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Manual Pedagógico

T: 915 465 134 | @: geral.foryourmind@gmail.com

FORMAÇÃO: Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção

TIPOLOGIA: E-learning

DURAÇÃO
08:00h
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
Intervir

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FICHA TÉCNICA:

Manual de formação “Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção”

Formador/a: Ana Margarida Duarte Ferraz

Contacto e-mail do formador: margaridaferraz92@gmail.com

Copyright© ForYourMind, Lda.


Leiria
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Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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É expressamente proibida a reprodução, no todo ou em parte do presente manual sem autorização


expressa por escrito pela ForYourMind.
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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Índice

Objetivos Gerais ............................................................................................................................................4


Introdução ...................................................................................................................................................5
Personalidade como um sistema ...................................................................................................................5
Temperamento ............................................................................................................................................5
Definição de Perturbação de Personalidade ................................................................................................6
Personalidade e Crime ..................................................................................................................................6
Sistemas de Classificação ............................................................................................................................7
Critérios de Diagnóstico ..............................................................................................................................7
Perspetivas da Personalidade e Teorias Explicativas ...................................................................................8
Tipos de Perturbações de Personalidade ......................................................................................................8
Dados Estatisticos .....................................................................................................................................13
Perturbação Paranoide da Personalidade .....................................................................................................13
Perturbação Esquizoide da Personalidade ..............................................................................................14
Perturbação Esquizotipica da Personalidade ...........................................................................................15
Perturbação Antissocial da Personalidade ...............................................................................................15
Perturbação Boderline da Personalidade .................................................................................................17
Perturbação Histriónica da Personalidade ...............................................................................................18
Perturbação Narcisica da Personalidade ..................................................................................................19
Perturbação Evitante da Personalidade .......................................................................................................20
Perturbação Dependente da Personalidade..................................................................................................21
Perturbação Obsessivo-compulsivo da Personalidade .............................................................................22
Ideias Chave sobre Perturbação da Personalidade ...................................................................................23
Avaliação Psicológica da Perturbação da Personalidade ........................................................................23
Intervenção na Perturbação da Personalidade ..........................................................................................25
O papel do Psicólogo no trabalho com Perturbações de Personalidade ..................................................27
Conclusão...................................................................................................................................................29
Referências Bibliográficas ..........................................................................................................................30
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Destinatários: Psicólogos, Estudantes de Psicologia, Profissionais da área de saúde.

Objetivos Específicos
O Workshop “Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção” tem por objetivo dotar o/a
formando/a com as competências necessárias para:
~ Conhecer as teorias da Personalidade
~ Identificar as Perturbações de Personalidade
~ Conhecer os critérios de diagnóstico de cada Perturbação de Personalidade
~ Conhecer instrumentos de avaliação psicológica
~ Conhecer diferentes estratégias de intervenção com Perturbações de Personalidade
~ Análise de Casos Práticos

Objetivos Gerais
O Workshop “Perturbações de Personalidade – Avaliação e Intervenção” tem por objetivo dotar o/a
formando/a com as competências necessárias para:
~ Conhecimento das Perturbações de Personalidade
~ Conhecimento de métodos de avaliação psicológica em Perturbações de Personalidade
~ Conhecimento de estratégias de intervenção nas Perturbações de Personalidade
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Introdução

A palavra personalidade provém do latim “persona”, que se referia a uma máscara teatral usada pelos atores
romanos, para projetar um papel ou uma falsa aparência.
Uma das grandes questões no seio da psicologia é o modo como se constrói e desenvolve a personalidade,
questão essa que desperta a curiosidade humana. A personalidade é fruto de uma combinação de fatores, como
biológicos (raça, cor da pele, cabelo, estatura, peso…); socioculturais (educação, meio, cultura, crenças e valores)
e psicológicos (temperamento, caráter, habilidades e capacidades cognitivas).
O conjunto de caraterísticas que fazem parte do “Eu” diferencia cada pessoa e reflete-se na maneira como
cada um olha para si, para os outros, e para o meio envolvente. A forma de reagir às situações da vida, e
determinados modos de comportamento são influenciados pelas caraterísticas da personalidade.
Não há uma definição única que seja aceite por todos os teóricos da personalidade. Contudo, pode afirmar-
se que a personalidade é um padrão de traços relativamente permanentes com cateterísticas singulares que dão
consistência e individualidade ao comportamento. Os traços contribuem para as diferenças individuais no
comportamento, assim como, para a consistência do comportamento ao longo do tempo. Os traços podem ser
únicos, comuns a algumas pessoas, ou até partilhados por toda uma espécie.
A personalidade é algo que caracteriza o sujeito individualmente através de comportamentos observáveis e
da experiência interior subjetiva. Estes manifestam-se através de padrões sólidos e duradouros de perceção,
relação e pensamento, acerca do ambiente e de si próprio, exteriorizando-se num vasto conjunto de contextos
sociais e pessoais importantes (DSM-IV-TR, 2002; Hansenne, 2004; Sadock & Sadock, 2008).

Personalidade como um sistema


Trata-se de uma ligação entre domínios psicológicos em que cada um influencia o outro, contribuindo para
a estabilidade da estrutura e dificultando a mudança. Há uma necessidade de intervenção flexível, macro/micro e
momento a momento.

O que é o temperamento?
É a combinação de caraterísticas inatas que cada um recebe como herança dos seus pais e,
inconscientemente vai afetar a sua personalidade.
O temperamento influencia tudo o que a pessoa faz, desde os hábitos de sono, alimentação, estudo,
ocupação dos tempos de lazer ou até a forma como comunica com os outros. Isto pode ser observável na condução,
na forma como escreve, como fala e como reage a determinadas situações.
Em suma, o temperamento é um conceito psicológico (e, não fisiológico), que procura representar
psicologicamente processos fisiológicos inferidos através da observação nas diferenças na atividade
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comportamental, persistência, intensidade, variabilidade e especialmente suscetibilidade à estimulação emocional


(Millon, 2011).

O que são perturbações da personalidade?


As Perturbações da Personalidade são características da personalidade; padrões duradouros de perceção,
relação e pensamento acerca do ambiente e de si mesmo, e são exibidos numa ampla faixa de contextos sociais e
pessoais importantes. É somente quando as características de personalidade são inflexíveis e inadaptadas, e
causam, tanto comprometimento funcional significativo como sofrimento subjetivo, que elas constituem a
Perturbação de Personalidade.
As manifestações das Perturbações de Personalidade são frequentemente reconhecíveis na adolescência ou
mais cedo, e continuam por quase toda a vida adulta, embora muitas vezes se tornem menos óbvias nas faixas
médias ou extremas de idade (APA, 1994).
As PP, na classificação multiaxial atribuída no DSM-IV-TR (2002) têm um eixo específico, o Eixo II. As
perturbações do Eixo II são designadas como uma anomalia no desenvolvimento psíquico, traduzindo-se assim
numa desarmonia no que respeita à afetividade, organização, integração da vida afetivo-emocional e
excitabilidade assim como a integração deficitária dos impulsos, das atitudes e condutas.
Entende-se por PP “um padrão estável de experiência interna e comportamento que se afasta marcadamente
do esperado para o individuo numa dada cultura, é global e inflexível, tem início na adolescência ou no início da
idade adulta, é estável ao longo do tempo e origina sofrimento, ou incapacidade.”

