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Transformacao e a ~
Igreja Local

C l e i to n A l ve s d e O l i ve i ra , Ed i to r
"TRANSFORMAÇÃO
E A IGREJA LOCAL"

Módulo I: Mobilização para a Missão


Habilidades: Tomar iniciativa, planejar, aplicar a perspectiva da integralidade na exegese
bíblica e social, usar conceito de desenvolvimento e adequação.

Páginas
1 O Papel da Igreja na Sociedade 04
2 Mínimo Irredutível 09
3 Lucas 2.52 e o Desenvolvimento de Jesus 14

Módulo II: Estratégias de Intervenção Comunitária


Habilidades: Organizar informações e ideias, elaborar alternativas de enfrentamento
para situações-problema.

Páginas
4 Disciplina de amor 19
5 A Roda da Sabedoria 24
6 Matemática do Reino 29

Módulo III: Identificação e Gestão de Recursos Locais


Habilidades: Desenvolver estilo de vida de serviço, administrar tempo, relacionamentos
e novos recursos sob a perspectiva da integralidade.

Páginas
7 Propósitos de Deus e a Janela da Igreja 34

Módulo IV: Organização para Intervenção Comunitária


Habilidades: Planejar, promover trabalho em grupo, exercer liderança-serva.

Páginas
8 Sementes e Projetos-Semente 42

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APRESENTAÇÃO

Há algum tempo no trabalho da Harvest temos feito a seguinte pergunta: E se


Jesus fosse o Prefeito da nossa comunidade? Você já pensou nisso? Há alguns anos, em
uma comunidade em Honduras, Bob Moffitt, fundador-presidente da Harvest,
conversou com um grupo de pastores que estavam desencorajados. Enquanto estavam
ali, Deus irrompeu com uma visão estimulante e uma pergunta: "E se Jesus fosse o
Prefeito da sua comunidade?" Mentalmente eles andaram com Jesus pelas ruas, O
viram chorar ao ver pessoas sofrendo e tiveram um lampejo da Sua visão para a
comunidade.

A igreja - o Corpo de Cristo aqui na terra - tem tremendo potencial e


responsabilidade. Ela foi comissionada e equipada por Jesus Cristo. Naquele dia em
Honduras, Bob pensou: "O Corpo de Cristo deveria servir a comunidade da mesma
maneira que Jesus serviu!" Ele entendeu que Jesus é o Prefeito das nossas comunidades
e que Ele trabalha através do Seu agente transformador, a igreja... nós! Este é o plano
dEle, Sua grande agenda para a Sua representante na terra.

Através dos ensinos da Harvest, tratamos do tipo de evangelismo-discipulado


que leva pessoas a um relacionamento transformador e crescente com Cristo, e que os
leva ao discipulado das nações através da igreja. Uma das nossas convicções é que a
igreja é a principal entidade para curar as feridas do mundo e ensinamos como fazer isso
usando Disciplinas de Amor, Projetos-Semente e a Janela da Visão.

Frequentemente encontramos igrejas com enfoque desequilibrado e restrito


ao ministério espiritual. Muitas nunca aprenderam que Deus ordena que seus filhos
demonstrem de forma intencional e ativa a sua compaixão diante das necessidades
físicas e sociais de todos. Geralmente lhes faltam a estratégia e a instrução bíblica para
isso. Em todo lugar em que ensinamos - em mais de trinta países nos últimos vinte anos
- vemos líderes de igrejas que têm senso de urgência quanto ao chamado de Deus para
fazer mais, muito mais do que cultos dominicais. Nossos ensinos vão desafiar todos que
estejam prontos para levar a si mesmos e às suas congregações a uma prática de serviço
mais profunda.

A agenda de Deus começa com a salvação espiritual de cada indivíduo,


primariamente através do ministério da igreja local, mas continua até o discipulado das
nações! Vamos examinar as Escrituras sob a perspectiva da ampla agenda de Deus para
a igreja. Um dos membros da nossa equipe, que serviu anteriormente em outro
ministério, fez a seguinte observação: "Não posso imaginar quantas vezes ensinei esta
passagem, mas eu nunca tinha visto as suas amplas implicações. No entanto, estão bem
aqui!" É esse tipo de revelação que esperamos que você tenha, enquanto participa desse
treinamento. Nossas lições são repletas de histórias da vida real sobre serviço amoroso.
Oramos que você compartilhe do mesmo espírito sacrificial, dedicação e criatividade do
povo de Deus ao redor do mundo!

Cleiton e Eleuza Oliveira com a equipe da Harvest Brasil


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1 O Papel da Igreja na Sociedade

Em que mundo vivemos?

Com que frequência lemos jornais? Vamos supor que as notícias que lemos hoje são
verdadeiras. Os jornais informam que estamos em grande necessidade. Milhares de pessoas
continuam morrendo de Covid-19, AIDS e milhares de crianças são infectadas em idade precoce.
Há guerras, corrupção alarmante, fome e desastres naturais. À nossa volta, o mundo busca cura
voltando-se para a sabedoria humana e gerando formas próprias de desenvolvimento e
tecnologia.

No entanto, o que vemos? O melhor da sabedoria humana não é capaz de curar o


mundo ferido. Um exemplo disso é o Haiti, país devastado por conflitos e desastres, onde foram
investidos milhões de recursos e realizados projetos de desenvolvimento - o Haiti continua pobre
e ferido como sempre foi. O mundo ferido recebe ajuda, mas não mostra mudanças. Isso deixa
claro que a sabedoria humana não é capaz de atender as necessidades sobre as quais lemos
diariamente nos jornais.

Leitura bíblica não antropocêntrica

2 Crônicas 7.14 nos mostra as condições de cura para o mundo ferido: quem sara a
terra é Deus, em resposta à fé e obediência dos que o temem. As instruções para a cura dos
povos estão nas Escrituras que revelam os sublimes propósitos divinos.

Quais são os interesses e as preocupações de Deus? Muitas vezes, em nossas igrejas,


pensamos que Deus só se preocupa com questões espirituais. Se pensamos assim, ainda não
aprendemos a ler as Escrituras com a perspectiva da cura integral. Ainda não percebemos que o
Deus que criou TODAS as coisas, se interessa por TODAS elas. Deus poderia nos ter feito seres
apenas espirituais e assim tratar apenas com esta parte da vida. No entanto, Ele nos fez com
corpo, habitando o mundo físico. Gênesis 1 descreve isso e conta que a avaliação de Deus sobre
a criação foi boa. Deus trouxe o dilúvio para consumir aqueles que destruíram a criação dele. Em
Gênesis 9.8-17 aprendemos uma verdade que nos descentraliza - deixamos de ser
antropocêntricos. Esta verdade é que Deus fez sua aliança com Noé, mas também com toda a
criação (descrita 6 vezes neste texto). Isto é muito importante para pessoas preocupados apenas
com a salvação de almas.

Além da criação, Deus se preocupou com as nações - existem cerca de 2.000


referências às nações nas Escrituras e o NT termina com a referência de que as nações trarão a
sua glória para Jesus (Apocalipse 21.24). Em tudo isso estamos tratando do propósito cósmico de
Deus. Que propósito é este? João 14.7 e 9 nos diz que Jesus é a imagem de Deus. Por que Jesus
derramou seu sangue? Podemos ter respostas prontas e dizer que foi "para irmos para o céu" e
"para salvar almas". Colossenses 1.20 nos ensina que foi para reconciliação de TODAS as coisas.
Isto nos ajuda a ler João 3.16 de maneira não antropocêntrica, pois este texto nos diz que Deus
amou o mundo, o cosmos e não apenas as pessoas do mundo, antropos.

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De quem é a responsabilidade?

Efésios 1.22-23 nos ensinam que a plenitude de Deus estava em Cristo e que a
plenitude de Cristo está na igreja. Logo, a igreja deve ter o mesmo interesse de Deus. Mas,
quando olhamos para a igreja, o que vemos? Vemos uma comunidade pecadora e também
ferida. A proposta bíblica não corresponde à igreja que conhecemos. Efésios 3.17b-19 nos mostra
que o amor é a plenitude de Cristo, é o que a igreja deve expressar. Efésios 4.11-13 revela o
propósito deste amor. Todo obreiro atuante na igreja deve equipá-la para expressar o amor de
Deus, pois a descrição dos dons tem um ponto central: preparar pessoas para amar de forma
concreta através do serviço. Todos entram no ofício por portas diferentes, os diferentes dons,
mas com a mesma tarefa: equipar para amar ou servir. Assim, o resultado do amor em ação é
que há unidade. Quando há divisões, não estamos focalizando no ponto de vista bíblico e central,
estamos nos dispersando com diferenças teológicas e sociais. A unidade vem ao cumprirmos
nosso chamado. Assim, o trabalho primordial da liderança é equipar o povo de Deus para o
serviço.

O propósito de Deus para a igreja

Efésios 3.10 mostra que o propósito de Deus para a igreja é que ela seja
administradora do multiforme plano de Deus. Ela mostrará isso até para principados e
potestades. Na história do cristianismo vemos épocas em que a igreja funcionou de acordo com
este propósito. Em Atos 1 lemos sobre 120 membros da igreja, tímidos e trancados. Em três anos
havia 6 milhões de cristãos que mudaram toda a visão de 600 milhões de pessoas no Império
Romano. O entendimento deste propósito é sinal de maturidade na vida com Deus. Dizem que
à medida que amadurecem, os filhos se parecem mais com seus pais. Assim acontece com
nosso Pai Celestial e a igreja.

O entendimento da figura apresentada em Efésios pode ser facilitado com uma


comparação básica. É como seria um jogo de futebol, em que Jesus seria o técnico e o jogo seria
assistido até por principados e potestades. Nem sempre a igreja entende o esquema de jogo do
treinador. Mas, quando entende e joga com entusiasmo como Ele ordena, faz muitos gols.
Quando ensinamos à liderança da igreja estamos ensinando às pessoas mais importantes da
nação, pessoas com a tarefa de transformar o mundo.

O que nos impede?

A igreja tem potencial impressionante. É propósito de Deus que ela discipule nações,
uma pessoa ou uma família de cada vez, por toda sua vida. Agindo assim, a igreja tem potencial
para impactar todas as áreas da sociedade.

Durante épocas de pragas, quando milhares de pessoas morriam, os cristãos se


diferenciaram como pessoas que atendiam os enfermos. Com sua demonstração concreta de
amor, o cristianismo se expandiu. A expressão de amor fez diferença. Por que não vemos isso
hoje? Esse problema não é novo, também era visto entre o povo de Deus no VT. Isaías 58 mostra
o que está errado.

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Exercício
Ler Isaías 58.1-5 e resumir com uma frase o que Deus está dizendo ao povo.

Nesse texto o profeta trata do conflito que o povo de Deus enfrentava porque não
entendia o que significava adorar a Deus. Deus disse que eles faziam "atividade religiosa", mas
Ele não os ouvia. Em contraste, temos uma história contemporânea em Ruanda, onde um casal
adotou oito crianças vítimas do genocídio que aconteceu naquele país. Este foi um ato de
adoração. Isaías fala que adoração só de atividades religiosas não é aceitável. Adoração deve ser
acompanhada de gestos que revelam o propósito de Deus. Isaías 58 mostra um pecado não
intencional (Levítico 4.2, 13) do povo de Deus, a sua ocupação com atividades religiosas sem
expressão de misericórdia. Isso precisa de arrependimento e confissão. Infelizmente, nossa
tendência é focalizar uma coisa ou outra, mas Deus quer as duas.

Nossa Grande Comissão (Mateus 28.19-20) é o discipulado das nações, nosso Grande
Mandamento diz respeito à maneira como as nações são discipuladas. Aqui temos a dimensão
vertical de relacionamento com Deus e a dimensão horizontal de relacionamento com o
próximo. Por si só, nossa pregação não resulta no discipulado das nações; pregamos, pregamos,
pregamos e não vemos a mudanças significativas. Nossa falta de arrependimento e mudança
de rumo em relação ao pecado não intencional precisa ser vencida.

Pecado e ignorância são situações permanentes na existência humana que


impedem pessoas em necessidade de enxergar o propósito de Deus para sua vida e funcionam
como um muro. O que devemos fazer com este “muro”?

Identidade e definição de papel

Jesus oferece um modelo vivo para sua igreja. O modelo de Jesus tem existência na
história, em diferentes sistemas de valores culturais, com diferentes grupos de pessoas e é capaz
de ajudar cristãos autênticos a encontrar sua identidade em Cristo. Mateus 16.13-20 focaliza esta
realidade. Jesus pergunta como seus discípulos viam sua identidade, mas eles responderam
conforme a visão comum da época, quanto ao ressurgimento de um profeta.

Pergunta de descoberta:

Quando pessoas têm clareza sobre a identidade de Cristo, qual o resultado disso na
existência delas?

No texto de Mateus, Jesus revela Sua preocupação com Seus seguidores mais
próximos e faz perguntas diretas a eles (v. 15). Pedro declara que Ele era o Rei e Libertador, o
Ungido de Deus esperado pelos israelitas, o cumprimento das promessas divinas. Embora esta
declaração fosse completa e profunda, os discípulos ainda precisavam de entendimento
completo e profundo sobre a identidade de Cristo, pois, ter clareza sobre a identidade de Cristo
deveria resultar em clareza sobre o papel dos seus seguidores no Reino, como agentes do
Messias prometido. Onde há clareza da identidade de Cristo, há compromisso de existência em
fé obediente ao que Ele mandar - sem desculpas.

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"Carne e sangue" (v. 17) era expressão idiomática dos judeus para designar "pessoas
em geral" e aqui contrasta com a revelação que vem de Deus. O nome "Pedro" já havia sido dado
a Simão, quando Jesus o encontrou pela primeira vez (João 1.42). Aqui Jesus dá novo significado
ao nome. Assim como Pedro revelou a identidade de Cristo, Cristo revelou a identidade e o papel
de Pedro, como pessoa que sabia a importância de quem Jesus era. A igreja foi construída por
pessoas que compartilham dessa "pedra" fundamental, todos que se unem pela fé em Jesus
Cristo, a fé que Pedro expressou aqui (v. 18).

A esta igreja foi dado poder. Ela é indestrutível e tem a proteção de Deus. O conceito
de "ligar e desligar" (v. 19) explica que há autoridade divina por trás das ações terrenas dos
seguidores do Messias. Entre os judeus, este era conceito rabínico que poderia ter dois
significados: (1) estabelecer regras ou (2) disciplinar. Na definição de papel dos seguidores, Jesus
deixa claro que os discípulos estabeleceriam regras e exerceriam disciplina mútua, edificando a
comunidade de Deus. No entanto, os discípulos ainda não estavam prontos para seguir com esta
tarefa, ainda era necessário que Jesus sofresse, morresse e ressuscitasse. Por isso Ele os adverte
a guardar silêncio (v. 20).

O papel da igreja na sociedade

1 Coríntios 12.14-20 descreve outra figura da igreja, além do edifício visto


anteriormente. O corpo mostra harmonia dos membros funcionando com dinamismo; é
contrário à ideia de Babel (Gênesis 11.4, 6), onde o centro da adoração é o homem com suas
estruturas (físicas e organizacionais). Por que Jesus quer edificar sua igreja? Porque (1) não
podemos vencer as portas do inferno com nossos recursos; (2) não podemos vencer as crenças
nem a ação do joio (Mateus 13.24-30) e (3) Ele deseja um modelo dinâmico (corpo) e não estático
(torre). O modelo de igreja de Jesus precisa ser flexível para entrar em diferentes culturas e
transformar nações pelo discipulado. Ela precisa ter agilidade para fazer discípulos de todas as
nações.

Os textos seguintes ilustram outros quadros da igreja. Para cada um deles, vamos
relacionar a ilustração bíblica com o propósito de Deus para a nossa igreja:

Zacarias 3.8: símbolo de coisas por vir: "Ouçam bem, sumo-sacerdote Josué e seus
companheiros sentados diante de você, homens que simbolizam coisas que virão”.

João 17.18: embaixada do Reino: "Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao


mundo”.

Mateus 5.13a e 14a: sal que purifica, lâmpada nas trevas: "Vocês são o sal da
terra...Vocês são a luz do mundo."

Filipenses 2.5-8: servo obediente: "Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo... humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte".

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2 Coríntios 3.2-3: carta lida por todos: "Vocês mesmos são a nossa carta, escrita
em nosso coração; conhecida e lida por todos.”

