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Weeks, C. E., Kanter, J. W., Bonov, J. T., Lands, S. J. e Busch, A. M.

Translating the
Theoretical Into Practical: A Logical Framework of Functional Analytic Psychotherapy
Interactions for Research, Training and Clinical Purposes. Behavior Modification, Vol.
36, n. 1, pp. 87-119, 2012.

TRADUZINDO O TEÓRICO EM PRÁTICO: UM QUADRO LÓGICO DAS

INTERAÇÕES DA PSICOTERAPIA ANALÍTICA FUNCIONAL PARA

PROPÓSITOS CLÍNICOS, DE TREINO E DE PESQUISA

Cristal E. Weeks1, Jonathan W. Kanter1, Jordan T. Bonow2, Sara J. Landes3,4 e Andrew

M. Busch5,6

Resumo: A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) oferece uma análise


comportamental da relação terapêutica que aplica as descobertas da pesquisa básica
diretamente ao consultório de psicoterapia clínica. Especificamente, a FAP sugere que o
responder contingente in vivo (i.e., em sessão) do terapeuta aos comportamentos alvo
do cliente, particularmente o reforçamento positivo do comportamento efetivo do
cliente, seria um poderoso mecanismo de mudança. Porém, muito da literatura atual da
FAP é teórico, apresentando as técnicas da FAP de maneira ampla e deixando faltar
explicações com a precisão necessária para sua replicação e treinamento. Neste artigo,
os autores apresentam um quadro lógico para as rodadas de interações entre o cliente e o
terapeuta com o objetivo de orientar a pesquisa, o treinamento e a disseminação da FAP.
A descrição comportamental molecular dos eventos proposta nesta interação lógica
implica em metodologias de pesquisa de microprocessos, sendo que segue uma
discussão de hipóteses potenciais a serem exploradas. São oferecidos guias prescritivos
e diretos para a aplicação da FAP para propósitos de treinamento e disseminação.
Palavras-chave: psicoterapia analítica funcional, responder in vivo, reforçamento,
mecanismo de mudança, treinamento em psicoterapia.

A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP; Kohlenberg & Tsai, 1991; Tsai, Kohlenberg,

Kanter, Kohlenberg et al., 2009) é uma psicoterapia interpessoal baseada no princípio

1
University of Wisconsin-Milwaukee, USA
2
University of Nevada, Reno, USA
3
University of Washington, Seattle,
4
National Center for PTSD, VA Palo Alto Healthcare System, Palo Alto, CA, USA
5
Warren Alpert Medical School of Brown University, Providence, RI, USA
6
The Miriam Hospital, Providence, RI, USA

Contato do Autor:
Cristal E. Weeks, University of Wisconsin-Milwaukee, 224 Garlard Hall, 2441 E. Hartford Ave.,
Milwaukee, WI 53211, USA
Email: ceweeks@uwm.edu
analítico comportamental fundamental do reforçamento. Em poucas palavras, quando o

comportamento é seguido por reforçamento, ele é fortalecido (i.e., aumenta em

frequência e em intensidade). Ao contrário, quando o comportamento não é mais

seguido de reforçadores, ele é enfraquecido (i.e., diminui em frequência e itensidade), e

este é o princípio da extinção1. Um vasto corpo de pesquisas apóia estes princípios

comportamentais básicos e os pesquisadores têm explorado inúmeras variações de como

o momento e a força do reforçamento contingente afetam o comportamento (Catania,

1998). A aplicação direta destas descobertas da pesquisa básica para os pacientes de

psicoterapia sugere que o responder contingente do terapeuta aos comportamentos alvo

do cliente no momento de sua ocorrência, especialmente o reforçamento positivo do

comportamento efetivo do cliente, seria um poderoso mecanismo de mudança (Follette,

Naugle & Callaghan, 1996; Kohlenberg & Tsai, 1991).

Os trabalhos anteriores sobre a FAP, porém, não geraram a pesquisa empírica

necessária para avaliar a eficácia da FAP (Hayes, Masuda, Bissett, Luoma & Guerrero,

2004) e a maioria dos trabalhos sobre FAP é composta de discussões teóricas sobre os

princípios básicos e os processos da FAP (Bolling, Parker, Kanter, Kohlenberg & Tsai,

1999; Follette et al., 1996; Kohlenberg, Kanter & Bolling, 2004; Kohlenberg & Tsai,

1987, 1991, 1994, 1995; Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993; Kohlenberg, Yeater &

Kohlenberg, 1998; Rodriguez-Naranjo, 1998; Tsai, Kohlenberg & Kanter, no prelo;

Vandenberghe & Sousa, 2005), de estudos de caso (Baruch, Kanter, Busch &

Juskiewicz, 2009; Callaghan, Summers & Weidman, 2003; Carrascoso, 2003; Ferro,

Valero & Vives, 2006; Kanter et al., 2006; Kohlenberg & Tsai, 1994; Kohlenberg &

Vandenberghe, 2007; Lopez, 2003; Manos et al., 2009; Wagner, 2005) ou de discussões

teóricas sobre a adição da FAP a outras abordagens psicoterapêuticas (Baruch et al.,

2009; Callaghan, Gregg, Marx, Kohlenberg & Gifford, 2004; Gaynor & Lawrence,
2002; Holmes, Dykstra & Williams, 2003; Hopko & Hopko, 1999; Kanter et al., 2009;

Kanter, Manos, Busch & Rusch, 2008; Kanter, Schildcrout & Kohlenberg, 2005;

Kohlenberg, Kanter, Bolling, Parker & Tsai, 2002; Kohlenberg & Tsai, 1994, 1998;

Manos et al., 2009; Rabin, Tsai & Kohlenberg, 1996; Tsai & Kohlenberg, no prelo;

Vandenberghe, 2007, 2008, 2009; Vandenberghe, Ferro & Furtado da Cruz, 2003;

Wagner, 2005). Dentre estas últimas, apenas a complementação da FAP à terapia

cognitiva (TC; Kohlenberg et al., 2002) foi submetida a estudo empírico, com um

delineamento randomizado demonstrando os efeitos adicionais da FAP sobre a

depressão e os problemas interpessoais juntamente à TC tradicional. Um pequeno corpo

de pesquisa adicional sobre a FAP tem envolvido o processo de categorizar rodadas de

interações psicoterapêuticas, trazendo algum apoio preliminar para a noção de que o

reforçamento contingente em sessão aumenta a frequência daquele comportamento

tanto na sessão como fora dela (Busch, Callaghan, Kanter, Baruch & Weeks, 2010;

Busch et al., 2009; Callaghan et al., 2003; Kanter et al., 2006).

Reflexões sobre questões importantes na pesquisa sobre FAP (Follette &

Bonow, 2009) revelam uma abundância de complexidades. Um aspecto particularmente

problemático da complexidade da FAP é sua natureza funcional e ideográfica, o que

torna difícil que suas técnicas sejam descritas para fins de manualização e

replicabilidade. Assim, as descrições típicas da FAP têm enfatizado discussões amplas

sobre as cinco regras funcionais da FAP sem instruções específicas sobre como os

terapeutas poderiam aplicá-las precisamente (Kanter, Manos et al., 2008; Kohlenberg &

Tsai, 1987, 1991, 1994; Kohlenberg, Tsai, Parker, Bolling & Kanter, 1999). Um

trabalho mais recente sobre a FAP (Tsai, Kohlenberg, Kanter, Kohlenberg et al., 2009)

contribuiu neste aspecto ao oferecer uma diversidade de exemplos clínicos e a interação

lógica da FAP (pp. 155-157), a qual descreve uma sequência específica de


comportamentos do terapeuta que exemplifica as cinco regras da FAP e seus supostos

mecanismos de mudança.

