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TIPOLOGIA: E-learning
DURAÇÃO
08:00h
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
Intervir
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FICHA TÉCNICA:
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Índice
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Objetivos Específicos
O Workshop “Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção” tem por objetivo dotar o/a
formando/a com as competências necessárias para:
~ Conhecer as teorias da Personalidade
~ Identificar as Perturbações de Personalidade
~ Conhecer os critérios de diagnóstico de cada Perturbação de Personalidade
~ Conhecer instrumentos de avaliação psicológica
~ Conhecer diferentes estratégias de intervenção com Perturbações de Personalidade
~ Análise de Casos Práticos
Objetivos Gerais
O Workshop “Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção” tem por objetivo dotar o/a
formando/a com as competências necessárias para:
~ Conhecimento das Perturbações de Personalidade
~ Conhecimento de métodos de avaliação psicológica em Perturbações de Personalidade
~ Conhecimento de estratégias de intervenção nas Perturbações de Personalidade
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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Introdução
A palavra personalidade provém do latim “persona”, que se referia a uma máscara teatral usada pelos atores
romanos, para projetar um papel ou uma falsa aparência.
Uma das grandes questões no seio da psicologia é o modo como se constrói e desenvolve a personalidade,
questão essa que desperta a curiosidade humana. A personalidade é fruto de uma combinação de fatores, como
biológicos (raça, cor da pele, cabelo, estatura, peso…); socioculturais (educação, meio, cultura, crenças e valores)
e psicológicos (temperamento, caráter, habilidades e capacidades cognitivas).
O conjunto de caraterísticas que fazem parte do “Eu” diferencia cada pessoa e reflete-se na maneira como
cada um olha para si, para os outros, e para o meio envolvente. A forma de reagir às situações da vida, e
determinados modos de comportamento são influenciados pelas caraterísticas da personalidade.
Não há uma definição única que seja aceite por todos os teóricos da personalidade. Contudo, pode afirmar-
se que a personalidade é um padrão de traços relativamente permanentes com cateterísticas singulares que dão
consistência e individualidade ao comportamento. Os traços contribuem para as diferenças individuais no
comportamento, assim como, para a consistência do comportamento ao longo do tempo. Os traços podem ser
únicos, comuns a algumas pessoas, ou até partilhados por toda uma espécie.
A personalidade é algo que caracteriza o sujeito individualmente através de comportamentos observáveis e
da experiência interior subjetiva. Estes manifestam-se através de padrões sólidos e duradouros de perceção,
relação e pensamento, acerca do ambiente e de si próprio, exteriorizando-se num vasto conjunto de contextos
sociais e pessoais importantes (DSM-IV-TR, 2002; Hansenne, 2004; Sadock & Sadock, 2008).
O que é o temperamento?
É a combinação de caraterísticas inatas que cada um recebe como herança dos seus pais e,
inconscientemente vai afetar a sua personalidade.
O temperamento influencia tudo o que a pessoa faz, desde os hábitos de sono, alimentação, estudo,
ocupação dos tempos de lazer ou até a forma como comunica com os outros. Isto pode ser observável na condução,
na forma como escreve, como fala e como reage a determinadas situações.
Em suma, o temperamento é um conceito psicológico (e, não fisiológico), que procura representar
psicologicamente processos fisiológicos inferidos através da observação nas diferenças na atividade
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PP e o Contexto Criminal
No contexto forense, este tipo de perturbações tem um papel muito importante, não fossem algumas PP
estarem presentes em indivíduos que cometem crimes e, consequentemente estão envolvidos em processos
judiciais (Morona, Stone & Abdalla-Filho, 2006).
Fazel e Danesh (2002) afirmam que cerca de 65% dos reclusos apresentam características essenciais de
diagnóstico de PP, constatando que, 47% dos indivíduos a cumprir pena de prisão apresentam PP Antissocial.
Num estudo posterior foi diagnosticado PP a 11 % dos indivíduos que nos últimos cinco anos tivessem
apresentado comportamentos criminais (Coid et al., 2006). As PP do grupo B, apresentam uma elevada
prevalência no contexto criminal, mais especificamente a PP Antissocial, Borderline, Histriónica e Narcísica.