1 Coríntios 4.1-2 mordomo confiável: "Que todos nos considerem como servos
de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. O que se requer desses encarregados é
que sejam fiéis.”

1 Pedro 2.12: bom vizinho: "Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para
que, mesmo que eles os acusem de praticarem o mal, observem as boas obras que
vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção."

Romanos 8.19: primícias de algo delicioso: "A natureza aguarda com grande
expectativa que os filhos de Deus sejam revelados.”

No entanto, a igreja é passível de contaminação (Atos 20.28-31, 1 Coríntios 5.1-7),


um retrato da queda, inerte, ossificado. A igreja-estrutura pode ser comparada a um
refrigerador: mantém, guarda, congela. Não é capaz de multiplicar, plantar, frutificar,
transformar algo vivo. Guarda as boas novas com as más novas, mantém o evangelho
como filme a ser processado, mas não o revela em imagens dinâmicas; guarda a
verdade, mas muitas vezes não vive a verdade; diz que Lázaro pode voltar à vida, mas não
é capaz de remover a pedra. Funciona mais como refrigerador ocupada com muitas
coisas, como qualquer outra organização humana.

Perguntas de descoberta:

Como nos vemos trabalhando com a igreja na sua estrutura?

Pregamos mensagem de mudança, mas vivemos cultura de resistência


(congelamento)?

Existe um “muro” de pecado e ignorância que impede o ser humano em


necessidade de enxergar o propósito de Deus para sua vida. O que devemos fazer com
esse “muro”? Construir uma janela, “a janela da igreja”, para que a humanidade ferida
possa ver através dela os propósitos de Deus para a vida.

Referência Bibliográfica
Desenvolvimento de Liderança 2, FatoÉ e Harvest, pp. 168-185

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2 Mínimo Irredutível
Conceito de "mínimo irredutível"

No trabalho da missão integral estamos acostumados com o máximo. Facilmente


ficamos impressionados com programas enormes, custosos e de grande visibilidade. Achamos
que fazer missão integral é "aquilo" - mas aquilo, na maioria das vezes, está tão longe da
realidade das nossas igrejas que, cercados de impossibilidades, sentamos, nos acomodamos e
não fazemos nada. Nem o mínimo.

O que dizemos de uma pessoa, comprometida com Jesus, que dedica algum tempo
da sua semana para ensinar uma atividade vocacional (bordado, sapataria, computação,
carpintaria ou outra) para uma pessoa pobre? Podemos dizer que ela ajudou na ação social, que
fez um gesto bonito, ou... que ela está cumprindo o "mínimo irredutível da Lei de Deus". Ora, o
que isso quer dizer?

Vamos analisar a ideia do "mínimo irredutível". Como pessoas ocupadas, conhecemos


muito bem este conceito quando atendemos expectativas nossas e dos outros em diversas
situações. Para entender melhor, vamos completar as frases a seguir com nossas próprias ideias:

O mínimo, mínimo mesmo que preciso fazer no meu trabalho, para cumprir o meu
contrato, ter bom relacionamento com os colegas e receber o meu salário é...

O mínimo, mínimo mesmo que preciso fazer em casa, para que tudo corra
normalmente, sem discussões e todos estejam atendidos é...

O mínimo, mínimo mesmo que preciso fazer para cumprir meu dever de cidadania
brasileira é...

Como pessoa cristã, o mínimo, mínimo mesmo que preciso fazer para demonstrar
amor pelo meu Deus e expressar a minha fé é...

Reduzir o mínimo é o mesmo que tentar dar um jeito nas coisas, mas com resultado
negativo. Isto pode causar uma advertência no trabalho, um conflito no lar, uma infração civil, e
na vida cristã, uma acomodação a evangelho de superficialidades. O mínimo não se reduz sem
ter consequências danosas. Por isso dizemos que é irredutível.

Existem diferentes maneiras de se completar as frases acima. Não ficaríamos


admirados se a última frase fosse completada assim: "Como pessoa cristã, o mínimo, mínimo
mesmo que preciso fazer para demonstrar amor pelo meu Deus e expressar a minha fé é... ir à
igreja". Atitude louvável. Ir à igreja é gesto valioso que devemos enfatizar muito na educação das
crianças e adultos. No entanto, a perspectiva sobre o "mínimo irredutível" que queremos estudar
aqui nos faz pensar em respostas diferentes. Essas respostas estão ligadas ao trabalho de missão
integral. Somadas umas às outras, respostas simples mas criativas e inspiradas pelo Espírito
Santo nos lembram da advertência de Jesus feita aos fariseus, que embora fossem dizimistas,
desprezavam a justiça e o amor de Deus. "Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer
aquelas" (Lucas 11.42). De que coisas Jesus estava falando?

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Valor de conhecer o "mínimo irredutível"

Como fazemos o trabalho de missão integral? Vamos parar para refletir se sabemos
responder com referências bíblicas à inquietante pergunta sobre qual é o "mínimo irredutível"
da Lei de Deus. Precisamos saber esta resposta para nós mesmos ao organizar o trabalho da
missão integral. Devemos conhecer essa resposta para poder educar filhos, filhas e crianças da
igreja com sabedoria. É urgente comunicar essa resposta para outros, pois desejamos agradar
ao nosso Mestre e Senhor no padrão que Ele estabeleceu para ser servido.

Somos pessoas sendo preparadas para assumir liderança no lar, em diferentes esferas
de trabalho e de influência, e, de forma singular, na casa do Senhor e na sua obra. Por isso
devemos saber, sem titubear, o conceito do "mínimo irredutível" da Lei de Deus. Assim, vamos
considerar se nas atividades a seguir temos deixado claro qual é o mínimo a ser cumprido por
aqueles que O servem com coração sincero e comprometido.

1. Na programação da igreja: Quando definimos as atividades do calendário e a


agenda para um evento, as pessoas que dele participam podem dizer que, ao menos, fizeram o
"mínimo irredutível"?

2. Na estrutura da igreja: Quando pensamos em ministérios, departamentos e cargos,


os voluntários contemplados com responsabilidades a cumprir sabem fazer o "mínimo
irredutível"?

3. No currículo dos seminários: Quando servimos como educadores e professores


titulados, somos capazes de incluir o "mínimo irredutível" como item essencial na formação de
futuros líderes na obra de Deus?

4. Na realização de projetos de missão integral: Qual o elemento mais importante


para ter projetos e ministérios sólidos? Geralmente a resposta que ouvimos para esta pergunta
tem a ver com questões de logística. Equivocadamente, o mais importante são materiais,
pessoas, estrutura, dinheiro e isso e aquilo. Inúmeras vezes não decolamos das nossas boas
intenções no trabalho de ação social porque o mínimo é tanto que não conseguimos nem dar o
primeiro passo.

Instrução bíblica sobre o "mínimo irredutível"

Para responder a questão do "mínimo irredutível" da Lei de Deus, precisamos voltar


para a simplicidade das Escrituras, especialmente para o texto que se encontra em Lucas
10.25-37.

- Nos versos 25 e 29 encontramos uma situação de confronto. O perito na lei puxava


uma discussão teológica com Jesus, que, por sua vez, respondeu ao homem com uma ordem
prática. Isto parece perturbador. Soa desconfortável. Assim era Jesus, Ele abalava as estruturas
estabelecidas, não apenas nas instituições que reconheciam o "perito" e desprezavam o
"humilde", mas na estrutura estabelecida na cabeça e no coração das pessoas. A visão de mundo
(cosmovisão) daquele líder religioso precisava mudar e o Senhor sabia muito bem como
conduzir a conversa com ele, uma conversa tão eficaz que ecoa pelos séculos e tem sobre nós
ainda hoje o mesmo efeito que teve sobre ele no passado. A pergunta do verso 25 é feita
também para os cristãos dos nossos dias: "O que preciso fazer para herdar a vida eterna?" Como
você a responde?

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- O verso 31 nos faz pensar em quem era o sacerdote na história contada por Jesus. Ele
vinha (descia) de Jerusalém, onde, pelo entendimento do contexto, fora oferecer sacrifícios no
templo. Lá, ele tinha oferecido um sacrifício morto. Agora, ao encontrar o homem caído e ferido
deixou de ser, ele mesmo, um sacrifício vivo (veja Romanos 12.1-2) e passou de largo. Dizem que
o problema com o sacrifício vivo é este mesmo, ele escapa do altar. Isto nos faz pensar sobre qual
foi o pecado do sacerdote. Ele não pecou como os bandidos, agredindo o homem caído, mas
certamente pecou e agrediu o ferido com a sua negligência em ajudá-lo (veja Tiago 4.17). O
mesmo aconteceu com o levita (v. 32), que, talvez, percorrendo a v9ia estreita e sinuosa, vira o
sacerdote (seu superior na hierarquia religiosa, e consequentemente, modelo) agir daquela
forma. O sacerdote e o levita deveriam estar cerimonialmente limpos para o seu ofício religioso
desempenhado no templo. Assim, podemos pensar, o que o homem ferido representava para
eles? Ele representava um risco, risco de contaminação; isto é, teriam o trabalho de voltar ao
templo para se purificar se entrassem em contato físico com ele. O homem caído era um
estorvo, um problema a ser evitado.

- A cena só muda quando chegamos ao verso 33 e encontramos o samaritano que se


aproxima, vê e se compadece. Aquele homem não reteve o sentimento de compaixão dentro
dele mesmo, mas deu-lhe ampla expressão. Com gestos simples e belos, tornou-se exemplo
possível de ser seguido por qualquer pessoa, em qualquer época, diante de qualquer situação de
necessidade. De onde vinha esse samaritano? Ora, o verso 34 nos dá uma pista disso,
descrevendo o que ele fez: derramou vinho e óleo na ferida do homem caído. Estes itens eram
usados no ritual do templo, de onde, provavelmente o samaritano vinha (pois certamente vinho
e óleo não eram carregados como um "kit de primeiros socorros" na bolsa dos viajantes). Notável
no gesto do samaritano é que, ao participar do ritual no templo ele aprendeu sobre o sacrifício,
ele se inspirou no ritual e depois praticou o ensino em uma situação real da vida. Isso o distinguiu
dos líderes hipócritas que o antecederam no encontro com o ferido. Finalmente, o samaritano
transportou, levou o homem para a hospedagem e tratou bem dele.

- Até aqui ninguém havia falado em dinheiro, o que, muitas vezes, vem como o fator
mais importante, o conceito errôneo do "mínimo irredutível" para os projetos de missão integral.
Muitos dizem que sem dinheiro nada se pode fazer para aliviar o sofrimento humano. Depois de
nove gestos de amor, o verso 35 conta que o samaritano pagou duas moedas de prata e delegou
o cuidado do homem, comprometendo-se com a continuidade do atendimento (ele diz:
"quando eu voltar"), fazendo uma declaração amorosa de compromisso e responsabilidade.

- Qual a semelhança entre o "mínimo irredutível" de Jesus e a maneira como


respondemos à pergunta do verso 25? Como essa resposta é expressa na programação,
estrutura e orçamento das nossas igrejas e nas tarefas requeridas em nossos seminários?

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Cântico para meditar

Medite na letra da canção "O Bom Samaritano", por Babette Wood:

Eu viajava só / Longe de casa / Ladrões bateram muito em mim / Roubaram o que eu tinha

(Refrão)

Oh, quem virá me ajudar, / Levar a minha a dor? / Oh, não quero morrer aqui / Tão longe de casa!

Um sacerdote vem / Ele vai me ajudar; / Não acredito no que vi / O sacerdote se afastou.

Mas outro homem vem / Ele me vê, posso dizer / Oh, ele também se foi / Deixou-me neste sofrer!

Outro homem vem ali / Na minha direção / Ele me mostra compaixão / Será... o meu inimigo?

Samaritano ele é / Me trata como seu igual / Sim, me ama como seu irmão / Tão longe, longe de
casa.

Desafio para nós

O "mínimo irredutível" da Lei de Deus foi explicitamente declarado por Jesus em


Mateus 22.37-39. Nesse texto encontramos Jesus sendo novamente provado por um perito na
Lei, que levantou a questão sobre o maior dos mandamentos, o amor a Deus. A seguir Ele
declara qual é o segundo, semelhante a este. O que o faz semelhante? Se nos voltarmos para o
ensino de 1 João 3.17, encontramos a instrução sobre como pode o amor de Deus permanecer
em alguém. Este amor não deve ser algo que se expressa de palavra ou de boca, mas em ação e
em verdade, que é tão claramente demonstrado na missão integral. Voltemos à pergunta do
perito da Lei em Lucas 10.25: "Que farei para herdar a vida eterna?" Para herdar a vida eterna,
Jesus disse que é importante amar a Deus e ao próximo. Disso depende toda a Lei e os Profetas.
Assim, amar a Deus é o maior mandamento e amar ao próximo é sua maior expressão (1 João
4.20-21, 5.3; 2 João 6).

Sabemos expressar o "mínimo irredutível" da Lei de Deus ou ainda precisamos


aprender mais sobre isso? Nossas igrejas estão preparadas e são continuamente desafiadas a
expressar os ensinos bíblicos de forma prática, ou nos conformamos com audiências que
sentam e ouvem comportadamente? Vivemos dias de exaustão espiritual, onde encontramos
pessoas enfastiadas da vida rotineira das igrejas. Este fastio se caracteriza por hábitos religiosos,
como expressar a vida com Deus somente uma vez por semana, no domingo; viver a religião
apenas dentro das quatro paredes do templo; ter a impressão de que missão integral é apenas
para alguns dotados caridosos da igreja; e ocupar-se com inúmeras programações e agendas
fora da prioridade bíblica. Vejamos os textos adicionais com respostas sobre este tema: Mateus
7.12, Marcos 12.28-31, 33, Lucas 6.31, Romanos 13.9 e Tiago 1.27, 2.8.

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O entendimento do "mínimo irredutível da Lei de Deus" nos lança um desafio de
missão integral. Lembremo-nos do exemplo com que iniciamos este estudo, a pessoa
dedicando tempo para ensinar uma atividade à outra pessoa sem habilidade ou mesmo pobre.
Não se trata de uma pessoa desocupada, mas de alguém que entendeu o essencial, o que Deus
pede dela como expressão concreta de amor ao Mestre. Vários pequenos gestos somados
podem fazer grande diferença. Um gesto simples e criativo de missão integral, feito com
inteireza de coração, cumpre o mínimo irredutível da Lei de Deus. E você, como vai cumpri-lo?

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3 Lucas 2.52 e o Desenvolvimento de Jesus

Socorro e desenvolvimento

Buscamos propósito definido em nosso trabalho de missão integral. À medida que a


igreja ajuda pessoas, descobre novas formas de servir e percebe que ações pontuais resolvem
parcialmente os problemas. Por exemplo, a dificuldade imediata de uma família é aliviada com
uma cesta básica, mas, para atender as causas do problema, é necessária intervenção de longo
prazo. Precisamos tanto das iniciativas pontuais, que chamamos de socorro, como das de longo
prazo, que chamamos de desenvolvimento. Neste estudo definiremos conceitos - que estão
resumidos no final do texto - e descreveremos quatro áreas para promover desenvolvimento
através da missão integral.

Onde encontramos a ideia de desenvolvimento na Bíblia?

Na Palavra de Deus encontramos direção confiável para todas as áreas da vida. Por
exemplo, veja o texto abaixo:

“Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos


corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para
que experimente qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.1-2, Ed.
Contemporânea de Almeida).

O texto de Romanos 12, comentado por Stott, nos instrui sobre desenvolvimento
(Stott, 1994). Paulo fala aos irmãos sem distinção, a família única de Deus em que todos os seus
membros compartilham os mesmos privilégios e responsabilidades. Ele faz um apelo com base
na compaixão de Deus, que é a maior motivação para uma vida transformada e de significado.

Paulo roga que os irmãos apresentem os seus corpos. Depois de usar muita
linguagem "espiritual" nos textos anteriores, ele deve ter calculado essa referência brusca aos
corpos, na intenção de chocar alguns dos seus leitores gregos. Estes eram educados segundo o
pensamento gnóstico, isto é, a ideia de que tudo que é físico é ruim e apenas o espiritual é bom
(Moffitt, p. 102). Ainda hoje existem cristãos que veem o corpo com constrangimento. Na igreja
falamos de "salvar as almas" e de "entregar o coração para Jesus", reforçando a ideia de um ser
humano partido, onde a alma e o coração são bons e são salvos, mas o corpo não. Deveríamos
falar em "salvar a pessoa inteira" e "entregar tudo para Jesus".