Uma tendência recente na pesquisa é enfatizar mecanismos de mudança

específicos e seus efeitos em diferentes pacotes de tratamento, ao invés de estudar o

pacote de tratamento completo (Follette, 1995; Rosen & Davison, 2003). Na direção

desta tendência, o propósito deste artigo é apresentar a interação lógica da FAP com

detalhes suficientes para direcionar o comportamento do terapeuta e as avaliações

empíricas do mecanismo de mudança da FAP. A apresentação destes detalhes pode ser

vista por alguns analistas do comportamento como um afastamento entre a FAP e seus

princípios analíticos comportamentais fundamentais, tornando a FAP mais orientada por

regras prescritivas do que por princípios básicos. Porém, é da opinião destes autores que

uma confiança exagerada nos princípios básicos deixando de atentar para a

disseminação da FAP pode ser o que impediu as pesquisas até o momento presente. Em

última análise, esta é uma questão empírica e espera-se que este artigo, ao oferecer as

instruções topográficas que estavam faltando na literatura sobre FAP, direcione as

pesquisas que resolverão este debate. Nós esperamos olhar para este artigo daqui alguns

anos e decidir se esta abordagem alternativa foi bem sucedida a partir de evidências

sustentadas em dados. Este artigo apresentará tanto os conhecimentos sobre a FAP

como normalmente descritos quanto os já bem estabelecidos princípios de modificação

do comportamento, incluindo uma breve revisão dos conceitos básicos da FAP.

Pretende-se que esta seja uma ferramenta útil tanto para terapeutas como para

pesquisadores, especialmente ao enriquecer o treinamento de novos terapeutas FAP e ao

oferecer um quadro para as pesquisas de processo sobre o mecanismo de mudança da

FAP.

As Cinco Regras da FAP


Na FAP, os comportamentos alvos a serem tratados em sessão são chamados de

comportamentos clinicamente relevantes (CCR), incluindo tanto os comportamentos

problema (CCR1) quanto os progressos (CCR2). A FAP propõe regras terapêuticas para

maximizar as possibilidades dos CCRs ocorrem na sessão, para que as respostas do

terapeuta venham a enfraquecer os CCR1s e evocar e fortalecer os CCR2s, e para que

essas melhoras dentro da sessão sejam generalizadas para os relacionamentos que

ocorrem fora da terapia (Kohlenberg & Tsai, 1991; Tsai, Kohlenberg, Kanter & Waltz,

2009). A interação lógica aqui apresentada descreve uma sequência específica de

comportamentos do terapeuta que exemplifica as cinco regras da FAP e, como

resultado, seu mecanismo de mudança hipotético. Cada regra será descrita brevemente.

Em seguida, serão apresentadas interações que ilustram como as regras podem ser

aplicadas, em ordem, em uma única sessão de terapia.

Regra 1: Observar os CCRs

Assume-se que a relação terapêutica e outros eventos da terapia (ex., tarefas de casa, o

horário da sessão) evocam CCRs naturalmente. Por isso, é fundamental para a FAP uma

detecção correta dos CCRs quando eles ocorrem. A Regra 1 especifica, amplamente,

comportamentos encobertos de procura e de observação do terapeuta. Uma técnica

específica e observável da Regra 1, destacada no quadro lógico de interações FAP

abaixo, é a realização de paralelos de-fora-para-dentro. Nas interações em que o

terapeuta faz paralelos, ele geralmente aponta similaridades entre os eventos do

cotidiano do cliente e os eventos que estão ocorrendo na sessão de terapia. Os paralelos

de-fora-para-dentro envolvem afirmações ou perguntas que sugerem equivalentes entre

os eventos cotidianos que o cliente já descreveu para o terapeuta no passado e interações

in vivo ocorrendo com o terapeuta no momento presente. As respostas do cliente a estes

paralelos podem oferecer informações adicionais para o terapeuta, em termos da


conceituação do caso e da avaliação dos comportamentos que ocorrem fora da sessão, e

ainda ajudar na identificação dos CCRs. A Regra 1 requer uma clara conceituação de

caso e estratégias de avaliação funcional. Há exemplos destes em Kanter, Weeks et al.

(2008) e eles não serão descritos detalhadamente aqui. Técnicas para melhorar a atenção

e a sensibilidade aos CCRs podem ser encontradas em Tsai, Kohlenberg, Kanter e

Waltz (2009, pp. 62-70).

Regra 2: Evocar os CCRs

Enquanto a Regra 1 envolve perceber os CCRs que são naturalmente evocados pela

relação terapêutica, a Regra 2 envolve ações mais estratégicas para evocar CCRs

propositalmente na sessão. Estas estratégias incluem estruturar a terapia para torná-la

evocativa, enfatizando a intensidade e a importância da relação terapêutica no seu

início, utilizando técnicas estratégicas oriundas de várias abordagens terapêuticas e

especificamente solicitando ao cliente para que apresente um CCR2 em um dado

momento. Esta última estratégia, solicitações específicas para que o cliente apresente

um CCR, é relevante para a interação lógica da FAP e será discutida mais

detalhadamente a seguir. Em geral, as demonstrações de emoções do cliente são vistas

como indicadores da presença real ou potencial de CCRs, então as técnicas relacionadas

à Regra 2 frequentemente enfatizam a emoção (Tsai, Kohlenberg, Kanter & Waltz,

2009, pp. 70-83).

Regra 3: Reforçar Naturalmente os CCR2s

O texto original sobre a FAP enfatizou o responder aos CCR2s, mas não tratou da

questão do responder aos CCR1s. Um tratamento completo da Regra 3, como o

realizado em Tsai, Kohlenberg, Kanter e Waltz (2009), define a Regra 3 como o

responder contingente a qualquer CCR que ocorra na sessão, e tal responder


desempenha o papel principal na definição do mecanismo de ação da FAP.

Essencialmente, quando ocorre um CCR, tanto aquele observado em uma interação

natural (Regra 1), quanto aquele evocado por ações estratégicas do terapeuta (Regra 3),

a tarefa do terapeuta é identificar o comportamento como um CCR1 ou um CCR2 e

responder de acordo para diminuir os CCR1s e aumentar os CCR2s (Regra3). Como a

FAP é uma abordagem construtiva (Goldiamond, 1974), a prioridade fundamental é

evocar e modelar CCR2s, construindo novos repertórios de comportamentos

interpessoais pró-sociais, e não enfatizar a redução de comportamentos problema ou

sintomas psiquiátricos. Devido à ênfase da FAP no reforçamento natural, a Regra 3

requer que os terapeutas FAP promovam o desenvolvimento de um relacionamento

íntimo e genuíno com o cliente (respeitando os limites profissionais adequados em

relação à intimidade, obviamente) e permitam tanto que suas reações naturais ao cliente

ocorram naquele momento quanto que sua atenção sobre a conceituação de caso do

cliente guiem suas expressões em reação aos CCRs. Esta regra será explicada

detalhadamente a seguir.