A PP Antissocial é a mais predominante pois apresenta maior incidência em pessoas que têm uma conduta
criminosa e experiência de reclusão (Coid, 2002; Ortiz-Tallo, Fierro, Blanca, Cardenal & Sánchez, 2006), estando
relacionada com a irritabilidade, a baixa tolerância à frustração e à violência (Coid, 2002).
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Sistemas de Classificação
CID – 10 (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento) – Organização Mundial de Saúde
DSM – IV- TR (Manual de Diagnóstico e estatística das Perturbações Mentais)
DSM – 5 (Manual de Diagnóstico e estatística das Perturbações Mentais) – Associação Americana de
Psicologia
Critérios de Diagnóstico
A. Um padrão duradouro de experiência interna e de comportamento que se desvia marcadamente do
esperado na cultura em que o indivíduo se insere.
Este padrão é expresso em duas (ou mais) das seguintes áreas:
1. Cognição (e.g., formas de perceção e interpretação de si próprio, dos outros e dos acontecimentos)
2. Afetividade (e.g., variedade, intensidade, instabilidade e adequação da resposta emocional)
3. Funcionamento interpessoal
4. Controlo de impulsos.
B. O padrão duradouro é inflexível e está presente ao longo de um vasto leque de situações pessoais e
sociais.
C. O padrão duradouro conduz a dano ou sofrimento clinicamente significativo no funcionamento social,
ocupacional ou noutras áreas de funcionamento.
D. O padrão é estável, de longa duração e o seu início remonta pelo menos à adolescência ou início da idade
adulta.
E. O padrão duradouro não é melhor explicado por manifestação ou consequência de outro distúrbio mental.
F. O padrão duradouro não é devido a efeitos fisiológicos diretos de uma substância (e.g., abuso de drogas,
medicação) ou a uma condição médica geral (e.g., traumatismo craniano).
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Perspetiva Biológica
As primeiras teorias de personalidade foram as teorias biológicas, que procuravam na estrutura corporal a
explicação da nossa personalidade. Representando estas teorias surge Hipócrates que considerava que as pessoas
eram classificadas segundo os humores, designando a sua teoria como Doutrina dos Humores Corporais. Todas
as doenças resultavam de um desequilíbrio dos humores, pelo que estes correspondiam aos elementos da natureza
– terra, agua, ar e fogo – que eram declarados como as componentes básicas do universo. O temperamento seria
variável sendo influenciado pelo clima, dieta e por variações sazonais.
Hipócrates estabeleceu quatro temperamentos básicos: colérico, melancólico, fleumático, sanguíneo.
Na área da fisionomia e da frenologia, Aristóteles procurou identificar caraterísticas de personalidade
através das aparências externas, em particular, configurações e expressões faciais.
Franz J. Gall procurou correlações objetivas entre as caraterísticas da personalidade e o formato do crânio,
tenho sido um dos primeiros a apresentar uma relação entre mente e corpo.
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McDougall, Meumann, Freud e Millon (sd., citado em Millon, 2011) deduziram a presença de 8 carateres:
amorfo, apático, nervoso, sentimental, sanguíneo, fleumático, colérico e apaixonado.
McDougall (1908) propôs “â consolidação dos sentimentos”. Derivou 8 temperamentos na combinação de
3 dimensões fundamentais:
Intensidade (força e urgência),
Persistência (expressão interna vs externas)
Afetividade (suscetibilidade ao prazer e à dor).
Kraepelin (1919) foi um dos primeiros psiquiatras que se focou nas duas síndromes major, designadamente
a demência praecox (considerava que primariamente uma doença do cérebro, uma forma de demência precoce) e
a psicose maníaco-depressiva. O autor revelou ainda duas síndromes pré-mórbidas: a disposição ciclotímica
(variedades da disposição: hipomaníaca, depressiva, irascível e emocionalmente instável), cuja tendência se
orientava para a psicose maníaco-depressiva, e o temperamento autista, para a demência praecox. Descreveu
personalidades mórbidas, que seriam indivíduos com tendência para a criminalidade, entre outras atividades
desviantes.
