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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Fundação instituída nos termos da LEI nº 5.152 de 21/10/1966 – São Luís/MA
PRO-REITORIA DE ENSINO-PROEN
DIRETORIA DE AÇÕES ESPECIAIS-DAESP
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA - PARFOR
1
1 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

CURSO HISTÓRIA

MODALIDADE PRESENCIAL

COORDENADOR PROF. DR. ARKLEY BANDEIRA

DISCIPLINA - HISTÓRIA DA AMÉRICA PRÉ COLOMBIANA


CARGA HORÁRIA 60 HORAS

CRÉDITOS 04

EQUIPE DE ELABORAÇÃO DA APOSTILA


Profa. Dra TELMA BONIFACIO DOS SANTOS REINALDO

Prof. Mestre JOSSILENE LOUZEIRO ALVES

Prof.

Profa.

Prof.

Cidade Universitária Dom Delgado – DAESP-PARFOR


Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805
Fone: (98) 3272- 8044 / 3272- 8041/32728040/32728056
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2 PLANO DE ENSINO
PLANO DE ENSINO
I – IDENTIFICAÇÃO
Curso: Licenciatura em História
Disciplina: Introdução aos estudos históricos
Carga Horária: 60 Créditos: 4 Período Letivo:2024.1
Professor(a) : JOSSILENE LOUZEIRO ALVES

2. EMENTÁRIO
A História como forma de conhecimento. As bases fundamentais da história da disciplina, considerando
seu nascimento na antiguidade clássica Greco-romana e seu desenvolvimento até o século XX. Desafios
do historiador: veracidade, temporalidade, objetividade, memória, alteridade. O uso das fontes. História
e Ciências sociais. Panorama atual da historiografia. Escola metódica e o positivismo. O idealismo e a
História. Marx e a História. O movimento dos Annales. A Nova História.
3. JUSTIFICATIVA
Esta disciplina faz parte de um ementário para formação de professores para atuarem na educação
básica e, portanto, trata dos conteúdos aproximados dos currículos utilizados na referida modalidade de
ensino.

4. OBJETIVOS
-Compreender como os historiadores concebem seu trabalho com a disciplina História.
-Analisar o papel do historiador e suas diferentes abordagens e procedimentos históricos às
fontes históricas durante a realização de uma pesquisa, comtemplando nos debates ,o espaço, o
tempo, o fato e os sujeitos históricos.
-Proporcionar uma reflexão crítica sobre os procedimentos de trabalho do historiador tais como
os critérios de seleção de fatos históricos, os recortes cronológicos ou temáticos, a relação com
as fontes.
-Fornecer elementos que permitam uma visão de conjunto da produção historiográfica,
localizando os principais paradigmas teóricos e os debates mais importantes nesta área do
conhecimento nas últimas décadas
5. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (delimitar os conteúdos por unidades didáticas, com a
divisão temática de cada uma)
CAPÍTULO I - CONCEITOS DA HISTÓRIA
1 - Conceituando a história
UNIDADE I
2- C o n c e i t o s históricos: historiografia
3- A história e seu campo de renovação
CAPÍTULO II - AS FONTES HISTÓRICAS
1- Definição das fontes históricas
UNIDADE II 2- As fontes históricas
3 Tipos de relatos ou documentos
4 A metodologia da pesquisa
CAPÍTULO III - O fazer histórico: os sujeitos e o espaço do historiador

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3
UNIDADE III 1-O fazer histórico
2-O fato histórico
3-Funções sociais de historiadores e historiadoras
4-Outras histórias
CAPÍTULO IV – O tempo e a história
1-Definições de tempo para a história
UNIDADE IV 2-As principais concepções de tempo na atualidade
3-Temporalidade e duração
4-A temporalidade no ensino de história

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os conteúdos serão trabalhados, privilegiando:
Aula expositiva e dialogada
Discussões, debates e questionamentos
Leituras e estudos dirigidos
Escritos e exposições individuais e em grupos
Rodas de conversa sobre experiencias e habilidades com o ensino de História

7. RECURSOS DIDÁTICOS
Livros da área de ensino como base conceitual
Apostilas, artigos e outros materiais.
Trabalhos acadêmicos publicados
Relatos de experiencias

8. AVALIAÇÃO
O processo de avaliação da construção de conhecimentos a partir da observação e análise de:
observação, do interesse, do envolvimento, do compromisso, da participação, da assiduidade durante
as aulas e regularidade e cumprimento do prazo na entrega dos trabalhos solicitados. E para efeito de
atribuição de notas será processada a análise de esquemas, de resumos, de estudos dirigidos,
seminários e testes para verificação da aprendizagem.

PARA REGISTRO DE NOTAS SERÃO CONSIDERADOS:


1ª NOTA: Exercícios de compreensão da realidade estudada;
2ª NOTA: Trabalhos grupais organizados a critério dos
professores ministrantes;
3ª NOTA: Seminários com apresentação de grupo

9. BIBLIOGRAFIA
ALENCAR, Maria Amélia Garcia de. (org).A História da História. Goiânia: UCG,2005.
BLOCH, Marc. Introdução a História. Portugal: Publicações. Europa-América,s/d.
BOURD, G. MARTIN, H. As Escolas Históricas. Portugal: Publicações Europa
América,1983.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é a História. São Paulo: Brasiliense, 1981.

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COLLINGWOOD, R.G. A Ideia de História. Lisboa: Editorial Presença, s/d. Bibliografia
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ARON, Raymond. Dimensiones de la Conciencia Histórica. México: Fondo de Cultura
Econômica, 1992.
VAINFAS, Ronaldo (Orgs). Domínios da História: Ensaios de Teoria e Metodologia.
Rio de Janeiro: Campus, 1997, p.01-26.
DIEHL, Astor Antônio. Cultura Historiográfica: Memória, Identidade e
Representação. São Paulo: Edusc, 2002.
LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica. Teoria da História: os fundamentos da ciência histórica.
Brasília: UnB, 2001

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3 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA DISCIPLINA 5

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA DISCIPLINA

PREVISÃO DE
DATA UNIDADE CONTEÚDOS ATIVIDADES REFERÊNCIAS
HORAS-AULA

CAPÍTULO III Aula expositiva dialogada CARDOSO, Ciro 5 h/a


UNIDADE I CONCEITOS Flamarion S. América
(manhã e tarde) DAHISTÓRIA Leituras orientadas pré-colombiana. São
O que é história
06 DE ABRIL Paulo: Brasiliense, 1981.
A história e as ciências
A história em suas
diferentes épocas
A história e seu campo de Aula expositiva dialogada LAS CASAS, Frei 5 h/a
UNIDADE I renovação Bartolomé. O paraíso
(manhã) Renovação historiográfica Leituras orientada destruído: brevíssima
Uma nova história relação da destruição das
07 DE ABRIL Índias. Porto Alegre.
L&PM, 2000

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CAPÍTULO II AS Aula expositiva dialogada GLYN, Daniel. El 5 h/a
UNIDADE II 6
FONTES HISTÓRICAS concepto de prehistoria.
(manhã e tarde) Definição das fontes Leituras orientadas Barcelona: Labor, 1968.
13 DE ABRIL históricas
A problemática das fontes
históricas
As fontes históricas
As fontes históricas como
relatos
Tipos de relatos ou
documentos
Documentos escritos
publicados e não
publicados
Documentos visuais
Documentos orais
Documentos
multimidiáticos

A metodologia da Aula expositiva dialogada CASTILLO, Bernal Diaz 5 h/a


pesquisa Del. História verdadeira
14 DE ABRIL e a análise de fontes Leituras orientadas da conquista. Porto
históricas Alegre: LPM, 1990.
A pesquisa e o uso das
UNIDADE II
(manhã) fontes históricas

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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA DISCIPLINA

PREVISÃO DE HORAS-
DATA UNIDADE CONTEÚDOS ATIVIDADES REFERÊNCIAS
AULA

CAPÍTULO III - O Aula expositiva dialogada CORTEZ, Hernán. A 5 h/a


UNIDADE III
FAZER HISTÓRICO: OS conquista do México.
20 DE ABRIL (manhã e tarde) SUJEITOS E O ESPAÇO Leituras e discussão Porto Alegre: LPM, 1990.
DO HISTORIADOR grupal

O fazer histórico
O conhecimento histórico
O fato histórico
O fato histórico no fazer do
historiador
Funções sociais de
historiadores e historiadoras
Funções da história e o
ensino

Outras histórias Leituras orientadas BELLOTO, Manuel L. e 5 h/a


UNIDADE III História fragmentada CORRÊA, Anna Maria
(manhã) Seminários de equipe Martinez. América Latina
da colonização espanhola.
21 DE ABRIL São Paulo: Hucitec, 1977.

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CAPITULO IV - O Aula expositiva dialogada FERREIRA, Jorge Luiz. 5 h/a
UNIDADE IV 8
TEMPO E A HISTÓRIA Incas e Astecas. Culturas
(manhã e tarde) Seminários de equipe pré-colombianas. São
Definições de tempo para a Paulo: Ática, 1988.
27 DE ABRIL história
Se As principais concepções
de tempo na atualidade 134
As principais concepções de
tempo na atualidade
Temporalidade e duração
Temporalidade e duração
A temporalidade no ensino
de história
A temporalidade no ensino
de história
Temporalidade e duração Aula expositiva dialogada FERREIRA, Jorge Luiz.. 5 h/a
28 DE ABRIL UNIDADE IV Temporalidade e duração Conquista e colonização
A temporalidade no ensino Seminários de equipe da América Espanhola.
manhã
de história São Paulo: Ática, 1992.
A temporalidade no ensino
de história

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CAPÍTULO 1 -
EMENTA 9

A História como forma de conhecimento. As bases fundamentais da história da


disciplina, considerando seu nascimento na antiguidade clássica Greco romana e seu
desenvolvimento até o século XX. Desafios do historiador: veracidade,
temporalidade, objetividade, memória, alteridade. O uso das fontes. História e
Ciências sociais. Panorama atual da historiografia. Escola metódica e o positivismo.
O idealismo e a História. Marx e a História. O movimento dos Annales. A Nova
História

Observando esta imagem podemos perceber que há muitos recortes de utensílios do


nosso cotidiano que podem nos relatar o seu tempo e de onde vieram supostamente,
cabendo a História nos ajudar nessa tarefa investigativa : isso é História

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CAPÍTULO I

CONCEITOS DA HISTÓRIA
Cyntia Simioni França
1 Conceituando a história
Neste capítulo você será levado a compreender o que é história, a função social do
conhecimento histórico e a história no contexto das ciências humanas. Assim como Conceitos
históricos: historiografia, os modos que se produz a história e as diferentes concepções
historiográficas. E a história e seu campo de renovação :os campos de renovação
historiográfica da história e perceber o que a distingue dos modos de conceber a história em
épocas anteriores. Ao final desta unidade poderá perceber que a história passou por muitas
transformações e por isso também a consideramos um conhecimento que está sempre em
construção.
Iniciamos o debate indagando: afinal, o que é história? Recorremos a alguns
historiadores de diferentes épocas e concepções. Para Leopold Von Ranke (1790-1880), a
história era para mostrar o que realmente ocorreu no passado. Enquanto para Marc Bloch
(2001), a história é a ciência dos homens no tempo. O historiador Edward Thompson (1981)
entende que a história é a compreensão das várias faces do fazer humano que faz parte das
experiências vividas. Ainda para Walter Benjamin (1985) a história é objeto de uma
construção, e seu lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo “saturado de
agoras”.
As diferentes explicações são necessárias para entendermos que os modos de
compreender a história são diferentes pelos historiadores e nesse sentido o campo de
investigação fica aberto ao debate. Vamos iniciar as reflexões?

