulher vale tanto assim? Está disposto a trair seu Pakhan
para protegê-la, assim como proteger a mim? — perguntei mais calmo.
Yuri abaixou um pouco a cabeça e fugiu do meu olhar, suas mãos se
apertaram e vi quando engoliu em seco.
— Não é uma mulher! — Foi a voz de Alya que cortou aquele
silêncio esquisito.
Seria hipocrisia minha se dissesse que não fiquei surpreendido,
todavia, a vida pertencia a ele e suas escolhas não mudavam nada entre nós,
embora seu relacionamento jamais possa ser revelado, pois ele e seu
parceiro morreriam por linchamento diante dos outros soldados. A Rússia
ainda achava ter o direito de mandar na sexualidade alheia, punindo aqueles
que não seguissem o padrão quadrado a que se apegaram tanto.
— Mais ninguém pode saber disso — soltei aflito.
— Irei embora assim que tudo estiver resolvido — respondeu
hesitante, ainda sem saber meu posicionamento quanto a isso.
— É melhor dessa forma, seja feliz com seu companheiro longe
daqui, Yuri. Não arrisquem suas vidas em um lugar que não os aceita.
Apertei seu ombro, e ele sorriu de canto, concordando comigo.
— Pensei que negaria minha ajuda quando descobrisse...
— Eu te disse que Yakov não tinha tempo e nem forças para se
preocupar com a sexualidade alheia, não disse? — Alya completou antes de
mim, rindo e se aproximando de nós. — Agora que a seção ciúme
desnecessário e revelações acabou, podemos nos concentrar aqui?
Concordei, respirando fundo e parando para ouvi-la. Contudo, eu
ainda não estava satisfeito com todo aquele jogo feito às escondidas.
Alya tinha muita coisa oculta, enquanto sabia tudo sobre mim.
Capítulo 21
A casa lotada mais uma vez, talvez a última por um longo tempo.
Meus sentimentos em relação a Yakov mudaram conforme as
estações em que convivemos, o verão chegou com um clima agradável e
mais cheio de luz, possibilitando que nosso casamento fosse no grande
jardim dos fundos com decorações coloridas e floridas. Eu escolhi cada
detalhe, principalmente as nossas roupas, afinal, fazia parte do show que
daríamos dali a algumas horas.
Foi uma semana recheada de discussão com meu pai e mãe, cada um
tentando me controlar sobre os preparativos da festa ao seu modo. Acatei
algumas sugestões, dispensei outras e nesse meio tempo não pude me
encontrar apropriadamente com Yakov, ficando a cargo de Yuri alinhar
nosso plano com ele, embora algo em seus olhos, da última vez que nos
vimos, me deixava inquieta quanto à sua lealdade.
Será que mesmo depois de saber de tudo que aconteceu com Yelena
ele continuaria fiel ao seu Pakhan?
Essa dúvida me corroía, tanto quanto a sensação de estar disputando
o afeto de um homem com uma mulher morta, pior ainda, uma que foi
minha tia. Era estupidez ter essa insegurança, porém, me vi enciumada com
tão pouco, apenas porque ele demonstrou ódio ao ouvir sobre um passado
de Semyon que a envolvia.
Mas quem não sentiria isso?
Somente aqueles cujo coração esfriou demais para deixar de ter
empatia pela dor alheia. Até mesmo eu, quando soube das atrocidades
praticadas contra minha tia, tive raiva do meu pai.
E não era por isso que seguia adiante com meu plano, mesmo
sabendo as consequências que trariam para ele?
A pergunta circulou em letras garrafais acima da minha cabeça,
quase me esmagando ou culpando, pois, a resposta era um grande e egoísta
NÃO.
Continuava minha trajetória por mim, a partir do momento que
escolhi que eu seria a minha única prioridade. Posso ter mudado alguns
caminhos para encaixar Yakov na minha jornada e tê-lo como parceiro para
toda a minha maldita vida, mas sempre com o foco na minha sobrevivência
nesse mundo pajeado por homens.
Se não fosse eu por mim, ninguém seria capaz de me proteger.
Entretanto, gostei da ideia de ter um soldado empenhado nessa
missão, não somente de me manter a salvo, como se fosse a porra de um
príncipe encantado; alguém com brio e paixão, capaz de me foder como
uma cachorra no cio e depois me abraçar com tanta ternura que me faria
crer valer mais do que os tesouros valiosos.
Yakov parecia ser esse tipo de homem. Mesmo sem amor envolvido
em nossa relação, ele cuidava, sempre vindo com suavidade limpar minha
pele depois de espalhar todo seu gozo derivado de um sexo bruto e sem
ressalvas. Seus olhos castanhos brilhavam com a preocupação e satisfação.
A mistura perfeita do homem que sempre desejei ter em minha vida.
O que ele faria comigo, quando descobrisse que apenas minha
boceta era intocável pelos meus parceiros?
Sorri sozinha, então escutei um turbilhão de vozes irritantes se
aproximando e suspirei pesado, logo batidas na porta me tiraram da minha
tranquilidade.
