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Contrato Inst Loj Shopp
Contrato Inst Loj Shopp
Centros Comerciais
"A Instalação de Lojistas em Centros Comerciais”
COIMBRA
2016
SIGLAS E ABREVIATURAS
Ac. Acórdão
Ac. STJ Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
Ac. TRC Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra
Ac. TRL Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa
BMJ Boletim do Ministério da Justiça
BFD Boletim da Faculdade de Direito (Coimbra)
CCiv Código Civil
DL Decreto-Lei
DR Diário da República
p. Página
pp. Páginas
RLJ Revista de Legislação e de Jurisprudência
ss. Seguintes
www Citação de sítio de internet
www.dgsi.pt Bases Jurídico-Documentais do ITIJ
CENTROS COMERCIAIS - "A Instalação de Lojistas em Centros Comerciais ”
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INTRODUÇÃO
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CENTROS COMERCIAIS - "A Instalação de Lojistas em Centros Comerciais ”
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1. O CENTRO COMERCIAL
1.1 Conceito
2
Revogado pelo Decreto-Lei n.º 48/96 de 15 de maio, alterado pelos Decretos-Leis n.os 126/96,
de 10 de agosto, 111/2010, de 15 de outubro, 48/2011, de 1 de abril e Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de
janeiro, que estabelece um novo regime dos horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais.
3
Em sentido próximo PINTO FURTADO, «Não se trata de uma definição, mas do simples
enunciado dos requisitos essenciais que, tinham de considerar-se muito lacunares para uma descrição
satisfatória da categoria técnica em presença. Acontece que os ulteriores diplomas reguladores do horário
de trabalho das grandes superfícies desinteressaram-se da figura específica de centro comercial que
deixou de ter, assim, uma definição legal, mesmo que imperfeita.», in, JORGE PINTO FURTADO, Os centros
Comerciais e o seu regime Jurídico, 2.ª ed., revista e atualizada, Almedina, Coimbra: 1998, pp. 19 e 20.
4
JORGE PINTO FURTADO, op. cit., p. 11.
5
PEDRO MALTA DA SILVEIRA, A Empresa nos Centros Comerciais e a Pluralidade de
estabelecimentos, Almedina, Coimbra: 1999, p. 77.
6
Para uma distinção mais densificada do centro comercial e outras realidades similares, vide,
ANA ISABEL DA COSTA AFONSO, Os Contratos de Lojistas em Centros Comerciais, Qualificação e
Regime Jurídico, Publicações Universidade Católica, Porto: 2003, pp. 17 e ss.
7
Ac. do TRL, de 27-03-2013, proc. 1040/12.2TVLSB.L1-8 (CARLA MENDES), «I) O centro
comercial distingue-se de um mero aglomerado de lojas pois proporciona ao lojista, para além da
cedência do espaço, uma série de facilidades que passam por inserção num espaço físico atraente e
frequentado, pela existência de múltiplas opções e ramos comerciais, segurança, limpeza de áreas comuns,
que valorizam especialmente o negócio, atraem a clientela mais favorável e permitem poupar nas
despesas.», in www.dgsi.pt.
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Um dos elementos distintivos do centro comercial é o denominado tenant mix8,
«a forma técnica de escolha e localização das lojas que vão instala-se nas unidades
relativamente autónomas de que é dotado o imóvel.»9.
Esta distribuição obedece a planos minuciosos e criteriosos, assim, as lojas são
distribuídas de modo a cativar o consumidor, por exemplo, as «“lojas-âncoras”, em
regra supermercados ou pontos de venda de alimentos, que provocam o afluxo dos
consumidores; nas suas imediações são colocadas lojas, por exemplo, de perfumes ou
de underware, que obtêm, assim, um plus de clientela.»10. São também implementados
espaços de lazer, recreio e diversão, localizados, quer em divisões concebidas para o
efeito, quer em áreas não individualizadas. Para tornar o ramo de atividade o mais
abrangente possível, são implementados, também, entidades bancárias, estações de
correios, entre outras.
O próprio conjunto, em si, deve primar por constituir um local atraente de
cómodo acesso e com estacionamento próprio, que convide a breves períodos de lazer,
num ambiente, em que, o visitante estará sempre envolvido por tudo ou quase tudo o
que possa desejar, desde de produtos de alimentação ou vestuário, até aos serviços de
animação11.
