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TOM E SEMITOM
Objetivos
• Distinguir tons e semitons, cromáticos e diatônicos.
• Reconhecer e entoar alterações ascendentes, descendentes e notas enarmônicas.
Conteúdos
• Tom e semitom – escrita, reconhecimento auditivo e entoação.
• Alterações e enarmonia.
• Organização de tons e semitons na escala diatônica maior.
• Solfejos.
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© PERCEPÇÃO, NOTAÇÃO E LINGUAGEM MUSICAL
UNIDADE 3 – TOM E SEMITOM
1. INTRODUÇÃO
Iniciaremos agora a nossa terceira unidade de estudo, dando continuidade ao que já
vimos nas unidades anteriores.
Nesta unidade, vamos conhecer aspectos melódicos da música, identificando tons
e semitons, tanto na sua forma escrita como em exercícios de reconhecimento auditivo e
entoação.
Em seguida, vamos estudar como esses elementos se organizam em uma escala diatônica
maior, reconhecendo essa escala pela sua formação e percepção auditiva.
É importante que você compreenda o significado de todos os elementos da linguagem
musical, pois esse entendimento será fundamental ao longo de todo nosso estudo de
Percepção, Notação e Linguagem Musical.
2.1. ALTERAções
Alterações ascendentes
Alterações ascendentes podem ser de dois tipos:
• Sustenido: eleva a altura da nota natural em um semitom (ou meio-tom).
• Dobrado sustenido: eleva a altura da nota natural em dois semitons (ou um tom).
Veja a Figura 1 a seguir.
Nota natural é aquela que não possui nenhum acidente, como sustenido, bemol etc.
Observe que o acidente é sempre grafado na pauta antes da nota que será alterada.
No entanto, ao mencionarmos a nota alterada, devemos dizer o nome da nota e a alteração
depois – por exemplo, “Fá sustenido”. A alteração é válida para todas as notas de mesmo
nome e altura que estejam dentro de um mesmo compasso (ALVES, 2005).
Alterações descendentes
As alterações descendentes podem ser de dois tipos:
• Bemol: abaixa a altura da nota natural em um semitom (ou meio-tom).
• Dobrado bemol: abaixa a altura da nota natural em dois semitons (ou um tom).
Veja agora a Figura 2.
Alteração variável
Uma alteração variável é chamada de bequadro: ele cancela o efeito dos acidentes
anteriores, tanto ascendentes como descendentes, tornando a nota natural. O bequadro pode
elevar ou abaixar a altura da nota, dependendo da alteração anterior (Figura 3):
Figura 3 Bequadro.
Na música ocidental, o menor intervalo adotado pelo nosso sistema musical é o intervalo
de semitom (ou meio-tom). No sistema natural, fundamentado em cálculos acústicos e
matemáticos, existem semitons maiores e menores. Já no sistema temperado, uma oitava é
dividida em 12 semitons iguais.
Segundo Med (1996, p. 30), "O sistema natural é mais afinado, mas é, por outro lado,
bastante complexo. O sistema temperado, por sua vez, é menos afinado, porém mais prático".
Ainda conforme o mesmo autor:
[...] O menor intervalo entre dois sons é, na verdade, a diferença de uma vibração (por exemplo
entre uma nota com setenta e outra com setenta e uma vibrações por segundo). O sistema musical
ocidental utiliza somente uma seleção semitonal dos sons existentes. Algumas culturas orientais
(japonesa, chinesa, árabe, hebraica, indiana, etc.) utilizam em seu sistema musical frações menores
do que um semitom (um quarto de tom, um oitavo de tom, etc.) (MED, 1996, p. 30).
Os semitons equivalem a duas teclas vizinhas num piano ou teclado, ou a trastes vizinhos
no violão. As teclas do piano ou trastes de um violão ou guitarra são separados uns dos outros
por intervalos de semitom (CHEDIAK, 1986; GUEST, 2006).
Muitas vezes, temos dificuldade para percebermos auditivamente ou para entoarmos um
intervalo de semitom. É preciso estar muito atento para que não haja nenhuma desafinação
nesse intervalo. Se dividirmos um tom em 9 partes, encontraremos nove comas (do grego
koma). Perceber ou entoar uma coma é uma missão quase impossível para nossos ouvidos
ocidentais, acostumados apenas com intervalos de semitons.