Paulo combate o gnosticismo, lembrando a figura do sacrifício aceito por Deus no


Velho Testamento, moral e fisicamente sem mácula, sem defeito e de aroma agradável, como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. O sacrifício morto ficava restrito ao altar, dentro do
templo, no dia da adoração. O sacrifício vivo deve servir em todos os lugares; continuamente
diante da face de Deus, o viver coram Deo. Assim como a depravação humana se expressa no
corpo (Romanos 3.13), a regeneração humana deve ter a mesma dimensão física (Romanos 6.13,
19). Esse sacrifício Paulo chama de culto racional, um ato de adoração inteligente.

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E não vos conformeis com este mundo. Desde o Velho Testamento encontramos
recomendações para que o povo de Deus não siga o padrão cultural vigente, pois tem algo
melhor para seguir (Levítico 18.3, 2 Reis 17.15, Ezequiel 11.12, Mateus 6.8, 20.26). Mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento; a mente com entendimento deve
controlar o corpo e gerar transformação. Isso acontece através da conjugação entre a Palavra de
Deus - Jesus em nós - e o Espírito de Deus, restaurando o que foi corrompido pela Queda. O
resultado disso é experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. É desencadear
mudanças positivas, que chamamos de desenvolvimento. Este deve ser o propósito de longo
prazo na missão integral.

Como promover o desenvolvimento

O que é uma pessoa desenvolvida? O que ela tem? O que é um país desenvolvido?
Quais são alguns exemplos de países desenvolvidos? Jesus foi uma pessoa desenvolvida? Talvez
tenhamos respostas simples e rápidas a cada uma dessas perguntas, por exemplo: "Ora, uma
pessoa desenvolvida é rica e poderosa. Ela tem computador, micro-ondas, DVD. Um país
desenvolvido é abastado, exportador, industrial. Um exemplo é o Japão. Bem... com estes
critérios parece que Jesus não foi uma pessoa muito desenvolvida".

Então, se não são estes os critérios válidos, o que é desenvolvimento no conceito


bíblico? Desenvolvimento é mover-se na direção dos propósitos de Deus em todas as áreas da
vida, com adequação. Adequação ou suficiência é a disponibilidade de recursos para cumprir o
propósito de Deus. Certamente Jesus foi uma pessoa desenvolvida, mesmo morando em uma
casa de chão batido, sem água encanada e sem nenhum equipamento eletrônico, mas com
todos os meios necessários para cumprir o propósito de Deus na Sua vida. Jesus foi uma pessoa
desenvolvida, vivendo com adequação.

Em nossos programas de missão integral enfrentamos frustrações quando


colocamos nossa própria realidade como padrão de "desenvolvimento" para outros. Talvez, o
padrão de adequação bíblica para uma família não é que ela tenha uma panela de pressão, nem
panos de louça bordados. Mas, ainda assim, ela poderá ser desenvolvida e ter adequação,
movendo-se na direção do propósito de Deus em todas as áreas da vida. Quando falamos em
"todas as áreas", o que queremos dizer?

As quatro áreas de Lucas 2.52

Recentemente ouvi uma conversa de consultório médico. Alguém lamentava: “Hoje o


que mais se encontra são pessoas desequilibradas.” O que precisa ser equilibrado na vida das
pessoas? Lucas 2.52 nos instrui sobre quatro áreas em que Jesus crescia e que precisam estar em
equilíbrio:

"Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens".


Lucas 2.52

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Aqui estão as quatro áreas: (1) área de sabedoria, (2) estatura (área física), (3) graça
diante de Deus (área espiritual) e (4) graça diante dos homens (área social ou de
relacionamentos pessoais). Para esclarecer, podemos pensar em alguns verbos para cada área:

1. Sabedoria: conhecer e praticar ensinos, ler, estudar, explicar, meditar, assistir aula.

2. Física: trabalhar, lavar, consertar, fazer regime, vestir, exercitar, construir.

3. Espiritual: orar, ler a Bíblia, ir à igreja, testemunhar, jejuar.

4. Relacional: cultivar amizades, telefonar, ir a festas, pedir desculpas, perdoar,


comunicar.

Revendo Lucas 2.41-52, identificamos como foi o crescimento de Jesus nas quatro
áreas e sugerimos iniciativas para a missão integral:

- Sabedoria: Havia espaço para diálogo entre doutores e meninos, onde conversavam
sobre o temor do Senhor; lá se encontrava Jesus, que fora instruído e sabia ler. Sabedoria é
considerar Deus nas situações da vida, incluindo o uso do conhecimento humano e
comunicando-o às futuras gerações. Devemos comunicar conhecimento prático (por exemplo,
sobre vida familiar), toda vez que obedecemos um ensino bíblico, agimos na área de sabedoria,
isso inclui promover leitura edificante, aconselhar, alfabetizar, dar bolsas de estudo.

- Física: Entre os israelitas uma forma de abençoar o filho era ensinar-lhe um ofício,
para que suas necessidades físicas fossem atendidas. José transferiu este legado para Jesus, que
foi carpinteiro. Devemos ajudar pessoas a trabalhar, cuidar bem da sua casa, vacinar crianças,
fazer planejamento familiar, exercitar-se regularmente.

- Espiritual: Os pais de Jesus foram zelosos em cumprir os preceitos da lei divina,


tendo-o apresentado quando bebê e levado o menino à sinagoga até a idade de 12 anos; várias
vezes encontramos a descrição de Jesus orando e lendo as Escrituras no templo. Devemos orar,
estudar a Bíblia, cultuar, decorar textos bíblicos, jejuar.

- Relacional: Jesus cresceu em uma família com relacionamentos saudáveis, brincava


com pequenos artefatos de madeira e argila e conhecia expressões de afeto. Lucas relata que
Sua família tinha amigos e companheiros de viagem. Devemos cultivar amizades, compartilhar
refeições, não ofender, perdoar, receber perdão, participar de festas.

Precisamos atender uma mesma pessoa ou família nas quatro áreas para que ela se
desenvolva com equilíbrio. Quando trabalhamos com equilíbrio nas quatro áreas, estamos
fazendo missão integral.

Desenvolvimento e missão integral

O que é missão integral? É a missão feita para promover os propósitos de Deus, em


todas as áreas da vida, visando o desenvolvimento, como aconteceu com Jesus. Os propósitos de
Deus e o desenvolvimento estão relacionados. Jesus é o nosso modelo e a partir dEle podemos
pensar nas áreas da vida em que podemos desenvolver como pessoa, família, comunidade ou
nação.

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Na missão integral devemos identificar qual a área mais necessitada e também como
equilibrar as demais. Os estudos de Romanos 12.1-2 e Lucas 2.52 nos ajudam a focalizar esforços
de missão integral com vistas ao desenvolvimento. Nossa oração é que cada igreja se lance
nesse empreendimento, começando com o equilíbrio das quatro áreas na vida pessoal de cada
cristão autêntico!

Conceitos fundamentais na missão integral

Adequação: Disponibilidade de recursos para cumprir os propósitos de Deus em


todas as áreas da vida. Os recursos variam para pessoas e situações diferentes.

Áreas de desenvolvimento conforme Lucas 2.52: Sabedoria, física, espiritual, social. O


equilíbrio nessas quatro áreas favorece o desenvolvimento de pessoas, famílias, comunidades e
nações.

Desenvolvimento: Mover-se na direção dos propósitos de Deus em todas as áreas da


vida, com adequação. Experimentar transformação contínua orientada pelas verdades bíblicas.

Ministério integral: Ministério feito para promover os propósitos de Deus em todas as


áreas da vida, visando o desenvolvimento, como aconteceu com Jesus.

Pensamento gnóstico: Ideia de que tudo que é físico é ruim e apenas o espiritual é
bom. Infelizmente, por muito tempo esse pensamento fez a igreja deixar de lado o aspecto
integral da missão cristã, sem atender as necessidades em outras áreas e enfatizando apenas a
salvação das "almas".

Viver coram Deo: Frase em latim que significa "diante da face de Deus", "debaixo da
Sua autoridade" ou "para a glória de Deus". Viver cada momento diante da face de Deus foi um
dos desafios colocados pelos líderes da Reforma Protestante, coram Deo foi um dos seus lemas,
e deve ser um alvo para nós (Miller, 2003).

Referências Bibliográficas

Discipulando Nações, Miller, Darrow L., FatoÉ Publicações, Curitiba, 2003.

If Jesus Were Mayor, Moffitt, Bob, Harvest, Phoenix, 2004

Romanos, Stott, John, pp.387-392, Abu, São Paulo, 1994.

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Lucas 2.52
Exercício para identificação de necessidades nas 4 áreas

Áreas Sabedoria Física Espiritual Relacional


Pessoal 1. Necessidade: 2. Necessidade: 3. Necessidade: 4. Necessidade:

Família 5. Necessidade: 6. Necessidade: 7. Necessidade: 8. Necessidade:

Igreja 9. Necessidade: 10. Necessidade: 11. Necessidade: 12. Necessidade:

Comunidade 13. Necessidade: 14. Necessidade: 15. Necessidade: 16. Necessidade:


local

Postagem para redes sociais: Vou contar a minha história!

Para cada exercício acima, responder as perguntas abaixo. Usar outras folhas, se necessário, pois,
se todos os exercícios forem feitos, haverá 16 pequenas histórias para contar.

Quadrado número _______ Data: _______ Área: ____________________________

1. Como você se preparou espiritualmente para o exercício?

2. Qual foi a necessidade identificada?

4. Este exercício ajudou você a se mover na direção dos propósitos de Deus? Como?

5. O que você aprendeu neste exercício?

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4 Disciplina de Amor
Como a nação é discipulada

Cristãos comprometidos com a Grande Comissão (Mateus 28.18-20) entendem que


sua missão é discipular nações. Mas, como uma nação é discipulada? Estamos acostumados
com a ideia de que isto se faz com estádios lotados, grandes audiências e pregadores famosos.
Esta pode ser uma alternativa de alcance superficial das massas. No entanto, "ensinar discípulos
a obedecer a tudo que Jesus ensinou" implica em alcançar uma pessoa em nível de
profundidade tal, que sua forma de pensar (cultura e cosmovisão) seja tratada pela verdade das
Escrituras Sagradas. Assim, cada nação é discipulada em um processo que inclui intervenção
comunitária, uma pessoa de cada vez, uma família de cada vez, uma comunidade de cada vez,
sendo a igreja o elemento central desse processo.

Alvo e maneira de fazer são fundamentais

Qual foi o sermão que ouvimos na igreja há três semanas? Difícil de lembrar? Uhm...
e há duas semanas? Ainda não lembramos? Então, qual foi o sermão de domingo passado?
Como podemos discipular nações apenas com a metodologia de pregar sermões, se as pessoas
não se lembram do que foi pregado?

O discipulado deve dar frutos. Estudos sobre aprendizado mostram que lembramos
20% do que ouvimos, 40% do que ouvimos e vemos, 60% do que ouvimos, vemos e fazemos e
80% do que ouvimos, vemos e fazemos. A porcentagem aumenta quando ensinamos. Assim, se
desejamos discipular pessoas no padrão de Mateus 28, temos que fazer mais do que falar, e
também ensinar outros.

O discipulado deve ter a transformação como alvo (Romanos 12.1-8), e ser feito com
intervenção comunitária positiva e frutífera. Um motivo porque não lembramos os sermões é
porque os pregadores não nos dão uma tarefa transformadora (aplicação prática), relacionada
ao que ensinam, para ser vivida na comunidade. Para toda mensagem que comunicamos sobre
o evangelho, deveríamos incluir uma tarefa ou prática que ajude pessoas a se moverem na
direção dos propósitos de Deus para sua vida. Qual a parte mais importante de um sermão ou
de um estudo bíblico? A introdução? O clímax? A conclusão? Não, a parte mais importante é a
aplicação prática. Seguem algumas dicas sobre este elemento essencial do discipulado.

Aplicação prática

- Quem discipula deve ser o primeiro a praticar o ensino. Depois que concluiu a sua
prática, então o/a discipulador/a está qualificado/a para comunicar a mensagem a outros.

- Na aplicação, pratica-se parte do ensino, que é selecionado de modo natural ou


orientado. As pessoas têm capacidade limitada e variável para aprender, e assim, não vão aplicar
a lição toda. Elas selecionam verdades relevantes para serem praticadas na sua situação de vida.
Um exemplo disso é que adultos sendo alfabetizados querem aprender a ler e escrever as
palavras que usam. O mesmo acontece com verdades bíblicas. Muitas vezes a parte a ser
praticada não é óbvia e o discipulador precisa orientar o discípulo para reconhecê-la e usá-la

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- As áreas de Lucas 2.52 (sabedoria, física, espiritual e relacional) são sugeridas como
áreas de intervenção comunitária podendo definir necessidades, ou ações de desenvolvimento
e serviço. Elas devem ser feitas nos contextos da vida pessoal, família, igreja, comunidade local
(escola, trabalho, vizinhança) e comunidade distante (lugares desconhecidos ou distantes). A
tabela a seguir estrutura essas informações:

Áreas Sabedoria Física Espiritual Relacional

Pessoal

Família

Igreja

Comunidade local

Comunidade distante

- A aplicação prática ou intervenção comunitária deve ser algo novo, diferente do que
se faz rotineiramente. Deve ser estimulante como ingrediente surpresa na rotina da vida. Deve
ser algo breve, que caiba mesmo dentro de uma agenda atarefada. Deve ser algo específico,
objetivo (em vez de "demonstrar amor ao próximo", que é vago e geral, deve ser "repartir arroz
com a família Souza"). Deve ser realista e não fantasioso, algo que a pessoa comum possa fazer
com sucesso. Deve ser planejada, pois se deixarmos ao acaso, a possibilidade de se praticar é
cada vez menor. A intenção de praticar também deve ser compartilhada, pois isso cria
compromisso com outra pessoa. E, finalmente, a prática ou intervenção deve ser relatada, não
para mérito pessoal, mas para avaliação, aprendizado e glória a Deus (Mateus 5.16).

Modelo de Jesus

Nossos princípios de discipulado, aplicação prática ou intervenção comunitária


devem seguir o modelo de Jesus, que enfatiza o serviço (Mateus 20.26, 28, Marcos 10.45, Lucas
22.27). O mundo diz que devemos nos desenvolver para sermos servidos - como se o
desenvolvimento nos desse um passaporte para privilégios. No entanto, o modelo de Jesus é o
contrário. Ser perfeito em Cristo é ser servo (Colossenses 1.28) e para ser servo não precisamos de
comodidades. Quando apresentamos o desenvolvimento de Jesus a partir de Lucas 2.52, nestas
áreas também apresentamos áreas de serviço. Nosso desafio é ajudar pessoas que estão sendo
discipuladas a pensar criativamente sobre como elas podem servir no local onde Deus as
colocou.

Práticas: individual, em grupos e na igreja.

Sugerimos três níveis de práticas usando a tabela de Lucas 2:52: individual, em grupos
e para toda a igreja. A cada nível damos nomes específicos: Disciplina de Amor (individual),
Projetos-Semente (em grupo), e Janela da Visão ou Janela da Igreja (na igreja). A seguir
descrevemos e damos exemplos da Disciplina de Amor; os demais níveis serão tratados em
estudos posteriores.

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Disciplina de Amor

A Disciplina de Amor foi elaborada para ajudar individualmente seguidores de Jesus


a servir. Esse exercício é mais sobre serviço obediente do que sentimentos calorosos. É mais
sobre decisões disciplinadas do que bondade espontânea. É mais sobre fidelidade aos
mandamentos de Deus do que seguir nossos próprios desejos. Nossas boas obras não valem
nada se não forem feitas em amor (1 Coríntios 13.3), pois o amor não é sentimento, é decisão fiel
de servir outros.

Por que o amor requer disciplina? O apóstolo Paulo disse ao seu jovem protegido
Timóteo: "O exercício corporal é bom, porém o exercício espiritual é muito mais importante, e é
um revigorante para tudo o que você faz" (1 Timóteo 4.8a, A Bíblia Viva). Há muitas disciplinas
espirituais, tais como oração, leitura das Escrituras, meditação, memorização e jejum.
Prontamente as pessoas admitem que precisam de disciplina para essas atividades religiosas!
Estas disciplinas têm ênfase vertical e fortalecem nosso relacionamento de amor com nosso
Senhor. A Disciplina de Amor também é disciplina espiritual e integral, mas sua ênfase é
horizontal e diz respeito ao relacionamento com o próximo.