PP e o Contexto Criminal
No contexto forense, este tipo de perturbações tem um papel muito importante, não fossem algumas PP
estarem presentes em indivíduos que cometem crimes e, consequentemente estão envolvidos em processos
judiciais (Morona, Stone & Abdalla-Filho, 2006).
Fazel e Danesh (2002) afirmam que cerca de 65% dos reclusos apresentam características essenciais de
diagnóstico de PP, constatando que, 47% dos indivíduos a cumprir pena de prisão apresentam PP Antissocial.
Num estudo posterior foi diagnosticado PP a 11 % dos indivíduos que nos últimos cinco anos tivessem
apresentado comportamentos criminais (Coid et al., 2006). As PP do grupo B, apresentam uma elevada
prevalência no contexto criminal, mais especificamente a PP Antissocial, Borderline, Histriónica e Narcísica.
A PP Antissocial é a mais predominante pois apresenta maior incidência em pessoas que têm uma conduta
criminosa e experiência de reclusão (Coid, 2002; Ortiz-Tallo, Fierro, Blanca, Cardenal & Sánchez, 2006), estando
relacionada com a irritabilidade, a baixa tolerância à frustração e à violência (Coid, 2002).
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Sistemas de Classificação
 CID – 10 (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento) – Organização Mundial de Saúde
 DSM – IV- TR (Manual de Diagnóstico e estatística das Perturbações Mentais)
 DSM – 5 (Manual de Diagnóstico e estatística das Perturbações Mentais) – Associação Americana de
Psicologia

Critérios de Diagnóstico
A. Um padrão duradouro de experiência interna e de comportamento que se desvia marcadamente do
esperado na cultura em que o indivíduo se insere.
Este padrão é expresso em duas (ou mais) das seguintes áreas:
1. Cognição (e.g., formas de perceção e interpretação de si próprio, dos outros e dos acontecimentos)
2. Afetividade (e.g., variedade, intensidade, instabilidade e adequação da resposta emocional)
3. Funcionamento interpessoal
4. Controlo de impulsos.
B. O padrão duradouro é inflexível e está presente ao longo de um vasto leque de situações pessoais e
sociais.
C. O padrão duradouro conduz a dano ou sofrimento clinicamente significativo no funcionamento social,
ocupacional ou noutras áreas de funcionamento.
D. O padrão é estável, de longa duração e o seu início remonta pelo menos à adolescência ou início da idade
adulta.
E. O padrão duradouro não é melhor explicado por manifestação ou consequência de outro distúrbio mental.
F. O padrão duradouro não é devido a efeitos fisiológicos diretos de uma substância (e.g., abuso de drogas,
medicação) ou a uma condição médica geral (e.g., traumatismo craniano).

Caraterísticas das Perturbações da Personalidade


RIGIDEZ
EVITAMENTO
DIFICULDADES INTERPESSOAIS
APRESENTAÇÃO DIFUSA DOS PROBLEMAS
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Os elementos de funcionamento da personalidade são:


- Ao nível do self, a identidade e o autodirecionamento,
- A nível interpessoal, a empatia e a intimidade.
O prejuízo do funcionamento da personalidade é avaliado em graus:
o Pouco ou nenhum (nível 0);
o Algum prejuízo (nível 1);
o Prejuízo moderado (nível 2);
o Prejuízo grave (nível 3)
o Prejuízo extremo (nível 4).

No que aos traços patológicos diz respeito, são organizados em 5 domínios:


 Afetividade negativa,
 Distanciamento,
 Antagonismo,
 Desinibição
 Psicoticismo

Entre a personalidade e a perturbação

Perspetiva Biológica
As primeiras teorias de personalidade foram as teorias biológicas, que procuravam na estrutura corporal a
explicação da nossa personalidade. Representando estas teorias surge Hipócrates que considerava que as pessoas
eram classificadas segundo os humores, designando a sua teoria como Doutrina dos Humores Corporais. Todas
as doenças resultavam de um desequilíbrio dos humores, pelo que estes correspondiam aos elementos da natureza
– terra, agua, ar e fogo – que eram declarados como as componentes básicas do universo. O temperamento seria
variável sendo influenciado pelo clima, dieta e por variações sazonais.
 Hipócrates estabeleceu quatro temperamentos básicos: colérico, melancólico, fleumático, sanguíneo.
Na área da fisionomia e da frenologia, Aristóteles procurou identificar caraterísticas de personalidade
através das aparências externas, em particular, configurações e expressões faciais.
Franz J. Gall procurou correlações objetivas entre as caraterísticas da personalidade e o formato do crânio,
tenho sido um dos primeiros a apresentar uma relação entre mente e corpo.
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McDougall, Meumann, Freud e Millon (sd., citado em Millon, 2011) deduziram a presença de 8 carateres:
amorfo, apático, nervoso, sentimental, sanguíneo, fleumático, colérico e apaixonado.
McDougall (1908) propôs “â consolidação dos sentimentos”. Derivou 8 temperamentos na combinação de
3 dimensões fundamentais:
 Intensidade (força e urgência),
 Persistência (expressão interna vs externas)
 Afetividade (suscetibilidade ao prazer e à dor).
Kraepelin (1919) foi um dos primeiros psiquiatras que se focou nas duas síndromes major, designadamente
a demência praecox (considerava que primariamente uma doença do cérebro, uma forma de demência precoce) e
a psicose maníaco-depressiva. O autor revelou ainda duas síndromes pré-mórbidas: a disposição ciclotímica
(variedades da disposição: hipomaníaca, depressiva, irascível e emocionalmente instável), cuja tendência se
orientava para a psicose maníaco-depressiva, e o temperamento autista, para a demência praecox. Descreveu
personalidades mórbidas, que seriam indivíduos com tendência para a criminalidade, entre outras atividades
desviantes.
Schneider (1958) descreveu vários tipos de psicopatas, na sua obra sobre personalidades psicopáticas, com
a seguinte classificação: hipertímicos; depressivos; inseguros (sensitivos e compulsivos) fanáticos; lábeis;
explosivos; afetivos e asténicos.
Krestschmer caraterizou os sujeitos de acordo com a forma fisica, numa tentativa de relacionar as diferenças
morfológicas com a esquizofrenia e a psicose maníaco-depressiva. Propôs que as pessoas fossem agrupadas em
quatro grupos básicos:
 Pícnicos,
 Atléticos,
 Asténicos
 Diplásticos.
Sheldon, discípulo de Krestschmer, formulou hipóteses com base na relação entre corpo, mente,
temperamento e psicopatologia, identificando 3 dimensões básicas:
 Endomórfica (corpo tendencialmente redondo);
 Mesomórfica (dominância a nível muscular)
 Ectomórfica (fragilidade da estrutura).