No sistema natural, os semitons possuem tamanhos diferentes, mas, no sistema temper-
ado, essa diferença foi abolida, igualando-se os semitons cromáticos aos diatônicos (4 comas
e meia para cada semitom).
Existem duas espécies de semitom: cromático e diatônico.
Cromático
Um semitom cromático é formado por duas notas de mesmo nome e entoação diferente,
como aparece na Figura 5:
Diatônico
Um semitom diatônico é formado por duas notas diferentes (sons sucessivos), conforme
está representado na Figura 6:
Os semitons Mi-Fá e Si-Dó, além de naturais, são vistos como semitons diatônicos, pois
formam-se de notas com nomes diferentes.
A mesma situação ocorre entre as notas Ré e Mi, Fá e Sol, Sol e Lá, e Lá e Si. Entre Mi e Fá,
no entanto, não encontramos uma tecla a mais. Então, entre essas notas, há o que chamamos
de semitom natural (Figura 9). O mesmo fato pode ser percebido entre as notas Si e Dó.
Mais tarde, veremos que essa ordem de tons e semitons é comum a todas as escalas
diatônicas maiores. Todas essas escalas irão obedecer à mesma sequência de tons e semitons,
de acordo com o modelo da escala de Dó maior.
2.4. ENARMONIA
Enarmonia é a substituição de uma nota por outra, que, apesar de ter nome e escrita
diferentes, representa o mesmo som, ou seja, as duas notas apresentam o mesmo resultado
auditivo.
A enarmonia surgiu como consequência do sistema temperado, que iguala os semitons
cromáticos e diatônicos.
Para cada nota, podem ser encontradas duas notas enarmônicas, com exceção de Sol
sustenido e Lá bemol, para as quais só existe essa enarmonia.
Observe a pauta a seguir (Figura 12): cada compasso apresenta três possibilidades de
escrita para a mesma nota – notas enarmônicas. No 9º compasso, há apenas duas possibilidades
(Sol sustenido e Lá bemol).
Exercícios
E agora, que tal praticar? Para cada nota dada a seguir, escreva duas opções de notas
enarmônicas, conforme o exemplo. Depois, confira suas respostas!
Respostas
As soluções para os exercícios anteriores são:
1) Ré dobrado sustenido; Mi; Fá bemol.
2) Mi sustenido; Fá; Sol dobrado bemol.
3) Lá dobrado bemol; Sol; Fá dobrado sustenido.
4) Ré bemol; Dó sustenido; Si dobrado sustenido.
5) Lá; Sol dobrado sustenido; Si dobrado bemol.
2.5. solfejo
Quando você perceber que está entoando essas notas com facilidade, insira o Fá 3 no
grupo de notas que estão sendo estudadas.
Observe que, até este momento, trabalhamos apenas com intervalos de tom. Agora,
vamos trabalhar, também, com intervalos de semitom, inserindo o Mi 3 e o Dó 4.
Quando entoamos a escala dessa forma, estamos cantando graus conjuntos, ou seja,
graus vizinhos.
Vamos treinar a entoação da escala utilizando graus disjuntos, começando com a
seguinte sequência de graus: I – III – V – III – I.
Entoemos uma nova sequência de graus disjuntos, utilizando os graus IV e VI, da seguinte
forma: I – IV – VI – I – VI – IV – I. Até esse momento, não há preocupação com o ritmo, estamos
nos concentrando apenas no aspecto melódico.
3.1. ALTERAÇÕES
Conforme vimos nesta unidade, as alterações (que também podem ser chamadas de
acidentes) são sinais que, ao serem colocados antes das notas musicais, modificam a sua
entoação natural. Essas alterações podem ser ascendentes ou descendentes, mudando a
entoação da nota em um semitom ou um tom (alterações dobradas).
Os textos indicados a seguir complementam o que já foi abordado nesta obra, mostrando
alguns aspectos importantes relacionados às alterações musicais.
• BACKES, E. Teoria musical. 2013. Disponível em: <http://www.evertonbackes.com/
resources/Apostila%20Teoria%20Musical.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015.