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1 Conceituando a história
Aqui seremos levados a compreender elementos que poderão trazer para nós o
conceito de História, a função social do conhecimento histórico e a história e sua relação com
as ciências. E iremos estudar:
✓ O que é história.
✓ A história e as ciências.
✓ A história em suas diferentes épocas

1.1 O que é história


No início do ano letivo, a primeira pergunta a ser feita para o professor de História pelos seus
alunos tanto no curso de graduação de história como também na educação básica é: afinal, o que é História?
Para que serve estudar a História? E com grande empenho o professor explica para seus alunos que a
história é o estudo das ações e práticas dos homens no tempo e no espaço.

A história é construída a partir das vivências e ações cotidianas. Assim, o objeto de estudo da
história é o homem em sociedade, parafraseando Bloch (2001), onde encontramos carne humana é digno
de investigação histórica!

Assim, com a História podemos compreender as ideias, as culturas, os sentimentos, os


comportamentos, as atitudes e as práticas culturais dos agentes históricos, e construir narrativas históricas, a
partir de múltiplas formas. Benjamin (1985) compartilha desse pensamento ao chamar a atenção para
perceber as mudanças menos perceptíveis, uma vez que as experiências dos homens se manifestam não
apenas através de lutas políticas, mas também por meio dos valores, imagens e sentimentos.
A História discute a temporalidade das experiências humanas, que são mediatizadas
pelas relações sociais. Esse discutir estabelece um diálogo entre presente e o passado e
organiza as memórias, definidas a partir de múltiplas construções históricas. Assim, a história
nos possibilita compreender as experiências dos homens, visando entender as práticas
coletivas em sua dinâmica de mudanças e permanências.
A História é a aventura do homem no tempo!

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1.2 A história e as ciências 12

Iremos discutir algumas problemáticas relacionadas à história. Será que a história


pode ser enquadrada como outras áreas do conhecimento? É possível um conhecimento
histórico verdadeiro? Cabe ao historiador apresentar res- postas ao passado?
Thompson (1981) defende uma lógica para a história que se distancia de uma lógica
de laboratório que pode ser comprovada a partir de experimentos científicos, e propõe algo
que não seja mensurável nem generalizado, mas pertinente aos seres humanos. Isso porque a
história nunca oferece as condições para experimentos idênticos e muito menos passíveis de serem
repetidos. Nesse sentido, o passado histórico é o objeto de investigação e seu próprio
laboratório experimental
Ao longo dos anos, a história teve diferentes preocupações bem como maneiras
diferenciadas de ser escrita. Retomando a palavra história, logo encontraremos na Grécia
Heródoto (pai da história) empregando o termo História, no século V a.C, advertindo que
pretendia escrever a presente história a fim de que as ações dos homens não se deixassem
apagar no tempo. Assim, predominavam as narrativas mitológicas. Já os romanos acentuaram
o caráter utilitário da história, apresentando uma história com intenções morais e patrióticas.
Com a chegada da Idade Média houve uma atribuição filosófica à história, com livros
sagrados, baseados na sucessão cronológica dos acontecimentos, marcados por espaços bem
determinados.
No Renascimento, a história se fazia presente em duas atividades intelectuais: na
erudição, laica e eclesiástica, e na filosofia. Os antiquários, conhecedores de línguas
desaparecidas e especialistas no Antigo, ocupavam-se da erudição laica, limitando-se a
comentar a história fixada pelos greco-romanos. No campo da erudição eclesiástica, a história
desenvolveu-se levada pela necessidade da Igreja de inventariar e exaltar o conjunto das
tradições cristãs, em confronto com a corrente protestante.
No século XVI, a velha tradição que remonta ao Renascimento instala a repartição
entre história sagrada e profana buscando uma nova identidade. Os eruditos modernos
comentavam sobre historiadores antigos e consagravam as belas-letras, já os antiquários
caminhavam em busca de fontes não literárias, desenterravam monumentos, moedas, pedras,
cavernas, inscrições rupestres, vestígios históricos. Sustentavam discussões e pesquisas sobre

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os costumes, instituições, arte e, também, a análise cronológica dos regimes bem como dos
governos.
Na segunda metade do século XVII nasce a ideia de que existe uma história
universal. O antiquário transforma-se em um crítico da História e também um escritor da
mesma. Período em que os materiais de pesquisa passam a ser diversificados por meio de
publicações de anais, memórias e compilações. A História dessa forma é apenas uma narrativa
não rígida no que diz respeito aos conteúdos, mas mantém os padrões estéticos e morais, como se
fosse um trabalho de um escritor (FURET, 1967).
Identifica-se que do século XI ao XVII os acirramentos teológico-políticos
consequentes da Reforma Protestante contribuíram para a “[...] tendência presente nas
histórias oficiais: produzir por intermédio da história política ou religiosa os elementos históricos
favoráveis à causa defendida pelo historiador. Caberia então à história proporcionar provas e
argumentos às partes em litígio” (FALCON, 1997, p. 63).
Nota-se um fato interessante, pois desde aquela época histórica, a história desenvolveu-
se por necessidade de a Igreja construir e exaltar os valores das tradições cristãs, em confronto
naquele momento com os protestantes, por isso ficou conhecida como área de erudição
eclesiástica.
Somente em meados do século XVIII acontece um grande descontentamento em relação aos
Colégios Jesuítas por parte do ministro de Portugal, Marquês de Pombal, sendo estes substituídos por
professores escolhidos pelo Estado para assumir a direção das escolas
Somente com a Revolução Francesa, em 1789, que acontece um aceleramento das
mudanças na área da história, estabelecendo sobre a educação nacional.
É com a Constituição de 1791 que ocorre a implantação da disciplina de história
(FURET, 1967). Somente foi inserida no currículo a partir do século XVIII, período de
consolidação dos Estados-Nacionais europeus e da burguesia. Por sua dimensão política,
passa a ser um ensino vigiado e controlado, pois representava um perigo ao Estado.
Assim, é nos currículos franceses que a história primeiro torna-se disciplina escolar e
adquire um novo status escolar, independente da relação com a Antiguidade, mas mantém a
marginalidade frente ao programa regular. Enquanto disciplina escolar é sempre clandestina

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diante dos programas oficiais. Contudo, uma das propostas da história nesse momento
histórico seria a busca da formação da memória nacional e a construção de uma identidade
nacional, por isso foi considerada por Furet (1967, p. 137) “[...] genealogia da nação e o
estado da mudança, daquilo que é subvertido, transformado, campo privilegiado em relação
àquilo que permanece estável”.
Somente em 1830 a história como disciplina curricular sofre alterações decisivas no que
diz respeito, principalmente, à junção do passado com o futuro, sendo enriquecida com os estudos
econômicos e sociais e revestida de cientificidade. Assim, discernida como conhecimento da nação,
funciona com o objetivo de formar o juízo e o patriotismo, influenciados pela historiografia do
romantismo que defendia:
[...] o Estado-nação como tema central tanto da investigação quanto da
narrativa históricas; a crítica erudita das fontes elemento essencial para
desenvolver o método histórico, garantia da cientificidade do
conhecimento; introdução dos conceitos de história como singular
coletivo em conexão com o novo conceito de revolução; a perspectiva
historicista aplicada quer à história-matéria quer à disciplina [...]
(FALCON, 1997, p. 65).

E para complementar a finalidade do ensino de história daquele momento, basta verificar


que a escola se tornou laica, gratuita e obrigatória, para assim formar cidadãos convencidos
intimamente dos seus deveres políticos. Diante disso, compreende-se que a elevação do Estado ao
posto de objeto da produção histórica representou o domínio da história política. Por isso que o
“[...] poder é sempre poder do Estado — instituições, aparelhos, dirigentes: os ‘aconteci- mentos’
são sempre eventos políticos, pois são estes os temas nobres e dignos da atenção dos historiadores”
(FALCON, 1997, p. 65).
Assim, o surgimento dessa disciplina acontece no seio do interesse de grupos
dominantes, que tinham o Estado como o exclusivo detentor do processo histórico e,
consequentemente, direcionavam o uso de fontes históricas que a ele estivessem ligadas. Ou
seja, ficaram evidentes na França
Portanto, a História enquanto disciplina curricular fundamentava-se em uma
concepção conhecida como história tradicional, contendo traços que remontam ao positivismo
e ao idealismo alemão (historicismo). É nesse período histórico que se tem o surgimento das

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escolas históricas nacionais europeias com nomes como Leopold von Ranke, Auguste Comte
e outros que gozavam de prestígios acadêmicos.
Agora testemos nossos conhecimentos sobre o que lemos e ouvimos sobre a Ciência História:

1 Discuta essa questão com os colegas, com base no que foi apresentado: qual a função
social da história?
2. Explique com suas palavras os motivos pelos quais a história não pode ser comparada
às ciências exatas (experimentais).
3 Por que a história durante algum tempo foi mantida sob vigilância de religiosos e das
autoridades constituídas?

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4 Conceitos históricos: historiografia


Agora estudaremos os modos pelos quais se escreve a História e as diferentes
concepções historiográficas desde o século XIX até a atualidade. Iremos estudar nesta seção:
• Historiografia tradicional.
• Escola dos Annales e o papel do historiador.
• Escola marxista.

1 - Historiografia tradicional
A historiografia tradicional foi fundada no século XIX, a partir de um con- junto
de padrões metodológicos marcado pela influência do positivismo e do historicismo
(metódica). A junção das duas correntes deu início à historiografia tradicional, já que do
idealismo alemão (metódica) recebeu a tendência de dar primazia ao particular, às estruturas,
aos acontecimentos individualizados, e do positivismo foi influenciado pelo caráter científico,
pela busca de fatos e pelo estabelecimento de relações precisas entre o documento e a
narração- — a ciência aplicada.
Ainda do idealismo alemão (metódica), que muitos confundem como positivista,
recebeu a base do desenvolvimento da ideologia nacionalista para justificar a missão de outros
povos em realizar a colonização e ofereceu um caráter acadêmico à historiografia tradicional,
influenciando por meio de algumas regras que consideravam extremamente importantes para
a prática historiográfica. Tal escola histórica ganhou impulso na Alemanha, com o precursor
Leopold Von Ranke.
O método científico encontrou-se bem especificado pelos pensadores Charles
Seignobos e Langlois (1946) que escreveu um manual de Introdução aos estudos históricos
em que enfatizavam que a
História é a disciplina em que com maior império se faz sentir a necessidade de bem
conhecerem os autores os métodos próprios, que lhes devem presidir à feitura das
obras. [...] os processos racionais, que nos levam a atingir o conhecimento histórico,
são tão diferentes dos das demais ciências que devemos conhecer-lhes as
peculiaridades, para fugirmos à tentação de aplicar à história os métodos das
ciências já constituídas (LANGLOIS; SEIGNOBOS, 1946, p. 10 )