Perspetiva Psicanalítica
A perspetiva psicanalítica considera que a personalidade é constituída por um conjunto de forças internas
opostas e em contante conflito, pelo que o conceito de conflito psíquico é central na perspetiva (Hansenne, 2004).
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Eventos precoces estabelecem sistemas defensivos que podem levar a pessoa a reagir a novas situações
como se fossem replicadas a partir das ocorrências da infância. Assim, os sistemas de defesas aprendidos através
das experiências em criança para fazer face às situações diárias persistiam na vida, podendo resultar em adaptações
deficitárias ou negativas ou em perturbações de personalidade (Millon, 2011).
As propostas de Freud foram revolucionárias, sendo ele um marco fundamental. Freud propôs os conceitos
das polaridades – sujeito (ego); prazer/dor; ativo/passivo, que foram fundamentais na compreensão do
funcionamento a vida mental. Na sua conceção de mente apresentou uma primeira tópica constituída pelo
inconsciente, pré-consciente e consciente. A segunda tópica era formada por 3 estruturas – Id, Ego e SuperEgo.
Em 1931, dividiu o caráter de acordo com a estrutura intrapsíquica dominante: erótico, narcísico e
compulsivo (Millon, 2011).

Perspetiva Cognitiva
Na perspetiva cognitiva, os processos cognitivos são considerados a base da personalidade. De acordo com
esta teoria, os indivíduos reagem ao mundo com uma perceção única, sendo a forma de construir os eventos que
determina o comportamento.
Os sentimentos e comportamentos disfuncionais refletem a consistência de esquemas desviantes, que
originam erros a nível da perceção nos relacionamentos interpessoais.
Beck é um dos autores mais proeminentes desta perspetiva e abordou a personalidade em termos da
articulação de esquemas cognitivos que moldam as experiências e os comportamentos na personalidade e nas
perturbações de personalidade.
Ellis (1962) defendeu que as perturbações psicológicas eram originárias de pensamento irracional, sem
lógica. O trabalho do psicólogo, neste sentido, seria mostrar ao paciente que as suas dificuldades se deviam a erros
de perceção e a crenças distorcidas, procurando repensar a sua história de vida, através da reinterpretação dos
eventos ocorridos.

Perspetiva Humanista
A perspetiva humanista dá atenção à experiência subjetiva da pessoa, a qual se assume como única, e
destaca o conceito de autoatualização (Hansesse, 2004). O objetivo da análise foi uma tentativa de alcançar a
compreensão do sujeito- doente psíquico no seu existir, pois cada indivíduo tem o seu próprio mundo.
Destacou o sujeito perturbado, procurando compreender as patologias mentais, que são modos de
existência.
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Maslow introduziu o conceito da “terceira força”, o humanismo. No que respeita à personalidade,


considerou os fatores motivacionais e concebeu uma hierarquia das necessidades, organizada em função da sua
importância.
Carl Rogers é o maior representante desta corrente. Considerou o sujeito na sua totalidade, divulgando a
criatividade, a intencionalidade, o livre arbítrio e a espontaneidade. A autoatualização é o principal fator
motivacional do homem. Todos os seres vivos têm uma tendência para o desenvolvimento, para a
complexificação. O impulsa da autoatualização é inato, uma gestalt que vai sendo alterada consoante as
experiências, fazendo parte da tendência geral de atualização do organismo (Schultz & Schultz, 2002).

Perspetiva da Aprendizagem
Esta perspetiva considera que o comportamento se altera em função das experiências de vida.
Tome-se como exemplo Skinner para qual o condicionamento operante é central. O condicionamento
operante é o processo em que a pessoa atua sobre o ambiente, aumentando a probabilidade de originar determinado
comportamento, o que pode ser efetuado através de 3 tipos de reforços – positivo, negativo e punição. Segundo o
autor, a personalidade vai ser determinada em função das experiência de vida, tal como os comportamentos, sendo
possível predizê-los e controlá-los por meio de manipulações do ambiente.
Bandura considerou os fatores sociais e cognitivos, com destaque para a natureza social da maioria dos
reforços. A aprendizagem por observação é um dos pontos centrais da teoria.

Perspetiva do circumplexo interpessoal


No circumplexo interpessoal, procurou-se o entendimento da personalidade em termos de tendências
interpessoais que modulam e perpetuam estilos de comportamento. Os autores desta perspetiva consideram que
um modelo estrutural circular complexo poderia servir melhor a organização das dimensões fundamentais.
Leary (1957) construiu uma tipologia interpessoal com base em duas dimensões: dominância-submissão e
ódio-amor.
Benjamim (1974) reconheceu a interface entre as dimensões interpessoais, afetivas e cognitivas, quando
procurou articular as qualidades fundamentais de cada perturbação de personalidade. Denominou a sua abordagem
de análise estrutural do comportamento social, uma metodologia e orientação que permitia uma descrição
operacional, não apenas dos padrões interpessoais, mas também do seu impacto no conceito do self. Este modelo
foi construído em 3 dimensões octogonais (foco nos outros; foco no self e foco introspetivo).
Kiesler (1983) defendeu a teoria da comunicação interpessoal, com foco nas transações que ocorrem entre
os indivíduos, através de experiências de vida, definindo estilos interpessoais distintos, que formam padrões
contantes, que se replicam e validam nessas mesmas interações.
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Perspetiva Psicobiológica
Esta perspetiva considera que a personalidade é determinada por fatores genéticos e biológicos.
Levando em análise a influência do ambiente considera-se que os mecanismos e as disposições biológicas
e constitucionais são centrais na compreensão das perturbações da personalidade. Os sujeitos têm tendências de
comportamento desde os primeiros meses de vida (Thomas & Chess, 1977).
Allport (1937) focou-se na representação da complexidade e na singularidade da pessoa, na importância
dos motivos conscientes e no impacto das condições de vida presentes, em vez da componente inconsciente e do
passado. Centrou-se no “normal” em vez do “anormal”; e, no homem adulto, em detrimento da criança.
Reconheceu que os ambientes e os traços não são estáticos, alterando-se ao longo do curso da vida.
Segundo Rogers (2004), “o organismo, um sistema vivo, holístico que se desenvolve, é a realidade
psicológica básica”. Qualquer desvio desta realidade ameaça a integridade da pessoa. Deste modo, a pessoa é o
que o organismo experiencia. Se o mesmo experienciar uma realidade que ameaça o seu pleno equilíbrio podem
surgir desvios de comportamento e perturbações emocionais.
Para Millon (2011) as perturbações da personalidade não são entidades médicas, nem devem ser vistas
como perversidades humanas. Na perspetiva evolucionista e ecológica, consideram-se estilos problemáticos de
adaptação humana. Deste modo, os sujeitos teriam tido experiências de vida que afetaram o seu desenvolvimento,
originando um self não satisfatório. Neste pressuposto, resulta em padrões de comportamento e relacionamento
problemáticos. Segundo Millon (2011) as perturbações da personalidade surgem quando falham os esforços
humanos no equilíbrio entre três elementos essenciais na vida: a sobrevivência existencial; a adaptação ecológica
e a replicação das espécies.