8
O tenant mix em geral compreenderá: «unidade de venda de géneros alimentícios em auto-
serviço; unidades para venda de artigos de vestuário e sapatarias; unidades de venda de artigos para o lar;
unidades de venda de artigos de distracção ou diversos; serviços.», JORGE PINTO FURTADO, op. cit., p. 13.
9
PEDRO MALTA DA SILVEIRA, op. cit., p. 78.
10
ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, Direito Comercial, 3.ª ed. revista, atualizada e aumentada,
Almedina, Coimbra: 2012, p. 732.
11
Para mais desenvolvimento, vide PEDRO MALTA DA SILVEIRA, op. cit., pp. 77 e ss.
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2. REGIME JURÍDICO
12
ANTUNES VARELA, “Os Centros Comerciais (shopping centres) ”, …, cit. p. 47.
13
RUI RANGEL, Espaços Comerciais, Natureza e Regime Jurídico dos Contratos de Utilização,
Edições Cosmos, Lisboa: 1998, p. 18.
14
Em sentido próximo, Rui Rangel, «Na implantação dos centros comerciais é possível
encontrar duas linhas de gestão, quer na organização, quer no funcionamento interno dos centros.», in RUI
RANGEL, op. cit., p. 22.
15
JORGE PINTO FURTADO, op. cit., pp. 21 e 22.
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pode ser feita por alienação, ou como mais usual, por locação do edifício que incorpora
o centro comercial.
Assim, «segundo esta orientação de gestão demarcadamente centralizadora, os
lojistas são tratados como arrendatários do espaço que ocupam, ainda da que, na prática,
sejam eles a instalar o estabelecimento primitivamente.»16.
A administração dos serviços comuns17 compete ao promotor, não a sujeitando
assim, ao regime específico da propriedade horizontal, em que, são da competência da
assembleia de condóminos a administração das partes comuns.
Nesta medida, nada obsta que, ao abrigo do princípio da autonomia privada, nos
contratos concretos com os lojistas, o promotor reserve para si a administração dos
serviços comuns.
A contribuição de cada lojista para as despesas e encargos comuns, pode ser
estipulada, no regulamento interno, nas cláusulas privativas do contrato, ou ainda, pode
ser acordada livremente entre as partes.
16
RUI RANGEL, op. cit., p. 22.
17
Como exemplo, fornecimento de eletricidade, água, gás, ar condicionado, aspiração central,
conservação dos estacionamentos e espaços verdes.
18
ANA ISABEL DA COSTA AFONSO, op. cit., p. 30.
19
Informação colhida em, JORGE PINTO FURTADO, op. cit., p. 23.
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O Supremo não lhe deu razão, considerando que aquelas despesas resultam de
serviços de interesse comum.»20.
Quanto à sociedade civil, normalmente, a sociedade titular da gestão do centro, é
a proprietária do imóvel, então, porque se limita a proporcionar o seu uso e não se
dedica à prática de atos de comércio, na perspetiva francesa, é considerada civil21.
Contudo, no nosso ordenamento jurídico, juntamente com os estabelecimentos
singulares que o compõem, surge ele próprio como um estabelecimento comercial
complexo22.
Nas palavras de Oliveira de Ascensão, a qualificação do centro comercial como
um estabelecimento resulta expressamente do Decreto-Lei n.º 190/89, artigo 2.º, n.º 2,
«e não poderia deixar de ser assim. Se o estabelecimento comercial tem na essência um
conjunto de bens com específica aptidão produtiva, que suporta o exercício duma
empresa, o centro comercial é necessariamente um estabelecimento, que traz esse tipo
de empresa tão significativo nos dias de hoje.»23.
A locação é a fórmula mais corrente, de atribuição aos lojistas e prestadores de
serviços da fruição dos seus estabelecimentos, utilizada no estrageiro.
Contudo, é o tema que mais querela suscitou na doutrina e jurisprudência
portuguesas.
Como se sabe, a jurisprudência e a doutrina dividiu-se, quanto à qualificação dos
contratos de cedência do espaço para os lojistas, dando origem a duas vertentes distintas.
Uma vertente defendia que os contratos eram contratos mistos, reunião em si, o
arrendamento comercial e a prestação de serviços. A segunda vertente, que defendia que
os contratos são atípicos e inominados, porque afastavam, assim, o regime vinculístico
do arrendamento comercial.