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Segundo Bourdé e Martin (1983), a história metódica (idealismo alemão) marcada
pelo cientificismo faz do historiador um observador passivo da his tória, utilizando análises
objetivas, caracterizadas em eleger os grandes heróis e seus principais feitos.
Portanto, o papel do historiador consiste em apenas narrar um assunto e a única
habilidade restringe-se a retirar do documento todas as informações que apresentavam e não
acrescentar nada, como se o documento falasse por si só. Na perspectiva metódica, a história
não passa da aplicação de documentos escritos, principalmente o oficial, porque nada substitui
os documentos, e assim onde não há documentos escritos não há história (LANGLOIS;
SEIGNOBOS,1946, p. 275).
Da escola positivista, na França, representada por Auguste Comte, o positivismo
assentava-se em três leis: “[...] a lei dos três estágios de desenvolvimento do pensamento
humano: as fases do pensamento teológico, metafísico e positivismo; a lei da subordinação da
imaginação à observação; a lei enciclopédica (classificação das ciências)” (CARDOSO, 1981,
p. 30).
A história tradicional recebe a influência do positivismo acerca do conceito de tempo
como evolutivo, linear, evolucionista e progressista. Aproximando-se das ideias da escola
metódica, no sentido de também compreender que o fato histórico era um dado objetivo, que
poderia ser verificado por meio da união dos documentos pelos historiadores e que atuavam
de forma passiva diante da documentação, limitando-se apenas à narração dos mesmos.
Além disso, no século XIX a ciência provoca inúmeras transformações na vida
econômica e social dos indivíduos. Doutrinas como positivistas, mecanicistas e evolucionistas
organizaram a sociedade em sistemas de ideias inteligíveis, a princípio era o que acreditavam
naquele momento histórico. Nesse contexto histórico, quer também a história encontrar seu
lugar. Então, é durante o século XIX que a história começa a procurar constituir-se como ciência,
voltada para a investigação e transmissão de um método rigoroso, como nas ciências
experimentais. Portanto, o marxismo e a Escola dos Annales, além de se contraporem à
historiografia tradicional, passaram a caminhar em busca de a história alcançar o campo da
ciência. É o que veremos a seguir:

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2.2 Escola dos Annales e o papel do historiador


O grupo dos Annales ou Escola dos Annales era formado pelos líderes da
historiografia francesa Lucien Fevbre e Marc Bloch, teve início em 1929, pertencente às
primeiras gerações e objetivava derrubar a concepção dos historiadores ditos metódicos
(positivistas).
Os Annales demonstravam a necessidade de uma nova história em oposição às
abordagens tradicionais, que eram centradas nas ideias e decisões de grandes homens, em
batalhas e em estratégias diplomáticas. Contra essa história historizante propunham uma
história problematizadora, a partir da formulação de hipóteses, pois sem esses elementos o
saber histórico pouco atenderia aos anseios, na prática social, no que diz respeito à existência
e experiência humana no tempo
Os Annales alegam que na concepção tradicional o historiador apresenta os fatos
cronológicos, sem que haja qualquer interpretação e questionamentos sobre eles, não
identificando nenhuma problematização na pesquisa histórica. O ofício do historiador “[...]
consistiria em estabelecer — a partir de documentos — os fatos históricos, coordená-los e,
finalmente, expô-los coerentemente” (CARDOSO; BRIGNOLI, 1979, p. 21). Esses deveriam
ser tratados com o máximo rigor crítico no sentido da autenticidade, credibilidade,
imparcialidade e objetividade

A concepção de documento apresentada na visão dos historiadores metódicos


(positivistas) era alvo de críticas por Bloch (2001), pois sua visão de fontes históricas
diferenciava-se totalmente. Para o autor mencionado, o documento histórico é um caminho
para o historiador, haja vista a necessidade de fazer perguntas a ele e reunir todos aqueles que
são necessários à pesquisa, sendo procedimentos relevantes que contribuiriam para diminuir
ou elevar a escrita da história.
Já que o documento é portador de um discurso, que, assim considerado, não pode ser
visto como algo transparente; por isso, o historiador deve atentar-se para o modo com que se
apresenta o conteúdo histórico e questioná-lo, então a importância de utilizar-se de um
método crítico, para jamais aceitar cegamente os testemunhos escritos, visto que nem todos os
relatos são verídicos e os materiais podem ser falsificados; assim somente através da crítica se

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consegue distinguir o verdadeiro do falso (BLOCH, 2001).
Na teoria positivista, a história só aparece quando há documentos escritos e eles são
vistos como irredutíveis do fato, o espelho da realidade, prova irrefutável de uma
investigação, e os testemunhos são abstratos e empíricos (SILVA, 1984). O que se questiona
nesse sentido é como pode ser possível produzir história, seguindo a corrente tradicional, se a
história é o estudo da experiência humana no tempo e todos os vestígios do passado são
considerados matérias para o historiador
Para os historiadores dos Annales, a história não era vista no passado pelo passado,
como os metódicos pensavam, mas a partir do presente para entender o passado, e a
incompreensão do presente não nasce da ignorância pelo passado, mas é difícil entender este,
se não soubermos nada do presente. “Visto que o conhecimento do presente interessa à
inteligência do passado” (BLOCH, 1965, p. 44).
Contudo, os historiadores da Escola dos Annales propuseram aos história- dores uma
história globalizante e totalizante no sentido de abarcar todos os elementos, ou seja,
considerar os aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais para escrever a história.

2.3 Escola marxista


Em relação à tendência historiográfica marxista, esta surgiu no século XIX na
França, a partir das ideias de Karl Marx (1818-1883). Os frequentes conflitos de classes que
ocorriam nos países capitalistas mais avançados da época levaram Karl Marx e Friedrich
Engels a fazerem vários trabalhos juntos, destacando que as sociedades humanas também se
encontram em contínua transformação, e que o “fio condutor” da história eram os conflitos e
as oposições entre as classes sociais.
Com isso incentivou-se a publicação de revistas sobre o assunto, gerando debates dos
principais conceitos marxistas, atingindo grande parte do público interessado em tais
discussões com a obra O Capital. Existem outras publicações consideradas alvo de discussões
e de suma importância para a história, como a Ideologia Alemã, o Manifesto Comunista e o
Prefácio à Contribuição para a Crítica de Economia Política
A historiografia marxista, no que diz respeito à construção do conhecimento
histórico, propôs uma nova análise, partindo do modo de produção da sociedade, pois esse
determina a forma que assumirá o crescimento das forças produtivas e a distribuição do

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excedente. Segundo Hobsbawm (1998), o marxismo se propôs a mostrar que o progresso do
homem no controle sobre a natureza não se deve somente às formas de produção e suas
mudanças, mas também das relações sociais que envolviam a produção
A principal contradição dialética para Marx é aquela que existe entre as sociedades
humanas historicamente dadas e a natureza, e que fixa a determinação “[...] em última
instância da base econômica sobre os níveis de superestruturas” (CARDOSO, 1981, p. 36).
O resultado dessas contradições é o surgi- mento dos conceitos fundamentais de
modo de produção, classes sociais e formação econômico-social. Para Marx, a oposição das
forças produtivas e as relações de produção resultam na luta de classes, impulso da história,
levando às mudanças históricas. Nesse sentido, o autor mencionado explica que os homens
fazem a sua história, não por sua vontade própria e com um plano coletivo, isso significa dizer
que os “[...] homens não escolhem as suas formas sociais já que não são livres arbitrários das
suas forças produtivas é uma força adquirida, produto de uma atividade anterior”
(CARDOSO, 1981, p. 37).
Assim, as lutas de classes levam a transformações das estruturas sociais que
acontecem em situações bem definidas e que determinam os limites do que é possível ou não
para aquele momento histórico. Como dito, a luta de classes constitui a história de toda
sociedade, vistas como egoístas e antagônicas, com interesses diversos. Assim, existem os que
possuem o capital produtivo, constituindo a classe exploradora, e de outro lado, os
assalariados, os quais não possuíam a propriedade, constituindo assim o proletariado que
vendia a sua força de trabalho (GARDINER, 1995).

3 A história e seu campo de renovação

A história passou por críticas e propostas de mudanças. E em meados do século XX seu


campo apresenta-se com propostas de renovações no modo de conceber a história bem como na
maneira de escrevê-la. É nesse momento que a renovação historiográfica aparece com o
surgimento da Nova Esquerda Inglesa (1956). Essa escola histórica foi formada por historiadores que
romperam com o Partido Comunista Inglês devido ao descontentamento com o governo de Stalin,
na URSS, e passaram a influenciar a corrente historiográfica inglesa. Entre os historiadores que

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fizeram parte desse movimento, Eric Hobsbawm, Raymond Williams, Cristopher Hill, Edward
Thompson e outros passaram a fazer uma revisão de alguns conceitos do marxismo

3.2 Uma nova história


A Nova História também faz parte da renovação historiográfica, surgida a partir dos
anos 1960, ganhando novos contornos com Le Goff, principalmente com sua obra Fazer a
história, da década de 1970, dividida em três volumes: as novas abordagens, os novos
problemas e os novos objetos. Ressaltando a existência de uma história “nova”, a partir de
novos problemas que colocam em questão a própria história; novas abordagens porque
enriquecem e modificam os setores tradicionais da história; e por fim novos objetos que se
estabelecem no campo epistemológico da história
Entre os objetos de estudo, podemos mencionar: família, profissões, fenômenos
como a morte, os sentimentos, os imaginários etc.
A Nova História reuniu muitos partidários, até porque já se encontravam estruturados
pela geração anterior dos Annales, surgindo três vertentes da his- tória das mentalidades, a
saber:
a) Ligada à tradição dos Annales, tanto no que Febvre traz sobre a questão das
mentalidades, como o do comportamento coletivo articulado a totalidades explicativas, como
faz Le Goff (1924-2014), Duby (1919- 1996) e Le Roy Ladurie (1929); os dois últimos
também percorriam pela corrente do materialismo histórico-dialético.
b) Materialista histórico-dialético que articulava os conceitos de mentalidade e de
ideologia de maneira a valorizar a ruptura e a dialética entre o tempo longo e o acontecimento
“revolucionário”, como na perspectiva de Vovelle.
c) Desvinculada das reflexões teórico-metodológicas dos objetos e enfocando a narração
de acontecimentos.
Contudo, a terceira vertente logo foi alvo de críticas por outras escolas históricas,
pois alegavam que ao alargar o objeto de estudo, para aproximar-se de outras áreas do
conhecimento, passou-se a fragmentar os objetos, métodos e abordagens do conhecimento

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histórico a fim de tornar-se como uma “história em migalhas”, como foi denominada por
François Dosse (1992).
Sobre as contribuições da Nova História para o pensamento histórico moderno —
além das deixadas pela geração anterior — pode-se dizer que, ao construir grandes contextos
espaço temporais, consequentemente intensificaram a divisão quadripartite europeia, a
desvalorização das investigações das ações dos sujeitos e suas significações históricas e o
abandono da análise das estruturas políticas. Limitou-se também ao minimizar a articulação
entre a história local e a história global. Por esses motivos, parte dos historiadores mudou para
a Nova História Cultural, área de estudo de Carlo Ginzburg e Roger Chartier.
Na década de 1980 a Nova História Cultural surgiu com publicações da historiadora
Lynn Hunt. A Nova História Cultural como a Nova História da década de 1970 utilizam a
expressão “nova” para diferenciar as pesquisas historiográficas das formas anteriores
(BURKE, 1992), enquanto o emprego da palavra “cultura” é para demonstrar a diferença de
História intelectual, área que abrange as formas de pensamento, antiga história das ideias, da
História social. A cultura é entendida como um conjunto de significados partilhados e
construídos pelos homens para explicar o mundo.
A História Cultural preocupou-se em analisar novos direcionamentos para a escrita
da história no que diz respeito às relações de saber e poder que consequentemente têm
possibilitado reflexões sobre a história, a partir de áreas temáticas específicas como as
abordadas anteriormente e sobre a história das práticas de leitura; De Certeau, com a análise
do discurso historiográfico e a invenção do cotidiano; Foucault e White sobre a linguagem e
as relações entre o saber e o poder.
Portanto, sua contribuição para o pensamento histórico é a valorização das ações e
concepções de mundo dos sujeitos das classes populares a partir do seu próprio espaço e
tempo e ainda o trabalho com novas temporalidades, quando novos e múltiplos sujeitos foram
incorporados nas reflexões historiográficas.