Tipos de Perturbações da Personalidade


GRUPO A — ESTRANHOS, EXCÊNTRICOS
 Perturbação de Personalidade Paranóide
 Perturbação de Personalidade Esquizoide
 Perturbação de Personalidade Esquizotípica
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GRUPO B —TEATRAIS, EMOTIVOS, LÁBEIS


 Perturbação de Personalidade Antissocial
 Perturbação de Personalidade Borderline
 Perturbação de Personalidade Histriónico
 Perturbação de Personalidade Narcísica

GRUPO C —ANSIOSOS, TEMEROSOS


 Perturbação de Personalidade de Evitamento
 Perturbação de Personalidade Dependente
 Perturbação de Personalidade Obsessivo-Compulsivo

Dados sobre a PPersonalidade


 Prevalência de 10-13% na população geral
 Um pouco superior nos meios urbanos, em pessoas solteiras e desempregadas
 Um pouco inferior nos idosos
 PP boderline tem maior comorbilidade com outras PP
 PP dependente é a mais frequente
 PP Esquizotípica é a segunda com mais prevalência na população geral
 As PP antissocial, Esquizotípica, Esquizoide e Narcísica estão mais presentes no género masculino
 As PP Boderline e PP Dependente mais em mulheres

Perturbação Paranóide da Personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Desconfiança e suspeição persistentes em relação aos outros, de forma que os motivos destes são
interpretados como malévolos, começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de
contextos tal como indicam quatro ou mais das seguintes características:
(1) Suspeita, sem bases suficientes, de que os outros se aproveitam deles, os prejudicam ou enganam
(2) Preocupação com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou confiança de amigos ou colegas
(3) Relutância em confiar nos outros por medo injustificado de que a informação seja maliciosamente usada
contra si.
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(4) Encontra humilhações ou ameaças ocultas em observações ou acontecimentos inocentes


(5) Persistência em guardar ressentimentos (isto é, incapacidade de esquecer ofensas, injúrias ou
indelicadezas)
(6) Perceção de ataques ao seu carácter e reputação, não aparentes para os outros, aos quais reage
rapidamente com raiva ou contra-atacando.
(7) Suspeição recorrente, sem justificação, em relação à fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual.

Características e Perturbações Associadas


 Dificuldades interpessoais
 Argumentativos, aparência hostil (embora calados)
 Parecem “frios” e desprovidos de afetuosidade
 Expressões hostis ou sarcásticas
 Excessiva necessidade de serem autossuficientes e autónomos
 Grande controlo sobre os outros
 Culpam os outros pelos seus erros
 Frequentemente envolvidos em disputas legais
 Envolvidos em grupos que partilham o mesmo tipo de sistema de crenças
 Episódios psicóticos breves
 Depressão Major, agorafobia, perturbação obsessivo-compulsiva, abuso/dependência de álcool ou de
outras substâncias
 Perturbação Esquizotípica, Esquizoide, Narcísica, Evitante ou Borderline de Personalidade

Perturbação Esquizoide de Personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de afastamento das relações sociais e restrição da expressão emocional em situações
interpessoais, começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de contextos como indicado
em quatro (ou mais) dos seguintes:
(1) Nem desejo nem prazer nas relações íntimas, incluindo relações familiares.
(2) Escolha, quase sempre, de atividades solitárias.
(3) Pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.
(4) Prazer em poucas, se alguma, atividades. [Nota: A ausência de prazer aplica-se especialmente a
experiências sensoriais, corporais e interpessoais];
(5) Ausência de amigos íntimos ou confidentes, para além dos familiares em primeiro grau;
(6) Aparenta indiferença ao elogio ou crítica dos outros;
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(7) Mostra frieza emocional, desprendimento relacional ou embotamento afetivo.

Características e perturbações associadas


 Dificuldade em expressar sentimentos de raiva, mesmo quando provocados diretamente
 Parecem não ter objetivos de vida e “andarem perdidos”
 Têm poucos amigos, poucos encontros amorosos e quase nunca casam
 Interferência no funcionamento ocupacional, principalmente se envolver contactos interpessoais
 Episódios psicóticos muito breves
 Depressão Major,
 Perturbação Esquizotípica, paranóide ou evitante de personalidade

Perturbação Esquizotípica de Personalidade


Um padrão persistente de défices sociais e interpessoais marcados por desconforto agudo e reduzida
capacidade para, relações de proximidade, bem como distorções percetivas e cognitivas e excentricidades do
comportamento, começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de contextos, como
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
(1) Ideias de referência (excluindo delírios de referência);
(2) Crenças bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as
normas subculturais (por exemplo, superstições, crenças de clarividência, telepatia ou "sexto sentido"; em crianças
ou adolescente, preocupações ou fantasias bizarras);
(3) Experiências preceptivas invulgares, incluindo ilusões corporais.
(4) Pensamento e discurso bizarros (por exemplo, vago, metafórico, circunstancial, demasiado elaborado
ou estereotipado).
(5) Desconfiança ou ideação paranoide
(6) Inadequação ou restrição afetivas.
(7) Comportamento e aparência bizarra, excêntrica ou peculiar.
(8) Ausência de amigos íntimos ou confidentes para além de familiares em primeiro grau.
(9) Ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada a receios
paranóides e não a juízos negativos acerca de si próprio.

Características e Perturbações Associadas


 Sintomas de ansiedade e depressão
 Episódios psicóticos breves
 Perturbação Depressiva Major
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 Perturbação Esquizoide, Paranóide, Evitante ou Borderline

Perturbação Antissocial de Personalidade


Critérios de Diagnóstico:
A. Um padrão persistente de desrespeito e violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde os 15 anos de
idade, como indicado por três (ou mais) dos seguintes:
(1) Incapacidade para se conformar a normas sociais, no que diz respeito a comportamentos legais, como é
demonstrado pelos atos repetidos que são motivo de detenção.
(2) Comportamento fraudulento, como é demonstrado pelo recurso frequente a mentiras e alibis, falsas
identificações, ou "vigarices" para obter lucro ou prazer.
(3) Impulsividade ou incapacidade para antecipar consequências.
(4) Irritabilidade e agressividade, como é demonstrado pelas repetidas lutas ou agressões físicas.
(5) Descuido e irresponsabilidade no que diz respeito à sua segurança e à dos outros.
(6) Irresponsabilidade permanente, como é demonstrado pela incapacidade repetida para manter um
emprego regular, ou honrar obrigações financeiras.
(7) Ausência de remorso, como é demonstrado pela racionalização e indiferença com que reage após ter
magoado, maltratado ou roubado alguém.
B. O indivíduo tem pelo menos 18 anos de idade.
C. Há evidência de Distúrbio de Conduta com início anterior aos 15 anos de idade [como evidenciado por,
pelo menos, dois dos seguintes:]
(1) (Antes dos 15 anos) brigava, ameaçava ou intimidava as outras pessoas com frequência.
(2) (Antes dos 15 anos) iniciava, com frequência, lutas físicas.
(3) (Antes dos 15 anos) utilizou uma arma que podia causar grave graves danos físicos aos outros (ex., um
pau, um tijolo, uma garrafa partida, uma navalha ou uma pistola).
(4) (Antes dos 15 anos) manifestou crueldade física para com as pessoas.
(5) (Antes dos 15 anos) manifestou crueldade física para com os animais.
(6) (Antes dos 15 anos) roubou confrontando-se com a vítima (por exemplo, assalto, roubo de carteiras,
extorsão, assalto à mão armada).
(7) (Antes dos 15 anos) forçou alguém a ter relações sexuais.
(8) (Antes dos 15 anos) lançou deliberadamente fogo com a intenção de causar prejuízos graves.
(9) (Antes dos 15 anos) destruiu deliberadamente propriedade alheia (sem ser por provocar incêndio).
(10) (Antes dos 15 anos) arrombou a casa, a propriedade ou o automóvel de outra pessoa.
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(11) (Antes dos 15 anos) mentiu para obter ganhos ou favores ou para evitar obrigações (por exemplo,
"vigarizar" os outros).
(12) (Antes dos 15 anos) roubou objetos de certo valor, sem confrontação com a vítima (por exemplo, roubo
em lojas mas sem partir ou forçar a entrada, falsificações).
(13) (Antes dos 15 anos) fugiu de casa e esteve fora a noite inteira, pelo menos duas vezes, enquanto vivia
na casa dos pais ou tutores (ou uma vez, estando ausente por um período de tempo prolongado).

