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ABRAPCI

SCOPUS DIMENSIONS

BUSCAR EPISTEMOLOGIA E INTERDICIPLINARIEDADE

- DESINFORMAÇÃO NAS ORGANIZACÕES

Boa gestão da informação corporativa: o caminho para uma imagem e reputação favoráveis?

Durante muitas décadas, as organizações eram consideradas como um conjunto de normas


estabelecidas e racionais que contemplavam um único objetivo: a produção de bens e serviços,
muitas das vezes algemados a produções em massa.

Com a evolução do tempo, assistimos no presente a um caminho que se torna cada vez mais
transversal para todas as organizações e marcas, percurso este marcado por uma humanização
constante, mediado por outros interesses para além dos económicos. Os colaboradores
passaram a integrar a vida organizacional, a partilhar valores e é sobretudo percecionado que,
quando os seus interesses colidem, existe espaço para abertura de conflitos e resolução de
problemas.

É importante, numa primeira instância, diferenciar os conceitos de Imagem e Reputação


corporativa, para um melhor entendimento do grau de incidência e distorção, aos quais
poderão ser alvos a partir da disrupção informativa.

A Imagem denomina-se como a configuração mental e afetiva que os recetores estabelecem


com base na relação entre o discurso rececionado e as suas próprias experiências prévias,
visões do mundo, necessidades e desejos (Lasbek, 2007). A Imagem pode construir-se logo
num primeiro contacto enquanto a Reputação é resultado de um processo mais longo de
interação e relacionamento, bem como de informação mais consistente.

Manter estes elementos como pilares principais, na atualidade organizacional, torna-se uma
tarefa extremamente árdua, mas, paradoxalmente, crucial para um futuro próspero da
envolvente organizacional.

Eleva-se assim, um processo necessário para que isto seja possível: resiliência informacional
por parte das organizações. Esta resiliência admite como fator interno um maior esforço nos
processos comunicativos, isto é, uma maior triagem daquilo que é encaminhado para o
exterior.

A opinião pública tornou-se imprescindível na contemporaneidade da comunicação


organizacional. Através dos seus próprios meios, as organizações mantêm uma determinada
posse no que concerte aos vínculos informacionais que estabelece com os demais
stakeholders, aliando um papel de instigar o público com informações e influenciar a formação
de uma opinião que seja favorável aos seus interesses institucionais (Congresso & Cient, 2019).

Apesar de possuírem e conseguirem “dominar” os seus próprios meios comunicativos e toda a


informação que é enviada de dentro para fora as organizações, face à substancial quantidade
de formas de distorcer a informação, isto é, torná-la em conteúdo falso, não se conseguem
permanecer seguras face a este facto. Aliando a isto, surgem cada vez mais grupos de interesse
que partilham e estimulam o processo de desinformação para serem causados danos (do forro
económico e não só) nas estruturas organizacionais.
Manifestam-se as seguintes questões: Dispõem as organizações de recursos para travar a
disseminação de informação falsa e impertinente e dissolverem estes impactos? Que tipo de
ações as organizações podem desenvolver e quais os mecanismos de controlo que a empresa
pode usar para se proteger?

O segredo para mitigar o problema poderá estar norte integração de todos os stakeholders. É
necessário construir “barreiras” de proteção e bons alicerces internos.

Reflexões Finais

Concluindo, é possível constatar que gerir a comunicação num ecossistema que se torna, a
passos largos, mais digital, torna-se um desafio inevitável de ser desassociado das atividades
organizacionais. A meu ver, uma das maiores lacunas presentes, que poderia eventualmente
amenizar problema, é a falta de uma legislação civil apropriada. Até isso se verificar como um
potencial fim para a disrupção informativa, cabe às organizações continuarem a realizar um
trabalho preventivo e, muitas das vezes, defensivo privilegiando, acima de tudo, a
transparência e a adequação dos seus canais de comunicação aquilo que são as necessidades
dos stakeholders envoltos para, desta forma, construírem um caminho confortável para uma
Imagem e recursos consistentes.

A formação de uma equipa na área competente, que seja capaz de lidar com estes problemas
que podem ser gerenciadores de crises e que construa informação sem ambiguidade com uma
principal finalidade: reduzir os ruídos de comunicação. Uma boa gestão da Imagem e
Reputação alicerçada à constante evolução interna das organizações pode, efetivamente,
ajudá-las a construir bases sólidas que lhes permitam obter uma maior confiança e segurança
para com todos os seus stakeholders.

Aos leitores de conteúdo frequentes, é imprescindível uma eficiente verificação das fontes e da
veracidade de toda a informação retida para que este problema seja, aos poucos, suprimido.