Schneider (1958) descreveu vários tipos de psicopatas, na sua obra sobre personalidades psicopáticas, com
a seguinte classificação: hipertímicos; depressivos; inseguros (sensitivos e compulsivos) fanáticos; lábeis;
explosivos; afetivos e asténicos.
Krestschmer caraterizou os sujeitos de acordo com a forma fisica, numa tentativa de relacionar as diferenças
morfológicas com a esquizofrenia e a psicose maníaco-depressiva. Propôs que as pessoas fossem agrupadas em
quatro grupos básicos:
Pícnicos,
Atléticos,
Asténicos
Diplásticos.
Sheldon, discípulo de Krestschmer, formulou hipóteses com base na relação entre corpo, mente,
temperamento e psicopatologia, identificando 3 dimensões básicas:
Endomórfica (corpo tendencialmente redondo);
Mesomórfica (dominância a nível muscular)
Ectomórfica (fragilidade da estrutura).
Perspetiva Psicanalítica
A perspetiva psicanalítica considera que a personalidade é constituída por um conjunto de forças internas
opostas e em contante conflito, pelo que o conceito de conflito psíquico é central na perspetiva (Hansenne, 2004).
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Eventos precoces estabelecem sistemas defensivos que podem levar a pessoa a reagir a novas situações
como se fossem replicadas a partir das ocorrências da infância. Assim, os sistemas de defesas aprendidos através
das experiências em criança para fazer face às situações diárias persistiam na vida, podendo resultar em adaptações
deficitárias ou negativas ou em perturbações de personalidade (Millon, 2011).
As propostas de Freud foram revolucionárias, sendo ele um marco fundamental. Freud propôs os conceitos
das polaridades – sujeito (ego); prazer/dor; ativo/passivo, que foram fundamentais na compreensão do
funcionamento a vida mental. Na sua conceção de mente apresentou uma primeira tópica constituída pelo
inconsciente, pré-consciente e consciente. A segunda tópica era formada por 3 estruturas – Id, Ego e SuperEgo.
Em 1931, dividiu o caráter de acordo com a estrutura intrapsíquica dominante: erótico, narcísico e
compulsivo (Millon, 2011).
Perspetiva Cognitiva
Na perspetiva cognitiva, os processos cognitivos são considerados a base da personalidade. De acordo com
esta teoria, os indivíduos reagem ao mundo com uma perceção única, sendo a forma de construir os eventos que
determina o comportamento.
Os sentimentos e comportamentos disfuncionais refletem a consistência de esquemas desviantes, que
originam erros a nível da perceção nos relacionamentos interpessoais.
Beck é um dos autores mais proeminentes desta perspetiva e abordou a personalidade em termos da
articulação de esquemas cognitivos que moldam as experiências e os comportamentos na personalidade e nas
perturbações de personalidade.
Ellis (1962) defendeu que as perturbações psicológicas eram originárias de pensamento irracional, sem
lógica. O trabalho do psicólogo, neste sentido, seria mostrar ao paciente que as suas dificuldades se deviam a erros
de perceção e a crenças distorcidas, procurando repensar a sua história de vida, através da reinterpretação dos
eventos ocorridos.
Perspetiva Humanista
A perspetiva humanista dá atenção à experiência subjetiva da pessoa, a qual se assume como única, e
destaca o conceito de autoatualização (Hansesse, 2004). O objetivo da análise foi uma tentativa de alcançar a
compreensão do sujeito- doente psíquico no seu existir, pois cada indivíduo tem o seu próprio mundo.
Destacou o sujeito perturbado, procurando compreender as patologias mentais, que são modos de
existência.
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Perspetiva da Aprendizagem
Esta perspetiva considera que o comportamento se altera em função das experiências de vida.
Tome-se como exemplo Skinner para qual o condicionamento operante é central. O condicionamento
operante é o processo em que a pessoa atua sobre o ambiente, aumentando a probabilidade de originar determinado
comportamento, o que pode ser efetuado através de 3 tipos de reforços – positivo, negativo e punição. Segundo o
autor, a personalidade vai ser determinada em função das experiência de vida, tal como os comportamentos, sendo
possível predizê-los e controlá-los por meio de manipulações do ambiente.