Regra 4: Observe os Efeitos Potencialmente Reforçadores do Comportamento do

Terapeuta em Relação aos CCRs do Cliente

O reforçamento é definido funcionalmente como qualquer evento que leve a um

aumento no comportamento, e não topograficamente, como qualquer tipo ou forma de

evento. Assim, a única forma de realmente saber se a resposta do terapeuta foi

reforçadora para um cliente é observando o comportamento do cliente ao longo do

tempo. Se o comportamento do cliente aumentar de frequência, então poderá ser dito

que uma resposta terapêutica específica foi reforçadora. Assim, para um terapeuta FAP

saber se a Regra 3 está ocorrendo efetivamente, a Regra 4 o encoraja a observar as


mudanças comportamentais do cliente ao longo do tempo com relação às tentativas de

reforçamento.

Semelhantemente à Regra 1, a Regra 4 especifica vários comportamentos

encobertos do terapeuta, então identificar marcadores observáveis de que o terapeuta

está se engajando na Regra 4 pode ser útil tanto para interesses de pesquisa quanto para

de supervisão. Além disso, para alguns CCRs, o cliente pode não ter muitas

oportunidades de se engajar em respostas in vivo (ex., iniciar conversações,

assertividade); assim, apenas observar o aumento na frequência dos CCRs in vivo pode

não ser a avaliação mais adequada. Para estas situações, além de observar as mudanças

nos CCRs ao longo do tempo, os terapeutas também podem se beneficiar de um

feedback mais direto do cliente a respeito do impacto do comportamento do terapeuta

sobre o cliente e pode estimular feedback do cliente como um indicador alternativo de

que o reforçamento ocorreu.

Então, a Regra 4 encoraja o cuidado em observar a frequência dos

comportamentos alvo do cliente ao longo do tempo e especifica perguntar ao cliente

como ele se sentiu sobre uma consequência terapêutica específica que tenha sido

fornecida imediatamente após uma interação importante. Este feedback pode ser

especialmente informativo para o terapeuta nos estágios iniciais da relação terapêutica

como um tipo de avaliação do reforçamento clínico, para determinar que tipo de

respostas do terapeuta são mais compatíveis com o cliente. Porém, deve-se manter

sempre em mente que a informação que está sendo dada é apenas um autorrelato e os

dados que estiverem sendo coletados não devem ser negligenciados. Perguntas sobre as

consequências terapêuticas serão apresentadas a seguir no quadro lógico para as

interações FAP.
Regra 5: Oferecer Interpretações Funcionais e Aplicar Estratégias de Generalização

O texto original da FAP (Kohlenberg & Tsai, 1991) propôs a Regra 5 para destacar que,

quando o terapeuta não está diretamente respondendo ao CCR, na FAP a sua fala

deveria ser ainda tão funcional quanto o possível, indentificando antecedentes e

consequentes dos comportamentos alvo do cliente. Tais falas, teoricamente, deveriam

promover a generalização dos ganhos em sessão. Afirmações sobre relações funcionais

podem ser vistas como “regras” (Hayes, 1989), e elas idealmente especificam todos os

três termos da tríplice contingência (antecedente, resposta e consequência), e os

terapeutas FAP devem especificar as contingências relevantes que governam os

progressos o mais completamente possível. Isto não sugere que o terapeuta irá enviar o

cliente para o mundo com “prescrições” comportamentais rígidas para se engajar nos

comportamentos X quando e somente quando surgir o contexto Y. Pelo contrário, a

interação lógica da FAP sugere utilizar a Regra 5 para ensinar os clientes a como

reconhecer e interpretar os estímulos contextuais antecedentes que se destacam ao seu

redor; aprender a responder intencionalmente e de acordo; e então avaliar a efetividade

de suas respostas para si mesmo a partir das consequências que seu ambiente fornece.

Em tempo, tais tentativas de generalização podem levar os clientes a possuir cada vez

mais habilidades para ajustar o seu comportamento em um nível imediato quando

estiver interagindo com outros em seu cotidiano. É fundamental formular regras sobre

os comportamentos em sessão correspondentes aos eventos ocorridos fora da sessão;

melhor ainda é formular regras que relacionam as variáveis controladoras de dentro da

sessão e apontar sua semelhança com aquelas que ocorrem fora da sessão (paralelos de-

dentro-para-fora). Tais paralelos estão incluídos na interação lógica da FAP.

Mais recentemente, a Regra 5 foi brevemente expandida para englobar as

estratégias de generalização adicionais que são recomendadas na FAP (Tsai,


Kolhlenberg, Kanter & Waltz, 2009). Primeiramente, como a FAP se trata de uma

abordagem comportamental que requer mudanças comportamentais, são encorajadas

tarefas de casa para que o cliente se engaje em comportamentos específicos fora da

sessão. Do ponto de vista da FAP, as melhores tarefas de casa são aquelas que fluem de

uma interação terapêutica bem sucedida na qual ocorreram CCR2s e em que eles foram

positivamente reforçados pelo terapeuta. Por exemplo, quando uma interação intensa

ocorre entre o cliente e o terapeuta, como quando o cliente afirma suas necessidades

pela primeira vez e o terapeuta responde adequadamente ao apoiar a afirmação, o

terapeuta pode verbalmente ilustrar as contingências que ocorreram entre eles dois

naquele momento. A partir daí, pode então encorajar o cliente a tentar aquele

comportamento em casa com alguém significativo para ele, caso ocorra alguma situação

com um contexto antecedente semelhante.

O Contexto das Cinco Regras

Para entender as cinco regras e seus exemplos mais completamente em uma interação

lógica da FAP, deve-se estar alerta a algumas questões básicas para a FAP. Estas

questões estão relacionadas ao tipo de relação terapêutica na qual as regras são

utilizadas, a definição dos objetivos do tratamento e o processo funcional do

reforçamento.

A relação terapêutica. A aplicação das cinco regras e do quadro lógico de

interações discutido a seguir ocorre no contexto de uma relação psicoterapêutica já

estabelecida e em um trabalho terapêutico em curso. Definir uma relação FAP está para

além dos propósitos deste artigo, mas pode-se fazer uma breve explanação (para uma

análise mais completa, veja Follette et al., 1996; Tsai, Kohlenberg, Kanter, Kohlenberg

et al., 2009, pp. 71-74, 146-153). Primeiro, uma vez que as interações FAP podem ser
intensas para o cliente, é importante que a relação FAP seja realmente sólida, que o

cliente tenha dado consentimento informado sobre trabalhar em uma terapia focada no

relacionamento e que o cliente tenha respondido positivamente à racional da FAP. Os

CCRs devem ter sido definidos colaborativamente entre o terapeuta e o cliente com base

nos objetivos do cliente para a terapia e o terapeuta deve trabalhar para criar um

contexto de segurança e confiança na relação (ao máximo possível, já que isto pode

estar relacionado às dificuldades do cliente que farão parte da conceituação dos seus

CCRs).

Definição dos objetivos do tratamento. A FAP pode ser praticada como uma

intervenção exclusiva ou como um complemento de outras intervenções. Quando

utilizada como um complemento para outras intervenções, os objetivos do tratamento

são definidos pela primeira intervenção. Quando utilizada como uma intervenção

exclusiva, os comportamentos alvo (os CCRs e seus respectivos objetivos para o

cotidiano) são definidos ideográfica e colaborativamente, tanto a partir de discussões

informais e entrevistas quanto a partir de avaliações específicas da FAP. Kanter, Tsai e

Kohlenberg (no prelo) apresentam orientações sobre como definir objetivos para o

tratamento de diversas populações clínicas, incluindo adolescentes, minorias sexuais,

outras minorias culturais e éticas, abusadores sexuais, indivíduos com problemas

mentais severos, casais e mulheres. Para estes propósitos, assume-se que o terapeuta e o

cliente definiram colaborativamente os CCRs e que o terapeuta realiza conceituações de

caso constantes sobre os CCRs que estão orientando sua aplicação do tratamento FAP.