20
OLIVEIRA ASCENSÃO, “ Integração Empresarial e Centros Comerciais”, in, Separata do
Boletim do Ministério da Justiça, n.º 407, Lisboa: 1991, p. 8.
21
JORGE PINTO FURTADO, op. cit., p. 23
22 Sobre este tema, vide PEDRO MALTA DA SILVEIRA, op. cit., pp. 123 e ss.
23
OLIVEIRA ASCENSÃO, op. cit., p. 13.
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3. QUALIFICAÇÃO JURÍDICA
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A lei brasileira de locação de imoveis urbanos, contempla expressamente, a contratação entre
lojistas e os centros comerciais, Lei n.º 8.245, de 18 de Outubro de 1991, alterada pela Lei 12.744, de 19
de Dezembro de 2012.
25
Neste sentido, CALVÃO DA SILVA, “Anotação ao Acórdão do STJ de 13 de Setembro de 2007”,
in, Revista de Legislação e de Jurisprudência, ano 136.º, Julho-Agosto de 2007, n.º 3945, p. 360.
26
A doutrina dos elementos do contrato, parte de uma qualificação tripartida do conteúdo do
contrato em elementos: essenciais; naturais; e acidentais, para uma maior pormenorização das
sistematizações adotadas pelos vários autores nesta matéria, vide, PEDRO PAIS DE VASCONCELOS,
Contratos Atípicos, dissertação de doutoramento, 2.ª ed., Almedina, Coimbra: 2009, pp. 73 e ss.
27
Neste sentido, ANA AFONSO, op. cit., p. 46, e PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, Contratos
Atípicos, …, cit., pp. 93 e 94.
28
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas em Centros Comerciais,
Qualificação e Forma”, in, Revista da Ordem dos Advogados, ano 56, vol. II, Lisboa: Agosto de 1996, p.
536.
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Não é um juízo, de carácter binário, de sim ou não, mas de maior ou menor
semelhança e, como tal, o contrato pode ser mais ou menos atípico.
O juízo primário contribui ainda, de um modo relevante, para a concretização da
disciplina contratual, ao explicitar as semelhanças e diferenças entre o contrato concreto
e a disciplina de um ou mais tipos contratuais legislativos.
O juízo secundário, de natureza substantiva, tem carácter binário, de sim ou não.
Tem por finalidade, «aferir com segurança e exatidão se o contrato é, ou não, de certo
tipo, se o contrato se pode subsumir, ou não, à norma definitória, em termos tais que dai
decorra a aplicação directa de um regime legal.»29.
Este juízo, só pode ter como objeto os tipos contratuais legais, os quais
encontrem as suas respetivas definições formuladas na lei.
Afigura-se então que, o juízo primário tem uma maior aplicabilidade, quando os
valores na qualificação são a justiça e a adequação material, o juízo secundário, tem
maior aplicabilidade, quando os valores dominantes sejam a certeza e a segurança
jurídica.
Todavia, estes juízos podem interferir entre eles criando divergências, nesse
caso, quando se verifiquem, devem ser resolvidas pela ponderação, mediante um
critério de predominância, a ser encontrado, na natureza das coisas e nas consequências
concretas que os resultados venham a trazer à questão30.
Em suma, «o método tipológico não se limita a considerar com aptidão
qualificativa as características que integram a definição legal, possibilitando, dessa
forma, um alargamento ou uma restrição do campo de aplicação de um tipo legal, no
sentido de uma maior adequação ou justiça material, relativamente àquele que, por
aplicação método conceptual, decorreria da subsunção do contrato concreto aos
elementos da noção legal, afigurando-se-nos, deste modo, como o método preferível na
qualificação de um contrato.»31.
29
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas,…, cit., p. 536.
30
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas,…, cit., p. 537.
31
ANA AFONSO, op. cit., pp. 54 e 55. No mesmo sentido, HUGO DUARTE FONSECA, “Sobre a
atipicidade dos Contratos de Instalação de Lojistas em Centros Comerciais. (Da Atipicidade como
Pretexto à Atipicidade enquanto Contexto), in vol. LXXX, Boletim da Faculdade de Direito,
Universidade Coimbra, Coimbra Editora: 2004, pp. 719 e 720.
