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O GRITO DE MUEDA
Primeira Ópera Nacional Moçambicana
Ficha Técnica
Livreto: Nilza Laice e Oscar Castro, sobre ideias de Hortensio Langa
e Feliciano de Castro Comé
Música: Feliciano de Castro Come, Pedro Tinga, Samuel Manhica, Ilidio Manhica, Luis Caruana, Diego
López y Oscar Castro,
PERSONAGENS:
Professor da escola rural – Bajo
Pedro (Chefe da Turma) – tenor
Ana (Namorada do chefe da turma) e Mulher Velha - soprano
Rosa (aluna)- mezzo
Luis Cuzzani: Missionário extrangeiro, bandoneonista
Camponesa I - Contralto
Camponesa II – Soprano
Camponêz 1 – Tenor
Camponêz 2 – Barítono
Camponêz 3 – Baixo
Enferméira – Mezzo
Motorista da região sul – Tenor
(Uma mulher velha, com cerca de 75 anos, vestida elegantemente, aparece por frente-direito do palco.
Caminhando devagar, com a bengala, hacia o frente esquerdo. Delante do microfone diz ao público:)
Mulher velha: Caros compatriotas. Eu sou da Província de Cabo Delgado. Estou aqui para lhes contar
o que aconteceu em Mueda, em junho de 1960. Naquela época eu era uma rapariga e frequentava a escola
primária. Lembro claramente que naquele mês o desejo de liberdade e justiça surgiu em mim. Desde
então, lutei por esse sentimento e sonhei com ele em cada amanhecer. Hoje estou prestes a morrer. Antes
de partir, quero lhes dar a chama que nasceu naqueles dias. Eu sou velha e a memória as vezes me falha,
mas lembro que na escola…, ( se ilumina a cena com os estudantes na aula, alguns deles ja chegaram,
outros estão entrando e saudam-se com afecto) muito cedo, todos os dias, nós cantávamos para a natureza
e para Deus. Eramos muito pobres, mas as crianças e os jovens podem ser felices mesmo na pobreza
extrema.
( e s t u d a n t e s )
Mesa
Cuadro Cadeira
Mulher Velha
(microfone)
ACTO I
Cena I
(Sala de aulas de uma escola rural muito precária. Os estudantes estão a espera do Professor. O
Chefe da Turma (Pedro) orienta a seus colegas numa canção.
Cena 2
(O professor entra por o frente-dereito com um missionário extrangeiro. Ele porta seu bandoneon- Os
alunos levantam-se.)
(O Professor caminha do frente -dereito ao frente esquerdo. Luis fica no frente-dereito, perto da cadeira
Mesa
Cuadro Cadeira
Professor Luis
Alunos: Sim!
Alunos: Europa?
Aqui é a Ásia
Aqui é a América
(O Professor pide calma com os bracos. Os estudantes novamente voltan asentarse no chao)
Uma das meninas da turma, Rosa, ubicada no fondo-esquerdo não participa da aula. Para-se e
caminha em diagonal hacia o frente-esquerdo, perto de Luis Cuzzani. Senta-se no chao e esconde a
sua cara entre as mãos.
( e s t u d a n t e s )
Mesa Luis
Cuadro Cadeira
Professor Rosa
4
5
( e s t u d a n t e s )
Mesa Luis
Cuadro Cadeira
Rosa Professor
Cena 2
(Um dos alunos levanta sua mão, mas aparecem repentinamente cinco camponêses por o frente-dereito.
Os alunos levantam-se.
Camponês 1: Com licencia…
(Os alunos levantam-se.)
Alunos: Bom dia meus senhores
Camponêses: Bon día, meninos.
Professor: Podem se sentar.
Camponês 1: (ofegante) Bom dia... Sr. Professor, desculpe-nos pela interrupção mas,
temos uma notícia muito importante....
(Olha para os lados para ter certeza que não há ninguém a ver-lhes, tiram o rádio do saco e colocam
na orelha do professor)
Professor: Wau! Que notícia fantástica...
( e s t u d a n t e s )
Mesa
Cuadro Cadeira
5
6
Música 6:
Canção: O colonialismo é uma das vergonhas da Humanidade (Ilidio Manhiça)
Coro de Camponêses e Professor (S, C, T, B)
O colonialismo é uma das vergonhas da Humanidade, hi, hi , hi
O colonialismo é um destruidor da dignidade.
É a exploracao do homem pelo homem,
é a riqueza de uns sobre a pobreza de muitos.