Bandura considerou os fatores sociais e cognitivos, com destaque para a natureza social da maioria dos
reforços. A aprendizagem por observação é um dos pontos centrais da teoria.
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Perspetiva Psicobiológica
Esta perspetiva considera que a personalidade é determinada por fatores genéticos e biológicos.
Levando em análise a influência do ambiente considera-se que os mecanismos e as disposições biológicas
e constitucionais são centrais na compreensão das perturbações da personalidade. Os sujeitos têm tendências de
comportamento desde os primeiros meses de vida (Thomas & Chess, 1977).
Allport (1937) focou-se na representação da complexidade e na singularidade da pessoa, na importância
dos motivos conscientes e no impacto das condições de vida presentes, em vez da componente inconsciente e do
passado. Centrou-se no “normal” em vez do “anormal”; e, no homem adulto, em detrimento da criança.
Reconheceu que os ambientes e os traços não são estáticos, alterando-se ao longo do curso da vida.
Segundo Rogers (2004), “o organismo, um sistema vivo, holístico que se desenvolve, é a realidade
psicológica básica”. Qualquer desvio desta realidade ameaça a integridade da pessoa. Deste modo, a pessoa é o
que o organismo experiencia. Se o mesmo experienciar uma realidade que ameaça o seu pleno equilíbrio podem
surgir desvios de comportamento e perturbações emocionais.
Para Millon (2011) as perturbações da personalidade não são entidades médicas, nem devem ser vistas
como perversidades humanas. Na perspetiva evolucionista e ecológica, consideram-se estilos problemáticos de
adaptação humana. Deste modo, os sujeitos teriam tido experiências de vida que afetaram o seu desenvolvimento,
originando um self não satisfatório. Neste pressuposto, resulta em padrões de comportamento e relacionamento
problemáticos. Segundo Millon (2011) as perturbações da personalidade surgem quando falham os esforços
humanos no equilíbrio entre três elementos essenciais na vida: a sobrevivência existencial; a adaptação ecológica
e a replicação das espécies.
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(11) (Antes dos 15 anos) mentiu para obter ganhos ou favores ou para evitar obrigações (por exemplo,
"vigarizar" os outros).
(12) (Antes dos 15 anos) roubou objetos de certo valor, sem confrontação com a vítima (por exemplo, roubo
em lojas mas sem partir ou forçar a entrada, falsificações).
(13) (Antes dos 15 anos) fugiu de casa e esteve fora a noite inteira, pelo menos duas vezes, enquanto vivia
na casa dos pais ou tutores (ou uma vez, estando ausente por um período de tempo prolongado).
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(7) Ausência de empatia: incapacidade para reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades
dos outros.
(8) Tem, frequentemente, inveja dos outros ou acredita que os outros têm inveja de si.
(9) Demonstrações de arrogância, comportamentos ou atitudes altivas.
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Perturbação obsessivo-compulsiva
Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de preocupação com a ordem, perfeccionismo e controlo mental e interpessoal, em
detrimento de flexibilidade, abertura e eficiência, começando no início da idade adulta e estando presente numa
variedade de contextos, como indicado por quatro (ou mais) dos seguintes.
(1) Preocupações com pormenores, regras, listas, ordem, organização ou horários, ao ponto de se perder a
finalidade da atividade.
(2) Perfeccionismo que interfere com a capacidade de finalizar tarefas (por exemplo, é incapaz de terminar
um projeto por este não estar atingir os seus padrões elevados de exigência).
(3) Devoção excessiva ao trabalho e à produtividade até à exclusão dos amigos e atividades de lazer (exceto
por razões óbvias de necessidade económica) [Nota: Não justificado por exigências temporárias relacionadas com
o emprego.]
(4) Hiperconscienciosidade, escrupulosidade e inflexibilidade acerca da moral, ética ou valores (exceto por
razões de identificação cultural ou religiosa);
(5) Incapacidade para se libertar de objetos inúteis mesmo que desprovidos de valor sentimental.