Em geral, com exceção do trabalho com populações mais específicas, os objetivos do

tratamento FAP geralmente enfatizam o aumento e a melhora dos relacionamentos

íntimos e os CCRs envolvem questões de vulnerabilidade, expressão emocional e

confiança em relacionamentos íntimos. Talvez o CCR1 mais clássico em uma terapia


FAP seja a esquiva da intimidade (em suas muitas formas) e seu CCR2 correspondente

seja se aprofundar em situações íntimas.

Reforçamento. Quando o terapeuta responde contingentemente ao CCR na FAP,

é importante que ele entenda como o reforçamento é definido e utilizado. Primeiro, um

fator fundamental no reforçamento, demonstrado por décadas de pesquisa tanto em

animais não humanos quanto em humanos, é que quanto mais próximo no tempo e no

espaço um reforçador está do comportamento que se pretende reforçar, mais efetivo ele

será para a modificação do comportamento. Assim, a ocorrência de um CCR na FAP

representa uma oportunidade valiosa e volátil, sendo o momento do reforçamento

essencial. Quando o CCR ocorre, os terapeutas FAP são encorajados a considerar deixar

de lado qualquer conteúdo que estava sendo o foco da interação e prontamente mudar

para uma interação in vivo em que se consequencia o CCR. Tal mudança para este

processo FAP é o começo de uma interação lógica.

Apesar das décadas de pesquisa estabelecendo o princípio do reforçamento no

laboratório, a abordagem baseada em reforçamento da FAP permanece relativamente

obscura. Uma possível razão para este problema é a confusão sobre a natureza complexa

do reforçamento em FAP. Pode ser difícil para os terapeutas perceberem a relevância

dos reforçadores utilizados na pesquisa básica, como porções de alimento ou água, ou

aqueles utilizados em pesquisas aplicadas, como doces, privilégios e fichas, em seu

trabalho com os clientes adultos que procuram seus consultórios (Ferster, 1967, 1972a,

1972b). Muitos não behavioristas assumem incorretamente que estes reforçadores

arbitrários e artificiais são os únicos tipos de consequências utilizadas por analistas do

comportamento.
Na FAP, porém, preferem-se as consequências naturais (Ferster, 1967).

Exemplos de reforçadores naturais incluem comportamentos pró-sociais que estejam

naturalmente relacionados ao bom andamento das relações sociais, atenção, expressão

de cuidado e preocupação de alguém que está em uma relação que naturalmente

contempla expressões recíprocas da outra pessoa e solicitações assertivas apropriadas de

uma pessoa naturalmente inclinada a atender pedidos feitos pelo outro. De fato,

consequências arbitrárias ou artificiais podem não ser reforçadoras na relação

terapêutica e reforçadores naturais, como consequências que estão potencialmente

disponíveis tanto na terapia quanto no cotidiano do cliente, são mais prováveis de se

generalizar da terapia para o cotidiano.

Assim, os terapeutas FAP não são encorajados a aplicar consequêncais

arbitrárias para modelar os CCRs e deveriam, ao contrário, utilizar reforçadores

naturais, tais como expressões de cuidado, dizer ao cliente como ele se sente em relação

ao cliente naquele momento e expressões não verbais de conexão interpessoal, incluindo

chorar ao revelar uma memória cheia de emoção ou aumentar o contato visual.

Naturalmente, estes comportamentos devem corresponder à personalidade do terapeuta

e devem estar dentro do limite das revelações aceitáveis a se fazer para um cliente.

Apesar de estar além dos propósitos deste artigo, o treino de terapeutas, a supervisão e o

contínuo autodesenvolvimento são sugeridos na FAP para aumentar a probabilidade de

que estas respostas altamente reforçadoras estejam disponíveis no repertório dos

terapeutas (Tsai, Callaghan, Kohlenberg, Follette & Darrow, 2008). Colocado de

maneira menos técnica, a coragem do terapeuta, expressa na sua disposição em expandir

seu repertório interpessoal, e seu amor, expresso em sua disposição para prover

feedback contingente positivo e cuidadoso, são essenciais e habilidades pré-requisito

para a interação lógica da FAP (Tsai, Kohlenberg, Kanter, Kohlenberg et al., 2009).
Tabela 1. Resumo da Interação Lógica e das Cinco Regras da FAP

Regra Passo

Regra 1 1. O terapeuta oferece um paralelo de-fora-para-dentro

2. O cliente confirma que o paralelo foi correto

Regra 2 3. O terapeuta evoca um CCR

4. O cliente se engaja em um CCR1

Regra 3 5. O terapeuta responde contingentemente ao CCR1

6. O cliente se engaja em um CCR2

7. O terapeuta responde contingentemente ao CCR2

8. O cliente se engaja e mais CCR2s

Regra 4 9. O terapeuta pergunta sobre o efeito de seu comportamento sobre o

cliente

10. O cliente se engaja em mais CCR2s

Regra 5 11. O terapeuta oferece um paralelo de-dentro-para-fora e recomenda uma

tarefa de casa baseada na interação

12. O cliente relata disposição em tentar a tarefa de casa fora da sessão.

Legenda: FAP = psicoterapia analítica funcional; CCR = comportamento clinicamente


relevante.

O Quadro Lógico para as Interações FAP

O quadro lógico para as interações FAP assume que o terapeuta e o cliente estão

engajados em um trabalho terapêutico contínuo, o que pode tomar várias formas, e que

os objetivos do tratamento e os CCRs foram definidos no contexto deste trabalho.

Quando uma interação lógica começa, o diálogo é sobre objetivos do cotidiano do

cliente. Um fator central para as interações é que as cinco regras da FAP estão

apresentadas em ordem (veja a Tabela 1 para um resumo da interação). De fato, pode-se

utilizar as cinco regras da FAP em uma única sequência. Esta não é simplesmente uma
organização conveniente das regras para fins de treinamento, mas é de fato como as

regras foram planejadas e como interações efetivas da FAP ocorrem, sendo que a

sequência representa o progresso natural desde a (Regra 1) identificação de

similaridades funcionais entre os problemas cotidianos e dos comportamentos em

sessão, a (Regra 2) subsequente generalização de um comportamento comum no

cotidiano do cliente para a relação terapêutica, a (Regra 3) aplicação terapêutica de

consequências para instâncias reais do problema a fim de modelar progressos em sessão

e a (Regra 5) generalização do comportamento que foi modelado em sessão para o

cotidiano do cliente.