Temos de vencer, essa besta exterminar,
nossa terra libertar, nossa história engrandecer,
para deixarnos, de ser colonia portuguêsa
e marginalizados na nossa própria terra
O colonialismo é uma das vergonhas da Humanidade, ih, , hi, ih, hi
O colonialismo é um destruidor da dignidade, ih, hi.
O Povo, o Povo vencerá
Cena 3
Mesa
Cuadro Cadeira
Professor: Nossa reunião na escola tein que ser corta, se não os portugueses desconfiam...
6
7
Camponês 1: Isso tem de acabar, viver vigiado na sua própria terra…viver como mendigo, suplicando
por liberdade…Porque tem que ser assim?
O que foi que eu fiz para nascer escravo?
Camponêsa I: Calma irmão...calma
Camponês 1: Calma?! É isso que querias dizer? Peça me tudo menos calma, eu não posso ficar calmo
enquanto os meus irmaos morrem lavrando a terra, enquanto choram da
alegria que é passageira, enquanto ventres rebentam de fome... calma
irmão? É isso que querias dizer?
Camponês 2: Ela queria dizer que as tuas feridas tambem são nossas, mas que precisamos ter cautela...
Camponêsa II: Um cão quando se exalta é porque ja não teme o seu dono.
Camponês 1: Eu ja não temo.
Camponês 3: Eu ja não temo e nunca temi. Se a morte me vier, não temerei serei estrume
para alimentar os meus irmãos.
Camponêsa I : Não fales de morte, hoje é dia de vitória, é tempo de regarmos os campos
com sorrisos e não com sangue.
Professor: E... já tem os pontos para a nota que vamos levar ao Sr. Governador de
Cabo Delegado?
Camponês 1: Nos somos os pontos, e só ele olhar para nos uma vez na vida e, logo
percebera o que reevendicamos.
Camponês 3: Esta tudo escrito nos nossos olhos, na palma das nossas mãos, nas minhas
costas, nos teus pés, nas nossas palhotas, no cantar susurrado das crianças,
que mais temos que escrever?
Professor: Tudo bem, mas precisamos ter isso escrito numa folha. Nos tempos de hoje
os papeis é que falão...
Camponês 2: Por favor senhor professor, escreva numa folha o que ela disse (sinhala a
Camponesa II)
(Camponês 1 busca a mesa y coloca a frente do cuadro; a Camponêsa I leva a cadeira ao Professor por
detrás do grupo. Camponêsa 1I adelanta-se para falar rápido)
Cuadro
Camponêsa II: (rápido) Mais dignidade, mais respeito pela nossa cultura, melhor preço
para as nossas coleitas
Professor: Um momento, meus amigos. É preciso manter as regras de cortesía…
(O professor senta-se na cadeira e escrebe, en tanto pensa en voz alta)
“Senhor Governador, com tudo respeito solicitamos…”
O professor escreve a nota e os camponeses repetem. Pela emoção dos leitores, continuam em forma
cantada.
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Cena 4
(Entra uma enfermeira e um motorista por o frente-dereito).
Cuadro
8
9
(A Enfermeira inicia seu relato com palavras mais logo continua com uma canção e o grupo faz o coro.
Para cantar, a Enfermeira avanza hacia o frente-medio).
Cuadro
Enfermeira
Cuadro
estudantes
Cena 5
Pedro (Chefe da turma): Desculpa professor, mas não pudemos deixar de ouvir…porque estão
tão felizes?
Professor: Porque deixaremos de ser colonia de Portugal
Pedro (Chefe da turma): Deixar de ser colonia de Portugal? É posible? Mas Sr. Professor, se nós já
não formos colónia portuguesa, o que seremos?
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(O Motorista ocupa o centro- frentes para cantar. Os estudantes escutan o solo de Motorista olhando a
ele, mas quando cantan o estribillo giran para o frente, olhando ao público)
Cuadro
Camponesa I Camponés 1 Enfermeira Camponesa II
Camponés 2
Cadeira Professor Camponés 3
Mesa
Motorista
Em shangana Traducção
‘Africa ‘Africa
‘Afric a li bonde ‘Africa libonde
‘Afric a Maputo ‘Africa Maputo
‘Afric a wako chon ga ‘Africa bonita
‘Afric a ‘Africa
‘Afric a Zim babwe ‘Africa Zimbabwe
‘Afric a Tanz ania ‘Africa Tanzania
‘Afric a sempre unid a ‘Africa sempre unida
‘Afric a ‘Africa
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(Coro)
S ase le tiko sas’e (3 v ez es)
S ase le tiko l a ‘Afri ca
Pedro (Chefe da Turma): Nós percebemos o que é o colonialismo e agora percebemos o que é a
liberdade. E por isso, também queremos acompanhar-vos na petição com
o Governador Português.