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Nesta atividade, convido você a treinar uma habilidade importante na formação


de um professor de História: sintetizar ideias com clareza. Como esta aula se
concentra na discussão historiográfica, peço que você registre a época em que
foram produzidas três das interpretações aqui destacadas:
1. Qual a importância da Escola dos Annales para o ensino de História?
2. Explique a denominação da Nova História Cultural.
3 Quais são os autores que fazem uma releitura da teoria marxista.

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CAPÍTULO 2 - AS FONTES HISTÓRICAS

Objetivos de aprendizagem nesse capítulo é: Fornecer elementos para que o


leitor entenda a importância das fontes históricas, a maneira como estas foram
apropriadas pelos historiadores em diversos períodos históricos, discutindo ainda como
esses relatos podem ser utilizados no contexto da pesquisa e da escrita da história.

1. Definição das fontes históricas


Prezado(a) leitor(a), não existe pesquisa histórica sem a utilização de fontes para
fundamentar a investigação. As fontes são os elementos que qualificam a pesquisa e, ao
mesmo tempo, dão credibilidade a ela. Nesta seção, iremos discutir a importância das fontes
históricas, bem como realizar alguns aponta- mentos relacionando a fonte ao historiador e à
historiografia.

1.2 A problemática das fontes históricas


A escrita da História, também chamada de historiografia, está relacionada
diretamente ao ofício do historiador. É o historiador o responsável pela investigação do
passado. Sendo assim, cada historiador possui características próprias, geralmente vinculadas
a alguma escola historiográfica.
Historiografia é a escrita da história elaborada pelos historiadores. Georges Duby
(1986, p. 7-8), historiador integrante da corrente historiográfica intitulada Nova História,
afirma que:
[...] o campo de ação do historiador se desloca ao longo dos tempos, [...] a função da
história na sociedade se transforma e [...] temos absolutamente de ter em conside-
ração, no trabalho dos historiadores que nos precederam, o meio em que viveram e a
sua própria personalidade, para aproveitarmos ao máximo as suas contribuições

Os fatos históricos se constituem na matéria-prima dos historiadores, pois cada


problemática investigativa deve ter como base a experiência em si. As informações utilizadas
pelo historiador são localizadas no tempo e no espaço; com frequência essas informações

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possuem caráter subjetivo diverso, podendo beneficiar ou dificultar o trabalho de
investigação. É impossível reproduzir a experiência histórica em laboratório, podemos apenas
esperar da experiência que ela se manifeste e venha a ser interpretada aos olhos da
historiografia
Dessa forma, os historiadores contemporâneos têm o dever de valorizar as diversas
fontes disponíveis para a condução de sua investigação. Pois a experiência histórica humana
não pode e não deve ser vista e analisada apenas como um fenômeno isolado. A História é
viva e ela se relaciona com as mais diversas formas de expressões temporais e espaciais.
Neste sentido, o contato e a análise do fato histórico exigem do historiador grande
discernimento e postura ética.
As conclusões dos historiadores nunca são definitivas. Portanto, a historiografia não
deve ter a preocupação de fixar verdades absolutas, prontas e acabadas, pois a História, como
forma de conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa.
O historiador é um pesquisador que necessita ter um cuidado especial com as fontes
históricas, pois são elas que darão sentido para o seu ofício. É a partir do ato reflexivo ligado
ao material de pesquisa que o investigador irá esmiuçar o seu objeto de análise e estudo.

2 As fontes históricas
2.1 As fontes históricas como relatos
François Dosse lembra que, “[...] se a história é, antes de tudo, relato, ela é também
[...] uma prática que se refere ao lugar da enunciação, a uma técnica de saber ligada à
instituição histórica” (DOSSE, 2003, p. 137). Nesse sentido, profissionais da História não
podem sobreviver sem o “relato”, que é inerente a sua própria função em pesquisa e ensino,
mas também é o elemento funda- mental para problematizar sua prática. As fontes históricas
são vestígios do passado que permitem que o historiador desenvolva sua pesquisa e responda
questões referentes a elas1. Elas são usadas para construir narrativas históricas, permitindo
que os historiadores recriem eventos, contextos e culturas do passado.
Muitas vezes, o conhecimento histórico utilizou-se do termo “fonte” para designar
documento (e ainda o utiliza, dependendo da abordagem).

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3 Tipos de relatos ou documentos


Os profissionais da História utilizam relatos intermediados por documentos, passam a
considerar qual é o tipo de documento que estão usando. Diferentes tipos de documentos existem por
diferentes razões e conhecer a diferença de tipos de documentos pode nos auxiliarem numa melhor
construção da crítica à história, bem como aos próprios documentos.
Isso se deve ao uso de uma ampla quantidade de documentos para responder a questões
que colocamos com relação ao passado. Para uma grande parte de historiadores e historiadoras
empiristas, há uma divisão básica entre fontes primárias e fontes secundárias, ou documentos
primários e documentos secundários.
As fontes ou relatos primários podem servir como arquivos e registros da- quilo que
sobreviveu do passado, tais como cartas, fotografias, artigos, roupas. Já fontes ou relatos
secundários são aqueles que tratam do passado, mas criados por pessoas escrevendo sobre
esses eventos em algum momento posterior a sua ocorrência.
Um exemplo disso é esta apostila que você tem em mãos. Ela é uma fonte secundária
sobre processos historiográficos, ao passo que também é uma das formas de documento que
está registrando um momento e um modo de se fazer história, uma forma, uma perspectiva,
nascida num lugar e tempo específicos, e pela mão de historiadores particulares

3.1 Documentos escritos publicados e não publicados

Pessoas vivendo no passado deixaram muitas pistas sobre suas vidas. Essas pistas
envolvem documentos primários e secundários na forma de livros, artigos pessoais,
documentos governamentais, cartas, oralidade, diários, mapas, fotos, relatórios, romances e
contos, artefatos, moedas, selos e outros.
Muitos desses documentos foram publicados, o que significa que pode- riam ter
audiência e distribuição, como é o caso de livros, jornais, revistas, documentos
governamentais e não governamentais, literatura de toda espécie, panfletos, mapas, anúncios,
pôsteres, leis e processos
Pessoas vivendo no passado deixaram muitas pistas sobre suas vidas. Essas pistas
envolvem documentos primários e secundários na forma de livros, artigos pessoais,

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documentos governamentais, cartas, oralidade, diários, mapas, fotos, relatórios, romances e


contos, artefatos, moedas, selos e outros.
Muitos desses documentos foram publicados, o que significa que pode- riam ter
audiência e distribuição, como é o caso de livros, jornais, revistas, documentos
governamentais e não governamentais, literatura de toda espécie, panfletos, mapas, anúncios,
pôsteres, leis e processos
Documentos não publicados frequentemente advêm de organizações da comunidade,
de igrejas, de clubes de serviço, partidos políticos, sindicatos de trabalhadores. Governos em
todos os seus níveis também criam séries de documentos que não são publicados. Isso inclui
relatórios de política, listas de taxas e votantes, além de documentos sigilosos
Ao contrário dos documentos publicados, os registros não publicados são difíceis de
serem encontrados e utilizados, especialmente porque têm poucas cópias. Por exemplo, cartas
pessoais podem ser encontradas facilmente na posse de uma pessoa que foi a destinatária,
desde que tenha interesse em arquivar tais evidências.
Às vezes, as cartas de pessoas famosas podem ser arquivadas e publicadas. No
entanto, devemos também pensar que, muitas vezes, o autor ou autora da carta nunca teria a
intenção de publicá-la no futuro, ou que alguém pudesse lê-la além do destinatário.

3.2 Documentos visuais


Os documentos visuais incluem fotografias, filmes, pinturas e outras construções
culturais. Devido ao fato de que esse tipo de documento captura momentos no tempo, eles
podem, principalmente, fornecer evidências das transformações que ocorrem ao longo da
história. Documentos visuais incluem evidências sobre a cultura em momentos específicos,
tais como seus costumes, preferências, estilos, ocasiões especiais, trabalho e lazer

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3.3 Documentos orais

A oralidade é, sem dúvida, muito instigante do ponto de vista do seu uso como
documento para fins históricos. Tradições orais e histórias orais proporcionam outro meio de
aprender sobre o passado de pessoas que vivenciaram muitos eventos ou mudanças.
Esse tipo de documento começou a ganhar forma semelhante à atual nos anos 1930,
quando uma série de medidas que envolviam história oral foi tomada para registrar a crise
ocasionada pelas tempestades de terra no meio oeste dos Estados Unidos, o fenômeno que
ficou conhecido como Dust Bowl. Esse processo de migração forçada, pauperização da
população de classe média rural, forçada a fugir da fome em direção à Califórnia, acabou
sendo retratada em um livro de John Steinbeck intitulado Vinhas da Ira, de 1939, que também
recebeu uma versão fílmica com o mesmo nome em 1941.
A História Oral, como campo do conhecimento, reforçou-se ainda mais na segunda
metade do século XX, especialmente quando pensamos nos estudos históricos de minorias,
como os indígenas, ou outros grupos étnicos, que são, muitas vezes, excluídos dos principais
produtos culturais e historiográficos

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História Oral é o relato oral acerca de um fato histórico. Geralmente é um relato feito por
alguém que foi testemunha ocular do acontecimento. A história oral é um registro muito
importante da história, pois fornece valiosos subsídios para o trabalho do historiador.
Contudo, essa forma de encarar a História Oral sofreu inúmeros ataques, o que
repercutiu positivamente em tempos posteriores, e a trajetória particular desse campo é
interessante, por mesclar teoria e método, bem como uso de novas tecnologias numa velocidade
maior do que outros campos de estudo histórico.

3.4 Documentos multimidiáticos


Foi desde o final do século XIX que passamos a conviver com outras formas
midiáticas de documentos, que rapidamente passaram a envolver não apenas uma ou duas
dimensões textuais (como as palavras e as fotografias), mas três ou mais (texto, imagem e
som).
Lévy (2000) foi um dos primeiros pesquisadores a discutir o uso de documentos
multimídia para a História. Para ele, os documentos que faziam uso conjuntamente do texto,
da imagem e do som, carregavam em si as identificações com os meios tecnológicos
(aparelhos) utilizados para apresentar a mensagem; os modos de apresentação, e os sentidos
implicados à recepção da imagem, que deveriam envolver dois ou mais sentidos para a
decodificação
Cabe a historiadores e historiadoras tecerem perguntas sobre os componentes de um
multimídia, ou seja, sobre o armazenamento, sobre o tipo de interatividade possível, entre
outros problemas característicos de qualquer outro tipo de documento.

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1. Entre as várias fontes disponíveis para o historiador, a oralidade se apresenta como


uma das mais interessantes, pois, além do relato, ela possibilita o contato entre o pesquisador
e o entrevistado, permitindo a construção de uma visão da experiência com fatos, fenômenos
e emoções que foram vivenciados diretamente.
Partindo desse pressuposto, descreva a importância da História Oral como campo de
conhecimento.
2. Organize uma exposição com fotos que caracterize a História da sua cidade ou região
nos últimos 50 anos ou mais.

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4 A metodologia da pesquisa e a análise de fontes históricas


Um dos aspectos mais importantes da pesquisa histórica é a definição e utilização da
metodologia da pesquisa, bem como a interpretação e análise das fontes e relatos históricos.
Temos que ter clareza que a fonte e o registro histórico em si não garantem o sucesso da
análise, pois sem a devida metodologia e interpretação do historiador todo o trabalho será em
vão.
Nesta seção, forneceremos algumas dicas relacionadas a abordagens contemporâneas
da pesquisa histórica. Procuraremos, também, aproximar a pesquisa do ensino de história,
pois entendemos que o professor-pesquisador é o principal expoente para fomentar e
estimular a pesquisa junto ao estudante.

