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Por que os compressores quebram?

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Capítulo 2 - Partida Inundada
14 fevereiro 2013| Autor: Glenn K. Moore
As partidas inundadas são provavelmente a maior causa de quebra dos compressores.
Elas ocorrem quando o fluido refrigerante migra do sistema e condensa-se no óleo do
compressor. Essa migração pode ocorrer em todos os sistemas até um determinado
ponto, devido à pressão do vapor do refrigerante ser superior à do vapor do óleo. É o
vapor do refrigerante que migra e então se condensa no óleo do compressor, que está
mais frio.
Informações gerais
Os aquecedores de cárter podem ajudar a prevenir esse problema desde que tenham
potência suficiente para elevar a temperatura do óleo a, no mínimo, 10ºC acima da
temperatura ambiente ao redor do compressor.

Em ambientes frios e com muito vento, o compressor pode precisar de um aquecedor de


cárter adicional do tipo cinta, além de uma manta térmica, para atingir esse objetivo. É
importante também realizar testes para garantir que a temperatura mínima necessária do
óleo possa ser alcançada independentemente das condições de temperatura ambiente.

Longos ciclos de parada também podem levar a esse problema, principalmente durante
a noite e nos fins de semana, quando a instalação é menos utilizada e a carga térmica é
mínima.

Câmaras de alta temperatura com equipamento superdimensionado também costumam


sofrer desse mal, pois seu ciclo operacional é muito curto e não há demanda de carga
térmica nos meses de inverno.

Quanto mais longo for o ciclo de parada, maior o risco de migração de líquido. Quanto
mais frio o óleo, maior o risco dessa migração de líquido se dar para o óleo.
Como ocorre a quebra
Durante o período de inatividade, quando o compressor está parado, a temperatura do
óleo do compressor diminui. Em situações em que a temperatura ambiente é fria ou
muito fria, o vapor do refrigerante começa a migrar para a parte mais fria do sistema.
Quando esta é o compressor, o vapor do refrigerante começa a condensar dentro do
compressor e o óleo do cárter começa lentamente a se diluir com esse líquido
condensado. Conforme o óleo vai ficando mais saturado, parte do refrigerante começa a
decantar e forma uma camada abaixo dessa mistura óleo/líquido. O óleo menos diluído
fica acima dessa outra camada, atraindo ainda mais líquido. Quanto mais longo for o
tempo de repouso do compressor, maior a quantidade de líquido que migra para ele.
Quando o compressor dá a partida, a pressão dentro dele cai rapidamente. Neste ponto,
o líquido presente no óleo do cárter literalmente explode para fora do óleo, o que faz
com que o cárter fique cheio de vapor e gotículas de óleo. Dependendo do grau de
diluição, o primeiro problema é que a mistura de líquido/óleo se dirige às vias de óleo
que abastecem os mancais e os canais de lubrificação do cilindro, etc.

Conforme essa mistura de óleo e líquido vai sendo levada ao virabrequim para lubrificar
os mancais principais, o calor da fricção entre as superfícies dos mancais faz com que a
porção de líquido da mistura evapore novamente. Esse vapor vai aumentando seu
volume rapidamente e impede que o óleo chegue aos mancais e às bielas mais distantes
desse ponto. Esses mancais logo ficam secos e superaquecem.

Às vezes, em compressores de menor porte, os mancais principais travam e provocam a


parada brusca do motor. Em compressores de grande porte, o motor é mais potente e
continua a girar o virabrequim. Então as bielas superiores ficam presas no virabrequim e
como esta continua a girar, as bielas mais frágeis de alumínio se partem e suas
partículas caem nos pistões, levando à completa quebra do compressor. Essas partículas
metálicas podem ser espalhadas dentro do equipamento, causando danos ao isolamento
do compressor, uma possível queima de algumas peças ou até mesmo a queima do
motor inteiro.
As partidas inundadas podem ser diagnosticadas pelo simples aumento no nível do óleo
que se pode observar no visor de líquido. Durante o start-up, nota-se presença de
espuma por alguns segundos ou até mesmo minutos. Quanto mais tempo essa espuma
permanecer, maior será a extensão do desgaste e dos estragos.

Os engenheiros podem identificar esses sinais facilmente, mas as falhas acarretadas no


compressor podem ser confundidas com as geradas por retorno de líquido, uma vez que
os componentes danificados ficam muito parecidos na inspeção.

Em casos mais extremos, a mistura de óleo e líquido refrigerante pode escorrer para
dentro dos cilindros pelas válvulas de sucção. Essa mistura não pode ser totalmente
comprimida e acaba levando, em muitos casos, à quebra das válvulas de sucção, com
consequente quebra das coroas do pistão e danos às gaxetas e válvulas de descarga.
Nesses casos extremos, o problema geralmente é atribuído ao golpe de líquido.

Danos às válvulas de descarga


devido a golpe de líquido. A mistura
de óleo e líquido não pode ser totalmente
comprimida e resulta em quebra das
válvulas de descarga e até mesmo dos
pistões.
Causas mais frequentes para a partida inundada
1. Sobrecarga do sistema;
2. Temperatura do cárter mais baixa que a do evaporador;
3. Longos períodos de parada do compressor;
4. Compressor instalado em ambiente muito frio e exposto a vento;
5. Aquecedor do cárter com defeito ou com potência insuficiente para atingir a
temperatura necessária para o óleo;
6. Falta de recolhimento ou pump down;
7. Válvula solenoide com vazamento.
Como evitar o problema
1. Utilize um sistema de recolhimento ou pump down;
2. Use um aquecedor de cárter tipo cinta e também uma manta térmica;
3. Instale o compressor em uma área mais quente.
Estragos mais comuns às peças do compressor
1. Mancais sem lubrificação;
2. Desgaste nas superfícies dos mancais;
3. Bielas travadas e quebradas;
4. Travamento nos mancais principais;
5. Compressor completamente danificado;
6. Mancais mais próximos do ponto de lubrificação em bom estado. Mancais mais
distantes danificados;
7. Resíduos das bielas fundidos e aderidos ao virabrequim devido à falta de lubrificação
nos mancais.

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