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PARADIGMA E BRUXARIA

Por Cassia Larrubia


Conteudista de Bruxaria Moderna
“Na Filosofia grega, paradigma era considerado a fluência (fluxo) de um pensamento, pois através de vários pensamentos do mesmo assunto é que se
concluía a ideia, seja ela intelectual ou material. Após a realização dessa ideia surgiam outras ideias, até que se chegasse a uma conclusão final ou o seu
caminho desde a intuição, à representação sensível até a representação intelectual. Pensar que a ideia inicial, é tanto intelectual como factual, pois não
conta com a inspiração e os diversos fluxos de pensamento.
Em Linguística, paradigma é entendido como paradigma o conjunto de elementos similares que se associam na memória e que assim formam conjuntos
relacionados ao significado (semântico). Distinguindo-se do encadeamento sintagmático de elementos, ou seja, relacionados com o sintagma enquanto
rede de significantes (sintático).”*
Esses dois parágrafos são extraídos de textos já escritos que resolvi utilizar para trazer uma definição formal do que significa paradigma. Quando
utilizamos essa palavra para fazer de espiritualidade, a entendo como um conjunto de ideias que cria um sistema de crenças que pode ser estruturado e
seguidos por outras pessoas, em maior ou menor grau.
Se você perguntar para um católico como Jesus é o salvador, a ideia dele será diferente da de um protestante. Cada um vai entender a salvação vinda de
Jesus de uma maneira. O personagem (Jesus) é o mesmo, mas a maneira como o sistema de crenças de cada grupo foi formado e como as pessoas
vivenciam esse paradigma é diferente.
Dentro da bruxaria existem muitas ramificações. Bruxaria Tradicional, Bruxaria Moderna, Wicca, Reconstrucionismo, Feitiçaria, Stregheria etc. Cada
uma dessas ramificações tem seus conceitos, conjunto de práticas, crenças e rituais. Cada uma faz sentido para um conjunto de pessoas e são esses
quem devem vivenciá-las, praticá-las e defendê-las. Para saber qual o sistema de bruxaria que faz sentido para si mesmo, é importante conhecer ao
menos basicamente diversos “galhos” que vêm da “árvore-mãe” e então tomar as decisões de rumo.
É importante também entender que essa escolha não quer dizer que exista um contrato vitalício que te obrigue a seguir esse sistema para sempre. Na
minha opinião, somos seres que possuem uma espiritualidade livre e que pode ser adequada ao momento em que você vive. E somos pessoas que
mudam durante a vida. Assim, eu posso ser uma bruxa moderna ligada a Wicca e, em um determinado momento, perceber que esse modelo não me
serve mais, que eu consigo me desenvolver melhor ou me adequar melhor à Bruxaria Tradicional, por exemplo.
Isso geralmente acontece quando começamos nossos estudos. A Wicca é uma porta de entrada bem popular por conta da facilidade de conseguir
informações, locais para assistir palestras, rituais abertos etc. Certamente, num segundo momento, uma pessoa que se descobre verdadeiramente
Wiccana vai trilhar seus passos dentro da religião e ser feliz ali. Em outros casos, uma pessoa pode ter seu caminho aberto pelo paradigma Wiccano e
depois sentir que essa não é a espiritualidade que fala ao seu coração e a descobre na Stregheria, por exemplo.
E está tudo bem. Podemos seguir nossos caminhos sem desvalidar o caminho dos outros. Essa é uma lição importante e, antes de começarmos a falar
um pouco mais sobre Bruxaria Moderna em si, achei importante pavimentar nossa estrada com esses conceitos. Eu mesma – e acredito que muitos, mas
muitos mesmo de nós – tivemos momentos da vida em que, para validar nossas crenças, precisávamos desvalidar as dos outros. “Isso é bruxaria!”,
“Isso não é bruxaria!”. “O certo é rodar pelo Norte!”, “Não, o certo é rodar pelo Sul!”. Mas um dia, se conseguimos amadurecer em nossas
espiritualidades e em nossas vidas, percebemos que nada disso importa. Que existe muito a se estudar, praticar e dialogar. E que tudo bem se alguém
pensa diferente de nós.
É dessa maneira que gostaria que vivenciemos nossas conversas por aqui. Entendendo que existem pontos de vistas diferentes do meu, do seu, daquele
autor fodástico, e que tudo bem. Desde que, é claro, a gente tenha uma noção do universo em que vamos atuar. Como diz um Mago do Caos que
conheço (virtualmente): “Pode tudo, só não pode qualquer coisa”.
Até o próximo post!
* Fonte: Wikipedia.

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