4.2 A pesquisa e o uso das fontes históricas


A pesquisa histórica é uma forma de investigação e averiguação de determinados
temas ou objetos. A pesquisa histórica sempre parte de um “problema”. O problema de
pesquisa é sempre uma interrogação ou questionamento que exige novas avaliações, exames e
análises críticas. Por isso, sempre requer métodos e técnicas que, se empregados da forma
correta, podem resultar numa solução satisfatória para o problema colocado
Para a realização da pesquisa histórica, é de suma importância que o pesquisador
defina o seu tema e, acima de tudo, seu objeto de estudo, pois isto é fundamental para que a
pesquisa histórica tenha sucesso e objetividade.
Entendemos, como objeto de estudo, todas as manifestações históricas passíveis de
serem estudadas e problematizadas. Isso ocorre no contexto histórico, social e cultural
relacionado à determinada época, período histórico ou mesmo a realidades históricas
específicas
Dessa forma, o professor-pesquisador poderá recortar objetos de estudos
relacionados a sua cidade, seu bairro, comunidade, rua e até mesmo o estudo de indivíduos
isolados. Não existe limite para o estudo da História, pois seu estudo deve servir como
elemento de autoconhecimento, tanto por parte do professor como por parte do aluno
pesquisador

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Os objetos de estudo devem ser entendidos como primordiais no ensino da história,


pois será através do exercício da pesquisa que os alunos irão desenvolver diferentes visões
críticas acerca dos fatos e dos fenômenos históricos.
Além disso, a pesquisa histórica bem recortada e definida por um objeto de estudo
específico contribui substancialmente para a produção de conhecimento. Esse fator, por si só,
justifica o princípio do exercício da pesquisa histórica entre os alunos de ensino fundamental
e médio.
O projeto de pesquisa precisa antecipar algumas questões fundamentais. Por
exemplo, o projeto de pesquisa deve responder quais as pretensões da pesquisa (objetivos),
por que a pesquisa é necessária (justificativa), quais fundamentos serão utilizados para nortear
a pesquisa (fundamentação teórica), quais mate- riais serão utilizados (fontes), como serão os
caminhos e o procedimento para a construção da pesquisa (metodologia), quais diálogos ou
refutações vai realizar (revisão crítica da literatura) e quanto tempo vai demandar para a
realização da pesquisa (cronograma).
A pesquisa histórica é construída através de fontes históricas. Atualmente, os
historiadores têm buscado ampliar aquilo que tradicionalmente era reconhecido como fontes
históricas. Há uma abertura para a inclusão e o reconhecimento de novos documentos.
As fontes históricas podem ser diversificas. Tudo o que as sociedades do passado
deixaram para as futuras gerações podem ser utilizadas como vestígios ou indícios para a
construção da narrativa histórica. Uma letra de música pode muito bem ser uma fonte
histórica, pois pode retratar as complexidades de uma determinada sociedade no tempo. Da
mesma forma, uma obra literária pode revelar e dizer muito das tensões, conflitos e hábitos de
um determinado grupo ou classe social do passado.
Podemos afirmar em relação às fotografias, jornais, revistas, caricaturas, charges,
histórias em quadrinhos, novelas, peças de teatro, obras de arte etc. Obras como A primeira
missa no Brasil, de Victor Meirelles, pode nos proporcionar uma representação da introdução
do catolicismo no Brasil. A obra mostra toda a dramaticidade do encontro de duas culturas, a
europeia e a indígena, bem como a força do projeto colonizador
Todavia, as fontes devem ser encaradas como representações de um de- terminado
contexto histórico. Portanto, devem ser criticadas e questionadas, pois não falam por si só. É
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preciso que o pesquisador saiba fazer as perguntas para os documentos, que consiga captar os
detalhes mais negligenciáveis ou aqueles que por parecem tão óbvios passam despercebidos.
O cinema pode muito bem ser utilizado como uma fonte histórica e não apenas como
um recurso para ilustrar o conteúdo ministrado em sala de aula. Mas um filme não pode ser
tomado como retrato do que “realmente” aconteceu, o filme é uma produção e uma
reelaboração de uma perspectiva da história, segundo os valores, o imaginário e o sistema
cultural em que estão inseridos os diretores, os produtores e os profissionais do cinema. Por
isso, o filme deve ser encarado como um “artefato”, que deve ser criticado, desconstruído,
questionado.
A fotografia é outra fonte riquíssima para a pesquisa histórica. Todavia, ela não é um
retrato de uma realidade, um espelho ou uma janela para o passado. Uma fotografia deve ser
analisada a partir dos valores de uma época, de uma determinada sociedade. A fotografia está
condicionada àquilo que uma de- terminada sociedade, grupo, classe social ou indivíduos
desejam perpetuar e transmitir para a posteridade, aquilo que é considerado importante e
digno de ser lembrado.
Os jornais também são fontes extremamente importantes para a pesquisa histórica. A
mídia impressa (os jornais, em especial) pode revelar as tensões e os conflitos de uma
determinada sociedade. A fonte jornalística pode reproduzir as disputas e os interesses que
estavam em jogo naquele determinado contexto. O jornal não é um mero reprodutor de
informações, cujas características principais são a neutralidade e a imparcialidade, pelo
contrário, ele participa ativamente da construção dos valores políticos, sociais e culturais da
sociedade em que está inserido

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Fonte: Giuseppe Castrovilli/123RF (2014).

Outra fonte muito utilizada atualmente na pesquisa histórica é aquela que é fruto da
oralidade. As fontes orais são construídas através do trabalho de rememoração ou lembrança
dos sujeitos históricos através de depoimentos ou entrevistas de história oral. A construção da
fonte oral é um momento sempre complexo, pois depende muito do contexto histórico
vivenciado pelo entrevistado. Por exemplo, quando uma pessoa que vivenciou momentos de
violência física e simbólica em contextos de ditadura militar ou situações de disção e injúria,
ao colocar-se a falar sobre suas experiências, não raro o testemunho pode ser marcado pela
emoção, por traumas, ressentimentos, por ódios, esquecimentos etc.
O pesquisador sempre deve partir de um “problema” de pesquisa que vai definir seu
tema ou objeto de pesquisa. O próximo passo é fazer uma revisão bibliográfica da literatura
sobre o tema. A seguir, o pesquisador deve selecionar as fontes para a construção da pesquisa.
A discussão e os resultados da pesquisa são construídos a partir do cruzamento e confronto
entre as fontes históricas e a historiografia, ou seja, aquilo que já foi escrito sobre o tema

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1. Para a escrita da História, o historiador analisa um fato ou um contexto de


determinado período. Para que esta análise tenha fundamento, é necessário o trabalho com
fontes históricas. Estas, por sua vez, possibilitam a reflexão do historiador acerca do período
histórico em questão. As fontes históricas passaram por algumas transformações ao longo dos
anos.
Sobre as fontes históricas, assinale V para alternativas verdadeiras e F para alternativas falsas.
( ) Dentro do que se define como fonte histórica, encontramos as fontes escritas e não escritas.
Cabe ao historiador munir-se de fontes históricas variadas, documentos, cartas, fotografias,
relatos orais entre outras fontes para enriquecer o trabalho de investigação da pesquisa.

( ) Independente da fonte histórica utilizada, é necessário que o historiador, responsável pela


pesquisa histórica, faça a leitura crítica dessas fontes. Problematizar a fonte se faz necessário
para que a pesquisa não se enquadre em uma narrativa de fatos, sem novas reflexões e novos
questionamentos.

( ) O trabalho com fontes históricas permite que o historiador pesquise e explore o período
histórico com precisão. Com as diversas fontes históricas acessíveis ao historiador, a
fidelidade à verdade histórica e a preocupação em estabelecer verdades absolutas sobre os
fatos históricos ganham força e espaço dentro da historiografia atual.

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( ) A fonte histórica é um dado que necessita de uma nova análise constantemente.
Independente do período histórico em que ele foi produzido, a análise do mesmo objeto de
estudo, em tempos diferentes, é crucial para a pesquisa histórica, pois entende-se que a escrita
do historiador atenderá questões relacionadas ao tempo presente, e a realidade a qual está
inserido.

2 Assim como afirma Thompson, a História Oral constitui-se de um método de fazer


pesquisa, no qual é possível resgatar a memória individual ou coletiva acerca de um fato,
ampliando o conhecimento de um fato ou período histórico.
Sobre a História Oral, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas
falsas.
( ) A História Oral está inserida no conjunto de fontes não escritas, e permite que o historiador
tenha acesso a sujeitos históricos negligenciados em muitos documentos oficiais. A História
Oral, enquanto fonte de pesquisa, possibilita a pesquisa dentro de diversos campos da
História, como a História Social e Cultural.

( ) A História Oral ganhou espaço dentro da historiografia na Gré- cia, com Tucídides, quando
este defende o uso de narrativas pessoais para escrever o livro sobre a Guerra do Peloponeso.
Desde então, as escolas historiográficas buscam o aperfeiçoamento deste método,
problematizando as narrativas e inserindo questionamentos atuais a essas memórias.

( ) A História Oral tem como material de análise a memória, seja ela individual ou coletiva.
Estas memórias aproximam o historiador da vivência de um grupo ou de uma pessoa sobre o
período histórico em que a pesquisa está inserida. Dessa forma, as narrativas da memória não
necessitam de questionamentos ou problematização, pois a História Oral, enquanto método de
pesquisa, busca a veracidade da memória para compor o trabalho de investigação da pesquisa.

( ) A História Oral conquistou seu espaço dentro da historiografia no século XX,


caracterizando-se como um importante método de pesquisa, principalmente para estudos
referentes às minorias excluídas, muitas vezes, das produções historiográficas. Apesar desta

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relevância, desde o seu surgimento, a História Oral é compreendida como um modo de
“preencher lacunas” quando os documentos oficiais não suprem as necessidades da pesquisa.

3 Sobre o ofício do historiador, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as


alternativas falsas.
( ) O historiador possui um compromisso restrito com a História e os fatos que a compõem.
Sendo ele o responsável pela investigação do passado, deve buscar fontes variadas que
respondam a pergunta lançada pela pesquisa histórica questionando as fontes históricas de
acordo com o período em que foram produzidas.

( ) A definição do historiador, assim como a forma de escrever a História, sofreu


transformações ao longo dos anos, acompanhando os contextos sociais em que a discussão
estava inserida. Inicialmente, o historiador era um narrador de fatos, preocupado com a
veracidade de sua escrita. Com o surgimento das novas correntes historiográficas, entre elas a
Nova História, o historiador assume um papel investigativo, lançando perguntas do tempo
presente sob determinado fato.

( ) As fontes históricas constituem a matéria-prima do historiador. Dessa forma, o historiador


deve valer-se de um leque variado de fontes que possibilitem a expansão e enriquecimento
teórico da sua pesquisa. As fontes são produto do seu tempo, possuindo um caráter de
subjetividade que pode dificultar ou facilitar a pesquisa. Por isso, os historiadores utilizam
majoritariamente fontes escritas para a produção histórica, sendo estas mais confiáveis.