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3.1. Categorias de contratos
O seu regime não se encontra previsto na lei, são contratos que as partes, ao
abrigo do princípio da liberdade contratual criam fora dos modelos regulados na lei37,
artigo 405.º, n.º 1 do CCiv.
Se as partes celebrarem um contrato que a lei desconhece por completo, tratar-
se-á de um contrato inominado e atípico.
32
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas,…, cit., p. 537.
33
Este princípio encontra a sua consagração expressa, no artigo 405.º do Código Civil.
34
ANTUNES VARELA, Das Obrigações em Geral, vol. I, 10.ª ed., Almedina, Coimbra: 2011, p.
272.
35
MENEZES LEITÃO, Direito das Obrigações, vol. I, 9.ª ed., Almedina, Coimbra: 2010, p. 213.
36
A título de exemplo, o contrato de albergaria, reconhecido no artigo 755.º, al. b) do CCiv.
37
ANTUNES VARELA, Das Obrigações,…, cit., p. 275.
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3.1.3. Contrato de Misto
38
MENEZES LEITÃO, op. cit., p. 214.
39
ANTUNES VARELA, Das Obrigações, …, cit., p. 281.
40
ANTUNES VARELA, Das Obrigações, …, cit., p. 282.
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4. REGIME JURÍDICO E CARACTERISTICAS DO CONTRATO
Em regra, o contrato é celebrado com prazo, de seis anos, podendo ser alargado
até aos doze anos.
Contudo, os contratos prescrevem a obrigatoriedade de cumprimento deste prazo,
por parte do lojista, ou seja, o lojista não tem na sua livre disponibilidade, renunciar ao
contrato, ao contrário do locatário no arrendamento, antes deste prazo.
41
Ac. do STJ, de 01-07-2014, proc. 4477/05.0TVLSB.L1.S1 (ALBERTO SOBRINHO), «Devido
a essa sua especificidade, é hoje pacífica a doutrina e a jurisprudência no sentido de considerar como
contrato atípico ou inominado a cedência de espaços ou a instalação de lojas em centros comerciais, por
se não coadunarem essas suas especificidades com as regras do arrendamento urbano, não se reduzindo,
pela sua complexa natureza jurídica, a um contrato de arrendamento, nem a um contrato de cessão de
exploração, e extravasando de um contrato misto de arrendamento e prestação de serviços.», in
www.dgsi.pt.
42
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas,…, cit., p. 537.
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4.2. Remuneração43
43
Ac. do TRL, de 24-04-2012, proc. 2357/07.3TVLSB.L1-14 (RUI VOUGA), «4) A título de
retribuição, o lojista paga uma remuneração fixa mínima – como contrapartida da utilização do espaço –,
à qual acresce uma retribuição variável, calculada por referência a uma percentagem do valor da
facturação bruta mensal, que só é devida na parte em que exceda o valor da parcela fixa, – como
pagamento dos serviços de gestão prestados pela entidade responsável pelo conjunto. 5) Além disso, o
lojista tem de contribuir para os encargos com a manutenção e organização do centro comercial (serviços
de limpeza, vigilância, promoção e animação). 6) A tudo isto acresce o pagamento de uma quantia inicial,
designada “reserva de ingresso”, a título de remuneração pelo acesso ao empreendimento de conjunto,
cuja criação envolveu a realização de estudos de viabilidade e de pesquisa de mercado.», in www.dgsi.pt.
44
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, “Contratos de Utilização de Lojas,…, cit., p. 540.
45
Para mais desenvolvimento sobre este tema, vide, ANA ISABEL AFONSO, “Pagamento de
reserva de Ingresso em Centro Comercial e Malogro do Contrato definitivo de Utilização de Loja”, in,
Revista da Ordem dos Advogados, ano 74, vol. I, Lisboa: Janeiro-Março, de 2014, pp. 217 e ss.
46
Ac. do TRC, de 11-02-2014, proc. 1198/12.0TBCVL.C1 (JORGE ARCANJO), «II - A cláusula
do chamado “direito de ingresso ou de entrada” deve ser concebida como pagamento pelo lojista que visa
compensar o acesso a uma estrutura organizada, e, por conseguinte, com uma mais valia comercial. IV -
Constitui abuso de direito, na modalidade do desequilíbrio de prestações, exigir a quantia de € 15.000,00
convencionada numa cláusula de valor de ingresso aposta num contrato de cedência de loja em centro
comercial, quando o lojista apenas a utilizou durante quatro dias e pagou a renda convencionada.», in
www.dgsi.pt.