Amostra de Exercícios

A tabela a seguir mostra exemplos de planejamento e realização de exercícios de


Disciplina de Amor em cada um dos doze quadrados.

Disciplina de Amor
Tabela de Planejamento e Avaliação (Amostra)

Áreas Sabedoria Física Espiritual Relacional


Família 1. Conversar sobre a 2. Arrumar a cama 3. Orar com a 4. Sair com o
aplicação de uma ou lavar a louça família, ou cônjuge para
história bíblica três vezes nesta exercitar gratidão passear, sem as
durante o jantar. semana. diariamente. crianças.

Realizada Realizada Realizada Realizada

Igreja 5. Fazer um estudo 6. Ser voluntário 7. Orar pela 8. Levar uma


bíblico com um para ajudar no liderança da criança da igreja
amigo, ou agendar para um passeio.
escritório da igreja igreja ou um
uma hora pra Apoiar o ensino
no fim de semana. tema específico.
ensinar João 3,16. de matemática.
Realizada Realizada Realizada Realizada

Comunidade 9. Visitar um órgão 10. Recolher o lixo 11. Convidar o 12. Ensinar xadrez
local público no bairro e do parque, vizinho para ou jogar futebol
ver oportunidades enquanto faz uma tomar café e com os filhos dos
agradecer a Deus
para ser voluntário. caminhada. vizinhos.
juntos.
Realizada Realizada Realizada Realizada
Nota: Neste exemplo omitimos as áreas "pessoal" e "comunidade distante" da tabela original
para fins de simplificação. Atividades realizadas são marcadas.

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Cinco passos para cada exercício

Aqui estão instruções para ajudar pessoas a fazer exercícios de Disciplina de Amor:

1. Orar. Prepare-se espiritualmente. Peça que Deus o ajude a identificar uma


necessidade específica que Ele quer que você atenda. Ouça as ideias que o Espírito Santo lhe
der. Isso pode ser parte do tempo diário de oração e leitura bíblica. Lembre-se de Hebreus 11.6.

2. Identificar a necessidade. Aqui você não apenas identifica um exercício para ajudar
alguém, mas desenvolve intimidade com Deus. Você também está procurando conhecer as
boas obras que Deus preparou para que você as faça (Efésios 2.10). Essas são as boas obras além
do que você faria comumente.

3. Agir. Faça um plano para atender a necessidade. Preencha áreas na sua Tabela da
Disciplina de Amor, planejando os exercícios.

4. Refletir e escrever um diário. Dentro das vinte e quatro horas seguintes ao exercício,
reflita e faça anotações em um diário. Segue amostra com questões para responder.

5. Preparar-se para surpresas. Deus vai surpreendê-lo com as Disciplinas de Amor

Disciplina de Amor / Diário (Amostra)

Quadrado número 8 Data: 22 de abril Contexto/área: Igreja/Social

1. Qual foi a necessidade? Como foi atendida?


Decidi levar uma criança da igreja para um passeio.
2. Como você se preparou espiritualmente para o exercício?
Pedi que o Senhor usasse esta expressão para edificar relacionamentos na igreja.
3. Este exercício ajudou àqueles a quem você serviu a se moverem na direção dos
propósitos de Deus? Como?
Sim. A criança teve oportunidade de desfrutar lazer, comunicação e alimentação.
4. Esse exercício ajudou você a se mover na direção dos propósitos de Deus? Como?
Demorou duas horas para passear com a criança. Esta noite vou precisar ficar no escritório
para compensar o trabalho. Isso me ajudou a dedicar sacrificialmente o meu tempo
pessoal pelos outros.
5. O que você aprendeu deste exercício?
Eu deveria ter me preparado melhor em oração.

5. Revisar os exercícios. Volte à Tabela da Disciplina de Amor e marque os exercícios


que foram planejados e realizados. Prossiga, tentando superar dificuldades na realização dos
exercícios que ainda não foram feitos.

Disciplinas de Amor são exercícios que oferecem oportunidades de desenvolvimento


nas quatro áreas de Lucas 2.52. Se estes exercícios forem feitos regularmente, ganharemos
graciosidade e fluência em um estilo de vida de discipulado, intervenção comunitária e
aplicações práticas que seguem o modelo de Jesus.

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Disciplina de Amor

Áreas Sabedoria Física Espiritual Relacional


Pessoal 1. Ação: 2. Ação: 3. Ação: 4. Ação:

Realizada Realizada Realizada Realizada

Família 5. Ação: 6. Ação: 7. Ação: 8. Ação:

Realizada Realizada Realizada Realizada

Igreja 9. Ação: 10. Ação: 11. Ação: 12. Ação:

Realizada Realizada Realizada Realizada

Comunidade 13. Ação: 14. Ação: 15. Ação: 16. Ação:


local

Realizada Realizada Realizada Realizada

Disciplina de Amor
Diário para cada exercício

Para cada exercício, responder as perguntas abaixo.

Quadrado número _______ Data: Contexto/área:

1. Qual foi a necessidade? Como foi atendida?

2. Como você se preparou espiritualmente para o exercício?

3. Esse exercício ajudou àqueles a quem você serviu a se moverem na direção dos propósitos de
Deus? Como?

4. Esse exercício ajudou você a se mover na direção dos propósitos de Deus? Como?

5. O que você aprendeu desse exercício?

6. Como Deus o surpreendeu através do amor dos outros? Isso ocorreu?

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5 A Roda da Sabedoria
História de uma conversa

Vamos imaginar a conversa entre quatro amigos com preferências muito diferentes.
Um “body builder” diz: "Agora sou uma pessoa muito melhor, tenho um corpo modelado,
saudável... Aquelas 4 horas de academia e malhação por dia são ótimas! Quase não vejo minha
família. Estou sempre ocupado com meus exercícios. Eles apreciam meu corpo e sei que tem
muita gente que me vê. Todo mundo devia ser que nem eu!”

Outro amigo aparece feliz, rindo, conversando com todos que passam na rua: "Eu
tenho muitos amigos e sou tão feliz! Neste fim-de-semana estou planejando uma grande festa
na minha casa e todos vocês estão convidados! E não esqueçam, tragam um amigo! Não, eu não
vou ter tempo para ir ao grupo de estudo bíblico com você hoje, mas obrigado! Talvez no Natal
eu vá à igreja! E adivinhe! Semana que vem começa o festival de teatro, estarei lá, e no fim do
mês tem “Food Truck” na cidade vizinha... festa atrai festa, e...!”

Depois chega um amigo mostrando inteligência superior, impressionando as


pessoas com seu conhecimento: Sabe tudo de tecnologia e gosta de brincar com coisas da
ciência. Diz: "Você sabia que o sol é 109 vezes maior que a Terra? E a temperatura da sua
superfície é aproximadamente 6.000ºC, mas no interior pode chegar a 13.000ºC! Todo mundo
deveria ser como eu e o mundo avançaria a um nível mais elevado”. Uhm... não bastasse sua
inteligência parece que também é rico, ou é rico porque é inteligente?

Finalmente, entra um amigo caracterizado pelo novo e mais avançado estilo de


“espiritualidade”. “Gente, nem parece que foi ontem minha conversão”. Dei um salto de
qualidade de vida. Só pra testemunhar uma coisa: saí de um carro 2003 para um carrão 2022.
Nunca imaginei que a igreja era um lugar tão importante. Passo a maior parte do tempo na
igreja, oro sete dias por semana e jejuo quatro dias por mês. Não saio da companhia dos pastores
e apóstolos. Estou desenvolvendo meu dom de revelações assombrosas. Sinto que as pessoas
têm inveja de mim, mas deixa pra lá, tenho uma rainha em casa, dois príncipes e uma princesa.
Não posso negar que sou um vitorioso... que os outros sejam perdoados”.

Quando falamos sobre Lucas 2:52, ouvimos que Jesus crescia em sabedoria,
fisicamente, espiritualmente e nos relacionamentos. Depois, encontramos esses quatro amigos.
Cada um cresceu exageradamente em uma área. Há que se respeitar o sucesso individual, mas
sem adequação isso é desastroso. Depois de ouvir esses amigos, temos boas razões para
aprender sobre equilíbrio no desenvolvimento.

Perguntas de descoberta
O que vimos no diálogo acima?
Vimos exemplos de crescimento ou desenvolvimento, como na vida de Jesus?
Será que esses 4 estilos podem fazer parte de uma única pessoa equilibrada?
Onde está o desequilíbrio de cada um dos quatro personagens?
O que está acontecendo na teologia que encoraja cada estilo?

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Condição para equilíbrio

É difícil desenvolver-se de forma equilibrada. Isto requer entendimento do que Deus


deseja. Neste estudo vamos ver as três dimensões básicas em que Deus colocou o ser humano.
Vamos descobrir que podemos crescer em cada área da vida, mas somente com a sabedoria e
ajuda de Deus.

Deuteronômio 30:15-16 nos alerta para a diferença entre o sucesso e a derrota. Os


israelitas que receberam estas palavras não podiam alegar ignorância dos mandamentos
divinos. Esses mandamentos estavam bem na frente deles, expostos por Deus. Da mesma forma
nós, que vivemos em lugares onde o evangelho é livremente anunciado, podemos fazer escolhas
instruídas pelas Escrituras. Não precisamos subir às alturas, nem cruzar oceanos. A instrução
divina está bem diante de nós. E somos responsáveis em responder adequadamente àquilo que
sabemos da Palavra de Deus. É nessa esfera que funciona nosso livre arbítrio. As pessoas que nos
ensinam podem atingir nossos ouvidos e nossos olhos, é o máximo que elas podem fazer, daí me
diante, é por nossa conta.

O grande tema do livro de Deuteronômio é amor e obediência. A condição de vida


dos israelitas dependia da sua obediência aos mandamentos de Deus. Lamentavelmente, os
eventos da história desse povo mostraram que por causa da desobediência foram mandados
embora sua terra. Depois, Deus os traria de volta e eles aprenderiam a obedecê-Lo. Se
obediência era importante para os israelitas no Velho Testamento, muito mais para nós hoje,
quando recebemos tanta luz dos ensinos do Velho e do Novo Testamentos. Deuteronômio é livro
tão abrangente que serve para ser ensinado não apenas nas igrejas, mas nas escolas e no setor
público.

Em quê devemos obedecer a Deus? Desde o livro de Gênesis vemos áreas em que
Deus age e cria equilíbrio. Assim como todas as cores derivam das três cores primárias
(vermelho, amarelo e azul), encontramos três áreas definidas em Gênesis: 1.26a (espiritual), 2.18
(relacional) e 2.15 (física). É evidente que há muitas áreas e níveis de relações humanas, mas para
fins desse estudo, vemos que dessas três relações primárias derivam os demais relacionamentos
do ser humano.

Pergunta de descoberta
O que faz a diferença entre bênção e maldição?
É possível crescer na direção dos propósitos de Deus sem amá-Lo e obedecê-Lo?

Áreas em necessidade de equilíbrio

No estudo sobre Lucas 2.52 e o desenvolvimento de Jesus vimos que existem áreas
em que Jesus cresceu. Nesse estudo veremos as mesmas áreas como níveis básicos de relações
humanas que devem estar em equilíbrio: relações com Deus e mundo espiritual, com o mundo
físico e com outras pessoas. Revisando com alguns exemplos:

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Área física
Relacionamentos físicos do ser humano: o próprio corpo físico, alimento, vestuário, moradia,
água, animais, plantas, a Terra, tempo.
Necessidades físicas: nutrição adequada, vestuário, moradia, água potável, lugar
limpo e com condições sanitárias para viver, exercício físico.
Área espiritual: a relação em que todas as outras devem estar fundamentadas, se as
pessoas forem viver com equilíbrio bíblico.
Relacionamentos espirituais do ser humano: Deus Pai, Jesus, Espírito Santo, a igreja, a
Bíblia, oração, evangelismo-discipulado, Satanás e seu reino.
Necessidades espirituais: comunhão com Deus, salvação, adoração (só e com outros),
oração (só e com outros), ouvir de Deus (só e com outros), experimentar o amor de Deus,
compartilhar o amor de Deus com outros, arrependimento e obediência a Deus.
Área relacional (social)
Relacionamentos sociais do ser humano: família, amigos, comunidade, governo,
chefes e colegas, inimigos.
Necessidades sociais do ser humano: amizade, companheirismo, família, lealdade,
honestidade, lazer, celebração, trabalho em equipe.

Exercício
Ler os textos e responder às perguntas a seguir.
Deuteronômio 30.15-16, Provérbios 2.1-11, 3.1-2, 4.7-16, 1 Coríntios 2.6-12, Efésios 1.17.
O que esses textos dizem sobre sabedoria?
O que é sabedoria?
Qual a relação entre sabedoria e desenvolvimento?
É possível crescer da mesma forma que Jesus, mas sem sabedoria?
Como a sabedoria se relaciona às outras três áreas primárias da vida?

Sabedoria é fazer as coisas da maneira de Deus. É viver a vida que Ele desenhou para
nós em Sua Palavra. As promessas são numerosas para quem vive com sabedoria - vida longa,
paz, prosperidade, segurança, discernimento e proteção, entre outras. Deus nos fez e Ele sabe o
que nós devemos fazer, assim, no conjunto, suas instruções para o que devemos fazer para nos
relacionar bem, em todas as áreas da vida, chamam-se “sabedoria”. Como Jesus, precisamos ter
os propósitos e recursos de Deus para nos desenvolver totalmente naquilo que Ele deseja.
Podemos tentar nos desenvolver com a sabedoria humana, mas não podemos crescer na
direção do exemplo de Cristo sem a sabedoria de Deus. Se conhecemos e obedecemos à
sabedoria de Deus (suas instruções, propósitos e desejos) nas áreas física, espiritual e social,
então podemos crescer como Ele pretende naquelas áreas. Sabedoria pode ser definida como
as regras de Deus - instruções - para termos relacionamentos espirituais, sociais e físicos de
equilíbrio. Tanto conhecimento mental como condição emocional podem ser parte da
sabedoria, ajudando-nos a entender as regras de Deus para os relacionamentos. Contudo, esses
atributos são inúteis e não produzem sabedoria se não seguirmos nos caminhos de Deus.

Sabedoria inclui os caminhos, instruções, intenções, mandamentos e desejos de


Deus. Também é definida como o temor do Senhor, o conhecimento de Deus, entendimento e
deleite das Suas numerosas promessas reveladas ao espírito do homem pelo Espírito de Deus.
Sabedoria é fazer coisas da maneira de Deus, obedecendo as regras e instruções dEle para todos
os relacionamentos.

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A Roda

Usamos uma roda para mostrar os três níveis primários de relacionamentos do ser
humano e o papel da sabedoria no nosso desenvolvimento de quem se move na direção dos
propósitos de Deus. Os desenhos da roda ilustram que precisamos prestar atenção aos três
níveis de relacionamento que Deus nos deu, bem como às suas instruções para viver esses
relacionamentos. A roda tem três raios, um para cada nível. O aro da roda representa a sabedoria.

Perguntas de descoberta
O que acontece se faltar o aro e apenas tivermos os três raios?
O que acontece se um raio for curto ou fraco e a roda estiver fora de equilíbrio?
O que acontece se os três raios estiverem equilibrados e o aro estiver completo?
A roda equilibrada e completa se move na direção de algo. Do quê?
O que acontece se somos fracos em uma área?
O que acontece se o ministério da nossa igreja for fraco em uma área?

Se formos fracos em uma ou mais áreas, nossa vida fica fora de equilíbrio. O mesmo é
verdadeiro para o ministério da igreja. Se ele for fraco em uma ou mais áreas (espiritual, física,
social, sabedoria), então falta equilíbrio no ministério da igreja.

Perguntas de descoberta
Nossa vida está em equilíbrio?
Estamos crescendo de maneira equilibrada?
Estamos crescendo na sabedoria de Deus nas três áreas?
Que área(s) precisa(m) de mais fortalecimento?
Que área de ministério da sua igreja precisa ser fortalecida?
Que passos posso tomar para fortalecer a(s) área(s) fraca(s)?