( ) A História é uma ciência que está em constante transformação, pois é vivenciada


diariamente. As fontes históricas permitem que o historiador explore e analise as fontes sobre
determinado período, produzindo, assim, um novo conceito sobre determinado objeto de
pesquisa. Dessa forma, todas as manifestações, períodos e movimentos históricos são objetos

4 Sobre os tipos de relatos e documentos, assinale V para alternativas verdadeiras e F


para alternativas falsas.

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( ) A partir da Nova História o conceito de documento é reformulado, abrangendo uma vasta
possibilidade de pesquisas. O historiador conta com outros tipos de documentos para além dos
escritos. Fotografias, filmes e outras manifestações culturais tornam-se objeto de análise e
estudo desses pesquisadores, indicando as transformações que ocorrem com o tempo, as
mudanças estruturais, culturais e morais de uma sociedade. Vale ressaltar que este tipo de
documento visual é produto da percepção de outra pessoa, sendo que é necessária a análise
crítica do historiador.

( ) A oralidade consiste em uma metodologia de análise recente na historiografia, e que


durante muito tempo foi alvo de críticas devido ao caráter subjetivo dos relatos. Por ser uma
metodologia valiosa para a pesquisa, são necessários alguns procedimentos para a sua
realização, como a entrevista semiestruturada, instrumentos de gravação e o processo de
transcrição. Não existe um procedimento único e padrão para a realização de entrevistas, mas
é necessário estabelecer regras quanto à postura ética do entrevistador, entrevistado e
resultado da entrevista.

( ) Com o avanço da mídia em todas as suas formas, o acesso a algumas informações tornou-
se rápido e dinâmico. A utilização de documentos multimidiáticos mostra-se recente na
historiografia, sendo amplamente utilizados por historiadores da nova geração, ao considerar
como fonte de pesquisa para fins acadêmicos e didáticos relatos postados em sites de
compartilhamento, como o Youtube e outras redes sociais.

( ) Os documentos escritos apresentam-se como os mais confiáveis no que tange à fonte de


pesquisa. Esta segurança no documento escrito se explica desde a sua produção até o modo de
armazenamento, sendo arquivados em acervos ou arquivos oficiais. Porém, existem
documentos escritos que não garantem confiabilidade ao pesquisar, sendo chamados de
documentos secundários. Cartas, fotografias e outros objetos e produções pessoais são
comumente excluídos da lista de fontes do historiador.

5. A fonte histórica se apresenta como ferramenta principal na escrita da História. As


fontes são variadas e quando utilizadas de forma diversificada, abrangem uma grande área de
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análise e possibilidades para o historiador. A metodologia empregada nos estudos determina


as fontes e o tratamento que estas necessitam para enriquecer e fazer sentido para a pesquisa,
sendo necessária uma postura profissional e ética do historiador quanto ao modo de elaborar e
produzir a análise e a produção histórica.

Sobre a pesquisa histórica e seus métodos, assinale a alternativa correta:


( ) Toda pesquisa parte de um problema, um questionamento que parte do historiador. Para
responder esta pergunta, são necessários procedimentos metodológicos que possibilitem a
realização da pesquisa. Após formular a pergunta da pesquisa, que pode ser da realidade local
do pesquisador ou do aluno, faz-se necessária a composição de um quadro com levantamentos
de revisões bibliográficas, metodologias que poderão ser utilizadas e hipóteses para a
pesquisa.

( ) A pesquisa histórica parte dos objetivos. Sendo este o primeiro passo a ser elaborado pelo
pesquisador, toda produção deverá responder os objetivos gerais e específicos. A escolha da
metodologia, fundamentação teórica e hipóteses deverão responder a esses objetivos, sendo
que, se isto não for possível, a produção histórica não possui validade no campo acadêmico.

( ) A revisão bibliográfica é um procedimento de suma importância para a pesquisa. Além de


ter acesso ao que já foi produzido sobre o tema, é possível selecionar os teóricos que irão
fundamentar a pesquisa. A fundamentação teórica é o primeiro procedimento que deve ser
feito pelo pesquisador, a fim de verificar se a pesquisa será possível de ser realizada através
dos meios teóricos.

( ) Cinema, fotografias e outras fontes de cunho representativo de um meio social podem ser
utilizadas como fonte histórica. Com esse tipo de fonte, é possível analisar detalhes sociais e
culturais de um determinado período histórico, além de detalhes cotidianos. Por se tratar de
uma representação de algo que aconteceu, esse tipo de fonte não necessita de uma análise
crítica do historiador, sendo que esta já passou por tal crivo de quem a produziu.

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CAPÍTULO 3 - O FAZER HISTÓRICO: OS SUJEITOS E O ESPAÇO DO

HISTORIADOR
Fazer profissional da história, evidenciando os sujeitos históricos, o fato histórico e
algumas tendências da historiografia, com ênfase em história ambiental

1 O fazer histórico

O fazer histórico deve ser entendido pelo menos em duas dimensões: a história como
produção do conhecimento e como ação do sujeito em seu cotidiano. Nessa seção
discutiremos essas duas facetas métier dos historiadores e das historiadoras
1.1 O conhecimento histórico
No mundo ocidental, a história, com esse nome, emergiu na Grécia do período
clássico. Heródoto escreveu nove livros intitulados Histórias, cada um deles levando o título
de musas helênicas, e repletos de feitos e comportamentos tanto gregos, quanto bárbaros de
um período não tão distante do autor.
Mas a história não pode ser resumida a livros escritos por alguns de seus pretensos e
disputados pais. Ninguém pode negar a Heródoto seus méritos, mas há que se destacar que
Tucídides também se apresenta como genitor do que hoje é esse campo institucionalizado. A
história emerge não de livros, mas de uma necessidade mais existencial, que impele os
humanos de diversas regiões do globo a querer buscar interpretações sobre sua orientação, seu
sentido, no tempo (RÜSEN, 2007a).
Os humanos buscam identificar mudanças e continuidades para perceberem-se no
papel crítico de agente de escolhas históricas. Ser agente é ao mesmo tempo um processo de
ação e de reflexão sobre a sua ação no seu tempo em um determinado espaço histórico.
A história é produzida como ciência na medida em que organizamos narrativas para
encadear uma explicação lógica do passado dos indivíduos ou das sociedades.
Especialmente ao longo do século XIX, passamos a pensar a ciência histórica,
marcada, aí sim, por protocolos de pesquisa, por uma racionalização institucionalizada, por
cadeiras, por especialidades, por teorias e métodos, uma história (RÜSEN, 2007a).

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O fim do século XIX é marcado pela luta incessante pela apropriação de um passado
para a Europa, especialmente greco-romano (ideia que o autor também compartilhava),
percebendo que a história começava a incomodar nas esferas públicas e privadas,
especialmente quando se pensa em manutenções ou reordenações do status quo econômico,
político, social ou cultural
A história do final do século XIX não era mais aquela baseada no ver ou ouvir
contar, tão característicos a Heródoto. E também não era mais apenas aquela baseada em
narrativas de guerras amparadas em documentos dispostos cronologicamente, de Tucídides.
Muito menos continuava sendo a narração da vida dos santos, marca de um mundo medieval.
Por fim, também já estava apartada das preocupações filosóficas propostas por iluministas dos
séculos XVII e XVIII. Agora era uma disciplina autônoma, com seus próprios recursos,
modelos, autoridades, perspectivas, prerrogativas e abordagens
Darwinismo social é originário dos estudos Charles Darwin no campo da
biologia. Darwin em A origem das espécies (1859) desenvolveu a teoria evolucionista que se
contrapunha às justificativas religiosas do criacionismo.
O darwinismo social foi uma extrapolação das teorias evolucionistas para outras
áreas do conhecimento. Desse modo as culturas europeias estariam mais evoluídas e, portanto,
seriam superiores. Essa visão serviu como base de muitas justificativas para a dominação de
muitas culturas por sociedades industrializadas e para a expansão do neocolonialismo.
Resquícios dessa visão equivocada persistem até os dias de hoje em concepções etnocêntricas.
Em contraposição a essa visão preconceituosa e racista por extensão, surgem visões como o
relativismo cultural e o multiculturalismo, em que as culturas não devem ser entendidas como
inferiores e superiores, mas sim que toda manifestação cultural só pode ser entendida no
contexto em que foi gerada
Se entre os séculos XVIII e XIX há toda uma gama de inversões, contestações,
emergências de novas posições em torno do conhecimento histórico; se, na virada do século
XIX para o XX há diversas reelaborações conceituais que vão separando, cada vez mais, a
história de outros campos —, se estas separações buscam estabelecer algumas fronteiras entre
os campos e processos inerentes ao realismo científico típico da naturalização das ciências na
sociedade contemporânea, é impossível determinar caminhos gerais ou modelos específicos
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para o que acontecerá no século XXI, embora possamos identificar algumas perspectivas
amplamente reconhecidas na comunidade de historiadores e historiadoras.
O processo de transformação do conhecimento histórico posto nesse período amplia-
se ao longo do século XX e está em curso. Ele é impulsionado, simultaneamente, por
mudanças nas concepções gerais de história, nos pro- cedimentos de pesquisa e de ensino, na
multiplicação de formas de escrita, na reelaboração de narrativas, nas mais variadas
especializações da história, no debate sobre o que é e o que não é história, no conceito de
documento, de periodização, nos jogos de escala, na ideia de arquivo e patrimônio, no uso de
tecnologias
Então, cabe aqui que você faça uma pausa para reflexão: o que seria, com base
em todas as derivações apresentadas, o conhecimento histórico? O que é a história?
Peter Burke (1995), em A escrita da história, ao falar dessa que ficou conhecida
como a Nova História, afirma que qualquer tentativa de definição categórica sobre a história
implica problemas, e que poderíamos pensá-la mais a partir de uma descrição negativa, ou
seja, poderíamos explicá-la pelo que ela não pode ser. Ou seja, não sendo uma história
tradicional não tem uma preocupação em achar uma verdade única, pois o que supomos ser a
realidade é uma construção histórica e culturalmente determinada.
Uma definição positiva do conceito poderia advir da recente profissionalização do
historiador, aprovada pela Câmara dos Deputados. Contudo, o texto legal não expõe, também,
quais seriam os elementos fundamentais da história, e que perpassam por quaisquer de
suas especialidades.
Ficando assim o texto final aprovado pela Comissão de Assuntos Aociais:
PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 368, DE 2009
Regula o exercício da profissão de historiador e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei regula a profissão de historiador, estabelece os requisitos para o
exercício da atividade profissional e determina o registro em órgão competente.
Art. 2º É livre o exercício da atividade profissional de historiador, desde que
atendidas as qualificações e exigências estabelecidas nesta Lei.
Art. 3º O exercício da profissional de historiador, em todo o território nacional, é
privativo dos portadores de:
I — diploma de curso superior em História, expedido por instituições regulares
de ensino;
II — diploma de curso superior em História, expedido por instituições
estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação;

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III — diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituições
regulares de ensino superior, ou por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil,
de acordo com a legislação. 43
Art. 4º São atribuições dos historiadores:
I — magistério da disciplina de História nos estabeleci- mentos de ensino
fundamental, médio e superior;
II — organização de informações para publicações, exposições e eventos em
empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de
televisão, sobre temas de História;
III — planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa
histórica;
IV — assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de
documentação e informação histórica;
V — assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de
preservação;
VI — elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos
sobre temas históricos.
Art. 5º Para o provimento e exercício de cargos, funções ou empregos de historiador,
é obrigatória a apresentação de diploma nos termos do art. 3º desta Lei.
Art. 6º As entidades que prestam serviços em História manterão, em seu quadro de
pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços, historiadores legal-
mente habilitados.
Art. 7º O exercício da profissão de historiador requer prévio registro na
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá
atuar.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (BRASIL, 2009, p. 1-2

2.1 O fato histórico no fazer do historiador


O fato histórico também se encontra, em parte, no universo das escolhas do
pesquisador e da pesquisadora. O professor e a professora também fazem escolhas ao dar mais
ou menos ênfase a esse ou aquele fato. Dependendo de nossas concepções de história faremos
nossas escolhas. Vejamos como os fatos históricos se inscrevem nesse contexto
A história cultural nos convida a observar os documentos com um olhar de
estranhamento. Se hoje não conseguimos entender a graça de um massacre de gatos, está aí
um bom indício de um fato histórico interessante. O pesquisador deve ficar atento ao entrar
numa área supostamente confortável, quando supõe entender como pessoas que viveram há
mais de dois séculos pensavam e sentiam exatamente como fazemos agora.
Narrativas exóticas, como a do massacre de gatos, são importantes exata- mente por
sua opacidade. Devemos ter cuidado com as falsas impressões de familiaridade com o
passado. Elas nos trazem o necessário choque cultural sem o qual correríamos um sério risco
de anacronismo.