(6) Relutância em delegar funções ou trabalho nos outros, a menos que respeitem exatamente o seu modo
de proceder.
(7) Adoção de um estilo miserabilista para consigo ou para com os outros; o dinheiro é visto como algo a
reter para catástrofes futuras.
(8) Rigidez e obstinação.
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Grande irritação em situações em que não conseguem manter o controlo, tipicamente não expressa de
uma forma direta, ou demonstrando grande indignação perante pequenos erros
Grande deferência para com figuras de autoridade que respeitem e excessiva resistência perante figuras
de autoridade que não respeitem
Expressão dos afetos altamente controlada, grande desconforto perante alguém emocionalmente
expressivo; raramente elogiam
Dificuldades a nível profissional
Perturbações ansiosas ou do humor
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Domínio da Personalidade:
EPQ-R (Eysenck; Versão Portuguesa de Almiro & Simões)
PCL – R (Hare Psychopathy Checklist – Revised; Hare, 1991)
Escala de Psicopatia de Hare – Versão Jovens (PCL:YV; Forth, Kosson, & Hare, 2003)
Instrumento de avaliação da saúde Mental de Jovens de Massachusetts – Versão 2 (MAYSI-2; Grisso e
Barnum, 2000)
Inventário Clinico Multiaxial de Millon (MCMI-III; Millon, Davis & Millon, 1997)
MMPI-II (S.R. Hathaway e J.C. Mckinley)
Rorschach (H. Rorschach e H. Zulliger)
TAT (H. A. Murray e L. Bellak)
Domínio cognitivo:
WAIS-III (Wechsler, 1997; adaptação portuguesa de CEGOC, 2008)
Escala de Memória de Wechsler (EMW; Wechsler, 1969, 1974)
Matrizes Progressivas de Raven (Raven, 1936; Simões, 1994, 2000).
Sintomatologia psicológica:
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (Spielberger et. al, 1970; Santos & Silva, 1997; Silva, 2003).
BDI-II (Beck, Steer, Brown, 1996; Campos & Gonçalves, 2011)
BSI (L. Derogatis & Melisaratos, 1983; M.C. Canavarro, 1999)
STAXI (Inventário de Expressão de Ira Estado-Traço; C. D. Spielberger)
Limitações na avaliação
Tem sido dedicada cada vez mais atenção às taxas elevadas de comorbilidade nas perturbações da
personalidade considerando-se que há problemas de validade, ou seja, um sujeito pode apresentar traços de várias
PP.
Estes problemas advêm:
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Os elevados níveis de comorbilidade sugerem falta de validade discriminante dos constructos, dos
instrumentos ou de ambos (Farmer, 2000).
Por regra, quando as perturbações da personalidade são diagnosticadas de acordo com os critérios do DSM,
obtêm-se múltiplos diagnósticos de perturbação de personalidade, apesar de haver, em geral, uma preferência por
parte dos clínicos em atribuir a um dado sujeito apenas um diagnóstico de perturbação de personalidade (Westen,
1997).
Estes problemas parecem ser particularmente graves na utilização de medidas de auto-relato (Shedler &
Westen, 2007; Westen & Shedler, 1999a), pois a avaliação de perturbação de personalidade recorrendo ao uso
desses instrumentos é caracterizada por um nível baixo de concordância com as entrevistas semiestruturadas (e.g.,
Perry, 1992; Zimmerman, 1994).
Shedler e Westen (2007) denotaram dificuldades de concordância utilizando o mesmo instrumento em dois
momentos distintos (falta de fidelidade teste-reteste) o que é visto por estes autores como bastante problemático,
dado que a perturbação de personalidade é, por definição, uma perturbação contínua e duradoura.
A perturbação da personalidade é difícil de avaliar e, como vimos, os principais instrumentos baseados nas
categorias e critérios do DSM-IV apresentam problemas psicométricos que podem limitar a sua utilização (e.g.,
Westen & Shedler, 1999).
A maior parte das medidas (questionários e entrevistas) baseiam-se fortemente na utilização de perguntas
diretas derivadas dos critérios do Eixo II, método este importado dos instrumentos utilizados na avaliação das
perturbações do Eixo I.