Professor: … mas vocês são muito jovens e...
Pedro (Chefe da Turma): Somos jovens mas partilhamos os mesmos sonhos!
Ana: Deixe-nos participar professor...
Enfermeira: Deixe-lhes ir professor, também fazem parte do povo de Mueda, sofrem os
mesmos problemas e tem o direito de reivindicar com os outros…
Camponês 3: Sim, deixe-lhes ir professor…
A turma: Por favor Sr. Professor...nós também queremos um futuro melhor...
Professor: Vocês são muito jovens !
Camponês 1: É bom as crianças aprenderem como é que se fala com os brancos…(riem-
se) Deixe-lhes ir professor!
Professor: Esta bem. Mas tem que pedir autorização aos seus pais! Só se eles
autorizarem, vocês podem vir conosco.
A turma: Hurree!!
Professor: ….Eu ja sonho com a liberdade…
Todos: Nos todos, sonhamos despertos com a liberdade
Cuadro
Cadeira
Mesa
Professor CamponesaI Camponés1 Enfermeira Camponesa II Motorista Camponés2 Camponés 3
Estudantes a nivel da plateia
Fim Acto I
ACTO II
Aldeia Makonde
Cena I
Mulher Joven
(Em seus braços embala um bebé) Pai de Ana
(artesano)
Cena 2
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Aparecem o chefe da turma e a sua namorada e cuatro colegas . Como saudação, eles cantan Yalelo no
frente - centro, anivel da plateia. Todos os aldeianos cantam com eles.
Homem joven
Mulher Joven
(Em seus braços embala um bebé) Pai de Ana
Música 14 – Yalelo
(Canção tradicional Makonde - Coro a 3 vozes mistas).
Pedro, Ana e os otros estudantes suben por o frente medio. Pedro e Ana ocupan o medio-centro. Os
otros colegas o medio-dereito.
Homem joven
Mulher Joven
(Em seus braços embala um bebé) Pai de Ana
Pedro: Papá, nos viemos despidir. Vamos a Mueda acompanhar o grupo que leva
a petição.
Pai do Pedro: O grupo que leva a petição? O que é isso?
Mãe de Pedro: Petição de qué? Que grupo?
Pedro: O grupo que vai a Mueda para falar com o Sr. Governador para pedir mais
liberdade e respeito pela nossa cultura. Estamos seguros, não se preocupem
vamos com o Sr. Professor, a enfermeira e um grupo de camponeses.
Pai da Ana: Nem pensar, vocês ainda são crianças, o que vão fazer lá?
Mãe da Ana: Deixem isso para os mais velhos, que sabem falar com os brancos... E se
voces forem recrutados para trabalhar nos campos de algodão?!
Pai do Pedro: Eu pensei que voces fossem a escola para aprender alguma coisa, mas já
vi que não...É melhor voltarem para casa e vivermos todos
felizes...esqueçam essa história de ir a Mueda!
Mulher Jovem: Papá tem razão, não há vida mais feliz que todos junt na aldeia. Voltem
para casa, façam a vossa machamba e casem-se.
Ana: Mas é por isso que vamos a Mueda. Para lutar pelos nossos direitos… para
um dia podermos voltar para casa, e nos casarmos sem medo que de repente
um de nós seja recrutado, espancado ou até morto.
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Pai de Ana: Bonitas ideias... Mas vocês creem que o Sr. Governador escutará suas
palavras?
Yamila: Não escutaram nada!! Eles só dizem mentiras
Mãe da Ana: Nem sequer vocês poderam olhar nos olhos!! Yamila trabalha na
Administração de Mueda e saube como são os brancos!
Mãe do Pedro: Nem pensem nessa viagem! Vocês fiquem conosco! Tua irmã Yamila viu
carros de sipaios na baixa e não gosta de seus patrões brancos…eles
falam uma coisa e logo fazem outra…
(A mãe do Pedro entrega aos jovens um cesto de mandioca. Tem um ar pesado e não diz se quer uma
palabra).
Pedro: Fica tranquila, Mãe. Logo estaremos em casa com vocês e as novidades
serão tão bonitas
Pai do Pedro: Muito cuidado com os brancos... eles tem todo o poder...