INTRODUÇÃO

A gestão da informação e a construção do conhecimento nas organizações têm transformado o


mundo dos negócios e criado vantagens para os empreendedores que a utilizam, pois a
diversidade de aspectos do ambiente externo, que necessitam ser monitorados, exige
importantes esforços dos líderes, planejadores e tomadores de decisão. Sobre isso, a literatura
traz contribuições importantes e clássicas. Entre outras, as de Choo (1998) e Dill (1958) podem
ser destacadas. Choo (1998) descreve que a busca de informações no ambiente se propõe a
reduzir a incerteza e é fato que as mudanças, eventos e tendências no ambiente
continuamente criam sinais e mensagens que devem ser coletados, tratados, organizados,
interpretados, disseminados e usados por gerentes e tomadores de decisão. Por sua vez, Dill
(1958) sugere que a melhor maneira de analisar o ambiente não é simplesmente tentar
entendê-lo como um conjunto de outros sistemas ou organizações e, sim vê-lo como
“informação que se torna disponível para a organização” ou a que a organização possa ter
acesso. A prática de Inteligência Competitiva (IC) permite às organizações desenvolver uma
cultura de busca por informações, que efetivamente subsidiem as suas estratégias. Com base
nos aspectos descritos, o presente artigo pretende inicialmente apresentar e discutir modelos
de IC aplicados em organizações nacionais e multinacionais de diferentes segmentos de
mercado, a partir dos estudos da tese de doutoramento em Ciência da Informação (VIDIGAL,
2011). Objetiva-se também discutir aspectos atinentes à gestão estratégica da informação e da
inteligência em organizações brasileiras e internacionais, a partir da revisão de literatura
desenvolvida para a elaboração da referida pesquisa. Como perguntas orientadoras da
pesquisa, procurou-se responder que metodologias de Inteligência Competitiva as
organizações têm utilizado para fazerem uso efetivo de informação estratégica? Como são
aplicadas tais informações estratégicas dentro dos diferentes contextos organizacionais? A
atividade de Inteligência Competitiva, do ponto de vista das organizações investigadas, é de
fato uma atividade afeita à estratégia organizacional?

Como objetivo geral procurou-se “Investigar a existência de modelos de Inteligência


Competitiva aplicados a organizações nacionais e multinacionais de diferentes segmentos de
mercado.” Especificamente pretendeu-se: a) analisar, à luz da literatura nacional e

Frederico Vidigal; Mônica Erichsen Nassif

Inteligência competitiva: metodologias aplicadas em empresas brasileiras.

Inf. Inf., Londrina, v. 17 n. 1, p. 93 – 119, jan./jun. 2012.

http://www.uel.br/revistas/informacao/

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internacional, as metodologias organizacionais de Inteligência Competitiva; b) desenvolver um


quadro teórico-referencial abarcando as diferentes experiências de uso de Inteligência
Competitiva em organizações brasileiras; e c) apresentar diretrizes para as práticas de
Inteligência Competitiva em organizações. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa se deu
em 13 organizações nacionais e multinacionais com atuação no Brasil, sendo todas elas
praticantes de IC. Para o processo de coleta dos dados foi utilizado um roteiro de entrevistas
semi-estruturado, no sentido de proceder ao mapeamento de metodologias utilizadas por
essas organizações no que tange à IC. A pesquisa se limitou a averiguar aspectos atinentes a
três categorias de análise. A primeira categoria envolveu o “Funcionamento de IC na
organização” e explorou subcategorias como: “Localização na hierarquia organização,
centralização ou descentralização das atividades”. A segunda categoria envolveu as “Práticas de
IC” envolvendo como subcategorias a definição de necessidades de informação, utilização dos
resultados de IC, periodicidade de uso de IC e técnicas utilizadas em IC. A terceira e última
categoria explorada foi “Capital Humano envolvido em IC”, que explorou como subcategorias:
“Número de pessoas, formação e perfil profissional e funções exercidas” das equipes intra-
organizacionais, ou seja, os profissionais efetivamente envolvidos com a atividade de IC e suas
funções, especificamente exercidas. Para a estruturação do artigo, primeiramente é
apresentado o referencial da pesquisa, que enfoca a gestão estratégica da informação e sua
relação com a IC, bem como o cenário de pesquisa nessa temática, na perspectiva nacional e
internacional. Posteriormente são apresentados os procedimentos metodológicos que
orientaram a pesquisa, seguidos pelos resultados. Ao final do artigo são apresentadas as
proposições e conclusões acerca dos resultados encontrados.

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