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3 Funções sociais de historiadores e historiadoras
A história não é construída apenas por historiadores interessados em perpetuar
lembranças, feitos gloriosos ou a vida dos reis. Estando inteiramente presos às sociedades que
os comportam, historiadores e historiadoras ora incorporam épocas e locais de aceitação da
sua crítica e apresentam uma capacidade de discernimento sobre os problemas sociais, ora são
extremamente perseguidos.

3.1 Funções da história e o ensino


É fundamental buscar entender o campo é fundamental buscar entender o campo de
forças que compõe a nossa sociedade para podermos nos entender como sujeitos históricos.
Uma das funções vitais da produção do conhecimento histórico e do ensino da história é fazer
que nossos alunos/educandos se percebam imersos no campo da história. Só assim podemos
nos entender e ser entendidos como sujeitos históricos.
As mudanças na historiografia possibilitaram o rompimento com a história dita
tradicional. Paralelo a isso, o século XX viu várias mudanças nas ciências cognitivas,
concepção de ensino e de aprendizagem que conduziram ao entendimento de que o educando
deve ser artífice de seu próprio aprendizado, ou seja, sujeito de seu próprio conhecimento.
A história chamada “tradicional” sofreu diferentes contestações. Suas
vertentes historiográficas de apoio, quer sejam o positivismo, o estruturalismo, o
marxismo ortodoxo ou o historicismo, produtoras de grandes sínteses,
constituidoras de macro Objetos, estruturas ou modos de produção, foram colocadas
sob suspeição.
A apresentação do processo histórico como a seriação dos acontecimentos num eixo
espaço temporal eurocêntrico, seguindo um processo evolutivo e sequência de
etapas que cumpriam um trajetória obrigatória, foi de- nunciada como redutora da
capacidade do aluno, como sujeito comum, de se sentir parte integrante e agente de
uma história que desconsiderava sua vivência, e era apresentada como um produto
pronto e acabado. Introduziu--se a chamada História Crítica, pretendendo
desenvolver com os alunos atitudes intelectuais de desmistificação das ideologias,
possibilitando a análise das manipulações dos meios de comunicação de massas e da
sociedade de consumo (BRASIL, 1997, p. 24, grifo dos autores).

Entender a história de forma ampla é atribuir sentido e significado às mais simples


manifestações do espírito humano. É entender as origens do lugar em que nascemos e
vivemos. É entender a variedade de raças e de culturas que formam a imensidão do mundo. É
entender as diferenças dos diversos ritmos, sotaques, cores e sabores que contribuem para a
afirmação dos diversos regionalismos. É dar sentido às relações cotidianas construídas nos

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mais variados espaços que compõem a realidade do Brasil e do próprio planeta que
habitamos.
Estudar história não significa apenas problematizar o passado, mas acima de tudo
refletir sobre o presente. O historiador-professor deve ser visto como um intelectual de
fundamental importância na sociedade, pois é com base em suas intervenções que diversas
questões poderão ser problematizadas

4 Outras histórias

O século XX marcou a historiografia com muitas modificações. A crise do


racionalismo cientificista que desemboca num relativismo trouxe muitas consequências, no
entanto não podemos cair num imobilismo e nos entregar a um irracionalismo inoperante.
Podemos dizer que uma das formas de romper com uma possível inoperância do
conhecimento histórico foi se valer da análise de fragmentos significativos das manifestações
históricas.

4.1 História fragmentada

Como já vimos, o final do século XX oferece o desenrolar da fragmentação do


conhecimento histórico como regra. Por mais que estabeleçamos parâmetros para diferenciar
algumas formas de se fazer história, como é o caso clássico “história social-história cultural”,
na prática, muitas pesquisas, muitos enredos e muitos textos que se pretendem apenas história
social e não cultural, ou vice--versa, prescindem um do outro. Há autores que discutem,
eminentemente, a construção possível de histórias socioculturais.
As classificações, contudo, evidenciam algumas identidades das formas
historiográficas. O entendimento de que a história é múltipla implica, para qual- quer
profissional de história, saber que em determinados momentos precisará utilizar categorias de
história social, em outros, necessitará de categorias de história cultural, isso sem falar em
outros elementos advindos de história econômica, história ambiental, história urbana, história
agrária, história quantitativa. Da mesma forma que em outros campos do conhecimento há
especialidades, “clínicas”, na história também nós convivemos com essa realidade. Por isso, é
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impossível estabelecer a descrição de grande parte desses sub campos, uma vez que
convivemos com poucos deles no dia a dia.
Como exemplo de uma recente tendência, falaremos aqui da história ambiental, ou
como afirma Burke (1995, p. 8), “[...] às vezes mais conhecida como eco - história”
A história ambiental apresenta-se como área de pesquisa útil a interpretar problemas
contemporâneos das relações entre humanos e não humanos no tempo, tomando a categoria
“ambiente” ou “ambiental” como o resultado das dimensões “natural e construída pela mão
humana, do mundo palpável” (BUELL, 2002, p. 37).
Na sua condição de professor ou professora, ou mesmo na condição de
estudante, uma problematização interessante para entender sua realidade é fazer um inventário
na sua região de manifestações climáticas extremas ou recorrência de fenômenos em escalas e
números não muito comuns. Valendo-se de recursos da história oral, você poderá montar um
acervo de temas para futuras pesquisas e processo de ensino com seus alunos.
O campo da história ambiental e a forma como ele se estrutura é relativamente
recente, quer o pensemos em termos teórico-metodológicos, como temáticos, uma vez que,
grosso modo, “a história ambiental é a história dos papéis e lugares da natureza na vida
humana, a história de todas as interações que sociedades têm apresentado com o passado não
humano, nos seus ambientes” (STEWART, 1998, p. 352). Mas ela também é a história das
interações entre humanos e não humanos quando se pensa em ecologias como a de um prédio
num centro urbano como São Paulo/SP, ou numa explosão de reator nuclear, como em
Tchernobyl, na então União Soviética de 1986, ou ainda no vazamento de Césio-137 em
Goiânia, no Brasil de 1987 (KLANOVICZ, 2010).
Ante a modernização exacerbada acarretada por eventos da primeira metade do
século XX, é possível perceber, também, críticas que comporão as fundações de uma história
ambiental dos anos 1970. Parte delas emerge do próprio background científico caracterizado
pela racionalidade mecanicista acerca do mundo natural, da separação antagônica e
artificialista entre humanos e “natureza”, das dicotomias “sociedade” e “ambiente”.

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CAPÍTULO IV - O TEMPO E A HISTÓRIA


A temporalidade no ensino de história abordaremos as principais constatações e
dificuldades acerca do trabalho das temporalidades no ensino de história, discutindo desde as
concepções de tempo que os professores carregam consigo até as dificuldades de se trabalhar
as diferentes temporalidades em sala de aula.
Definir o que é tempo não é um desafio apenas da atualidade. Os gregos antigos tinham três
concepções distintas de tempo: chronos, kairós e Aeon. Chronos é o tempo linear, cronológico, marcado pela
rigidez matemática, que não admite variações. O Kairós é um tempo indeterminado pelo cronológico
As ciências sociais aceitam com tranquilidade a ideia de um tempo cronológico,
do relógio, ou seja, uma convenção social e humana que define o tempo. No entanto, a
história, muito embora aceite esta definição, sempre a questiona e, consequentemente, a
problematiza.
Já na Filosofia Clássica, Platão vê o tempo apenas como acontecimentos
anteriores e posteriores, sem uma definição mais clara e precisa. As medidas do tempo nesse
período eram tanto naturais quanto sociais.
Por tempo natural, entendemos aquele que não tem nenhuma relação com as ações
do ser humano, como por exemplo: o nascer e o pôr do sol, o subir e descer das marés, as
épocas de chuva e de seca. O tempo social seria aquele no qual o ser humano tem alguma
ingerência, ou mesmo aproveita-se de sua sazonalidade. Por exemplo, observar a época
correta para plantar e colher deter- minados alimentos, ou observar as marés para saber o
momento certo de pescar.

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Fonte: Slavoljub Pantelic/Shutterstock (2014).

Como podemos mensurar o tempo? O passado foi longo, é distante, o futuro


demorará, estará um dia presente? E o que é o presente? Apesar de existir, como analisá-lo?
Ele dura apenas uma fração de segundo.
A historiadora Raquel Glezer nos traz uma definição bastante abrangente sobre o que é tempo
para a História. Creio que esta sua definição abarque corretamente boa parte do pensamento
historiográfico sobre o tempo:
Para historiadores, tempo é tanto o elemento de articu- lação da/na narrativa
historiográfica como é vivência civilizacional e pessoal. Para cada civilização e
cultura, há uma noção de tempo, cíclico ou linear, presentificado ou projetado para o
futuro, estático ou dinâmico, lento ou acelerado, forma de apreensão do real e do
relaciona- mento do indivíduo com o conjunto de seus semelhantes, ponto de partida
para a compreensão da relação Homem
— Natureza e Homem — Sociedade na perspectiva oci- dental (GLEZER, 2002, p.
1).

Para o historiador atual, não é mais tão difícil fazer pesquisas ou mesmo ter
acesso a inúmeras fontes. E nesta nossa discussão sobre a história e o tempo, essas sensações
sobre o tempo também aparecem constantemente e fazem parte do nosso dia a dia, tanto
acadêmico como do docente.
Não poderíamos, nesta discussão sobre história e tempo, deixar de fazer algumas
pequenas considerações sobre os estudos de história baseados na memória. Eles são muito

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importantes, principalmente quando queremos analisar alguns aspectos relativos à formação


das identidades. Contudo, essa relação entre história e memória tem sido abalada nos últimos
tempos. A sociedade imediatista e com transformações extremamente rápidas, como afirma
Cardoso (2004), faz surgir uma ideia de que os pontos de referência que os indivíduos
utilizavam para se orientar buscando a identidade, como a religião, a família ou partidos
políticos, têm desaparecido ou se modificado muito rapidamente, mesmo antes de essas
identidades se formarem.

2 As principais concepções de tempo na atualidade

Segundo Nascimento (2002), as principais concepções de tempo percebidas nos


professores de História estão sempre ligadas a três grandes ideologias: o Positivismo, o
Marxismo e os Annales. Faremos aqui um breve apanhado das considerações desta autora
sobre essas concepções.