Exercício
O objetivo desse exercício é fortalecer área(s) identificadas(s) como fraca(s). Crie
quatro ações de serviço específicas e pequenas para serem feitas como Disciplinas de Amor.
Trabalhe em equilíbrio e onde for mais necessário. As atividades podem estar todas em uma ou
várias áreas. Elas podem se relacionar a crescimento pessoal ou a áreas de fraqueza do
ministério.

Área de Fraqueza Projetos de Fortalecimento

O que nos acontece depois que consentimos que Jesus seja nosso Senhor, nosso
Salvador, e mesmo nosso modelo de vida e ministério? Aqui, temos uma escolha sobre como
viver nosso discipulado do Mestre. Podemos ficar sós, vivendo a religiosidade pessoal, que
consiste em ir à igreja ou servir e desfrutar da nossa comunhão com Ele. Por outro lado, também
podemos entender que nos tornamos parte de um plano maior e devemos crescer com
equilíbrio em todas as áreas da vida. Precisamos prestar atenção a todas as três dimensões de
relacionamentos que Deus nos deu, mais a sabedoria (suas instruções para estabelecer aqueles
relacionamentos) para crescimento equilibrado.

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Exercício
Analisar e comentar as figuras a seguir. Esta é a vida fora de equilíbrio.
Uma roda sem aro não pode ser usada.
Uma roda sem um raio ou com raio fraco fica difícil de ser usada.

ESPIRITUAL
ESPIRITUAL
ESPIRITUAL

SOCIAL
SOCIAL
SOCIAL
FÍSICO
FÍSICO
FÍSICO

Uma roda que está completa e em equilíbrio pode servir ao propósito para o qual foi
feita. Sabedoria é o fator integrante.

SABEDORIA
ESPIRITUAL

SOCIAL

FÍSICO

Desenvolvimento é mover-se na direção dos propósitos de Deus.

Uma roda que está em equilíbrio facilmente pode se mover na direção do seu
objetivo. Nossa vida, quando em equilíbrio, pode se mover na direção dos propósitos de Deus
para nós. Assim podemos entender desenvolvimento, mover-se na direção dos propósitos de
Deus.

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6 Matemática do Reino
Uma História de Matemática

“Era uma vez um menino chamado Baraque”. Ele tinha dez anos e ouviu que naquela
manhã um professor famoso ia ensinar na beira do lago. Baraque pediu à sua mãe: 'Mãe, posso
ir até o lago e ouvir o professor? ' Ela respondeu: 'Não, filho, é muito longe. Teu pai não está em
casa e eu tenho medo de deixar você ir até lá. É pelo menos uma hora de caminhada. '

‘Ah, mãe, por favor! Eu quero tanto ir.’ Ela retrucou: ‘Filho, é hora de comer e você
ainda não almoçou.’ A resposta do menino veio logo: 'Mãe, não estou com fome! Por favor, por
favor, me deixe ir! ' Então ela concordou: 'Está bem, mas você tem que levar alguma coisa para
comer.'

A mãe de Baraque estendeu um pano de louça na mesa da cozinha. Ela pegou um


jarro e tirou dali um, dois, três, quatro, cinco pãezinhos que tinha feito naquela manhã e dois
pequenos peixes assados. Enrolou os pães e os peixes no pano de louça, fez uma pequena trouxa
e deu para Baraque. O menino prendeu a trouxa com seu cinto e correu para a porta.

Quando ele chegou à beira do lago, encontrou uma multidão em volta do professor e
ele não podia ouvir uma palavra. Um adulto teria se sentado longe mesmo, mas não um menino
de dez anos de idade! Baraque se meteu pela multidão até ficar bem na frente.

Ele não entendia muito que o professor dizia, mas estava atraído por aquele homem
de maneira especial. Como muitos pregadores, esse professor falava por muito tempo! Já eram
quatro horas quando Baraque sentiu o estômago roncar. Imediatamente lembrou-se do almoço
que sua mãe tinha preparado. Mas, como iria comê-lo na frente daquelas pessoas? Então
pensou: 'Se eu tomar cuidado, talvez ninguém veja o que estou fazendo.' Então Baraque
escorregou sua pequena trouxa para o chão e abriu-a cuidadosamente. Ele estava com fome e a
comida parecia gostosa! Pronto para pegar o primeiro pãozinho, ouviu um dos discípulos falar
com o professor. Como estava ficando tarde, o discípulo sugeriu que o professor mandasse as
pessoas embora para que arranjassem algo para comer nas vilas próximas. O professor
respondeu: 'As pessoas não precisam ir embora. Deem vocês de comer a elas.'

Um discípulo resmungou que nem o salário de oito meses compraria comida o


suficiente, nem mesmo um bocado para cada pessoa. Outro discípulo tinha se sentado perto de
Baraque e viu a trouxinha de comida. Ele disse para o professor - que, é claro, era Jesus - 'Tudo o
que temos aqui... 'e então olhou para a comida sobre o pano de louça e contou'... são cinco pães
e dois peixinhos.' Jesus disse: 'Traga-os a mim.'

Naquela hora, o que estava passando na cabeça de Baraque? 'Eu estou com fome.
Isso é tudo que eu tenho. O que eu vou comer se der meu almoço para o professor? Ah, mas eu
gosto dele. Vou entregar o almoço.'” E todos conhecemos o final da história descrita em João
6.1-15 e Mateus 14.13-21.

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Relações de ajuda que dão certo

Quantas vezes, na missão integral da igreja, nos encontramos em situação


semelhante à dos discípulos, temerosos e vacilantes, antes do milagre da multiplicação.
Queremos ajudar, mas olhamos de um lado a necessidade extrema e do outro os recursos
escassos. Ficamos sem ação e desorientados, em uma relação de ajuda negativa. Chamamos
isso de modelo do dano, com sete características: ignorar a ação de Deus, cultivar dependência
de recursos externos, manter o foco no que não se tem, atordoar-se com projetos de grande
escala e com expectativas de curto prazo, julgar e excluir pessoas porque parecem não ter
talentos ou porque são pobres demais, ser movidos por culpa e agir só em função da
necessidade.

No entanto, a experiência da multiplicação dos pães e peixes foi transformadora para


os discípulos e também deve ser para nós. Eles tiveram a oportunidade de deixar de lado o
modelo do dano para aprender o modelo da relação de ajuda positiva, com três características:
centralizada em Deus, possível com recursos locais e com adequação inclusiva e integral.

Uma equação matemática ilustra a história da multiplicação dos pães e peixes:

Menino + 5 pães e 2 peixes X Jesus = alimento para 5.000 homens +


alimento para mulheres e crianças + 12 cestos.

Lições da História

Nessa história vemos que Deus age por multiplicação. É uma mensagem simples
mas poderosa que libera os líderes da igreja para agir em fé, especialmente aqueles que são
materialmente pobres mas comprometidos com a missão integral. Infelizmente há mentalidade
de dependência que aprisiona muitas igrejas, mas Deus quer mudar isso e usá-las como canal
para liberar seu poder transformador. Entretanto, Ele não o faz quando a igreja confia
primariamente nos recursos, em vez de Deus. É claro que o Senhor pode usar recursos externos,
mas a igreja precisa olhar para Deus como seu provedor principal. Quando olhamos para
qualquer outro recurso, nos aproximamos perigosamente de adorá-lo, e isso é idolatria não
intencional. Agora mesmo vamos buscar a Deus em confissão e arrependimento por essa
atitude.

A multiplicação de poucos recursos não é transformação comum. É Deus agindo. A


Matemática do Reino não é uma filosofia que diz: "Se você crer o suficiente em si mesmo e no
poder do pensamento positivo, pode mudar suas circunstâncias." Não é teologia popular da
prosperidade. Mas é bíblica e começa com o reconhecimento de que somos fracos, como diz
Isaías 40.29, expresso em uma fórmula:

Nossa fraqueza X Deus = Força

Quando admitimos nossa fraqueza e a oferecemos a Deus, Ele realiza o milagre da


Matemática do Reino e transforma nossa limitação na Sua força. Como você se sentiria se fosse
o pequeno Baraque? Como seria se tudo que tivesse para comer estivesse em uma trouxinha e
Jesus o pedisse? Com certeza, Jesus poderia ter alimentado a multidão de outra maneira! Ele
curou o cego. Ele acalmou a tempestade. Ele andou sobre as águas. Ele poderia ter transformado
as pedras em pães. Entretanto, pediu a um pequeno menino para lhe dar tudo o que tinha para
com isso alimentar uma multidão. E o menino obedeceu.

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Outra história, mas sem final feliz

Em Mateus 25.14-30 temos o relato de outra história. Jesus ensina sobre o Reino de
Deus (24.3 e 25.1, 14) tendo o talento (v. 15) - o salário de 20 anos de um trabalhador - como
medida de valor. Aqui podemos parar para um exercício: faça uma lista dos talentos que Deus
lhe deu. Inclua coisas que passam despercebidas (voz, visão, saber limpar uma casa, habilidade
manual, hospitalidade, gostar de cozinhar, um belo sorriso, saber orar, conhecimento do
evangelho e muito, muito mais). Mantenha essa lista em um lugar fácil de ler, para lembrar que
os servos são diferenciados por um critério especial, a aplicação prática que fazem dos seus
talentos (vv. 16-18).

O mestre veio e acertou contas (vv. 16-18). É comum sermos sensíveis e não admitir
que nos façam cobranças. Mas, como Jesus age? Sim, Ele acerta contas, chama à
responsabilidade. Só que muitas vezes nos fazemos de surdos. Hoje em dia, qualquer pessoa em
posição de autoridade ou liderança atrai para si foro privilegiado. Isso é muito sério.

Dois servos descobriram a alegria de servir (vv. 16-18) e são parabenizados pelo senhor
(v. 21). Às vezes esta pode ser a nossa experiência, fazemos algo que pode não ser valioso aos
olhos dos homens, mas que é valioso aos olhos de Deus. Este servo foi fiel no pouco (v. 21), lição
difícil de aprender, pois achamos que seremos fiéis no muito e, como esse muito nunca chega,
deixamos de lado a valorização e a fidelidade do pouco que temos.

Finalmente encontramos o servo medroso (v. 25). Por que ele não usou o talento?
Disse: tive medo... escondi. Sua atitude é marcada pela preocupação com o que não tem maior
do que o reconhecimento do que tem. A sentença dele (vv. 28-29) parece muito áspera: tirem...
entreguem...lancem; no entanto, esta é uma sentença de lei espiritual, que funciona sempre,
assim como a lei da gravidade age sobre todos os corpos na Terra. É muito difícil ter autoridade
com equilíbrio, inclusive na gestão de pouco, que dizer do muito?

A equação que resume esta história triste é:

Servo + 1 talento X 0 = 0 talento + servo lançado nas trevas

Implicações da Matemática do Reino

Essas histórias têm implicações importantes para todos os cristãos, mas


especialmente para aqueles que acreditam ter apenas os recursos suficientes para cuidar de si
mesmos e estão diante de desafios da missão integral na igreja. Em uma fórmula comum,
ensinam o seguinte:

O pouco entregue a Deus (mesmo do pobre) em fé e doação sacrificial X ação de Deus =


multiplicação + bênção (pessoal e para os outros, podendo ou não ser visível)
+
louvor a Deus

- Nada é pequeno demais ou insignificante demais para Deus. Obedecer ao


mandamento é usar o que temos e Deus multiplica a doação obediente (Atos 10.35).
- Todas as pessoas, a despeito das suas posses materiais ou posição na vida, são
chamadas por Deus para dar a Ele o que têm. Não há exceções, nem mesmo para os pobres.
- Não há circunstâncias em que se tenha pouco demais ou algo insignificante demais
para ser usado por Deus. Ainda que tenhamos pouco dinheiro, temos tempo, saúde, capacidade
de falar, de escutar, de ver, além de outros talentos.
- Precisamos entregar para Deus quando Ele pede algo, a despeito das nossas
próprias circunstâncias.

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- Não há circunstâncias em que se tenha pouco demais ou algo insignificante demais
para ser usado por Deus. Ainda que tenhamos pouco dinheiro, temos tempo, saúde, capacidade
de falar, de escutar, de ver, além de outros talentos.
- Precisamos entregar para Deus quando Ele pede algo, a despeito das nossas
próprias circunstâncias.
- Os nossos motivos para dar devem ser fé em Deus e amor a Ele. O ganho material
em si não deve ser a motivação central. O ganho e a provisão podem vir, mas o dar nunca deve
ser baseado em uma barganha, na expectativa de receber algo de volta (I Timóteo 6,9-10).
- A doação sacrificial leva à multiplicação. Deus sempre multiplica o que damos a Ele.
Quanto maior o sacrifício, maior o aumento.
- Se não investirmos o que Deus nos confiou, o perderemos e seremos lançados fora
como servos inúteis.

Implicações para as igrejas

De forma específica, a Matemática do Reino também têm implicações para as igrejas:

- As igrejas - mesmo aquelas com poucos recursos materiais - têm poder. Deus usará
o que elas têm para fazer o trabalho em obediência amorosa e multiplicará para Sua própria
glória. Quando Deus é glorificado, o Seu Reino se expande.
- É perigoso que as igrejas segurem o que têm para uso próprio. Os recursos devem
ser usados para demonstrar a compaixão de Deus pelos necessitados.
- Quando pessoas fora do Reino recebem ajuda sacrificial, o impacto é muito maior
do que se viesse das sobras de outras fontes.
- As igrejas precisam ensinar seu povo a dar. Devemos ensinar os princípios da
Matemática do Reino. Não ensinar essas verdades rouba das pessoas as bênçãos que Deus quer
lhes dar. Mas isso só se faz com muita responsabilidade e sem ganância.
- As igrejas devem espelhar a doação sacrificial do seu povo, não usando recursos
somente dentro da igreja, mas investindo-os alegre e sacrificialmente no serviço fora da igreja.
Qual é a principal medida de riqueza de uma igreja? Seu povo e não bens materiais.
- Não temer, mas confiar em Deus, o multiplicador. Uma diferença entre os servos de
Mateus 25 foi à maneira como eles soletraram "F - É". Os dois primeiros soletraram
"C - O - N - F - I - A - N Ç - A" e "R - I - S - C - O".
Esse risco não é cego, mas certeza em Deus. O terceiro servo soletrou fé como sendo
"M - E - D - O",
o medo de perder o pouco que tinha, o medo de não ser o melhor nem o maior de todos.

Observe o que acontece na maioria das iniciativas de missão integral, por exemplo,
reuniões da igreja quando servimos alimento. Muitas vezes começamos a reunião vacilantes, as
pessoas vão chegando, olhamos para a mesa da cozinha e fazemos uma conta parecida com a
dos discípulos antes da multiplicação dos pães e peixes, agimos no modelo do dano, ficamos
com medo que a comida não dê para todos. Não devemos sofrer assim. O testemunho de
inúmeras igrejas locais é que pela ação multiplicadora de Deus aquele pouco entregue a Ele é
mais do que suficiente. São incontáveis as vezes em que, depois dessas iniciativas, alimento
ainda é doado para asilos, orfanatos e famílias carentes.

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Quando olhamos essas histórias, perguntamos como o Deus de amor pode requerer
sacrifícios tão grandes de meninos e viúvas pobres. Entretanto, vimos que o poder do Seu Reino
foi liberado quando pessoas agiram com amor e sacrifício obediente. Deus quer que sejamos
como Ele e o sacrifício amoroso reflete o caráter do próprio Deus. Na Matemática do Reino vimos
que Deus chama todos os seus filhos, ricos ou pobres, para dar sacrificialmente. O motivo não é
receber bens materiais em troca, mas permitir que Deus use recursos para glorificá-Lo. Quando
respondemos em obediência amorosa, Ele usa nosso sacrifício além da nossa imaginação, quer
vejamos ou não os resultados. Isto é transcendente!!!

Lastimavelmente, o trabalho de missão integral em muitas igrejas materialmente


pobres fica detido porque os líderes olham primeiro para o mundo exterior para encontrar
recursos a fim de ministrar integralmente. Eles desenvolvem uma mentalidade de dano, de
pobreza, sem entender que olhar para uma fonte de recurso que não seja Deus é idolatria. Na
verdade, Deus pode fazer chegar até nós recursos de fora das nossas comunidades, mas nossa
confiança precisa primeiro permanecer nEle. Que essa multiplicação seja liberada em nossas
igrejas!