Características e perturbações associadas


 Falta de empatia
 Cínicos, indiferentes aos direitos, sentimentos e sofrimento dos outros
 Demasiado convencidos da sua própria importância, arrogantes,
 Sedutores e de discurso fácil
 Irresponsáveis e abusivos nas relações sexuais
 Pais irresponsáveis
 Podem não se conseguir autossustentar
 Têm maior probabilidade de morrer prematuramente e por meios violentos
 Disforia, humor deprimido, intolerância ao aborrecimento
 Perturbações ansiosas, perturbação depressiva, abuso de substâncias, jogo patológico
 Perturbações Borderline, Histriónica ou Narcísica de Personalidade

Perturbação Borderline da Personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de instabilidade no relacionamento interpessoal, na autoimagem nos afetos, e
impulsividade marcada, começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de contextos
como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
(1) Esforços desesperados para evitar o abandono real ou imaginado. Nota: Não incluir comportamento
suicidário ou automutilações, descritos no critério 5.
(2) Padrão de relações interpessoais instáveis e intensas, caracterizado por alternância entre extremos de
idealização e de desvalorização.
(3) Perturbação da identidade: instabilidade persistente e marcada da autoimagem ou do seu sentido de
identidade. [Nota: Não incluir a incerteza normal da adolescência.]
(4) Impulsividade em, pelo menos, duas áreas que são potencialmente autolesivas (por exemplo, gastos,
sexo, abuso de substâncias, condução negligente, voracidade alimentar). Nota: Não incluir comportamento
suicidário ou automutilações, descritos no critério 5.
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(5) Comportamentos, gestos ou ameaças recorrentes de suicídio, ou comportamento Auto mutilante.


(6) Instabilidade afetiva devida a acentuada reatividade do humor (por exemplo, episódios intensos de
disforia, irritabilidade ou ansiedade, habitualmente durando poucas horas e, só raramente, mais do que alguns
dias).
(7) Sentimentos crónicos de vazio.
(8) Raiva intensa e inapropriada ou dificuldades em controlá-la (por exemplo, episódios frequentes de
destempero, sentimentos constantes de raiva, brigas recorrentes).
(9) Ideação paranóide transitória reativa ao stressou sintomas dissociativos graves.

Características e perturbações associadas


 Padrão de “sabotagem” a si próprios quando estão prestes a atingir algum objetivo importante
 Sintomas psicóticos em alturas de grande stress
 Sentem-se mais seguros com objetos transitivos (animal de estimação ou objeto) do que em relações
interpessoais
 Deficiências físicas devido a automutilações ou tentativas de suicídio falhadas
 Frequente perda de emprego ou de relações
 Perturbações do Humor, abuso de substâncias, Perturbações Alimentares (nomeadamente, Bulimia),
Perturbação de Stress Pós-traumático, Perturbação de Défice de Atenção/Hiperatividade
 Outras Perturbações de Personalidade

Perturbação histriónica de personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de excessiva emocionalidade e procura de atenção, começando no início da idade
adulta e estando presente numa variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
(1) Desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções.
(2) Interação com os outros frequentemente caracterizada por sedução sexual inapropriada ou
comportamento provocador.
(3) Alterações rápidas e superficialidade da expressão emocional.
(4) Uso consistente da aparência física para atrair a si as atenções.
(5) Discurso excessivamente impressionístico e com pouco pormenor.
(6) Mostra Auto dramatização, teatralidade e exagero na expressão emocional.
(7) Sugestionabilidade (isto é, é facilmente influenciável pelos outros ou pelas circunstâncias).
(8) Considera como muito íntimas relações que, na realidade, não o são.
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Características e perturbações associadas


 Dificuldades em relações amorosas
 Dificuldades em relações de amizade
 Facilmente frustrados em situações que exigem adiamento da gratificação
 Iniciam frequentemente um trabalho com grande entusiasmo e depois perdem o interesse rapidamente
 Negligenciam relações duradouras para darem lugar a relações novas e excitantes
 Risco aumentado de gestos suicidas para terem atenção e cuidados
 Perturbações de Somatização, Perturbações Conversivas, Perturbação Depressiva Major
 Perturbação Borderline, Narcísica, Antissocial, ou Dependente de Personalidade.
Este tipo de sujeitos são dramáticos e muitas vezes sedutores, esforçam-se para impressionar o professor,
os colegas de turma, ou amigos com observações graciosas e comportamentos sugestivos. A sua interação com os
outros envolve uma frequente interrupção das discussões apenas com o objetivo de se manterem como foco da
conversa.
Esses indivíduos apresentam um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes, ou
seja, opiniões fortes são expressas de uma forma dramática; contudo, as razões subjacentes costumam ser vagas
e difusas, sem fatos e detalhes de apoio. Por exemplo, um indivíduo com Perturbação Histriónica da Personalidade
pode comentar que pessoa X é uma pessoa maravilhosa, ainda que não consiga oferecer qualquer exemplo
específico das boas qualidades que apoiem a sua opinião.

Perturbação narcísica de personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e
ausência de empatia, começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de contextos, como
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes.
(1) Sentimento grandioso de importância pessoal (por exemplo, exagera talentos e realizações; espera ser
reconhecido como superior, sem ter realizações proporcionais).
2) Preocupação com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilhantismo, beleza ou o amor ideal.
(3) Crenças de que é "especial" e único e que só pode ser compreendido por, ou deveria estar associado a,
outras pessoas (ou instituições) especiais ou com elevado status.
(4) Requer admiração excessiva.
(5) Sentido de grandiosidade (isto é, tem expectativas irrazoáveis de tratamento especialmente favorável
ou de adesão automática às suas expectativas).
(6) Tirar partido dos outros (isto é, utiliza os outros para atingir os seus próprios fins).
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(7) Ausência de empatia: incapacidade para reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades
dos outros.
(8) Tem, frequentemente, inveja dos outros ou acredita que os outros têm inveja de si.
(9) Demonstrações de arrogância, comportamentos ou atitudes altivas.