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O valor a pagar, normalmente, corresponde ao equivalente a um ano de rendas
acrescido dos encargos comuns.
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Ac. do TRL, de 24-04-2012, proc. 2357/07.3TVLSB.L1-14 (RUI VOUGA), «26) A
jurisprudência tem entendido, pacificamente, que a cláusula do contrato de adesão segundo a qual o
lojista se obriga a realizar todas as obras necessárias ao funcionamento da loja no Centro Comercial e
aceita que tais obras não lhe conferem qualquer direito de indemnização ou direito de retenção pelas
mesmas benfeitorias é válida; assim, não tem qualquer crédito que possa opor ao seu credor, não sendo
admitida qualquer compensação. 27) Isto porque o contrato típico mais próximo do de instalação de
lojista em centro comercial é o de arrendamento para comércio (art. 110º do RAU) e, no respectivo
regime (art. 120º do RAU), permite a lei que as partes convencionem, por escrito, que qualquer dos tipos
de obras a que se refere o art. 11º - obras de conservação ordinária, extraordinária e de beneficiação -
fique, total ou parcialmente, a cargo do arrendatário. E, quando o arrendatário suporte o custo das obras,
deve o senhorio, no termo do contrato, indemnizá-lo, de acordo com as regras do enriquecimento sem
causa, salvo cláusula em contrário - art. 120º, nº 3, do RAU. 28) Ora, se uma tal cláusula é válida num
contrato de arrendamento vinculístico, recheado de normas imperativas, não se vê que invalidade possa
apontar-se à mesma cláusula quando inserta num contrato como o de instalação de lojista em centro
comercial. 29) Consequentemente, sendo válida a cláusula pela qual o Lojista se obriga a realizar todas as
obras necessárias ao funcionamento da loja e aceita que tais obras não lhe conferem qualquer direito de
indemnização ou direito de retenção pelas mesmas benfeitorias, não tem ele qualquer crédito que possa
opor à gestora do centro comercial, a título de compensação por eventuais benfeitorias por si realizadas
na loja objecto do contrato dos autos.», in www.dgsi.pt.
No mesmo sentido o Ac. do STJ, de 24-04-2012, proc. 2357/07.3TVLSB.L1.S1 (TAVARES DE
PAIVA), «IV - A jurisprudência tem entendido pacificamente que «a cláusula do contrato de adesão
segundo o qual o lojista se obriga a realizar todas as obras necessárias ao funcionamento da loja no
Centro Comercial e aceita que tais obras não lhe conferem qualquer direito de indemnização ou direito de
retenção pelas mesmas benfeitorias é válida: assim não tem qualquer crédito que possa opor ao seu credor
não sendo admissível qualquer compensação (cfr. Ac. Rel. Porto de 6/11/2001 Relator: AFONSO CORREIA,
acessível in www.dgsi.pt), pelo que à luz cláusula 8.ª do contrato dos autos o autor não tem direito a
qualquer indemnização pelas obras realizadas na loja.», in www.dgsi.pt.
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4.5. Obrigações do Gestor do Centro Comercial48
4.6. Penalizações
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Ac. do TRL, de 24-04-2012, proc. 2357/07.3TVLSB.L1-14 (RUI VOUGA), «7) Pelo seu lado, a
gestora vincula-se a zelar pela manutenção e promoção do centro comercial, orientando a respectiva
política comercial, em conformidade com as necessidades do mercado. 8) Neste quadro contratual, a
gestora e os lojistas partilham um objectivo comum de atracção de clientela para o centro comercial,
concertando as suas actividades para alcançar tal objectivo. O lojista empenha-se em exercer uma
actividade comercial lucrativa, ciente de que faz parte de um conjunto cujo sucesso global potencia o seu
próprio. A gestora participa nos lucros da actividade do lojista, cuidando de realizar determinados
serviços de gestão que passam, entre outros, por definir rigorosamente as coordenadas da actuação do
lojista. Os seus interesses permanecem, portanto, ligados durante a vida do contrato, pelo que este pode
inscrever-se na categoria dos chamados “contratos de cooperação”, categoria contratual que é
estabelecida, usualmente, por referência à categoria dos contratos de troca ou comutativos: se nos
contratos de troca cada uma das partes prossegue uma vantagem egoísta, um fim próprio e exclusivo, que
espera satisfazer com a prestação da outra parte, servindo o contrato para realizar o ponto de
convergência de declarações de vontade opostas, já nos contratos de cooperação as partes prosseguem um
fim comum, concertando as suas actividades para a obtenção do mesmo, dado que todos beneficiam da
actividade desenvolvida.», in www.dgsi.pt.