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7 Propósitos de Deus e a Janela da Igreja
Exercício para refletir sobre o futuro

Como obreiros de desenvolvimento, somos pessoas sensíveis às necessidades do


mundo ferido. Temos olhos para estas situações e desejamos fazer algo para mudar o quadro de
tristeza, sofrimento e morte das pessoas à nossa volta. Como a perspectiva do propósito de Deus
para o futuro pode nos ajudar a lidar com o sofrimento presente e, ao mesmo tempo, nos instruir
para a mensagem de esperança que deve ser compartilhada sobre o futuro? Não apenas isso,
mas, como o nosso entendimento do futuro, sob os olhos de Deus, pode nos ajudar a enxergar
necessidades e também alternativas de respostas a situações presentes? Vamos fazer breve
exercício que nos ajuda a refletir sobre estas questões.

1. Vamos pensar sobre algo da atualidade que vimos na mídia eletrônica e TV, jornal
ou nas ruas por onde passamos algo que mostra a situação do ser humano ferido.
2. Depois, vamos pegar a metade de uma folha de papel em branco e representar o
que vimos com um desenho simples.
3. A seguir, vamos ler Romanos 8.21. Este texto nos diz o que é propósito de Deus para
o futuro, ou seja: “que a criação seja liberta”.
4. Na outra metade da folha, vamos desenhar algo que represente “a situação” à luz
de Romanos 8.21.

Observe-se o que a Bíblia tem a dizer sobre a situação de necessidade e os planos de


Deus para o futuro.

Perguntas de descoberta
O que fez Deus mudar de opinião sobre o homem, quanto a sua avaliação de "muito
bom" (Gênesis 1.31), até chegar ao ponto em que Ele se arrependeu pelo mal que viu na
humanidade (Gênesis 6.6)?

Qual das duas avaliações achamos que reflete a condição humana hoje? Por quê?

O que dizem estas referências bíblicas sobre a condição do ser humano sem Deus?
Gênesis 6.5, Romanos 1.18, 28-32, 2.5, 3.23, João 3.17, Efésios 2.1-3, 8-9.

Qual o propósito de Deus para o futuro do ser humano? Isaías 11.4-9, 61.1-4, Mateus
19.28, João 14.1-4, Romanos 8.17, Colossenses 1.20, Efésios 1.9-10, Apocalipse 21.1-4, 22.12.

Saber falar de esperança

De volta ao texto de Romanos 8, e comentando a análise de Stott (Stott, John. 2000), vamos nos
deter nos versos 18-22. Aqui, a ideia apresentada anteriormente no verso 17 se expande, isto é,
Paulo trata da participação tanto no sofrimento como na glória do Filho de Deus. Na verdade,
"sofrimento e glória" é o tema de toda esta seção, incluindo os quatro elementos descritos a
seguir.

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Primeiro, o entendimento de que sofrimento e glória são companheiros inseparáveis,
soldados um no outro (v. 18), são como um casal que não pode se divorciar. Esta noção amplia
nossa visão das situações presentes e oferece alternativa de futuro para os que sofrem com
Deus. Estas são, ao mesmo tempo, palavras de desafio e esperança; podem explicar uma
situação, mas também apelam para decisão pessoal de enfrentar o sofrimento sob a perspectiva
divina.

Segundo, sofrimento e glória caracterizam duas épocas, presente e futuro. O


sofrimento diz respeito a toda dor presente que envolve a fragilidade humana, por sua vez, a
glória é a transformação do corruptível para o incorruptível, o esplendor do Deus eterno e
imortal.

Terceiro, sofrimento e glória não podem ser comparados, são inseparáveis, mas não
equivalentes (2 Coríntios 4.17). O sofrimento atual é leve, se comparado ao peso da glória por vir.

Quarto, sofrimento e glória têm a ver tanto com a criação, como com os próprios
filhos de Deus. Como a criação aguarda o futuro? Com grande expectativa (v. 19), espera com a
cabeça erguida e olhos fixos no horizonte, de onde o objeto esperado virá, ela fica na ponta dos
pés, com o pescoço inclinado para a frente, para poder ver logo o que vem na sua direção. O que
a criação deseja ver tão ansiosamente? A revelação dos filhos de Deus, tanto a revelação da
identidade deles, como a sua transformação pela glória de Deus.

Nos versos seguintes Paulo personifica a criação com expressões semelhantes às que
usamos para nos referir à natureza - recurso de linguagem comum. Seguem-se três declarações
sobre a criação, relacionadas ao passado, presente e futuro.

Primeiro, o texto diz que a natureza foi submetida à inutilidade (v. 20a). Há um
aspecto negativo e outro positivo, futilidade e esperança. Esta menção ao passado, relaciona-se
ao juízo de Deus que recaiu sobre a ordem natural, após a Queda. Esta ideia forte expressa
frustração, nulidade, falta de propósito e transitoriedade - vazio, seja de propósito ou de
resultado, o absurdo existencial da vida sem referência a Deus. Mas, logo depois, temos a palavra
"esperança", esta é a ideia central e permite que Paulo se volte do passado para o futuro da
criação. O efeito de inutilidade não durará para sempre. A esperança de que a natureza será
renovada é parte da visão profética da era messiânica. Outras expressões bíblicas se somam a
este imaginário poético e descrevem, por exemplo, o novo nascimento, restauração, libertação e
reconciliação de todas as coisas sob o senhorio de Cristo.

Segundo, o novo começo é definido por Paulo com a palavra "libertação", que traz
definitivo contraste entre dois polos. Um é a escravidão da decadência (v. 21b), o inexorável
declínio, morte e decomposição. Futilidade e decadência indicam que a natureza está
desajustada, porque se encontra sob julgamento, embora ainda funcione como resultado do
delicado equilíbrio com que foi criada. O outro polo é a gloriosa liberdade dos filhos de Deus (v.
21c). O caminho da corrupção para a é que a criação participará da glória dos filhos de Deus. Há
um aspecto negativo e outro positivo, escravidão à decadência e a liberdade da glória.

Terceiro, a condição presente da natureza é gemer (v. 22). Estes gemidos não são
sintomas de desespero, mas garantia da vida iminente de uma nova ordem, ou os sinais
preliminares da vinda de Cristo. Há um aspecto negativo e outro positivo, dores de parto e
alegrias de nascimento.

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Assim, a condição do ser humano sem Deus é revelada nas Escrituras. Após a Queda,
toda inclinação do coração humano era maligna, pois todos pecaram e se desviaram do
propósito de Deus. Sem Deus, a situação do ser humano é sem esperança e a pessoa que não se
arrepende está debaixo da ira de Deus. No entanto, Deus enviou Jesus para salvar e não
condenar o que se arrepende. Por isso, devemos ter a mesma atitude que Jesus em relação ao
ser humano quebrantado, entender seu sofrimento, ajudá-lo a enfrentar situações amargas
com a perspectiva divina e, acima de tudo, ajudar a ver o quadro que vai se desenrolar no futuro.

Qual o propósito de Deus para o futuro do ser humano? Toda a criação será libertada
da deterioração, pois Deus reconcilia todas as coisas consigo mesmo, pelo sangue de Jesus.
Maravilhoso é pensar que os filhos de Deus compartilharão a herança de Cristos, não mais
haverá lágrimas, morte, dor, mas haverá paz em abundância; Deus habitará entre nós e vamos
participar na restauração do que foi devastado. Por isso devemos contar as boas novas do plano
de Deus para o mundo. Esta renovação de todas as coisas acontecerá na vinda de Jesus. Aqueles
que não conhecem nem obedecem a Deus só têm expectativa de um terrível castigo, mas os
propósitos de Deus para com o mundo necessitado são bons. Estas são boas notícias, desejadas
por todos.

Perguntas de descoberta
Quais são algumas histórias ou textos bíblicos que nos ajudam a descobrir a vontade
de Deus para o futuro?
O que elas nos ensinam sobre a vontade de Deus?

Charles Cranfield expressou a ideia do propósito redentor de Deus desta maneira: "E,
se fizermos a pergunta: 'Que sentido há em dizer que a criação subumana - o Jungfrau, por
exemplo, ou o Matterhorn, ou o planeta Vênus - fica frustrada ao ser impedida de cumprir
devidamente o propósito da sua existência? ', a resposta será, com certeza, que todo o magnífico
teatro do universo, juntamente com seus esplêndidos atributos e todo o coro de vida subumana
em suas variadas manifestações, será frustrado em sua verdadeira realização tão logo o homem,
ator principal do grande drama da adoração a Deus, deixe de contribuir com a sua parte
racional" (in Stott, John. 2000).

Futuro e presente se encontram

Nossa igreja ensina sobre o enfrentamento do sofrimento humano com perspectiva


bíblica e o propósito de Deus para o futuro? Como ela faz isso? Sugerimos como ferramenta para
planejamento das atividades de ministério a "janela da igreja". Uma janela com quatro partes,
representando, cada parte, uma das áreas de Lucas 2.52. Como se vê esta janela? Na maioria das
vezes, a janela está embaçada, o vidro está sujo. Às vezes, a própria igreja só vê um pedaço da
janela, a área física, mas depois acha que esta tarefa é do governo e abandona seu trabalho.
Depois, um dia, pode ver a relacional, mas depois diz que este é o jeito de trabalhar do pessoal
da libertação e esquece sua responsabilidade. Outro dia vê a sabedoria, mas acha que isso é para
o clero. Então, sobra o pedaço espiritual, cômodo, adaptável às conveniências, sem maior
comprometimento diante da comunidade. Conhecemos alguma igreja que funciona assim?
Não admira que o mundo não entende as boas novas sobre o propósito de Deus.

Mas, como limpamos a janela? Mostrando ao mundo as boas obras de Deus em todas
as áreas, a vontade de Deus em todas as áreas da vida. Figuras da igreja nos lembram de que
devemos ser sal e luz, mas devemos ser sal na medida certa, pois, quando somos concentrados
e o mundo nos experimenta, ele nos cospe. Somos muito concentrados. Deus quer que sejamos
espalhados em todas as áreas e não concentrados. Ao nos experimentar, o mundo deve sentir a
delícia do Reino de Deus.

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Perguntas de descoberta
Com que intensidade - como indivíduos e em nossas igrejas – compartilhamos as
boas-novas do propósito atual de Deus com as pessoas que estão sofrendo em nossa
comunidade?
Que mudanças aconteceriam em nossa nação se, amanhã de manhã, cada cristão
começasse a obedecer ao propósito de Deus em cada área mostrada neste estudo?
Qual a importância destas boas novas para os que estão sofrendo agora?

Deus quer que a igreja seja uma janela limpa, através da qual o mundo vê o Reino de
Deus, onde os seus propósitos podem ser experimentados. Além disso, os propósitos de Deus
podem ser apreciados. As Escrituras nos dizem que é propósito de Deus um futuro sem morte,
com paz, plenitude e Deus vivendo entre nós. Quando isto vai acontecer? Agora ou no futuro? É
promessa de Deus para o futuro, mas que devemos anunciar agora e agir para que se concretize.

Aplicação e prática
Pense em um/a conhecido/a que precisa ouvir sobre os propósitos de Deus para o
futuro. Quem é essa pessoa?
Ore e se comprometa a compartilhar algo destas boas novas com essa pessoa.

Propósitos de Deus para o Presente e para a Igreja


Ministério integral e os propósitos de Deus

Conhecer os propósitos de Deus sob a perspectiva das Escrituras é desafio que


precisa ser encarado por todo cristão que discipula. Deus revelou seus propósitos, sua vontade,
sua agenda, e, para discipular, devemos conhecê-los bem. Neste estudo vamos refletir sobre o
que a Bíblia diz acerca dos propósitos de Deus para o presente e para sua igreja. Este estudo nos
ajudará a entender o conceito de ministério integral como o ministério feito para promover o
propósito de Deus, em todas as áreas da vida, visando o desenvolvimento, como aconteceu na
vida de Jesus.

A oração expressa propósitos

Obreiros cristãos engajados no discipulado dispõem de ferramenta poderosa na


oração. Mateus 6.9-10 nos instrui como orar em harmonia com propósitos divinos. Jesus delega
não apenas a tarefa, Ele capacita pessoas para cumpri-la. O conhecimento dos propósitos de
Deus vem para pessoas, individualmente e como igreja. Naturalmente somos ignorantes em
relação aos propósitos divinos, mas Deus quer que os conheçamos e obedeçamos a sua vontade,
assim como os anjos (servos) fazem (Salmos 103.21). Ele espera que saibamos cumprir seus
propósitos de forma inteligente e abençoadora para nós e para outros.

Há quem pense que orar é fácil ou banal, mas esquece de que é relação de fé com
Deus e consigo mesmo (Hebreus 11,6). O fato de a oração ser tarefa possível para qualquer pessoa
que crê não a torna menos legítima do que outro trabalho. Orar é trabalho de alta resolução, que
exige postura espiritual, física e claro controle de tempo e lugar. A preparação de Jesus através
da oração foi prática que acompanhou todo o seu ministério. Ela foi incluída no seu dia-a-dia e
noite-a-noite, sem tropeçar nas repetições vãs. Se orar está nos ensinamentos do Senhor,
precisamos aprender isso que, no dizer de Paulo, é ensinado pelo Espírito Santo (Romanos
8.26-27).

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Orar não é apenas tarefa, mas é relacionamento. Tarefas se compram como serviços
prestados, relações se desenvolvem e tornam pessoas maduras. Relacionamentos
transformadores foi o propósito de Deus para o ministério e a obra de Jesus. Nossa relação com
Deus se reflete no contato com as pessoas, e podemos voltar a Ele para melhorar o que não foi
legal com o outro.

As Escrituras revelam propósitos

Vejamos a descrição bíblica dos propósitos de Deus nos diferentes relacionamentos:

- Conosco mesmos e com Deus, no presente: que obedeçamos ao Senhor em tudo.


Deus amava Davi porque ele fazia a sua vontade. Devemos ensinar outros a obedecer aos
mandamentos do Pai, a conhecer e cumprir seus propósitos (2 Crônicas 7.14, Salmos 119.99-100,
Provérbios 2.1-5, Mateus 28.18-20, João 14.15, 16.13, Atos 13.22b). Devemos ter vida santa, pura,
calma e produtiva; que sejamos sóbrios e cheios do Espírito, cantando e dando graças a Deus,
dispostos a suportar dificuldades por causa do Reino (Atos 14.22, Efésios 5.17-20, 1
Tessalonicenses 4.3, 11). Alguns resultados de se obedecer ao propósito de Deus são que o
Espírito Santo nos guia em toda verdade e alcançamos sabedoria, temos vida eterna, somos
amados por Deus, o glorificamos e silenciamos o falar tolo que possa existir contra nós. A
obediência da sociedade produz vida para ela (Deuteronômio 30.15-20, João 14.2, 1 Pedro 2.12, 15,
1 João 2.17).

- Com familiares: que nos submetamos e tratemos um ao outro com respeito,


ensinando os filhos a fazer o mesmo (Efésios 5.21 - 6:4).

- Com irmãos e irmãs em Cristo: amar um ao outro, viver em unidade; avivamento virá
quando obedecermos à vontade de Deus. Este processo começa em nós (João 17.20-23).

- Com o mundo: amar ao próximo, cuidar dos órfãos e viúvas, defender a causa dos
que precisam de ajuda. Com empregadores, empregados e governo: mostrar o devido respeito
aos que têm autoridade e ser justos com os que estão sob autoridade (Jeremias 22.3, 15-16,
Romanos 13.9, Colossenses 4.1, Tiago 1.27, 1 Pedro 2.13-21).

- Com inimigos: devemos abençoá-los sem esperar reciprocidade (Lucas 6.27, 35).

Propósitos de Deus para a igreja

A igreja é representada através de figuras que ilustram seu potencial para cumprir os
propósitos de Deus: time liderado por um técnico (Efésios 3.10), símbolo de coisas que vão
acontecer (Zacarias 3.8), embaixada do Reino (João 17.18), sal que purifica e lâmpada na
escuridão (Mateus 5.13-16), servo obediente (Filipenses 2.5-8), carta capaz de ser lida por todos (2
Coríntios 3.2-3), mordomo confiável (1 Coríntios 4.2), bom vizinho (1 Pedro 2.12), primícias de algo
delicioso (Romanos 8.19).