Características e perturbações associadas


 Ofendem-se facilmente, sentindo-se humilhados ou “vazios”,
 Podem reagir com desdenho, raiva ou contra-ataques
 Dificuldades nas relações interpessoais devido à excessiva necessidade de admiração e indiferença pelos
sentimentos dos outros
 Embora a sua confiança e ambição os possa levar a ter um desempenho elevado, muitas vezes este é
diminuído pela intolerância ao criticismo ou por não quererem correr riscos em situações em que podem ser mal
sucedidos
 Isolamento social, humor depressivo, distimia, perturbação depressiva major ou humor hipomaníaco
 Anorexia nervosa ou abuso de substâncias
 Perturbação histriónica, Borderline, antissocial ou paranóide de personalidade.

Perturbação evitante de personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Padrão persistente de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa,
começando no início da idade adulta e estando presente numa variedade de contextos, como indicado por quatro
(ou mais) dos seguintes:
(1)Evitamento de atividades ocupacionais que envolvam contactos interpessoais por medo de críticas,
desaprovação ou rejeição.
(2) Pouca determinação no envolvimento com pessoas, a não ser que tenha a certeza de ser apreciado.
(3) Reserva nas relações próximas por medo do ridículo ou de ser envergonhado.
(4) Preocupações em ser criticado ou rejeitado em situações sociais.
(5) Inibição em situações interpessoais novas devido a sentimentos de ineficácia.
(6) Autoanálise como socialmente inepto, sem encanto pessoal ou inferior aos outros.
(7) Relutância em assumir riscos pessoais ou a envolver-se em novas atividades por estas poderem vir a ser
embaraçosas.

Características e perturbações associadas


 Hipervigilante às expressões dos outros com quem contactam
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 Grande invalidação ao nível do funcionamento escolar e ocupacional


 Grande isolamento social => sem rede social de suporte
 Grande desejo de afeto e aceitação e possibilidade de fantasiarem acerca de relações ideais
 Perturbações de ansiedade
 Perturbações do humor
 Perturbação Dependente, Borderline, outras perturbações do grupo A

Perturbação dependente de personalidade


Critérios de Diagnóstico:
Uma necessidade persistente e excessiva de cuidados que leva a submissão, viscosidade e angústia de
separação, com começo no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos, como indicado por
cinco (ou mais) dos seguintes:
(1)Dificuldade em tomar decisões do dia-a-dia, sem uma quantidade excessiva de suporte e tranquilização
por parte dos outros.
(2) Necessidade que os outros assumam responsabilidades nas maior parte das áreas importantes da sua
vida.[Nota: Não incluir a simples obtenção de aconselhamento dos outros ou comportamento culturalmente
adequado.]
(3) Dificuldade em discordar dos outros, por medo de perder suporte ou aprovação. [Nota: Não incluir
receios realistas de retaliação.]
(4) Dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por sua conta (pela ausência de confiança nas suas
capacidades e não por ausência de motivação ou de energia).
(5) A sua necessidade de suporte e de cuidados por parte dos outros vai ao ponto de se oferecer como
voluntário para tarefas desagradáveis. [Nota: Não incluir comportamentos destinados a alcançar objetivos para
além de agradar aos outros, como por exemplo uma promoção no trabalho.]
(6) Sentimentos de desconforto e desamparo quando sozinho, devido a medos exagerados de ser incapaz
de cuidar de si próprio.
(7) Procura urgente de outras relações como fonte de suporte e de cuidados, quando alguma relação próxima
termina.

Características e perturbações associadas


 Pessimismo e dúvidas constantes
 Tendência para diminuírem as suas capacidades
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 Procura de sobreproteção e dominância


 Interferência a nível profissional por evitarem posições de responsabilidade e decisão
 Relações sociais limitadas
 Perturbações de ansiedade
 Perturbações do humor
 Perturbações de ajustamento
 Perturbação Borderline, Evitante ou Histriónica de Personalidade

Perturbação obsessivo-compulsiva
Critérios de Diagnóstico:
Um padrão persistente de preocupação com a ordem, perfeccionismo e controlo mental e interpessoal, em
detrimento de flexibilidade, abertura e eficiência, começando no início da idade adulta e estando presente numa
variedade de contextos, como indicado por quatro (ou mais) dos seguintes.
(1) Preocupações com pormenores, regras, listas, ordem, organização ou horários, ao ponto de se perder a
finalidade da atividade.
(2) Perfeccionismo que interfere com a capacidade de finalizar tarefas (por exemplo, é incapaz de terminar
um projeto por este não estar atingir os seus padrões elevados de exigência).
(3) Devoção excessiva ao trabalho e à produtividade até à exclusão dos amigos e atividades de lazer (exceto
por razões óbvias de necessidade económica) [Nota: Não justificado por exigências temporárias relacionadas com
o emprego.]
(4) Hiperconscienciosidade, escrupulosidade e inflexibilidade acerca da moral, ética ou valores (exceto por
razões de identificação cultural ou religiosa);
(5) Incapacidade para se libertar de objetos inúteis mesmo que desprovidos de valor sentimental.
(6) Relutância em delegar funções ou trabalho nos outros, a menos que respeitem exatamente o seu modo
de proceder.
(7) Adoção de um estilo miserabilista para consigo ou para com os outros; o dinheiro é visto como algo a
reter para catástrofes futuras.
(8) Rigidez e obstinação.

Características e perturbações associadas


 Enorme quantidade de tempo (e grande sofrimento) em processos de decisão
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 Grande irritação em situações em que não conseguem manter o controlo, tipicamente não expressa de
uma forma direta, ou demonstrando grande indignação perante pequenos erros
 Grande deferência para com figuras de autoridade que respeitem e excessiva resistência perante figuras
de autoridade que não respeitem
 Expressão dos afetos altamente controlada, grande desconforto perante alguém emocionalmente
expressivo; raramente elogiam
 Dificuldades a nível profissional
 Perturbações ansiosas ou do humor

Ideias Chave sobre as Perturbações da Personalidade


1. A maior parte das PP são adaptação ao meio
2. Cada pessoa tem pontos fortes e frágeis geneticamente definidos e biologicamente implementados
3. Experiências específicas formam sintomas específicos
4. A visão empática a partir de dentro da pessoa leva à extração de significado dos sintomas
5. Os processos mentais “repetem” relações objetais iniciais
6. A vinculação e a segurança são necessidades primárias e genéticas