Yamila: Por favor, irmãos, não podem ir! Vocês não podem obter nada bom disso
Ana e Pedro: Voltaremos logo! Não se preocupem...
(Os estudantes dirígen-se ao frente-medio para sair. Aparece o Mapiko e procura detener a os estudantes
cruzando-les o caminho. Cuatro homems suben ao palco com tambores por o frente esquerdo e -ao
mesmo tempo - outros cuatro homens suben ao palco por o frente direito. Cercam ao Mapiko com
instrumentos de percussão. O Mapiko tem uma gestualidade trágica. Procura advertir aos jovems do
perigo. Os jovems nao percibem o mensage e saiem. Mapiko danza encima do palco e logo em um pasillo
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da plateia. Os homems com tambores e aldeianos van ao proscenio mentras se fecha o telao. Mapiko
saie por o fondo da plateia)
palhota
(Fecha-se o telao)
Mulher Joven – Pai de Pedro- Tambores - Mae de Ana- Mae de Pedro-Yamila - Pai de Ana
Mapiko no pasillo
Fim do Acto II
Acto III
Cena 1 – A
Administração de Mueda, frente a praça. O Governador Português está sentado no proscenio fumando
um cigarro na companhía do Comandante do Pelotão e o Administrador de Mueda. No fondo, a banda
do batalhão (dois trombones)inicia uma música que logo canta o Governador:
Gobernador
Administrador mesa Comandante
Caixa de wisky
Música 17: “Moçambique é nosso e sua gente nossos serventes” (Ária de Barítono )
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Governador : Estes selvagens da região de Mueda estão a cada dia piores... Decidí
convocar a todos para falar claro e dar-lhes um puxão de orelhas! Sr.
Administrador, mandou avisar em todas as aldeias do encontro de hoje aqui
na praça?
Administrador: Sim Sr. Governador. Mas temos informação que a população vai
apresentar uma petição...
Governador: Petição!?? Também isso? ...brutos ignorantes...mas vão aprender o que é
bom para tosse. Já não chega darmos-lhes educação de graça, ainda vem
aqui exigir mesquinhices... Comandante: Os soldados de reforço já estão
em Mueda?
Comandante: Sim, Sr. Governador. Desde ontem estão ocultos na zona baixa.
Governador: Perfeito... Quando toda a gente estiver na praça, com os fuzies apontados
as suas cabeças, apressamos os seus dirigentes e serviremos a eles uma
boa sova... uma exemplar sova para que sirva de lição a todos!... e logo
mandamos estes malandros directo a Cadeira de Porto Amélia!.
Comandante do Pelotão: O Povo de Mueda pode pôr-se muito violento quando apresionarmos
os seus dirigentes...E se levássemos as crianças e os bebés como reféns?
Administrador: Reféns para que??
Comandante do Pelotão: Para não ficarem violentos…porque…
Governador: Comandante, Poupe-nos! Dois sopapos a cada dirigente e três tiros que
zumbem nas orelhas da população e todos lembraram quem é aqui o dono
da situação e da terra.
Cena 2 - A
Entra Yamila (a jovem empregada da Administração) por o fondo – direito e serve wisky. Os três
homens olham para ela lascivamente. A menina está incomodada pela situação e sai rápidamente
despois de servir a bebida por o fondo - direito.
Administrador: Yamila: Falta o gelo! (a seus parceiros). Esta pretinha me tira do sério,
começo logo a ferver ... e...
Governador: E é por isso que as coisas aqui não andam...se primeiro te
concentrasses com assuntos da Pátria...
Os três homens: hahaha (Riem-se todos)
Comandante do pelotão: É impossível concentrar-se com raparigas destas a cada volta. Outro dia o
Padre Madeira ausentou-se umas horas para um funeral. Eu deparo-me
com a irmã desta criatura a limpar os bancos da igreja... Aiaiai...Só Deus
é quem sabe como fez essa pretalhada... Quando o Padre voltou, a Virgem
Maria chorava por tanto pecado...
Os três homens: hahaha (Riem-se todos)
(Entra Yamila por o fondo-direito e serve gelo em cada copo. Os três homens olham para ela novamente
com luxuria. Sai Yamila por o fondo - direito)
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Governador: Onde mora a prima desta rapariga?...eu lembro que no ano pasado
fez 15 anos...
Administrador : Hoje com 16 é uma festa aos olhos... mas a semana caió-se e mal consegue
pôr-se em pé.
Governador: E eu a preciso dela em pé? . Eu quero ela na cama sem roupa !!! (Riem-se
todos) . Verei-lhe logo que sairmos disto!