A interação inteira pode ser condensada dentro de uma única troca ou pode

ocorrer gradualmente ao longo de uma sessão, com elaborações e trocas irrelevantes

intercalados com os passos da interação. Além disso, muitas repetições da interação

podem ser possíveis. Repetições da Regra 3 envolvendo tanto comportamentos

problema quanto progressos do cliente ocorrem frequentemente. Em uma repetição

problemática, o cliente repetidamente apresenta um CCR1 (geralmente uma esquiva) e o

terapeuta repetidamente responde contingentemente a ele, geralmente prevenindo que o

cliente apresente outro CCR1 e recomendando um comportamento alternativo. Em uma

repetição de progressos, um CCR2 é seguido por uma resposta positivamente

reforçadora do terapeuta, ocorre um novo CCR2 e ele é seguido por mais reforçamento

positivo do terapeuta. Dessa forma, os CCR2 podem ser rapidamente fortalecidos na

sessão e a relação terapêutica se torna cada vez mais positiva e melhor. Não há nenhuma

exigência de que uma interação inteira ocorra em uma única sessão. Dada a ênfase da

FAP sobre o reforçamento imediato, porém, parece lógico que as Regras 2 e 3 ocorram

imediatamente em sequência. A FAP sugere que pode ser benéfico, porém, que haja

algum atraso entre as Regras 3 e 4. Isto será discutido mais adiante.


Esta apresentação do quadro para interações lógicas da FAP sintetiza uma

grande literatura teórica e de pesquisa básica subjacente à FAP em um quadro único e

de fácil compreensão. Por isso alguns aspectos importantes da FAP estão simplificados.

Por exemplo, presume-se que algumas informações sobre a FAP da forma que

geralmente são descritas já são de conhecimento do leitor, por isso suas premissas

básicas foram apenas brevemente revistas. Além disso, serão enfatizados os exemplos

representativos das cinco regras e não exposições teóricas sobre os princípios funcionais

que as sustentam. Enfim, é importante guardar reservas contra excessos de confiança na

topografia dos exemplos que definem as regras; os exemplos específicos trazem a

simples intenção de ilustrar as regras.

Regra 1: O Terapeuta Observa os CCRs

Avaliação contínua. O terapeuta monitora o impacto do comportamento do cliente sobre

o terapeuta. Este repertório perceptivo é essencial para identificar exemplos potenciais

dos CCRs que são parte da conceituação de caso colaborativamente elaborada. O

terapeuta também precisa prever como que os potenciais CCRs podem impactar as

outras pessoas no cotidiano do cliente. Observar os CCRs nem sempre implica em

comportamento encoberto do terapeuta, mas em algumas intervenções também envolve

comportamentos abertos (veja abaixo), e ainda, a ampliação ou o refinamento da

conceituação de caso após a sessão.

O terapeuta oferece um paralelo de-fora-para-dentro. Como afirmado

anteriormente, um paralelo de-fora-para-dentro é uma situação na qual o terapeuta

aponta similaridades entre os eventos que ocorrem no cotidiano do cliente e as

interações ocorrendo dentro da sessão de terapia. A observação destas interações pode

servir como uma forma aberta de avaliação contínua. A interação pode ser iniciada com
uma discussão sobre o cotidiano do cliente, com o terapeuta utilizando um paralelo de-

fora-para-dentro para comparar o material do cotidiano do cliente com eventos da

sessão, trazendo o material cotidiano para uma situação in vivo. Essencialmente, se o

terapeuta perceber ou suspeitar de um possível CCR (Regra 1), ele pode tentar um

paralelo de-fora-para-dentro comparando os comportamentos que ocorrem no cotidiano

com o comportamento que ocorreu na sessão. Exemplos específicos incluem os

seguintes2:

A. Você está parecendo um pouco desconfortável. Você sente que também tem

que se proteger de mim?

B. Você está muito sorridente e agitada agora, jogando seu cabelo e balançando

os pés. É este mesmo comportamento, esse de agora, que você disse te trazer

problemas com os garotos que você disse estarem interessados em você?

C. Nós temos falado sobre quando a conversa com sua esposa atinge um certo

nível e você só quer parar de falar e evitar qualquer coisa. Eu estava

pensando se há conversas comigo em que você sente o mesmo. Isto já

aconteceu aqui? É isto que está acontecendo agora?

D. Você me contou que às vezes você tem problemas para dar nome aos seus

sentimentos. Parece que isso está acontecendo na nossa conversa. O que

você acha?

Para a interação prosseguir, o cliente confirma se o paralelo de-fora-para-dentro

está correto ou pelo menos não discorda diretamente. As respostas dos clientes podem

ser como as seguintes:

A. Não tanto, mas sinto um pouco.


B. Totalmente... Eu simplesmente não consigo evitar. Não que eu realmente

queira flertar com você, é só uma coisa que eu faço quando estou nervosa.

C. Não sei... Não tenho muita certeza. Pode ser.

D. Isso mesmo. Eu simplesmente não sei o que eu sinto.

Alguns outros exemplos que podem ocorrer mais tarde na sessão podem ser

chamados de paralelos de-dentro-para-dentro, nos quais o terapeuta compara o

comportamento ocorrendo naquele momento da sessão com interações ocorridas

anteriormente. Dessa forma, um terapeuta pode relembrar situações semelhantes quando

ele souber que o cliente está apresentando um CCR e perguntar o quanto aquilo que está

acontecendo é semelhante à interação anterior.

Regra 2: O Terapeuta Evoca os CCRs

Depois que o cliente confirma que o paralelo de-fora-para-dentro estava correto ou pelo

menos demonstra estar aberto para continuar nesta direção, o terapeuta tenta

diretamente evocar um CCR (Regra 2). Continuando os exemplos anteriores, tais

tentativas de evocar CCRs podem envolver exemplos semelhantes aos seguintes:

A. Ao invés de se proteger, você poderia, agora, se abrir um pouco mais e nos

permitir uma relação mais verdadeira? O que você poderia dizer ou fazer

agora para facilitar sermos mais verdadeiros um com o outro?

B. Você consegue relaxar em nossa interação agora e deixar de flertar? Por traz

do flerte, você está nervosa. Será que nós podemos trazer o seu nervosismo

diretamente para a nossa conversa?


C. O que você acha de entrarmos em uma conversa que você tentaria evitar, mas

que você reconhece ser importante que tenhamos? O que você não está me

contando que é importante, porém difícil de dizer?

D. Certo. Vamos tentar entender isto juntos. Se você fosse uma personagem de

TV, o que os espectadores pensariam que você está sentindo agora?

Nesta interação, as Regras 1 e 2 são bem parecidas pois, funcionalmente, o mais

importante é que o CCR ocorra (o próximo passo), e estes comportamentos do terapeuta

são ambos tentativas de identificar e evocar os CCRs. Um alerta sobre a Regra 2 é que,

na FAP, nem sempre são exigidos esforços deliberados da parte do terapeuta, porque os

CCRs podem ocorrer naturalmente.

Regra 3: O Terapeuta Responde ao CCR

Na interação lógica, o cliente tipicamente primeiro se engaja em um CCR1, o terapeuta

responde a ele e sugere um CCR2. Então o terapeuta responde contingentemente aos

CCR2. Idealmente, os CCR1 irão ocorrer cada vez menos frequentemente ao longo do

tempo e as sessões passarão a ser dominadas por CCR2s de melhoras nos

comportamentos e nas habilidades.

O Cliente se engaja em CCR1. Na FAP, especialmente no começo da terapia, é

comum ocorrer CCR1s em resposta às tentativas do terapeuta de evocar CCRs. O

terapeuta FAP nunca tenta evocar CCR1s de propósito, uma vez que ele sempre está

esperando por CCR2s, mas o terapeuta deve estar preparado para a ocorrência de

CCR1s. Continuando os exemplos acima, os CCR1s do cliente podem incluir os

seguintes:

A. Não consigo imaginar qualquer coisa pra eu dizer ou fazer.


B. Você está brincando [rindo]? Por que eu faria isto?

C. Bem, tem algo sim, mas realmente não gostaria de falar sobre isto. Eu não

consigo ver como você poderia me ajudar.