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4.7. Trespasse ou cessão da posição contratual49
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Ac. do TRL, de 13-05-2003, proc. 883/2003-7 (JORGE SANTOS), «O contrato de utilização de
loja em centro comercial não se subsume a um mero contrato de arrendamento, antes é um contrato
inominado ou atípico, livremente regulado pelas partes, dentro do princípio da liberdade contratual. O
trespasse é a transmissão a título definitivo de um estabelecimento comercial. Essa transmissão não
integra necessariamente o direito ao arrendamento do espaço onde funciona o estabelecimento, embora
normalmente surjam associados, podendo constituir um dos muitos elementos constitutivos dessa
universalidade. Excepcionalmente, a lei permite a transmissão do arrendamento por acto entre vivos e
sem qualquer autorização do senhorio, no caso de trespasse do estabelecimento comercial ou industrial
(art.115º, nº 1, RAU). Mas tal permissão não é aplicável ao direito de utilização por impossibilidade de
aplicação analógica (art. 11º CC). A cessão da posição contratual do lojista num contrato de utilização de
loja em centro comercial carece sempre de autorização do outro contraente (gestor do Centro Comercial),
segundo a regra geral do art. 424º, nº 1, do CC. Sem essa autorização, o direito de utilização não é
transmissível nem alienável a terceiro pelo lojista e, por isso, não pode acompanhar o trespasse do
estabelecimento. Considerando essa inalienabilidade face ao direito substantivo, o referido direito de
utilização não é susceptível de penhora. Por isso, a penhora ou ordem de entrega judicial desse direito de
utilização viola o direito do dono/gestor do centro comercial, podendo este defendê-lo através de
embargos de terceiro.», in www.dgsi.pt.
Ac. do TRL, de 11-05-1999, proc. 0010671 (SEARA PAIXÃO), «I - Se do acordo celebrado entre
o lojista e a entidade que explora o Centro Comercial que integra aquela loja, aquele obrigou-se a não
ceder no todo ou em parte a sua posição contratual, sem consentimento prévio e escrito da entidade
gestora do Centro, a não permitir a outrem o uso total ou parcial da loja a qualquer título, além de outras
obrigações, resulta desse acordo que o direito do lojista não pode ser objecto de trespasse sem autorização
prévia da entidade gestora do Centro. II - A eventual penhora desse direito de "utilização da loja", com
vista à sua posterior venda judicial iria traduzir-se num trespasse, permitindo a introdução no seio dos
lojistas de um determinado Centro Comercial de um comerciante não querido por este, que poderia pôr
em causa toda a estratégia unitária do Centro Comercial. III - Estes contratos de utilização de espaços em
Centro Comercial são celebrados "intuito personae", tendo em atenção as características próprias do
comerciante desejado pelo Centro. IV - O contrato de "utilização de loja em Centro Comercial" não tem a
natureza de um contrato de arrendamento, nem de cessão de exploração de estabelecimento comercial,
sendo um contrato atípico que se rege essencialmente pelas normas estipuladas pelas partes.», in
www.dgsi.pt.
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CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
FURTADO, JORGE PINTO, Os centros Comerciais e o seu regime Jurídico, 2.ª ed.,
revista e atualizada, Almedina, Coimbra: 1998.
LEITÃO, LUÍS MANUEL TELES DE MENEZES, Direito das Obrigações, vol. I, 9.ª
ed., Almedina, Coimbra: 2010.
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SILVEIRA, PEDRO MALTA DA, A Empresa nos Centros Comerciais e a
Pluralidade de estabelecimentos, Almedina, Coimbra: 1999.
VARELA, JOÃO DE MATOS ANTUNES, Das Obrigações em Geral, vol. I, 10.ª ed.,
Almedina, Coimbra: 2011.
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JURISPRODÊNCIA
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ÍNDICE
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................... 18
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................................... 19
JURISPRODÊNCIA ................................................................................................................................................. 21
ÍNDICE ...................................................................................................................................................................... 22
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