• RIBEIRO, A. Teoria musical. Disponível em: <https://alfredoribeiro.wordpress.com/
teoria-musical/>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Vimos que o semitom é o menor intervalo utilizado na música ocidental. Dois semitons
formam um tom e, no sistema temperado, todos os semitons têm o mesmo tamanho: 4,5
comas.
Para seu aprimoramento nesse tópico, acesse os seguintes links:
• ACADEMIA MUSICAL. Tons e semitons. Disponível em: <http://www.academiamusical.
com.pt/tutoriais/tons-e-semitons/>. Acesso em: 17 jul. 2015.
• ADAMS, R. Tom, semitom e alterações. 2005. Disponível em: <http://www.jazzbossa.
com/teoria/aulas/20.tomsemitom.html>. Acesso em: 17 jul. 2015.
3.3. ENARMONIA
Ao estudarmos o tópico sobre enarmonia, vimos que ela surge como consequência do
sistema temperado. Observamos que todas as notas musicais apresentam duas possibilidades
de enarmonização, com exceção de Sol sustenido e Lá bemol, para as quais não há uma
segunda possibilidade.
As leituras indicadas a seguir irão complementar o que foi apresentado nesse tópico.
• PORRES, A. T.; MANZOLLI, J. Sistemas de afinação: um apanhado histórico. In:
SEMINÁRIO DE MÚSICA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2., 2005, Campinas. Anais...
Campinas: Unicamp, 2005. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.
php?pid=MSC0000000102005000100016&script=sci_arttext>. Acesso em: 17 jul.
2015.
• SIMIONATO, A. L.; DIAS, M. P. M. A relação matemática e música. Disponível em:
<http://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/
sumario/9/18052011154859.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Qual o menor intervalo adotado pelo sistema musical ocidental?
a) Tom.
b) Coma.
c) Semitom.
d) Sistema temperado.
3) Assinale a alternativa que apresenta uma possibilidade de enarmonia para as notas Si e Mi bemol:
a) Dó bemol e Fá dobrado bemol.
b) Dó sustenido e Ré sustenido.
c) Lá dobrado sustenido e Ré bemol.
d) Lá sustenido e Ré dobrado sustenido.
4) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas alternativas a seguir. Depois, escolha a alternativa que representa a
correta ordem de “V” e “F”.
( ) Os semitons naturais também podem ser considerados cromáticos.
( ) Mi – Fá e Lá – Si são semitons naturais.
( ) Lá sustenido é enarmônico de Si bemol.
( ) A escala diatônica é formada por 5 tons e 2 semitons.
a) V – F – V – V.
b) F – F – V – V.
c) V – V – F – F.
d) V – V – F – V.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) a.
4) b.
5. considerações
Chegamos ao final da terceira e última unidade, na qual você teve a oportunidade de
compreender a diferença entre semitons cromáticos e diatônicos, e tons, e como eles se
organizam no contexto de uma escala diatônica maior. Apresentamos, também, as alterações
ascendentes e descendentes, bem como o conceito de enarmonia.
Todas as unidades desta obra trabalharam com conceitos básicos de linguagem e
notação musical. É muito importante que esse conteúdo seja bem compreendido, uma vez
que ele servirá de base para todo o conteúdo sequencial de Percepção, Notação e Linguagem
Musical. No apêndice desta obra, você encontrará exemplos e definições de sinais diversos
que complementam a linguagem musical.
Lembre-se de que o Conteúdo Digital Integrador ampliará seu conhecimento sobre o
assunto.
Logo você iniciará os estudos de intervalos, escalas maiores e menores, e continuará
desenvolvendo os conteúdos relacionados a aspectos rítmicos e melódicos da música,
adquirindo mais habilidades específicas para qualquer atividade musical.
6. e-REFERÊNCIAS
CARDOSO, B.; MASCARENHAS, M. Curso completo de teoria musical e solfejo. São Paulo: Irmãos Vitale, [19--]. Disponível
em: <https://books.google.com.br/books?id=_zQCnNWc3vMC&printsec=frontcover&dq=isbn:8585188170&hl=pt-
BR&sa=X&ei=l4OJVdCwAcyw-AHTyoHQBw&ved=0CB0Q6AEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 17 jul. 2015.
LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1987. Disponível em: <http://minhateca.
com.br/aw845992/1/comp*c3*aandio+de+teoria+elementar+da+m*c3*basica+-+osvaldo+lacerda,41371744.pdf>. Acesso
em: 23 jun. 2015.