D. [Pausa] Estou tentando muito, mas eu nem imagino que eu seja capaz de

fazer isto.

O terapeuta responde contingentemente ao CCR1. Embora não seja a única

alternativa, uma resposta lógica da FAP a um CCR1 deve incluir um comentário sobre

ele, um bloqueio e uma sugestão de comportamento alternativo (CCR2). Neste ponto da

interação, é imperativo para o terapeuta ter em mente a natureza de sua relação com o

cliente e ser sensível, respondendo em um tom empático e cuidadoso; apesar do

responder a um CCR1 implicar punição, a punição não precisa soar punitiva para ter o

efeito desejado sobre o comportamento. Algumas díades terapeuta-cliente conseguem

interagir confortavelmente com sarcasmo ou irreverência, mas outras não – a questão é

a percepção do que se encaixa no repertório pessoal do terapeuta e do que é

ideograficamente mais efetivo para o cliente. Quando terapeuta e cliente chegam a um

acordo mútuo sobre a conceituação de caso e estão alertas aos comportamentos que

serão objeto de intervenção, o simples apontamento de que o CCR1 ocorreu, feito de

maneira gentil e empática, pode funcionar como punição. Continuando os exemplos

acima, as respostas do terapeuta podem incluir as seguintes:

A. Bem, essa foi um pouco rápida, não foi? Eu só acho que isto tem a ver com os

seus objetivos de querer deixar os seus relacionamentos mais significativos.

Eu sei que isto assusta, mas eu estava pensando se você consegue pensar por

um minuto sobre o que você poderia fazer agora aqui comigo que levasse a

este objetivo. O que você pode fazer de diferente?


B. Posso ver que você ainda está rindo. É muito difícil ser verdadeira, não é?

Deixar a guarda baixar por um segundo. Eu realmente gostaria de ter este

momento com você.

C. Eu também não sei se eu posso ser útil, mas tenho certeza que quero ouvir o

que você tem a dizer. É difícil, eu sei, leve o tempo que você precisar.

D. Vamos facilitar então. O que parece descrever melhor o que você está

sentindo: tristeza ou medo?

Nas sessões de FAP, repetições nas quais o cliente continua a se esquivar e o

terapeuta continua a bloquear a esquiva e a recomendar um comportamento alternativo

são comuns. Os terapeutas FAP acabam se tornando um tanto teimosos e persistentes

em sua ênfase em evocar CCR2 e não se deixam abalar pelas distrações e esquivas do

cliente. Por exemplo, no Exemplo B, repare como o terapeuta escolheu ignorar a

pergunta da cliente (“Por que eu faria isto?”) e, ao contrário, enfatiza diretamente o

CCR1 e continua a recomendar um CCR2. Essencialmente, ocorre uma “batalha de

extinções” entre os comportamentos do cliente e do terapeuta, em que há uma pressão

funcional para o comportamento do terapeuta de tentar evocar CCR2s extinguir devido

a falta de reforçamento por parte do cliente, e há uma pressão funcional para o CCR1 do

cliente extinguir devido à falta de reforçamento por parte do terapeuta. O terapeuta FAP

deve ser mais “resistente à extinção” do que seus clientes nestas situações, mas apenas

se houver uma forte probabilidade de o cliente se engajar em um CCR2 antes que a

interação termine. Se não, então a sessão pode assumir um tom negativo e punitivo,

prejudicando a relação terapêutica (para um exemplo baseado em dados sobre esta

questão, veja o exemplo de “Dan” em Kanter et al., 2006).

O cliente se engaja em CCR2. Os CCR2s do cliente podem incluir os seguintes:


A. [Depois de um minuto de silêncio] Eu entendi o que você disse e eu quero,

mas eu não sei o que fazer. Eu me sinto tão burro.

B. Sim, é mesmo difícil [começa a chorar].

C. Certo. Na verdade não é nada, mesmo, nada importante, mas eu comecei a

exagerar na maconha de novo e eu sinto vergonha disso.

D. Eu acho que é pior que tristeza. É como se tivesse um monte de lixo em cima

de mim. Eu acho que “desesperada” é uma boa palavra para me descrever.

Em toda situação, o terapeuta procura reconhecer um CCR2 como uma parte de

uma resposta complexa. No exemplo A, o cliente parecia estar procurando por uma

resposta que fosse um CCR2, então ele genuinamente, e não defensivamente, disse “eu

realmente não sei o que fazer” e então, quase que acidentalmente, disse “Eu me sinto

tão burro” o que foi, de fato, a resposta desejada, uma vez que se tratou de uma

mudança em direção à vulnerabilidade e genuinidade no relacionamento com o

terapeuta. No Exemplo B, o chorar foi um naturalmente incompatível com o rir. Apesar

das expressões emocionais poderem possuir diversas funções, o chorar geralmente

significa um indicativo de que “a pessoa abaixou a guarda” ou de outros progressos

importantes. Isto não significa que os terapeutas FAP tentam desestabilizar seus clientes

durante a sessão, mas simplesmente que a atenção para uma expressão emocional

particular do cliente é importante. No exemplo C, o cliente minimiza a autorrevelação,

mas não deixa de fazê-la. Com a evolução da terapia, quando as autorrevelações sobre

vergonha ou sobre outros assuntos até mais difíceis forem comuns, minimizar a

revelação poderá ser visto como um CCR1, mas neste exemplo, em que o cliente ainda

não havia feito nenhuma revelação deste tipo, a ocorrência do CCR2, mesmo nesta
forma, é uma melhora suficiente e reforçar esta melhora é uma prioridade sobre o

responder ao CCR1.

O terapeuta responde contingentemente ao CCR2. Neste trabalho estão

apresentadas algumas recomendações sobre como o terapeuta deve responder aos

CCR2, mas dada a importância deste passo para o mecanismo de mudança hipotetizado

pela FAP, alguns cuidados precisam ser tomados. Primeiro, Kohlenberg, Kanter e Waltz

(2009) enfatizaram um treino de terapeutas para estabelecerem uma relação terapêutica

que cria um contexto que torna o responder naturalmente e positivamente às melhoras

do cliente mais possível para o terapeuta. Nós acreditamos que este treino é importante,

mas descrevê-lo está para além dos objetivos deste artigo. Segundo, Follette e Bonow

(2009) alertaram para as tentativas do terapeuta de seguir exemplos ao invés de fazer o

que naturalmente fariam:

Embora seja tentador oferecer exemplos específicos sobre como responder, nós

fomos cautelosos em oferecer múltiplos exemplos em que diferentes topografias

de respostas poderiam todas possuir funções semelhantes. Cabe então ao terapeuta

determinar qual é o exemplo mais natural para ele. Ao mesmo tempo, a resposta

implica em que alguém não precisa saber o que fazer até que o terapeuta tente

algo e observe o resultado... Não existe uma forma exata de como o terapeuta

deveria evocar ou responder contingentemente a um determinado comportamento

do cliente. (p. 144)

Assim, apesar de estarem sendo oferecidos vários exemplos específicos de como

se responder aos CCR2s, semelhantemente às outras regras, é desejável encorajar os

leitores a não se apegarem ao texto, mas ao contrário utilizá-los como inspiração para o

desenvolvimento de respostas naturais e personalizadas, consistentes com o repertório


pessoal, a capacidade e as limitações do terapeuta, e de acordo com a conceituação de

caso do cliente. Além disso, encoraja-se um desenvolvimento contínuo do terapeuta

como em Tsai et al. (2008).