Este método pode, no entanto, não ser o mais adequado na avaliação de perturbações de personalidade
(Shedler & Westen, 2007). Com efeito, diversos autores têm defendido que sujeitos com PP podem não ser
capazes de relatar os seus sintomas de uma forma adequada (e.g., Tyrer, 1988; Westen, 1997). Este aspeto é
sobretudo evidente quando se está perante perturbações que incluem uso patológico da mentira, grandiosidade,
pensamento distorcido ou delírio, perturbações da identidade, estilo exagerado de resposta (Farmer, 2000).
Há ainda outros problemas relacionados com o uso de medidas de autorrelato na avaliação destas
perturbações. Um destes problemas é a existência de material implícito (não acessível ao consciente) em termos
de cognições, memória, processos afetivos e motivacionais, os quais o sujeito não consegue relatar mas que apenas
podem ser observados através de uma avaliação mais cuidadosa. Além disso, muitos estudos chamam a atenção
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para as distorções que são introduzidas por mecanismos de defesa psicológica aquando do autorrelato, sobretudo
quando se colocam questões que têm implicações a nível da autoestima do sujeito.
Assim, avaliar perturbação de personalidade através de perguntas diretas parece não constituir uma
estratégia adequada para avaliar esta patologia, especialmente em casos em que o diagnóstico inclui falta de
autoconhecimento e tomada de perspetiva (Westen & Shedler, 1999), e em situações em que operações defensivas
podem comprometer a validade dos relatos.
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Distanciamento e rejeição
o Abandono/instabilidade
o Desconfiança/abuso
o Privação emocional
o Defeito/vergonha
o Isolamento social/alienação
Autonomia e performance debilitada
o Dependência/incompetência
o Vulnerabilidade por dano ou doença
o Envolvimento/self pouco desenvolvido
o Falha
Lacuna ao nível dos limites
o Superficialidade/grandiosidade
o Autocontrolo insuficiente/autodisciplina
Direcionado aos outros
o Subjugação
o Autossacrifício
o Procura de aprovação e reconhecimento
Vigilância em excesso e inibição
o Negativista/pessimista
o Inibição emocional
o Padrões implacáveis/excesso de crítica
o Punição
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5. Estádio da Manutenção
6. Estádio da Recaída ou lapso
7. Término ou saída permanente
Terapia de Grupo
Intervenção na Família
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O objetivo é reparar a aliança e torna-la mais solida mas acima de tudo, levar a pessoa a entender a forma
como constrói os eventos e de que forma essa criação influencia a sua relação com os outros. O cliente ganhará
formas mais adaptativas de se relacionar com os seus significativos.
A pessoa ficara mais à vontade com as suas necessidades e emoções, tornando-o mais flexível na sua
expressão e contribuindo para relações de maior qualidade.
Intervenções reparadoras
1. Repetir o racional terapêutico (explicando o objetivo e as vantagens de ima intervenção)
2. Clarificar “faltas de comunicação”
3. Explorar temas relacionais associados à rutura (profundidade)
4. Nova experiencia relacional (quando a pessoa não consegue estra no aqui e agora, sem explorar o
significado agir para contruir)
Conclusão
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A importância do estudo da personalidade tem sido reconhecida em diversas culturas e épocas, tendo as
actuais definições de personalidade na sua base uma longa história. A personalidade é hoje definida como uma
combinação complexa de traços psicológicos enraizados e contendo dimensões não conscientes, que se
manifestam em muitos aspetos da vida do indivíduo.
Os traços de personalidade são vistos como resultando de um conjunto de disposições biológicas e
adquiridas que constituem uma base a partir da qual os indivíduos vão pensar, sentir, e comportar-se no mundo
que os rodeia (Millon & Davis, 1996).
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Livros:
Transtornos da Personalidade (2ª Edição) de Mário Rodrigues Louzã Neto e Táki Athanássios Cordás
Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade (3ª Edição) de Aaron T. Beck, Denise Davis e
Arthur Freeman
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Manual de Psiquiatria Forense (2017) Fernando Vieira, Ana Sofia Cabral e Carlos Braz Saraiva