— Senhorita Rurik, viemos ajudá-la com seu vestido.
Revirei os olhos e elas se calaram quando perceberam que o tal
vestido já estava em meu corpo. A lateral aberta até o joelho tinha uma
função bem clara, assim como o pequeno suporte agarrado firmemente na
mesma coxa do corte lateral, onde minha adaga descansava e minha Taurus
85S[4].
— Bom... podemos seguir para o penteado e maquiagem...
Uma delas tentou aliviar o desconforto. Não as culpava, foram
contratadas para dar conta de tudo que dizia a respeito do meu conforto e
para mostrar serviço ao Pakhan fariam de tudo. Assenti, sem vontade de
discutir, o que precisava da minha atenção sem olhares curiosos já foi
resolvido.
O vestido era branco com um forro extra que mandei colocarem por
precaução, não era possível ver a silhueta de nenhuma das minhas armas,
apesar disso, o tecido pode ser facilmente rasgado caso necessário.
As mulheres começaram suas tarefas, o penteado simples em um
coque alto e com enfeites brancos, assim como a maquiagem só tinha um
pouco de cor no batom levemente rosado, um tipo quase nude.
Queria ver meu noivo, enxergá-lo no terno que escolhi e o qual tem
dois bolsos falsos por dentro também equipado com armas de sua
preferência e a cada vez que chegava mais perto desse momento, ficava
ansiosa.
Nunca tive tal sensação, não depois de completar meus vinte e um
anos.
Yakov era pelo menos oito anos mais velho do que eu, em toda a
minha adolescência devo tê-lo visto uma ou duas vezes e com certeza foi
rápido demais para ficar guardado na memória, e agora estávamos nos
preparando para o nosso casamento.
— Senhorita, acabamos.
Abri meus olhos devagar, vendo como tudo ficou e sorri de canto, as
mulheres soltaram o ar de alívio e pareciam felizes com o resultado.
— Muito obrigada.
Elas saíram devagar, e segundos depois minha mãe adentrou o
quarto.
— Está linda!
Pela primeira vez não ouvi sarcasmo em sua voz, as pequenas
manchas de seu rosto e pescoço que não se curaram a tempo, foram
disfarçadas com maquiagem.
Nunca presenciei essa versão deplorável de Natalya Rurik, pensei
que me sentiria bem ou até indiferente, mas fiquei incomodada.
Um dia poderia ser eu naquela posição de mulher agredida por seu
marido, se não tomasse o controle da minha vida, provavelmente a perderia
para algum desgraçado autoritário.
— Obrigada.
Um silêncio esquisito perdurou até ela se mover para o pequeno sofá
do outro lado do quarto.
— Eu sinto muito por não ter sido capaz de te amar, Alya. Gerar
você nunca fez parte dos meus desejos... mesmo assim... — Apertou os
olhos e se recompôs, Natalya não chorava diante de ninguém. — Pensei que
quando a visse em meus braços minha opinião mudaria, mas tudo que senti
foi desespero e raiva.
— Como devo digerir isso, mãe? — Ela virou o rosto, fugindo de
mim.
— Não quero que me perdoe, tampouco estou aqui para prometer
que serei alguém diferente. Você matou o único homem que amei em toda a
minha vida medíocre e sem propósito, não posso... não posso enxergá-la
como filha. É tarde demais para recuperar essa relação…
— Então o que faz aqui?
— Te peço para não se deixar levar por Semyon, ele... ele nunca
soube o que era afeto.
Ri jocosa. Levantei-me e parei de frente para ela.
— Sei disso há muito tempo, Natalya. Obrigada, mas dispenso seus
avisos e conselhos.
Ela acenou e ergueu-se, nunca ficamos tão perto uma da outra. Seus
olhos me mirando sem aquele desprezo cotidiano.
— Yakov é diferente dele, por isso é fraco demais para te proteger,
assim como Grigori foi fraco para Yelena e Nero para mim. Espero que
você seja mais forte do que nós e que seu futuro não seja vendo quem ama
sendo roubado de você.
Pude ver o marejar em seus olhos, mas como sempre, ela não
permitiu que nenhuma gota caísse. Saiu como se suas palavras não tivessem
o poder de me fazer sentir culpada, afinal, fui eu a responsável por roubar
seu amor, mesmo que a mando do meu pai, foi a minha adaga que dilacerou
a garganta dele bem na sua frente.
A menção de Grigori com relação a Yelena me fez entender a última
peça do quebra-cabeça. Meu noivo não poderia proteger alguém que ele
sequer sabia estar em perigo, mas Grigori conhecia bem a personalidade
podre de seu ex-conselheiro e teve sua noiva tirada de suas mãos.
Todavia, acabaria o reinado de Semyon no segundo que meus pés
tocassem naquele altar.
Capítulo 22
**
FIM.
Agradecimentos
Esse livro foi um processo de retorno à rotina de escrita, por isso
tornou-se importante para mim, como um marco na minha carreira do qual
irei sempre me recordar.