Diversos tipos de responder ao CCR2 parecem acontecer na FAP. Primeiro, de

forma geral, as repostas do terapeuta aos CCR2 amplificam a reação emocional positiva

e natural do terapeuta ao comportamento do cliente. Frequentemente, os terapeutas têm

reações emocionais privadas ao comportamento do cliente, e neste caso, o terapeuta

pode expressar o que de outra forma não poderia ser percebido pela maioria dos

clientes. O que se assume é que produzir reações emocionais positivas nas outras

pessoas é reforçador para o cliente; assim, o terapeuta torna sua reação claramente

visível para o cliente para garantir que este entre em contato com a contingência de

reforço.

Em segundo lugar, quando os problemas do cliente estão relacionados à

passividade ou à falta de assertividade, os CCR2 incluem qualquer tentativa do cliente

de fazer pedidos ou exigências ao terapeuta. As respostas do terapeuta neste caso

envolvem dar ao cliente o que ele está pedindo. Em alguns casos, isto pode ser simples,

como alterar o horário da sessão, adicionar algo à agenda da sessão, ou abrir uma janela.

Em outros casos, a resposta será mais desafiadora para o terapeuta. Por exemplo, o

CCR2 de um cliente poderia incluir um pedido que desviaria o terapeuta do protocolo

de intervenção (ex., o protocolo da Ativação Comportamental ou da TC) ou que forçaria

o terapeuta contra suas limitações (ex., ligar para o médico do cliente por causa de uma

receita ou atender a uma ligação do cliente durante as férias). Estas são situações em

que a resposta natural e genuína do terapeuta, de fato, seria dizer não, e ilustram a

importância da atenção à função do comportamento e à conceituação de caso do cliente,

além da inclinação natural do terapeuta. Como o terapeuta reage em cada uma destas
situações é, naturalmente, uma questão individual do terapeuta. A FAP encoraja a

flexibilidade ao responder para maximizar a possibilidade de que o CCR2 será

naturalmente reforçado.

Terceiro, quando o CCR2 do cliente envolve revelações que fazem o cliente se

sentir mais vulnerável, mas que favorecem o aumento da intimidade em um

relacionamento (ex., chorar pela primeira vez na frente de alguém, falar sobre medo ou

tristeza ao invés de raiva e frustração, discutir um abuso ocorrido na infância), uma

resposta natural do terapeuta nestas situações é também se autorrevelar e aumentar o seu

sentimento de vulnerabilidade. Novamente, a maneira como o terapeuta responde a

estas situações é pessoal, mas uma autorrevelação do terapeuta que seja natural,

estratégica, limitada e que ainda colabore com a conceituação de caso do cliente é

encorajada pela FAP.

Para continuar os exemplos acima, respostas específicas do terapeuta podem ser

como as que se seguem:

A. Quando você diz que se sente burro, eu quero que você saiba que eu sei que é

difícil pra você admitir isto, e isto realmente me aproxima de você. Todos

nós nos sentimos burros às vezes, incluindo eu, e compartilhar isto comigo

apenas mostra que você é um ser humano e me relembra que nós todos

estamos nesta juntos.

B. [Deixa a cliente chorar um pouco]. Nossa, agora eu realmente vejo a sua dor

de uma forma que me ajuda a entender melhor o que isto significa pra você.

C. Maconha? Nós com certeza vamos falar sobre isto; o que você precisa de

mim pra te ajudar com o seu sentimento de vergonha? Pessoalmente, eu não


vejo nada vergonhoso nisto; pra mim, a questão é se a maconha está

atrapalhando sua vida e se eu posso te ajudar com isto.

D. Parece que você sabe como descrever isto. Assim você me ajuda a entender

melhor o que você está passando. Eu poderia dizer que tinha alguma coisa te

incomodando, mas eu não sabia muito bem o que pensar.

Regra 4: O Terapeuta Observa os Efeitos de seu Comportamento em Relação aos

CCRs

O cliente se engaja em mais CCR2. Como anteriormente colocado, a maioria das

observações do terapeuta na Regra 4 durante a sessão são encobertas e envolvem o

terapeuta perceber se mais CCR2s ocorrem em consequência da Regra 3.

Essencialmente, a Regra 4 envolve a observação do mecanismo de mudança da FAP em

ação. Isto significa que as anotações feitas após a sessão deveriam se referir a esta

observação. Quando a Regra 3 é bem sucedida, deve resultar em mais CCR2, e na

extensão em que isto ocorre, pode-se concluir que a interação como um todo foi um

sucesso e que o mecanismo da FAP foi utilizado. Na prática, podem ocorrer repetições

nas quais o CCR2 é rapidamente fortalecido no contexto daquela interação e estas

repetições podem durar algum tempo. Durante este tempo, um aprofundamento de

intimidade na relação pode ser sentido por ambos os participantes. Estas sequências

representam os verdadeiros momentos em que o mecanismo da FAP está sendo

utilizado e os progressos do cliente estão sendo modelados. Idealmente, esta interação

deveria ser finalizada naturalmente e o tempo restante da sessão seria utilizado para

processar a interação com os passos seguintes, mas tal processamento é secundário em

relação à própria ocorrência da interação. Exemplos de repetições de CCR2s incluem os

seguintes:
A. Meu deus, eu gostaria que não fosse tão difícil pra mim assumir que me sinto

burro. Eu sei que é bom abaixar minha guarda e deixar as pessoas

participarem da minha vida, mas isto é muito difícil pra mim.

B. Quando você diz “eu realmente sinto a sua dor”, isto tanto me conforta

quanto eu me vejo querendo me fechar de novo. Acho engraçado como eu

consigo mudar tão facilmente.

C. Eu não acho que isto esteja atrapalhando a minha vida; eu não faço isto

sempre. Mas eu sei que eu fujo e me calo quando eu não quero lidar com ela,

ou com qualquer coisa.

D. Eu também não sei. Mas, agora que eu disse isto, eu acho mesmo que

“desesperada” é a palavra certa. Eu fui ficando cada vez mais desesperada

conforme nós íamos conversando.

Apesar de que no próximo passo da interação lógica aqui apresentada o

terapeuta explicitamente pergunta sobre o efeito de seu responder, as observações

encobertas do comportamento do cliente, tanto imediatamente após a resposta do

terapeuta quanto ao longo do tempo, são mais importantes. Por exemplo, contanto que o

terapeuta observe e continuamente participe das repetições nas quais muitos CCR2s

ocorrem em sequência, a Regra 4 foi realizada porque o terapeuta observou que a taxa

de CCR2 está aumentando após as tentativas de reforçamento.

