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Guerra Guaranítica

Em Sete Povos da Missões viviam aproximadamente 30 mil guaranis. Nessa região os povos indígenas
mantinham extensa criação de gado.

A Guerra Guaranítica (1753-1756) ou Guerra dos Sete Povos foi o conflito armado envolvendo as tribos
Guarani das missões jesuíticas contra as tropas espanholas e luso-brasileiras, como consequência do Tratado
de Madri (1750). O tratado definiu uma linha de demarcação entre o território colonial espanhol e português
na América do Sul e exigiu a retirada da população guarani que ali vivia havia 150 anos. Os luso-brasileiros
tinham interesse na saída dos guaranis por conta da extensão das terras e também por causa do grande
rebanho de gado, o maior das Américas, mantido pelos indígenas. Um acordo adicional secreto, assinado em
1751, estabelecia que, em caso de “resistência dos índios e habitantes”, Portugal e Espanha fariam a
mudança das aldeias missioneiras sob a força das armas. Para os índios Guaranis, deixar a terra herdada de
seus ancestrais era incompreensível e inadmissível. Além disso, entregar a terra com lavouras, ervais,
vacarias e algodoais aos seus inimigos de longa data aumentava ainda mais a hostilidade dos indígenas em
relação aos portugueses. Os índios das missões se recusaram a cumprir as exigências estabelecidas pelo
Tratado de Madri e entraram em guerra contra os colonizadores.

Os guaranis se organizaram sob liderança de Sepé Tiaraju ou José Sepe Tiarayú, seu nome de batismo. A ele
se atribui a frase ““Nossa riqueza é a nossa liberdade. Esta terra tem dono e não é nem português nem
espanhol, mas Guarani” conhecida como o grito de Sepé e ainda hoje uma expressão repetida por povos
indígenas em luta por sua terra. Outros grupos indígenas uniram-se aos guaranis, entre eles os Charruas,
Guenoas e Minuanos. A princípio, as tropas espanholas e portuguesas lutaram separadamente e foram
derrotadas pelos indígenas. Em dezembro de 1755, elas passaram a lutar juntas com o objetivo de capturar o
chefe da resistência guarani, Sepé Tiaraju.

No dia 7 de fevereiro de 1756 morria, em São Gabriel (RS), Sepé Tiaraju, índio guerreiro guarani que
liderou os indígenas contra as tropas luso-brasileira e espanhola na Guerra Guaranítica. Nascido por volta de
1723 em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, Sepé Tiaraju foi batizado com o nome
cristão de José Tyarayu ou Tiararu, porém a reprodução do nome pelos invasores espanhóis e portugueses
fez com que fosse alterado para Tiaraju. Entre os índios era chamado somente de Sepé, apesar de ter sido
encontrado registrado em algumas formas: Çape, Seepé, Zepe, Sapé, ou Cepe. A luta prosseguiu com os
indígenas liderados pelo legendário capitão Nicolau Ñanguirú. Na batalha de Caiboaté (10 de fevereiro de
1756), uma força combinada de 3 mil soldados espanhóis e portugueses matou cerca de 1500 guaranis. No
dia seguinte, as tropas entraram em São Miguel e exigiram a rendição das outras cidades, que aceitaram,
exceto São Lourenço. Finalmente, em maio de 1756, a última luta ocorreu em São Miguel acabando em
definitivo a Guerra Guaranítica. A posse da região ainda seria tema do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e
do Tratado de Badajoz (1801).

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