NOBRE, J. Apostila de teoria musical. Fortaleza: Secretaria da Cultura do estado do Ceará, 2008. p. 1-27. (Projeto Fortalecimento
Musical). Disponível em: <http://www2.secult.ce.gov.br/Recursos/PublicWebBanco/Partituraacervo/Apt000002.pdf>.
Acesso em: 17 jul. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, L. Teoria musical: lições essenciais. São Paulo: Irmãos Vitale, 2005.
CHEDIAK, A. Harmonia e improvisação I: 70 músicas harmonizadas e analisadas. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986.
GUEST, I. Harmonia: método prático. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006.
LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi, 1967.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
1. Introdução
Se observarmos atentamente uma partitura musical, veremos que ela contém muito
mais do que apenas notas, pausas e compassos. Existem sinais específicos para indicar
dinâmica, andamento e acentuação, além dos sinais que servem para evitarmos o excesso de
repetições na escrita musical, ou simplesmente sinais determinados para facilitar a leitura de
determinadas notas ou trecho musical.
Cada nova informação acrescentada à partitura dependerá de um sinal específico para
informar ao intérprete exatamente como deverá ser feita a execução musical.
Neste apêndice, veremos alguns dos sinais mais comuns em música e conheceremos o
significado e a utilização de cada um deles.
2. sinais de dinâmica
Conforme vimos na primeira unidade, a intensidade do som varia de acordo com a
amplitude da vibração. Quanto maiores forem as amplitudes das vibrações, mais forte será o
som. A graduação dessa intensidade do som em música chama-se dinâmica.
A dinâmica é indicada geralmente por abreviaturas de termos italianos, colocados sob
ou sobre a pauta. Normalmente, utilizam-se as abreviaturas representadas no Quadro 1 e na
Figura 1 a seguir:
p piano (suave)
f forte (forte)
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Apêndice – Sinais Musicais Diversos
Embora não seja comum, pode-se aumentar os símbolos de p ou f para indicar dinâmicas
extremas. Tchaikovsky, por exemplo, utilizou pppppp em sua sinfonia nº 6 (compasso 160).
Aos termos básicos podem ser acrescentadas as palavras: poco (um pouco); più (mais);
sempre (sempre); meno (menos); molto (muito) e subito (repentinamente).
Para aumentar ou diminuir gradativamente a intensidade do som, usam-se as palavras
ou abreviaturas: Crescendo (cresc.), Decrescendo (decresc.) ou Diminuendo (dim.).
3. SINAIS DE ACENTUAÇÃO
Além dos sinais de dinâmica, podem ser utilizados sinais de acentuação, que indicam
especificamente as notas que devem ser acentuadas. Veja alguns desses sinais a seguir:
1) Marcato: indica que a nota deve ser atacada com vigor e, em seguida, suavizada.
2) Tenuto: indica que a nota conserva a intensidade original rigorosamente até o fim
da figura.
3) Staccatto: indica que a nota é articulada de modo separado e seco.
4) Forte piano: indica que a nota deve ser atacada forte, e imediatamente prosseguir
em piano (sem decrescendo).
Linha de 8ª
Para evitar o excesso de linhas suplementares em regiões muito agudas ou muito graves,
pode-se utilizar a linha de oitava, indicando que a melodia deve ser executada uma oitava
acima (grafada acima da melodia), ou uma oitava abaixo (grafada em baixo da melodia), como
aparece na Figura 3.
4. sinais de repetição
Os sinais de repetição são os seguintes:
• Ritornello: sinal que indica a repetição de um trecho musical. O trecho entre os
sinais de ritornello deverá ser executado duas vezes (Figura 4).
Figura 4 Ritornello.
Se o trecho a ser repetido começa no início da peça, o sinal de repetição só precisa ser
colocado no final do trecho. Todo o trecho será repetido (Figura 5).
• Da Capo (D.C.): indica a repetição da música desde o seu início. A expressão "D.C. al
Fine" indica a repetição da música desde o seu início até onde está escrito Fine (Figura 7).
Figura 7 Da Capo.
• Dal Segno (D.S.): indica que a melodia deve ser repetida desde o sinal ( ), como
está representado na Figura 8.