Avaliação das Perturbações da Personalidade


Nas últimas décadas, tem havido um aumento acentuado da produção de instrumentos destinados a avaliar
a perturbação de personalidade, designadamente a nível das dimensões e traços de personalidade não adaptativos,
relevantes para o estudo da patologia da personalidade (Clark & Harrison, 2001).
O DSM tem sido a referência principal na avaliação das perturbações da personalidade. O DSM oferece
pois uma perspetiva descritiva focando-se nos fenómenos mais observáveis e tangíveis – os sintomas
(Lenzenweger & Clarkin, 1996). O DSM foi considerado um instrumento potencialmente valioso para a
investigação (Millon & Davis, 1996) tendo suscitado o desenvolvimento de instrumentos construídos
especificamente para avaliar os critérios do Eixo II explicitados no manual, instrumentos estes que têm sido vistos
como contribuindo de alguma forma para aumentar a fidelidade na avaliação da perturbação de personalidade
(e.g.,Zimmerman, 1994).
A maior parte destes instrumentos ser de autorrelato:
 Questionário do Diagnóstico da Personalidade-4, PDQ-IV - Hyler, 1994;
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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 Inventário Multiaxial de Millon-III, Millon, Davis, & Millon, 1997


Também estão disponíveis diversas entrevistas:
 Entrevista Diagnóstica para as Perturbações de Personalidade do DSM-IV, DIPD-IV, Zanarini et al.,
1987;
 Entrevista Clínica Estruturada para o Eixo II do DSM-IV, SCID-II, First et al., 1997.

Domínio da Personalidade:
 EPQ-R (Eysenck; Versão Portuguesa de Almiro & Simões)
 PCL – R (Hare Psychopathy Checklist – Revised; Hare, 1991)
 Escala de Psicopatia de Hare – Versão Jovens (PCL:YV; Forth, Kosson, & Hare, 2003)
 Instrumento de avaliação da saúde Mental de Jovens de Massachusetts – Versão 2 (MAYSI-2; Grisso e
Barnum, 2000)
 Inventário Clinico Multiaxial de Millon (MCMI-III; Millon, Davis & Millon, 1997)
 MMPI-II (S.R. Hathaway e J.C. Mckinley)
 Rorschach (H. Rorschach e H. Zulliger)
 TAT (H. A. Murray e L. Bellak)

Domínio cognitivo:
 WAIS-III (Wechsler, 1997; adaptação portuguesa de CEGOC, 2008)
 Escala de Memória de Wechsler (EMW; Wechsler, 1969, 1974)
 Matrizes Progressivas de Raven (Raven, 1936; Simões, 1994, 2000).

Sintomatologia psicológica:
 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (Spielberger et. al, 1970; Santos & Silva, 1997; Silva, 2003).
 BDI-II (Beck, Steer, Brown, 1996; Campos & Gonçalves, 2011)
 BSI (L. Derogatis & Melisaratos, 1983; M.C. Canavarro, 1999)
 STAXI (Inventário de Expressão de Ira Estado-Traço; C. D. Spielberger)

Limitações na avaliação
Tem sido dedicada cada vez mais atenção às taxas elevadas de comorbilidade nas perturbações da
personalidade considerando-se que há problemas de validade, ou seja, um sujeito pode apresentar traços de várias
PP.
Estes problemas advêm:
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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1. Da conceptualização ou definição dos constructos co-mórbidos,


2. Dos critérios do sistema de classificação que não representam adequadamente os constructos que
pretendem definir ou descrever e/ou
3. Da utilização de instrumentos que não são capazes de medir apropriadamente os constructos
definidos pelo sistema de classificação.

Os elevados níveis de comorbilidade sugerem falta de validade discriminante dos constructos, dos
instrumentos ou de ambos (Farmer, 2000).
Por regra, quando as perturbações da personalidade são diagnosticadas de acordo com os critérios do DSM,
obtêm-se múltiplos diagnósticos de perturbação de personalidade, apesar de haver, em geral, uma preferência por
parte dos clínicos em atribuir a um dado sujeito apenas um diagnóstico de perturbação de personalidade (Westen,
1997).
Estes problemas parecem ser particularmente graves na utilização de medidas de auto-relato (Shedler &
Westen, 2007; Westen & Shedler, 1999a), pois a avaliação de perturbação de personalidade recorrendo ao uso
desses instrumentos é caracterizada por um nível baixo de concordância com as entrevistas semiestruturadas (e.g.,
Perry, 1992; Zimmerman, 1994).
Shedler e Westen (2007) denotaram dificuldades de concordância utilizando o mesmo instrumento em dois
momentos distintos (falta de fidelidade teste-reteste) o que é visto por estes autores como bastante problemático,
dado que a perturbação de personalidade é, por definição, uma perturbação contínua e duradoura.
A perturbação da personalidade é difícil de avaliar e, como vimos, os principais instrumentos baseados nas
categorias e critérios do DSM-IV apresentam problemas psicométricos que podem limitar a sua utilização (e.g.,
Westen & Shedler, 1999).
A maior parte das medidas (questionários e entrevistas) baseiam-se fortemente na utilização de perguntas
diretas derivadas dos critérios do Eixo II, método este importado dos instrumentos utilizados na avaliação das
perturbações do Eixo I.
Este método pode, no entanto, não ser o mais adequado na avaliação de perturbações de personalidade
(Shedler & Westen, 2007). Com efeito, diversos autores têm defendido que sujeitos com PP podem não ser
capazes de relatar os seus sintomas de uma forma adequada (e.g., Tyrer, 1988; Westen, 1997). Este aspeto é
sobretudo evidente quando se está perante perturbações que incluem uso patológico da mentira, grandiosidade,
pensamento distorcido ou delírio, perturbações da identidade, estilo exagerado de resposta (Farmer, 2000).
Há ainda outros problemas relacionados com o uso de medidas de autorrelato na avaliação destas
perturbações. Um destes problemas é a existência de material implícito (não acessível ao consciente) em termos
de cognições, memória, processos afetivos e motivacionais, os quais o sujeito não consegue relatar mas que apenas
podem ser observados através de uma avaliação mais cuidadosa. Além disso, muitos estudos chamam a atenção
Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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para as distorções que são introduzidas por mecanismos de defesa psicológica aquando do autorrelato, sobretudo
quando se colocam questões que têm implicações a nível da autoestima do sujeito.
Assim, avaliar perturbação de personalidade através de perguntas diretas parece não constituir uma
estratégia adequada para avaliar esta patologia, especialmente em casos em que o diagnóstico inclui falta de
autoconhecimento e tomada de perspetiva (Westen & Shedler, 1999), e em situações em que operações defensivas
podem comprometer a validade dos relatos.

Intervenção na Perturbação da Personalidade


 Terapias Cognitivo Comportamentais
A teoria cognitiva abarca o pensamento, emoção e o comportamento. Considera que a pessoa avalia as
situações de forma constante e automática e que os designados pensamentos automáticos têm um papel central na
modelação da resposta emocional e comportamental à situação (Pretzer. 2004).
Devemos ter em conta as distorções cognitivas:
 Pensamento Dicotómico
 Sobregeneralização
 Abstração Seletiva
 Desqualificação do que é positivo
 Leitura de mente
 Adivinhação
 Catastrofização
 Maximização/minimização
 Afirmações “devia”
 Rotulagem
 Personalização
O clínico procura agregar as componentes comportamentais com a análise dos processos cognitivos
congregando a avaliação comportamental com a avaliação cognitiva, realizando uma avaliação multimodal de
emoções, cognições e comportamentos, estabelecendo relações funcionais entre meio, comportamento, emoção,
cognição e por fim, estabelecendo a ligação entre a avaliação e tratamento (Gonçalves, 2006).