Figura 4.2 O tempo tripartite

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Na concepção de historiadores positivistas, o tempo é, basicamente aquele tripartite:


passado, presente e futuro. Esses historiadores, que muitas vezes se denominavam profissionais,
dão muito mais ênfase no fato histórico em si do que nas suas demais análises. Para eles, o fato
histórico é sempre único. Cabe ao historiador, por meio das fontes, contar os fatos tais como eles
aconteceram.
Distanciando-se, o sujeito se retira do evento e o observa do exterior, como se
o evento não o afetasse, como se fosse uma coisa-aí sem qualquer relação com
o seu próprio vivido. A narração histórica separa-se do vivido e se refere a ele
objetivamente, narrando-o e descrevendo-o do exterior. Trata-se de uma
racionalização da tensão, da ameaça da dispersão, da fragmentação do vivido
(REIS, 1999, p. 13 apud NASCIMENTO, 2004, p. 29).

O historiador, segundo esta escola histórica, trabalha primordialmente com o


passado. Mas ele não usa o passado como dimensão temporal. Esse passado é catalogado,
organizado pelo historiador por meio da cronologia. O profissional da história seleciona os
fatos históricos que merecem destaque e os aloca e realoca no varal composto pela linha do
tempo. Ou seja, a visão de tempo dos historiadores positivistas é linear e progressiva. A
humanidade caminha em uma escala que nunca para de aumentar
Mas, afinal de contas, qual seria a visão de história defendida ou elaborada pelos
marxistas? Vejamos uma citação que comentar sobre este tema:
A historiografia econômica já explorou detidamente os mecanismos pelos quais
estas eras, que são nomeadas pelos respectivos sistemas de produção, ganharam uma
fisionomia própria, uma identidade, entraram em crise, sendo enfim substituídas
implacavelmente em escala mundial. O feudalismo foi dissolvido pelo capital mer-
cantil, e este, passado o processo de acumulação, deu lugar ao capitalismo industrial.
O imperialismo é o ápice do processo capitalista e, até bem pouco, o pensamento de
esquerda ancorava-se na certeza de que o socialismo universalizado tomaria o lugar
dos imperialismos em luta de morte (BOSI, 1992, p. 21 apud NASCIMENTO, 2004,
p. 33).

O tempo para os marxistas continua com uma visão muito próxima daquela encontrada
pelos positivistas. Se os adeptos da teoria de Ranke veem o tempo como linear e progressivo, os
descendentes de Marx não refutam essa ideia. Em vez disso, lançam mão de uma nova
interpretação: o tempo é visto como evolutivo, uma sucessão de sistemas econômicos que sempre,
invariavelmente, vão melhorando e progredindo um após o outro.

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Portanto, permanece nessa concepção de tempo histórico, a ideia de um tempo


dividido, no qual as explicações históricas são articuladas, mantendo-se forte
a visão evolutiva da história. Os modos de produção são utilizados para
mostrar como funciona a sociedade e, dentro desse modelo, os fatos históricos
vão sendo encaixados (NASCIMENTO, 2004, p. 33).

Os historiadores da nova esquerda valorizam as rupturas históricas como


momentos nos quais seria perceptível enxergar as grandes mudanças da história. Eles quase
descartam as continuidades, vistas como algo que simplesmente continuou na história, sem
uma análise ou explicação mais elaborada. Eles conseguem superar a visão das etapas, que
nada mais são do que a sucessão dos modos de produção e percebem uma nova estrutura: as
macroestruturas, que são as grandes eras que ficaram amplamente conhecidas com Eric
Hobsbawm.
A partir do início do século XX, temos o que Peter Burke chama de a “revolução
francesa da historiografia”. A escola dos Annales, iniciada em 1929 por Marc Bloch e Lucien
Febvre, critica duramente os positivistas, a quem eles se referem como o “antigo regime da
historiografia”. Organiza, realmente, uma grande transformação sobre os estudos históricos, e
até mesmo sobre nossa visão sobre o que é e como deve ser escrita a história. Propõem novas
análises, novas abordagens, novos conceitos, que- brando com a hegemonia dos documentos
escritos e oficiais e com a visão única de uma história narrada apenas pelo lado político.
Vejamos a opinião de José Carlos Reis sobre este movimento historiográfico:-
[...] a mudança de inspiração teórica da história — ela recusa, então, as influências
da filosofia e da teologia e opta por se associar teoricamente às novas ciências
sociais, que também tinham recusado a filosofia e a teologia e se inspiraram ou no
tempo da física ou em um tempo matemático, que é também o tempo do mito. A
nouvelle histoire recusou a predominância da influência do tempo da alma ou da
consciência sobre a história e optou pelo tempo da ciência. O resultado foi [...] uma
renovação significativa da compreensão do tempo histórico pelos historiadores
(REIS, 1994, p. 119 apud NASCIMENTO, 2004, p. 34).

3.1 Temporalidade e duração


Uma das concepções mais importantes história é a questão da temporalidade. A ideia
de passado, presente e futuro, o sentir a passagem do tempo, ou mesmo as grandes eras da
história, tem muito mais relação com o ser humano e a sua percepção de tempo do que com a
marcação dura e rígida do tempo cronológico. Podemos aqui fazer uma diferenciação: tempo
cronológico é aquele marcado pelo relógio, pelo calendário, pelo cronômetro. Tempo histórico

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é o tempo passado, presente, futuro, é a nossa noção de tempo quando o sentimos, não quando
o marcamos.

Figura 4.3 A temporalidade é o ser humano

Para José D’Assunção Barros (2011), quando o homem consegue tecer análises sobre
as temporalidades, como a Antiguidade, o Medievo e a modernidade este homem está se
apoderando das temporalidades, ou seja, do próprio devir histórico, e isso é fundamental para
as análises que o historiador deverá fazer ao longo da sua profissão.
As palavras de Bloch traduzem de maneira muito objetiva a impressão sobre o
presente que temos na história. O autor deixa claro que o presente, se pensarmos bem, não
existe. Ele é muito fugaz, é algo totalmente abstrato. É um segundo que não retorna para que
possamos analisá-lo. É claro que, como o autor diz, não podemos tomar esta análise ao pé da
letra. O presente existe, mas o seu aspecto fugaz é algo que complica bastante a análise.
Bloch, no livro em que estamos nos baseando, Apologia da história (2001), faz uma
importante discussão sobre o tempo passado e presente. O passado é por definição o campo
mais óbvio de análise do historiador, e é exatamente esta obviedade que Bloch crítica no livro

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Os historiadores profissionais, também conhecidos como científicos, sempre se


gabaram por realizar análises temporais que eram bem distantes do tempo presente. A
Antiguidade e o Medievo eram os territórios preferidos destes historiadores. Bloch salienta no
seu livro algumas das dificuldades que, teoricamente, impossibilitavam a análise da História
de uma perspectiva mais próxima do tempo presente:
A História não é uma linha do tempo progressiva. Talvez a melhor imagem que
podemos ter na história é a de um gráfico totalmente desordenado, com momentos de grande
desenvolvimento e outros de queda e estagnação. Mas, ainda assim, podemos questionar,
numa análise mais aprofundada: o que é desenvolvimento? A ilusão de que a História da
humanidade está em constante evolução é muito comum, principalmente quando você, aluno
de uma licenciatura em história, se deparar com seus alunos em sala de aula. É uma das
missões do professor de história acabar com esta visão.

4 A temporalidade no ensino de história

Desde o início do século passado tínhamos o ideal do professor acadêmico de


história, que faz as pesquisas na universidade e do professor educador, o que leciona em sala
de aula. Esse divórcio entre pesquisa e docência parece caminhar para um fim. Vejamos o que
Rüsen (2006) tem a dizer a este respeito:
Rüsen (2006), no seu texto intitulado Didática da His- tória: passado, presente e
perspectivas a partir do caso alemão, busca devolver à História uma característica
que lhe é peculiar: o ensino. O autor afirma que o cientificismo do século XIX que
tento transformar a História em uma ciência acabou por afastar a História da
didática, focando o esforço histórico na pesquisa com caráter científico, ou seja,
tentando criar meios empíricos para comprovar os fatos históricos. O maior esforço
da sua tese é trazer novamente para o campo da História a didática histórica, não
apenas como meios pedagógicos de ensinar os conteúdos, mas como um pensamento
teórico dentro da historiografia. Ressaltamos, contudo, que não é nossa intenção
discutir aqui sobre o fato da História ser ou não uma ciência, mas sim de posicionar
o —ensinar no bojo do trabalho do historiador (ZAMARIAM, 2011, p. 11.)

Percebemos que para Rüsen a união entre o ensinar história e o pesquisar história é
algo comum, claro, sem dificuldades para acontecer. Podemos até nos atrever, dizendo que a
pesquisa, o ensino e a reflexão entre essas práticas formam um processo dialético

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Como já situamos a pesquisa e a docência para colaborarem com os nossos


argumentos, vamos transportar isso para a questão do tempo no ensino de História.
Ensinar já é um desafio em si mesmo e apresentar metodologias viáveis para o
estudo do tempo na educação básica também tem seus percalços. Segundo Scaldaferri (2008),
as concepções de tempo que as crianças têm são muito básicas. Elas começam na mais tenra
idade a relacionar a percepção da passagem do tempo, como o dia e a noite, e aos poucos vão
ampliando esta percepção, sem alcançar, no entanto, o entendimento do tempo histórico,
apenas o cronológico.
Pela contribuição de Piaget e seus seguidores, percebe--se que a criança constrói
progressivamente a noção de tempo, do concreto ao abstrato. Essa construção inicia-
se no período sensório motor, aproximadamente do nasci- mento até os dois anos e
vai ser concluída no período das operações operatório-abstratas, após os 11 anos
(SCALDAFERRI, 2008, p. 55).

Ora, não é por acaso que o ensino de história na educação básica inicia-se no sexto
ano, quando os anos estão exatamente na finalização do processo piagetiano descrito na
citação acima. Apesar de ainda terem sérias restrições e dificuldades para abstrair o conceito
de tempo, entendendo-o como polissê- mico, esses alunos já conseguem, ao menos
biologicamente, traçar algumas relações óbvias sobre o tempo e o seu entendimento. Mas o
que seria essa segunda fase do entendimento temporal, o pensar historicamente?

O TEMPO NA HISTÓRIA PODE SER CRONOLÓGICO E HISTÓRICO: QUAL A


DIFERENÇA?
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POR QUE DIVIDIMOS A HISTÓRIA EM PERÍODOS? QUAL A ORIGEM DESSA


DIVISÃO?

E HOJE COMO CONTAMOS O TEMPO HISTÓRICO?

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VAMOS APRENDER A CONTAR O TEMPO ANTES DE CRISTO E DEPOIS DE


CRISTO!

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PARA NÃO CONCLUIR!

Quando se escreve a própria história no âmbito escolar, sim,


as marcas se aprofundam e, a educação se torna arte viva!
"Um livro aberto é o passaporte, para um mundo com mais
educação. Um mundo com mais história, de um povo cheio de
glória, que não vive de ilusão.
O psicólogo Viktor FranklIN DIZ QUE:
Novos lugares são descobertos, pessoas diferentes e seus
feitos, a extensão do tempo e como ele faz as coisas
mudarem ou permanecerem as mesmas… tudo isso são lições
que a história e seu estudo permitem.
O estudo da história envolve também a construção da
memória. A memória é a visão ou lembrança de determinados
fatos que uma pessoa ou grupo carrega.
Mesmo que não corresponda necessariamente com os fatos, a
memória individual ou coletiva pode construir uma
narrativa, e esta ser decisiva para a história local.
Assim, a importância da história envolve a ampliação do
imaginário, do horizonte de consciência, o acúmulo de
conhecimentos e o amplo contato com aquilo que o homem
produziu no tempo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DIEHL, Astor Antônio. Cultura Historiográfica: Memória, Identidade e Representação. São
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