Agradeço ao Grupo Editorial Portal por confiar no meu trabalho e
me impulsionar nessa trajetória. Ao meu marido por todo apoio e paciência
em me compartilhar com Alya e Yakov rsrs.
Agradeço a vocês leitoras, por todo o tempo dedicado a essa
história, pelo apoio que dão às minhas redes e acompanhando todos os
meus trabalhos, vocês motivam a minha escrita e são parte importante e
definitiva no meu trabalho.
Obrigada a todas as autoras que me incentivaram em um momento
de dúvida e medos, que me ajudaram a prosseguir, principalmente a Mari
Sales, pois seus ensinamentos foram essenciais para me reverberarem na
volta à disciplina da escrita.
E agradeço a Alya e Yakov por terem me emprestado suas vozes
para construir essa história.
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Sinopse:
Ao tocar o cartel de drogas que herdou do pai, Andrés Maldonado
era conhecido em Barichara, na Colômbia, como: dueño del miedo. Dono
do medo.
Luz Ramírez desde que se tornou órfã era moradora de rua. Aos
dezenove anos se via entre dias e noites de desespero sem saber como
seriam as próximas horas da sua vida. Em uma reviravolta do destino,
mesmo sem nunca ter sido tocada por um homem, acaba no prostíbulo de
Alba Caldeiron, sendo leiloada como virgem e arrematada pelo temido
mafioso da cidade, que mais cedo ela afrontou sem saber quem era.
E com essa união acabaram tendo que lidar com um desejo intenso,
sentimentos reprimidos e um acordo de sexo sem compromisso. Além de
que, com a convivência, desvendaram um novelo de segredos e armações
que corriam em sigilo e colocariam o cartel Los Maldonados em perigo.
A verdade do CEO
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Sinopse:
Ele é CEO da Instituição de Ensino Gonzaga e filho.
Ele conhecia bem aquele nome e por mais que tivesse ficado
quebrado com a sua partida, decidiu contratá-la e faria de tudo para
descobrir de uma vez por todas o motivo dela ter sumido de sua vida.
Helena não era uma mulher que guardava rancor, contudo havia
um único momento de sua vida que ela fingia não existir, mas em uma
virada, sua vida mudou. Ela foi obrigada a retornar para sua cidade natal.
Será que Fábio conseguirá entender o motivo da partida de
Helena?
Resgatada por um mafioso
(Máfia Lansky Livro 1 )
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Sinopse:
Lucian Lansky, o chefe da máfia italiana nos Estados Unidos, é um
homem que tem o que quer e forja o mundo à sua vontade. Entretanto sua
vida sofre uma reviravolta quando a sua esposa é assassinada, deixando-o
viúvo e com um filho pequeno. Três anos se passaram e a caça às bruxas
não o levou ao federal responsável pela morte dela.
O que o poderoso mafioso não esperava era que, em uma noite, ele
conheceria uma mulher que se tornaria seu maior objetivo, mesmo ela
estando ao lado dos seus inimigos.
Fragilizada, Fernanda Silva perdeu tudo com a morte dos pais,
inclusive a confiança nela mesma. Minada por quem deveria protegê-la, não
tinha ideia do abismo em que estava até Lucian encontrá-la.
Ela não deveria se deixar seduzir. Ele não deveria se aproximar
dela, mas o mafioso não resistirá a mulher que poderá ser a sua ruína.
ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores
de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens. Apesar de ter a máfia como plano de fundo,
esse não é um romance dark, se você espera cenas de abuso sexual, esse
livro não corresponderá as suas expectativas.
Proibida para o Mafioso
(Máfia Lansky Livro 2)
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Sinopse:
Logan Lansky é o consigliere da máfia italiana nos Estados
Unidos, um homem poderoso com regras rígidas de dever e honra. Perdeu
os pais quando era muito jovem e foi criado pelo seu tio, o chefe,
aprendendo a colocar a máfia sempre acima de tudo, inclusive dos seus
desejos.
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Sinopse:
Escondido sob a fachada de rico empresário, o mafioso Liam
Costello construiu sua fortuna por meios ilícitos. Cercado pelo luxo, ele é
dono de uma boate, coleciona mulheres em sua cama e as descarta como
bem entende, mas é surpreendido quando uma delas volta com uma menina
de sete anos e a deixa aos seus cuidados.
Liam não tinha envolvimentos duradouros e não esperava ser pai,
porém, quando se viu responsável pela criança, percebeu que precisava de
ajuda.
Samantha Smith é uma professora que alcançou o fundo do poço.
Sozinha e desamparada, fugiu para recomeçar.
Ao começar a trabalhar em uma nova cidade, ela se aproxima de
uma aluna e resolve ajudar o pai da menina. O que não esperava era que o
sedutor milionário fosse tirá-la do eixo. Disposta a se permitir mais, Sam
embarca numa perigosa aventura, mas não sabe se será capaz de superar
seus fantasmas.
Ambos possuem segredos e um passado que os assombra. Quando
a verdade vier à tona, o sentimento cultivado entre eles pode não ser o
bastante.