Embora tão bem caracterizada através das figuras bíblicas apresentadas acima, há
um muro que impede o mundo de enxergar os propósitos de Deus através da igreja. Este muro
é feito do pecado do povo de Deus. É preciso abrir uma janela neste muro para tornar visível o
que Deus pretende - este é o propósito de Deus para a igreja. Que ela seja uma janela, através
qual o mundo enxerga os propósitos dEle para a vida.

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Perguntas de descoberta
Com que intensidade — como indivíduos e em nossas igrejas – compartilhamos as
boas novas dos propósitos de Deus para o presente com as pessoas que estão sofrendo em
nossa comunidade?
Que mudanças aconteceriam em nossa nação se, amanhã de manhã, cada cristão
começasse a obedecer ao propósito de Deus em cada área de relacionamento mostrada neste
estudo?

A carta aos Efésios nos esclarece sobre os propósitos de Deus para a igreja. Paulo
explica que a igreja é a plenitude de Cristo. Entretanto, hoje muitas igrejas são boas ilustrações
do mundo partido, sem a plenitude de Cristo. A igreja é a plenitude de Cristo, mas ela ainda não
alcançou o seu potencial. Ela ainda não expressa a sua identidade como plenitude de Cristo. Mas,
quando ela o faz, a igreja (como Cristo) "encherá todas as coisas, em toda e qualquer
circunstância" (1.22-23). A reconciliação de "todas as coisas" com Deus é feita com a participação
da igreja! Paulo falou à igreja sobre o seu grande papel.

O plano de Deus foi restaurar todas as coisas, e, para isso, sua sabedoria é multiforme.
Ela não é unidimensional. Ela é multidimensional. Ela é expansiva. Os seus propósitos não são
apenas espirituais, mas incluem a restauração de tudo que foi partido na Queda. Quando a igreja
obedece aos propósitos de Cristo, ela administra o mistério e torna conhecida a multiforme
agenda de Deus, isto é, os seus propósitos, a sua vontade. Concordamos plenamente com o
comentário sobre essa passagem: "As implicações eclesiásticas de um verso como este são, de
fato, impressionantes" (Graelein, 1978, p. 47).

O plano divino, grande e multiforme - que Paulo disse estar oculto em Deus nas
épocas passadas - agora seria conhecido, não apenas pelas pessoas da igreja, mas dos
governantes e autoridades do mundo espiritual (3.10-11). Estes podem ser os poderes do mundo
das trevas, as forças espirituais do mal. Eles também podem ser anjos santos, as forças espirituais
do Reino de Deus. Através da igreja, Deus irá demonstrar que Ele irá restaurar todas as coisas
através de Cristo. Os governantes e autoridades nos domínios celestiais olharão para o teatro da
terra. Eles verão a multiforme sabedoria de Deus, o seu impressionante plano para trazer a paz,
acabar com as divisões, sarar o ferido e restaurar todas as coisas. Tudo isso será administrado
através da igreja! Deus escolheu a igreja para ser o instrumento através do qual realizará seu
propósito (1.22). Não podemos imaginar maior propósito ou privilégio do que ter uma tarefa
central no propósito eterno do nosso Criador para a restauração de todas as coisas! Este é nosso
privilégio.

Imagine um estádio de futebol. Ele está cheio de espectadores — os governadores e


autoridades nas regiões celestiais. Eles estão olhando dois times — a Igreja e o Reino das Trevas.
A Igreja tem um técnico experiente. Seu nome é Jesus. O nome do técnico do time contrário é
Satanás. Este é o jogo decisivo do campeonato. O vencedor ganha a eternidade. Enquanto a
Igreja obedece ao seu técnico, os espectadores veem como seguem suas instruções. A Igreja
vence o Reino das Trevas, e os espectadores veem os planos maravilhosos e diversos que Jesus
tinha para vencer a grande batalha.

Quais são as implicações para a igreja quando Cristo "encher todas as coisas, em toda
e qualquer circunstância" (1.23)? Seu corpo - a igreja - deve fazer o mesmo. Cristo enche cada
aspecto da vida social. Então, criativamente, a igreja deve infiltrar cada aspecto da sua sociedade
com a agenda de Deus para sarar o que está ferido. As pessoas da igreja devem fazer parte da
vida individual, familiar e comunitária. O Corpo de Cristo deve demonstrar o propósito e
habilidade de Deus para restaurar todas as coisas com Ele mesmo. A igreja não está
proclamando uma esperança baseada em iniciativa humana, mas no próprio mistério, "a
gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em nós, a esperança da glória" (Colossenses 1.27).

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Deus quer realizar o seu propósito redentor, sua grande agenda, através da igreja -
não apenas através dos cristãos, individualmente, mas através da igreja local e global. Seu
propósito será cumprido em comunidades e nações quando a igreja levar sua missão avante.
Por isso, a igreja é muito mais importante para a transformação da sociedade do que o
presidente da nação, seus legisladores, ou seus líderes empresariais. A instituição mais
importante e estratégica que Deus designou para realizar sua grande agenda não é encontrada
nas esferas política ou econômica. Em vez disso, é na igreja. Nós servimos ao cabeça da igreja.

Cada geração de cada igreja local tem uma escolha - ser ou não a administradora da
agenda de Deus para a sua comunidade. Juntas as igrejas de um país têm uma escolha
semelhante para fazer. A geração de Israel que Moisés liderou para sair do Egito teve uma
escolha. Deus lhes disse que o propósito dEle era para que fossem para a Terra Prometida. Eles
tiveram medo e ficaram no acampamento! Por causa da sua falta de fé, não enxergaram a
fidelidade e o propósito de Deus. Aquela geração não chegou à Terra Prometida. Deus removeu
a sua bênção de uma geração e deu-a a próxima.

Deus escolheu a igreja local para um grande propósito e equipou-a com pontos fortes
peculiares: (1) Ela é microcosmo da comunidade; quando se submete aos propósitos de Deus, a
igreja torna-se modelo da agenda dEle na sociedade. (2) Quando se submete aos propósitos de
Deus, ela reflete sua imagem e caráter de forma crescente; está em posição de servir como
vice-regente de Deus na parte da criação onde Ele a colocar. (3) Deus prepara e dá líderes para a
igreja. Depois, esses líderes equipam o povo da igreja para o grande propósito de Deus. Essa é a
descrição de função abrangente de todos os líderes de igreja - equipar o povo de Deus para
realizar sua obra e estender o seu governo através do serviço (Efésios 4.11-12). (4) A igreja local
ministra corporativamente, equipa e envia seus membros, individualmente, para servir nas suas
próprias esferas de influência. (5) A igreja local tem o mandado de representar toda a agenda de
Deus. Outras instituições cristãs têm mandados mais limitados.

Na Harvest temos centenas de histórias que confirmam que servir a agenda de Deus
causa impacto significativo sobre indivíduos, igrejas, comunidades e mesmo nações. Pedimos
que você recline na cadeira em que está sentado e pense. Pense sobre as áreas específicas de
ruptura na sua comunidade. Depois, imagine a sua igreja como agente de reconciliação e cura.
Imagine os indivíduos da sua igreja, enchendo a sua sociedade com a plenitude de Cristo. O que
você vê? Qual a sua visão?

Para uma declaração da grandeza do mistério, vamos ver a passagem de Efésios 1 em


uma paráfrase contemporânea, The Message [A Mensagem]. Ela é poderosa!

"Ele é responsável por tudo, tem a palavra final em tudo. No centro disso tudo, Cristo
governa a igreja. A igreja, você vê, não está na periferia do mundo; o mundo está na periferia da
igreja. A igreja é o Corpo de Cristo, no qual Ele fala e age pelo qual enche tudo com sua presença."
(Efésios 1.22-23).

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Como somos privilegiados, pois Deus nos revelou seu mistério! A plenitude de Cristo
habita na igreja e Ele nos equipou para refletir isso. Como igreja, hoje ainda somos
comissionados para proclamar o mistério ao mundo que servimos.

Imagine que sua igreja é a única forma das pessoas, na sua comunidade, poderem ver
os propósitos de Deus para elas nas áreas de sabedoria, física, espiritual e relacional. Você acha
que as pessoas da comunidade podem ver cada área do cuidado de Deus ao olhar para sua
igreja? Você acha que Jesus está satisfeito com a clareza e plenitude com que sua igreja
apresenta os propósitos dEle para as pessoas da sua comunidade?

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8 Sementes e Projetos-Semente
Questão atual e controvertida

Pesquisa biogenética, investimentos, reforma agrária, movimento político, irrigação,


projetos de desenvolvimento - há tanto barulho e discussão em torno da questão agrícola, que
pouco pensamos sobre a singeleza e beleza do que ocorre com uma simples semente. Que
parábolas bíblicas, baseadas em agricultura, podemos lembrar? Que lições de agricultura
podem ser aplicadas ao ministério? Este estudo está baseado em uma reflexão sobre sementes.
Usaremos o que as Escrituras dizem sobre isso para descobrir e aplicar sua relação com o
ministério, mas antes, convidamos a quem conhece a atividade agrícola para colaborar com o
exercício a seguir.

Exercício
Identificar situações reais de plantio e colheita que exemplifiquem o que é relatado nos textos
a seguir:

Texto Descrição Plantio/colheita

Parábola da semente
Mateus 13.31-33 de mostarda

Uma semente cai


João 12.20-29 na terra

João 4.34-38 Um semeia, outro


colhe

2 Coríntios 9.6-15 Semear


generosamente

A fé torna irrelevante a pequenez, a aparente insignificância, da nossa obediência.

Em Mateus 13.31-33 Jesus falava a pessoas que arriscaram tudo, que abandonaram
tudo para segui-Lo. Parecia legítimo que perguntassem: "O que ganhamos com isso?" A
resposta das circunstâncias era frustrante: os poderosos ignoravam Jesus, alguns pobres e
doentes o seguiam agradecidos, e sua equipe era formada por homens aparentemente
desqualificados para o ofício. Embora Ele dissesse que o Reino de Deus viera, Seus seguidores
achavam que não podia ser aquilo que eles viam! O que mais Cristo teria para oferecer em troca
da existência daqueles que O seguiam com tanta convicção?

Jesus acalma Seus ouvintes explicando que, com Ele, a aparente pequenez e
insignificância é irrelevante. Ele fala do homem que, com dois dedos, tenta segurar uma
semente de mostarda. Ela é tão pequena, tão pequena, que é difícil pegar um único grão, pois
precisa cem grãos para pesar 1 grama! Mas, colocada no solo, a semente cresce em um arbusto
onde as aves se aninham. Nosso raciocínio imediato pode nos levar a crer que essa parábola trata
da expansão do evangelho por todas as nações. Mas não é isso. Jesus não estava falando do
crescimento quantitativo do cristianismo, como pode parecer à primeira vista. Aqui Ele trata do
poder interior de uma comunidade dinâmica que atinge tudo quanto está ao seu redor. Ao invés
de se retrair como minoria, a semente de mostarda - que é a comunidade de seguidores do
Mestre - deve pedir a coragem de se lançar no terreno mundial com coragem para obedecer.

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A ideia da semente se expande na parábola seguinte usando a comparação do
fermento. Fermento que não sai para se arriscar à massa mundial, azeda. Lamentavelmente,
assim é com alguns cristãos, com rotinas monótonas e desencorajadoras. Deveríamos ousar em
obediência e enxergar situações à nossa volta como solo para germinar e massa para fermentar.
Assim, perdemos o sentimento de inferioridade, pois sabemos o quanto precisam de nós, e
descobrimos que nossa missão vale a pena. Grão de mostarda e fermento ensinam sobre o
crescimento do cristão em suas funções, em sua capacidade ativa de prestar serviço ao mundo
ferido e necessitado.

Pergunta de descoberta:
Sendo uma igreja com recursos limitados, como podemos servir pessoas na nossa
comunidade e permitir que Deus abençoe e multiplique nossos dons?

Sem sacrifício não há multiplicação de fruto.

Em João 12.20-29 Jesus prediz sua morte. Para isso Ele usa a ilustração de um grão de
trigo que cai na terra. O que isto significa? Como esta ilustração pode se aplicar ao ministério?
Nesta cena encontramos gregos - gentios - sendo incluídos entre os que recebiam os ensinos do
Mestre. Aqui e em todo o Seu ministério, Jesus deixa o exemplo de ir na direção das pessoas -
excluídos, rejeitados, desprezados, esquecidos dos demais - todos esses ganhavam espaço e
mereciam a Sua atenção. Além desses, havia a multidão que aplaudia Seus milagres, deveria
haver também pessoas que, agradecidas, O seguiam com reverência. Mas também havia os
fariseus, invejosos e ardilosos, querendo aproveitar uma chance para acabar com a popularidade
de Jesus. No entanto, nesse texto, o que mais se evidencia são o reconhecimento e veneração do
povo em relação ao Mestre.

Tendo diante de Si dois caminhos, a consagração e a cruz, Jesus faz a opção sacrificial.
Pelos padrões humanos, Jesus estava em perfeita condição de consolidar Suas forças e vencer a
oposição. Mas Ele enfrentou a tarefa de sofrer em agonia como escolha própria, o que resultaria
em multiplicação de fruto. Até aqui "a hora" era um evento futuro. Não mais, agora "a hora" havia
chegado. Quando fazemos algo que é sacrificial, podemos orar: "Meu Deus, te ofereço este
sacrifício em honra pelo momento em que morreste por mim" (John Vianney). A expressão
"odiar a vida" (v. 25) não é ser destrutivo quanto à vida que Deus nos deu, mas é estar livre da
centralidade do "eu", que em comparação com o desejo de obedecer é como se a própria vida
fosse odiada. É usar constantemente nossos recursos em obediência a Deus.

Isso fica claro se fizermos uma leitura sequencial dos Evangelhos, de Atos e das
Epístolas. Os que mataram Jesus pensaram que ali havia acabado Sua influência e obra. No
entanto, Ele ressuscitou com novo corpo e também na vida de homens e mulheres que
seguiram Seus passos e continuaram a demonstrar vida frutífera. Mais frutos foram gerados
com a morte do que com a autoglorificação de Jesus. Humildade e obediência são críticas no
ministério e cada tarefa de ministério que leva a "colheita" é igualmente importante.

Jesus disse "não" ao Seu desejo humano para obedecer ao Pai e glorificá-lo. Embora a
dificuldade das tarefas a que somos chamados nunca se compare ao que Jesus enfrentou, ainda
assim somos chamados à obediência. Lembremos que é próprio da condição humana evitar a
dificuldade e a dor, mas, obedecer ao Pai e suportar a situação difícil nos assemelha a Cristo e
resulta em glorificação a Deus.

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Perguntas de descoberta:
Como seria usar dinheiro que economizamos para abençoar os pobres?
Estamos prontos quando Deus nos chama "para esta hora" de sacrifício?
Sabemos de alguma necessidade em nossa comunidade que precisaria de sacrifício
da nossa parte para ser atendida?

Obedecer é mais importante do que receber crédito pelo que se faz.

João 4.34-38 nos lembra que há um período de tempo decorrido entre semear e
colher. O v. 35 chega a especificar esse tempo em quatro meses. Vamos pensar na atividade de
plantio. Na maioria das vezes, os agricultores trabalham em grupos e desempenham diferentes
tarefas como arar a terra, fertilizar, semear, retirar ervas daninha, irrigar e colher. Essas são
atividades importantes, no entanto, agricultores são geralmente humildes em receber o crédito
pelo seu trabalho. Há tanto que está fora do seu controle, que eles reconhecem a importância
dos demais - suas forças físicas são limitadas - e acima de tudo, de Deus que controla todo o
processo até a colheita.

Na obra de Deus, o que ocorre na semeadura é que ela depende de diferentes


pessoas com diferentes dons e disponibilidade. Uma pessoa com maravilhoso dom de
evangelismo, mas agindo sozinha, sem a integração no Corpo de Cristo, pode causar frustração
e até ser um exemplo de orgulho velado. Aqueles em nossa igreja que "semeiam" gentileza
devem receber tanto reconhecimento como aqueles que têm o privilégio de ganhar pessoas
para Cristo (I Coríntios 3.6-9) e cada um deve ser reconhecido.

Perguntas de descoberta:
Podemos identificar este processo de semeadura e colheita em nossa própria vida e
quem participou dele?
Como podemos facilitar colaboração no processo de semear e colher na obra de
Deus?

Seja qual for a tarefa a nós designada, deve ser feita com alegria.