Cena 2 – B
(Entra Yamila e junta os copos uma bandeja. Os três homens olham para ela novamente e quando ela
aproxima-se tocam suas pernas e cadeiras. Yamila esquiva as mãos dos homes e sai)
Comandante: Por que ele visita tanto as aldeias? ... não estará organizando esses ignorantes?
Administrador: Nãoooo !!! ... o seu papel é trabalhar para a Igreja Católica e a Igreja esteve
sempre com Portugal
Comandante: ... mas fico com desconfiança ... hoje há muita confusão …alguns religiosos
em America Latina apoian os movimentos de camponeses sim terra.
Governador: Mas aqui é diferente ... aos revolucionários volamos pronto suas cabeças com
três tiros ... mas o melhor é perguntar ao próprio Padre Madeira o que o jovem
extrangeiro faz nas aldeias ...Yamilaaa !!
Governador: Procure o Padre Madeira, precisamos falar com ele e seu assistente branco.
Cena 2 - C
Cena 3
(Entran o Pai Madeira e Luis Cuzzani, guiados por Yamila, por o frente-esquerdo
Yamila
Gobernador
Administrador mesa Comandante
Caixa de wisky
Governador: Bom dia, Padre Madeira ... Eu não pergunto como está a Igreja porque eu
tenho visito com frequência ... (os três portugueses riem maliciosamente).
Vamos direto ao motivo de mandar chamá-lo. Por que seu assistente
extrangeiro visita com frecuencia as aldeias? ... (a Luis) O que você está
ensinando aqueles ignorantes?
(O Padre Madeira caminha por detrás dos portugueses e se ubica entre o Gobernadot e o
Comandante)
Padre Madeira: Ele está ensinando catequese nas aldeias, na companhia de seu
bandoneón.
Comandante: Você tem o bandoneón nessa caixa preta? ... Só para ficar calmo ... eu
quero ver!
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Luis Cuzzani: Chegou à Argentina nas malas dos imigrantes alemães e pronto integrou
as orquestras de tango, a dança típica de esse país. Tão popular entre os
argentinos quanto a timbila e a marrabenta entre os moçambicanos.
Administrador: Timbila ... marrabenta ... Não fale conosco sobre essos lixos!!
Luis Cuzzani: Eles não são lixos, são o sentimento do povo moçambicano.
Administrador : Estes brutos não sentem nada !! ... Não me diga que você está
ensinando bandoneón aquí para tocar marrabenta?
Luis Cuzzani: Eu não tinha pensado nisso ... mas é uma boa ideia ...
Governador: Por favor, Padre Madeira, instrua seu assistente a não perder seu
tempo com esses camponêses. Cuide de Deus e dos portugueses,
que são os que mantêm todas as igrejas de Moçambique.
Padre Madeira: (finge submissão) Muito bem, Sr. Governador ... isso será feito
Padre Madeira: (olha para Luis impotente) ... Sim, senhor Governador ... isso vai ser feito ...
Cena 4
Governador: Meus caros amigos, é a hora de servir a Portugal. Os brutos estao prontos
a chegar.
Administrador: Yamilaaaa!!. Retira os copos.
Yamila entra e retira os copos. Os cipaios 3, 4, 5 e 6 retiran a 3 cadeiras, a mesa e a caixa de wisky. Os
tres portugueses suben ao nivel superior, no fondo do palco.A população começa a chegar a praça.
Alguns deles se ubican parados no costado esquerdo, outros no costado direito. Alguns povoadores suben
ao palco por o frente -medio e fican no chao. Outros quedan las escadas de cada lado.
Campones I Campones 2
Ana Ho. Joven
Pedro Camponesa II
Camponesa I Enfermeira
Camponés 3 Motorista
Professor
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Campones I Campones2
Ana. Ho. Joven
Camponesa I Pedro Camponesa II
Camponés 3 Enfermeira
Professor Motorista
Governador: Quem ensinou-vos a decorar? Depois daqui, falem com o padre Madeira,
para inserir-vos no grupo de teatro…
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Cena 5
Governador: Chega de insolências ! Soldados: prendam os líderes
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Cena 6
De noite, Ana, os pais do Pedro, os pais da Ana, a Mulher Jovem com a sua filha nos braços, os
estudantes sobreviventes e outras pessoas de Mueda buscam entre os mortos da praça os seus ente-
queridos. Suben ao palco por as duas escadas e rodeiam a os mortos. Quando encontra o seu namorado,
Ana abraça o cadáver e canta:
Fim
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