 Terapia Focada nas Emoções, Leslie Greenberg


 A Terapia Racional Emocional

 Teoria dos Esquemas de Jeffrey Young


Perturbações de Personalidade – Avaliar e
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 Distanciamento e rejeição
o Abandono/instabilidade
o Desconfiança/abuso
o Privação emocional
o Defeito/vergonha
o Isolamento social/alienação
 Autonomia e performance debilitada
o Dependência/incompetência
o Vulnerabilidade por dano ou doença
o Envolvimento/self pouco desenvolvido
o Falha
 Lacuna ao nível dos limites
o Superficialidade/grandiosidade
o Autocontrolo insuficiente/autodisciplina
 Direcionado aos outros
o Subjugação
o Autossacrifício
o Procura de aprovação e reconhecimento
 Vigilância em excesso e inibição
o Negativista/pessimista
o Inibição emocional
o Padrões implacáveis/excesso de crítica
o Punição

 Terapia Dialética, Marsha Linehan


 Psicoterapia Centrada na Pessoa, Carl Rogers

 Estágios de Mudança, Prochaska e DiClemente


O modelo de Prochaska e Diclemente é um dos mais pragmáticos a nível das mudanças de comportamento
e é muito utilizado na área da dependência de substâncias.
Estádios de mudanças:
1. Estádio da Pré-Contemplação (pré-consciente)
2. Estádio da Contemplação (consciente)
3. Estádios de Preparação para a acção
4. Estádio da Ação
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5. Estádio da Manutenção
6. Estádio da Recaída ou lapso
7. Término ou saída permanente

 Terapia de Grupo
 Intervenção na Família

Dicas para o trabalho com sujeitos com Perturbação de Personalidade


 Definir claramente as regras, limites e funcionamento das sessões e contacto entre estas
 Acreditar na capacidade do cliente em melhorar e em fazer mudanças: é um agente ativo e responsável
pelas suas escolhas
 Metacomunicar no aqui e agora
 Não fique centrado no sintoma, lembre-se da pessoa e das suas necessidades
 Se a pessoa estiver com tendência para fazer mal a si mesmo ou a outros, mostre-se mais determinado
 A determinada altura do processo, vá atribuindo mais autonomia à pessoa para decidir o tema da sessão
 Se algum paciente o desafiar, desafie-se e pesquise. Lembrar que o trabalho com estes indivíduos é muito
útil para as outras problemáticas.
 Reparar nas sensações que a pessoa nos provoca (corporais) bem como as emoções
 Permita-se a errar, não se deixando envolver demasiado na vida da pessoa e cultivando o seu próprio lazer
e prazer

A importância da Aliança Terapêutica na PPersonalidade


As PPersonalidade são padrões inflexíveis, rígidos e duradouros de sentir, fazer e pensar. Desviam-se das
expetativas sociais devido às auto e hétero-representações e aos ciclos interpessoais disfuncionais que se Auto
perpetuam e que “seduzem” o terapêutica a repeti-los em sessão, reforçando-os.
O foco principal é no laço e menos nos objetivos e tarefas. As ruturas de aliança tornam-se um trabalho de
prioridade.

Resolução de ruturas na Aliança Terapêutica:


 Negociação, adaptação e equilíbrio entre subjetividades do terapeuta e do cliente
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 O objetivo é reparar a aliança e torna-la mais solida mas acima de tudo, levar a pessoa a entender a forma
como constrói os eventos e de que forma essa criação influencia a sua relação com os outros. O cliente ganhará
formas mais adaptativas de se relacionar com os seus significativos.
 A pessoa ficara mais à vontade com as suas necessidades e emoções, tornando-o mais flexível na sua
expressão e contribuindo para relações de maior qualidade.

Causas das Ruturas


 Desacordo de tarefas na terapia
 Desacordo nos objetivos da terapia
 Não aceitação das dificuldades da pessoa pelo terapêutica
 Terapia e exigência na mudança (rápida) por parte da pessoa
 Julgamento de atitudes e comportamentos, pelo terapeuta

Intervenções reparadoras
1. Repetir o racional terapêutico (explicando o objetivo e as vantagens de ima intervenção)
2. Clarificar “faltas de comunicação”
3. Explorar temas relacionais associados à rutura (profundidade)
4. Nova experiencia relacional (quando a pessoa não consegue estra no aqui e agora, sem explorar o
significado agir para contruir)

Modelo de Reparação – em 5 fases


É importante haver flexibilidade.
 Identificar o marcador de rutura
 Reconhecer e deligar da matriz relacional
 Explorar a perspetiva da pessoa
 Evitar a vulnerabilidade – agressão
 Expressar o desejo ou necessidade

Conclusão
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A importância do estudo da personalidade tem sido reconhecida em diversas culturas e épocas, tendo as
actuais definições de personalidade na sua base uma longa história. A personalidade é hoje definida como uma
combinação complexa de traços psicológicos enraizados e contendo dimensões não conscientes, que se
manifestam em muitos aspetos da vida do indivíduo.
Os traços de personalidade são vistos como resultando de um conjunto de disposições biológicas e
adquiridas que constituem uma base a partir da qual os indivíduos vão pensar, sentir, e comportar-se no mundo
que os rodeia (Millon & Davis, 1996).

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Tyrer, P. (1995). Are Personality Disorders well classified in DSM-IV? In J. Livesley (Ed.), The DSM-IV
Personality Disorders. New York: Guilford Press

Livros:

Transtornos da Personalidade (2ª Edição) de Mário Rodrigues Louzã Neto e Táki Athanássios Cordás

Vencendo o Transtorno da Personalidade Borderline - Com a Terapia Cognitivo-Comportamental -

Manual do Paciente de Marsha Linehan

Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade (3ª Edição) de Aaron T. Beck, Denise Davis e

Arthur Freeman

Psicologia Forense: Pesquisa, Prática Clínica e Aplicações de Matthew T. Huss

Avaliação Psicológica no Contexto Forense de Claudio Simon Hutz


Perturbações de Personalidade – Avaliar e
Intervir

Página 32

Comportamento Criminal e Avaliação Forense (2018) de Mauro Paulino e Laura Alho

Manual de Psiquiatria Forense (2017) Fernando Vieira, Ana Sofia Cabral e Carlos Braz Saraiva

Profiling, Vitimologia & Ciências Forenses de Fátima Almeida e Mauro Paulino


Psicologia Forense - Instrumentos de Avaliação de Mário R. Simões, Miguel M. Gonçalves e Leandro
S. Almeida
Intervenção Psicológica em Perturbações de Personalidade de Mauro Paulino, Márcio Pereira, Sónia
Paiva, Carlos Fernandes da Silva e Dulce Pires

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