2 Coríntios 9.6-15 mostra que a maneira como o serviço é feito vale tanto quanto o que
é feito. Muitas vezes somos sensibilizados a obedecer ao chamado de Deus. Descobrimos que
temos uma causa nobre à qual nos dedicar e o fazemos, até mesmo quando isso envolve
sacrifício. No entanto, é comum que no meio do caminho nos encontremos resmungando,
reclamando e lastimando as condições em que nos achamos e as limitações a que nos
impomos. Essa atitude maldizente compromete tudo que é feito e pode se comparar a uma
organização, igreja ou órgão público que tendo os recursos necessários não os investe.

Em 2 Coríntios aprendemos que o dar é o termômetro do amar. Deus nos dá e nós O


agradecemos. Damos aos outros e, em resposta, eles agradecem a Deus pela gentileza inspirada
em nós. Assim, surge uma corrente de agradecimento a Deus e cria-se espírito de doação. É claro
que tudo flui do dom incalculável de Deus, o próprio Jesus. Outros bebem de nós, e eles louvam
não o cálice, mas a fonte de água que é o Senhor. Uma vez que reconhecemos que nossos
recursos são de Deus e que nós os administramos, então passamos a desejar de forma
entusiasmada que essa corrente de ações de graças aconteça.

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Esse texto nos fala de um caráter refinado pelo exercício de doação. Devemos dar de
forma alegre, graciosa e generosa. As pessoas que recebem serviços de doação da igreja não
deveriam apresentar atestado de pobreza. O gesto não deveria ser condicional, mas gracioso,
generoso. E por que não tem sido? Talvez por conta da exploração religiosa. Mas Deus vê e julga
tanto o coração do doador como do receptor. A doação purifica o caráter das garras do
materialismo e permite o desabrochar de virtudes antes não desenvolvidas. Interessante notar
que nesse texto ações de graças e orações foram liberadas a partir do doar generoso e gracioso.
Assim, podemos entender que a retenção de recursos que deveriam ser liberados restringe a
gratidão e as orações do povo de Deus. Deus é quem dá a multiplicação ou aumento, Ele nos
abençoa para que ministremos aos outros e para que nossa generosidade resulte em ações de
graças a Deus. É bom lembrar Romanos 11.29.

Perguntas de descoberta:
Temos exemplos de ajudar pessoas sem que precisem de atestado de pobreza e sem
reclamação?
No próximo mês podemos dobrar o que damos normalmente em oferta? Podemos
dar essa quantia com alegria em vez de dar com hesitação?
Qual tem sido a nossa designação dos recursos doados? Seria para melhorar apenas
o patrimônio eclesiástico ou vidas?

Projetos-Semente

A nação discipulada é sonho que está à nossa frente. Ele permanecerá um sonho até
que possamos nos mover na direção dos propósitos de Deus e superar as dificuldades do
trabalho. A construção de uma nação discipulada começa com empreendimento humano, com
igrejas demonstrando o amor de Deus de forma concreta e oferecendo oportunidades de
aprendizado permanente. Assim, mover-se na direção do sonho já o torna parte da realidade.

Como a nação é discipulada? Facilmente nos impressionamos com movimentos de


estádios lotados e números com quatro dígitos mostrando audiências, conversões e
investimentos. No entanto, pessoas comprometidas com a Grande Comissão de Jesus sabem
por experiência que a nação é discipulada um a um, uma pessoa de cada vez, uma família de
cada vez. Assim, junto com a proclamação do evangelho, a demonstração do evangelho, e a
explicação do evangelho através do ministério integral é valiosa para o discipulado da nação.
Segue história que ilustra esta verdade (ver 1 Pedro 3.15-16).

Emanuele é advogada e participa de um grupo de estudo bíblico. Encorajada pelos


ensinos, decidiu contribuir com seu conhecimento profissional na vida de crianças carentes. Em
uma tarde de sábado, Emanuele coordenou uma roda de conversa com quinze crianças. Eles
conversaram sobre direito do menor por quase uma hora. Aquelas eram crianças pobres,
expostas a todo tipo de abuso, e a conversa foi muito esclarecedora. Além dos direitos, também
trataram dos deveres das crianças e, assim, o tema ficou completo. Para surpresa de Emanuele,
depois da roda de conversa as crianças fizeram um teatro de fantoches especialmente para ela,
onde encenaram situações envolvendo a aplicação do que haviam conversado. Encerraram as
atividades com delicioso lanche preparado por voluntários da igreja. O que Emanuele e os
voluntários fizeram naquela tarde de sábado? Eles participaram do que chamamos de
"Projeto-Semente", uma estratégia simples de missão integral para discipular a nação e
expressar valores do Reino de Deus.

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Agostinho disse: “A igreja é o ponto de partida para o desenvolvimento da sociedade.”
Discipular uma nação é desenvolvê-la. Podemos decidir se concordamos ou não com essa
expressão. Mas, se concordamos, devemos descobrir como fazer esse trabalho. Projeto-semente
é um meio para discipular, já feito por muitos anos com sucesso em diferentes áreas da
sociedade e em diferentes países. Vamos compartilhar os seus fundamentos bíblicos e passos
para execução.

Princípios Bíblicos

Projetos-Semente são ferramentas para promover o propósito de Deus em uma ou


mais áreas de necessidades humanas. Dois textos nos mostram princípios bíblicos para se
trabalhar com Projetos-Semente:

Mateus 14.13-21 - Na multiplicação dos pães observamos como passos de Jesus:

- 14.14: Ver o ambiente, a multidão e identificar ameaças e oportunidades. O povo


estava com fome e os recursos para atender tal necessidade não haviam sido identificados.
Jesus definiu ações, ensinando e desafiando seus discípulos a agir com fé. Jesus demonstrou os
propósitos de Deus ao atender uma necessidade puramente física, além de proclamar as Boas
Novas.
- 14.15: Ouvir a equipe e considerar lugar, hora, pessoas, recursos e alternativas. Essas
ações de Jesus definiram passos de planejamento que devemos repetir nas nossas iniciativas de
missão integral.
- 14.16: Propor medidas com visão estratégica, esforçando seus seguidores a enxergar
possibilidades divinas diante da dificuldade e não se acomodar com o que é visível.
- 14.17 e 18: Analisar os recursos, crendo que Deus pode abençoar e multiplicá-los.
- 14.19-23: Planejar a logística, organizar recursos, definir ações, administrar sobras e
avaliar o resultado (que foi maior do que o previsto). Jesus é perfeito administrador e devemos
seguir seu exemplo.

O segundo texto que nos ajuda a pensar sobre as características de Projetos-Semente


é 2 Coríntios 8 e 9. Aqui estão envolvidas três igrejas diferentes: Corinto (de gentios ricos),
Macedônia (de gentios pobres) e Jerusalém (de judeus pobres). As ideias sobre a missão integral
nesse texto são as seguintes:

- 8.2: Quando pensamos no “tempo ideal” para ajudar outros geralmente pensamos
em época de largueza, contas pagas e dinheiro em caixa. No entanto, o ensino que temos aqui é
diferente, pois a contribuição da igreja da Macedônia aconteceu em época de pobreza e
tribulação. Essas dificuldades não imobilizaram os gentios pobres, mas ao contrário, os
impulsionaram a contribuir com os judeus pobres de Jerusalém. O gesto deles foi exemplo para
os gentios ricos de Corinto.
- 8.3, 17 e 9.7: A ação integral no ministério não é apenas a coisa certa para ser feita,
mas deve ser feita da maneira certa. Assim, as atitudes corretas para se semear (servir) são de
forma voluntária e com alegria, com postura e linguagem construtivas.

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- 8.4 e 9.9: Os sujeitos da ação são pessoas pobres. Frequentemente esquecidas,
desprezadas, deixadas de lado, "invisíveis" na comunidade. Em vez de deixar que outros
tomassem conta delas, os cristãos assumiram a responsabilidade pelo seu cuidado.
- 8.5: Mais do que as necessidades vistas ou sentidas, o que define a ação para um
Projeto-Semente é o propósito de Deus. Se formos servir pessoas, apenas em função da
necessidade delas, podemos nunca satisfazê-las ou podemos atender uma necessidade sem
sentido (por exemplo, se perguntar para uma adolescente grávida qual é a sua necessidade,
talvez ela lhe responda que é fazer um aborto, e jamais vamos agir nessa direção).
- 8.9: O modelo de doação é Jesus. Se desviarmos o olhar dEle para qualquer outro
modelo ou líder, podemos cair em cilada, pois apenas Jesus não vai nos decepcionar.
- 8.10 (Salmos 50.23, Provérbios 19.21 e 21.25): Ter um plano é essencial. Podemos ser
pessoas cheias de boas intenções, mas o dito popular é que delas "o inferno está cheio". O
trabalho de ministério integral através de Projetos-Semente deve ser intencional e planejado. O
planejamento não anula a ação inspiradora do Espírito Santo - sim, Ele continua no controle e, na
sua soberania, pode alterar o curso do projeto a qualquer momento. O projeto não é alvo final,
mas apenas passo inicial para a ação.
- 8.11a: A conclusão é importante. Quem tem projeto, tem maior chance de alcançar
um alvo. Quantas igrejas podem fazer listas de iniciativas que começaram e pararam pela
metade! Projetos-Semente permitem que se cumpra um ciclo de trabalho, gere avaliação e
aprendizado e inicie nova etapa, com avanço de estratégias na missão integral.
- 8.11b e 12: Feitos com recursos locais. Geralmente receamos nos lançar à ação porque
só temos olhos para as coisas que faltam para um projeto. Deveríamos agir diferente e enxergar
recursos existentes. Deus não espera que façamos a obra com coisas que não temos, mas espera
que sejamos bons mordomos daquilo que temos, mesmo que sejam punhados de arroz e
pedaços de sabão.
- 8.13: Os beneficiados também têm responsabilidade. Ao fazer um projeto devemos
prever ações que incluam os beneficiados. É paternalismo deixá-los de fora e, além do mais, sem
contar com eles, tiramos sua dignidade, oportunidade de aprendizado e valor pessoal.
- 8.16, 20-21 e 23: A responsabilidade no projeto deve ser compartilhada. Facilmente se
as coisas dão certo, muitos desejam o crédito, mas, quando dão errado, apenas alguns arcam
com as consequências. Quando a responsabilidade é compartilhada, todos repartem os
resultados.
- 9.7: O sentimento para semear deve ser a alegria. Projetos feitos com autoritarismo e
atitude negativa perdem sua eficácia.
- 9.8: Projetos-Semente devem gerar aprendizado comunitário, transbordar em fé e
habilidade de servir, sem que os erros sejam fatais. Pelo fato de serem de pequena escala,
mesmo com falhas, estas não comprometem o testemunho e ainda podem ser corrigidas. É um
alívio trabalhar com essa flexibilidade! Além disso, através de Projetos-Semente as pessoas
crescem na sua habilidade para servir, elas descobrem que são capazes de fazer mais e
identificam oportunidades e recursos que antes passavam despercebidos.
- 9.10: Deus honra a obediência. Promover crescimento é pertinente a Deus. Diante da
obediência do seu povo Ele se apraz em multiplicar os esforços e produzir resultado positivo.
- 9.11-13: Deus é louvado, há proclamação e demonstração do evangelho. A marca
registrada de Projetos-Semente é que o Senhor é reconhecido e reverenciado. Não pessoas, nem
instituições, mas Ele é visto como o benfeitor.

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Então, o que é Projeto-Semente? É demonstração tangível do amor de Deus para
com não cristãos, simples e feitos com recursos locais em pouco tempo.

Características de Projetos-Semente

Vamos avaliar alguns exemplos abaixo. Faça um exercício: cubra as respostas na


coluna da direita e pergunte a si mesmo se os exemplos da coluna da esquerda preenchem ou
não as características de Projetos-Semente vistos na seção anterior deste estudo:

• Limpeza do lixo Sim


• Organização de creche Não
• Conserto do banheiro na casa de membro da igreja Não
• Formação de time de futebol Não
• Jogo de futebol Sim

Quem pode fazer um Projeto-Semente como estratégia de missão integral? Grupos


familiares, células, departamentos de igreja, classes de escola dominical, igrejas inteiras, famílias,
empresas, ong’s, grupos de afinidade, associações e outros, que tenham convicção do mandado
divino para discipular nações e ensinar pessoas a obedecer tudo que Jesus ordenou.

Quando se pode fazer um Projeto-Semente? Quando se estiver preparado com o


planejamento.

Se revisarmos os textos bíblicos descritos acima, veremos que Projetos-Semente é


ferramenta missionária com as seguintes características:
- Cobertos de oração.
- Motivados pelos propósitos de Deus.
- Cuidadosamente planejados.
- Simples: pequenos, descomplicados, concluídos em pouco tempo.
- Feitos com recursos locais.
- Sem discriminação, pois podem beneficiar qualquer membro da comunidade.
- Os que se beneficiam também participam.
- Avaliados pelos padrões do Reino de Deus.
- Resultado: Deus é louvado.

Sugestão de Plano para Projetos-Semente

Projetos-Semente são feitos lembrando sempre que o planejamento é ponto de


partida e não ponto de chegada à sua execução. Segue sugestão de formulário que pode ser
usado ao se planejar um Projeto-Semente. A primeira e a última ação já estão descritas e se
repetem em todo projeto. O planejamento deve ser muito valorizado, pois favorece aprendizado
e diálogo; além disso, é experiência riquíssima de vida comunitária, capaz de acionar o
desenvolvimento natural da igreja.

harvestfoundation.org 48
PROJETO-SEMENTE
Formulário para planejamento

Necessidade: _________________________________________________________________________________
Propósito de Deus:____________________________________________________________________________
Projeto-Semente de: __________________________________________________________________________
Áreas de impacto (cf. Lc 2.52) - Assinale P (primário) ou S (secundário):
( ) Sabedoria ( ) Física ( ) Espiritual ( ) Relacional
Texto bíblico que inspirou o projeto: ___________________________________________________________

Ações/responsável Recursos necessários Dia, hora, pessoa(s) para


contatar, data para
conclusão

Orar/coordenador do Tempo especialmente Orar em todas as reuniões de


projeto e participantes designado para oração planejamento

Avaliar/coordenador do
projeto e participantes

Transformação esperada: _____________________________________________________________________

Critério de avaliação: ( ) Recursos foram multiplicados? ( ) Pessoas foram abençoadas?


( ) O amor e o propósito de Deus foram demonstrados? ( ) Deus foi honrado?
( ) Orações foram respondidas? ( ) O serviço foi feito com graciosidade (sem reclamação)?
( ) Vidas foram salvas? Como? Descrever as experiências.

"Fazer discípulos de todas as nações", a construção de uma nação discipulada


começa com um empreendimento humano, com igrejas demonstrando o amor de Deus de
forma concreta e oferecendo oportunidades de aprendizado permanente. Mover-se na direção
do sonho já o torna parte da realidade.

Por favor, envie-nos seu relatório!

A Harvest gostaria de compartilhar a alegria de realizar o seu Projeto-Semente. O


relatório é um modo de contar essa história. A sua história pode servir como incentivo e meio de
aprendizado para outros. Ela pode ser um recurso no Reino de Deus e pode ajudar igrejas a servir
de maneira criativa! Sua história, como a de outros, tem esperado desde antes da Criação para
ser contata. Ânimo! Conte sua história! Obrigado!

Envie sua história para a equipe da Harvest Brasil pelo e-mail harvestbra@gmail.com.
Obrigado!

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Harvest Brasil
Rua 1500, 150 – Centro – Balneário Camboriú, SC – 88330-522
Facebook: Associação Harvest Brasil
Instagram: @harvestbrasilbr
E-mail: harvestbra@gmail.com

Missão Integral para a Igreja Local


Transformação e a Igreja Local

Cleiton Alves de Oliveira, Editor


Harvest Brasil
1ª edição em 2014
2ª edição em 2021

Conteúdo: Lições sobre missão integral da Harvest Foundation traduzidas e


contextualizadas. Instrumentos para cuidar do próximo através da igreja local em
comunidades próximas e distantes. Lições originais escritas por Bob Moffitt disponíveis
no site www.harvestfoundation.org.

Palavras-chave: Igreja local e discipulado, planejamento e projetos de transformação,


Reino de Deus

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pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou
eletrônico, fotocópia, impressão ou gravação, nem apropriada ou estocada em sistema
de banco de dados sem expressa autorização dos editores.

Projeto gráfico: @BeeStudioeDesign

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