O terapeuta pergunta sobre o efeito de seu responder no cliente. Também pode

ser útil ao terapeuta complementar a sua observação com feedbacks explícitos do

cliente. Por exemplo, no exemplo B acima, o cliente deu um feedback sem o terapeuta

pedir como parte do CCR2, “isto me conforta”, de onde o terapeuta poderia tirar um

indicativo positivo. No contexto da interação lógica, o único indicador imediato e


observável de que o terapeuta está atentando à Regra 4 é o seu pedido de feedback da

interação para o cliente, pois os outros métodos de seguir a Regra 4 são encobertos, e

por esta razão foi aqui incluído apesar destas questões. Em termos do seguimento

natural da sessão, as tentativas da Regra 4 de se obter feedback explícito apenas

ocorrem depois que as repetições da sequência CCR2-Regra3 atinjam uma conclusão

natural; de outra forma, o terapeuta poderia inadvertidamente e prematuramente abortar

a repetição reforçadora. Um modo formal do terapeuta aplicar a Regra 4 seria perguntar

“você acha que minhas respostas a você, neste momento, estão ajudando ou

atrapalhando você a continuar me respondendo?” Exemplos reais são tipicamente

menos formais e incluem os seguintes:

A. Você disse que se sentiu burro agora. Eu estou preocupado em como eu

respondi você – eu fiz sua revelação ser mais fácil ou mais difícil?

B. Como é chorar na minha frente agora? Fale-me mais sobre o que você quer

dizer com “me conforta”.

C. Como foi me contar sobre a maconha? Você acha que eu te respondi de forma

útil?

D. Como é ter um nome para o que você sente? É mais preocupante perceber

que o que você sentia era desespero?

O cliente indica que a resposta do terapeuta foi reforçadora. Nos casos em que

o feedback explícito é solicitado, é importante para o terapeuta estar alerta ao fato de

que uma resposta positiva do cliente sobre a interação não é um indicativo nem

necessário e nem suficiente de que houve reforçamento. Porém, é uma informação útil

para o terapeuta e contribui para a avaliação contínua do processo de reforçamento.

Exemplos de respostas positivas incluem as seguintes:


A. Não, mais fácil.

B. Bem, eu me sinto um tanto aliviada, já que é tão difícil ser verdadeira, mas ao

mesmo tempo é muito difícil ficar interpretando o tempo todo e me

preocupando com como os outros me vêem, tentando impressionar, e não

fazer isto por um minuto é, assim, eu não sei… eu estou exausta.

C. Na verdade, foi mais fácil do que eu imaginei. Nem sei por que eu achei que

seria um problema.

D. Não. Na verdade eu gostei de falar sobre isto. Tem tantas vezes que eu não

sei o que eu estou sentindo. É bom ser capaz de dar nome às coisas. Isto as

deixa menos assustadoras.

Regra 5: Ofereça Interpretações Funcionais e Aplique Estratégias de Generalização

O terapeuta oferece um paralelo de-dentro-para-fora e propõe uma tarefa de casa a

partir da interação. A Regra 5 envolve o terapeuta resumir a interação que acabou de

acontecer, idealmente em termos comportamentais (antecedente, resposta,

consequência) e sugerir uma tarefa de casa relacionada. O objetivo é tornar a

contingência o mais saliente possível para o cliente e o encorajar a tentar o novo

comportamento em seu ambiente natural. Em termos comportamentais simples, é uma

estratégia de generalização. A Regra 5 não é exigida na FAP, por que é esperado que o

progresso se generalize naturalmente para o ambiente do cliente da mesma maneira que

o comportamento problema se generalizou para a terapia. Exemplos incluem os

seguintes:

A. Posso resumir o que parece ter acabado de acontecer? No começo você se

sentiu um pouco desconfortável, você se protegeu e eu forcei você um pouco


a se abrir e a ser mais verdadeiro. Você não conseguiu imaginar nada que

pudesse fazer e se sentiu burro, o que na verdade deixou você mais

verdadeiro, não foi? Nós falamos sobre isso por uns minutos, eu parei, e se

eu estou entendendo direito, você disse que isto realmente tornou as coisas

mais fáceis para nós, de alguma forma nos aproximou, e ficou mais fácil pra

você suportar isto. No fundo, me contar que você estava se sentindo burro

deixou as coisas mais fáceis pra você – isto não é interessante? Há outras

pessoas na sua vida com quem você acha que isto também funcionaria?

B. Isto tem sido muito bom pra mim – você está tão diferente agora de como

você estava no começo da sessão… você começou mesmo com aquele flerte,

e então você só… jogou aquilo fora e toda esta dor surgiu. Isto foi incrível

pra mim, e agora você se sente calma e segura e cansada e mais próxima de

mim. E minha pergunta pra você é, você consegue fazer isto com outras

pessoas – você consegue ser verdadeira com elas também? Vamos conversar

um pouco sobre você tentar isto esta semana?

C. Bem, o importante pra mim é que, quando você se sentir assim com a sua

esposa, você poderia parar de se esquivar e apenas dizer a ela o que está

acontecendo com você? Você foi muito bem hoje ao desistir do seu reflexo

automático de se esquivar de mim, você poderia tentar isto com ela também?

D. Eu posso imaginar por que. O que acabou de acontecer parece acontecer

muito comigo e com outras pessoas, como com o seu marido. Você tem

dificuldade para descrever como você está se sentindo, então você e todo

mundo tem problema em decidir o que fazer e aí você fica paralisada. Foi

mesmo muito legal que nós conseguimos trabalhar na sua dificuldade inicial
em descrever o que você está sentindo. Você acha que você poderia tentar

algo como o que a gente fez hoje com seu marido na próxima vez que você

se sentir paralisada?

O cliente relata disposição em tentar a tarefa fora da sessão. Como na Regra 4,

em que se produz um indicador proximal de que o CCR2 foi reforçado, o cliente pode

oferecer um indicador proximal de que o comportamento de melhora será emitido fora

da sessão e poderá se generalizar. Exemplos incluem os seguintes:

A. Bem, eu quero tentar sim.

B. Este fim de semana estou planejando sair com meus amigos de novo, e eu não

quero mesmo chorar na frente de ninguém, mas acho que eu consigo tentar

ser um pouco menos, tipo, eu sempre tenho que ser o centro das atenções e

fazer toda essa cena. Isto realmente cansa depois de um tempo.

C. Você sabe, eu aposto que vai ser mais fácil com ela também. Eu fico tão

preso nessa coisa toda, mas ela já deixou claro que ela quer mesmo

conversar… eu sei, eu sei que eu preciso disto.

D. Sim. Eu realmente quero que as coisas melhorem entre a gente. Eu acho que

ele ia mesmo gostar se eu tentasse mais e desse a ele uma ideia de como eu

me sinto.

Estes indicadores proximais deveriam se correlacionar com o resultado de

interesse principal, que é o comportamento melhorar fora da sessão depois que uma

interação lógica da FAP ocorreu.

Aplicações Práticas
Como afirmado anteriormente, o quadro lógico apresentado para as interações FAP

possui dois objetivos principais. O primeiro é o sucesso na disseminação dos princípios

da FAP, particularmente para situações de treinamento. O segundo é o progresso das

pesquisas sobre FAP. Há diversas questões a se considerar no caso de tentativas de

utilizar este quadro lógico para estes propósitos.

Disseminação e treinamento

As vantagens potenciais dos esforços para a disseminação e o treinamento no quadro

lógico deveriam ser claras; ele traz uma explicação concisa dos princípios da FAP com

exemplos que são de fácil compreensão para os terapeutas. Apesar dos autores deste

trabalho estarem confiantes a respeito da contribuição que o quadro lógico pode e irá

fazer, a utilidade deste quadro lógico para este propósito é, definitivamente, uma

questão empírica. Porém, alguns dos proponentes da FAP ainda podem sentir que um

treino que abranja todos os aspectos da FAP, incluindo como conduzir uma

conceituação de caso FAP, como desenvolver a relação terapêutica intensa característica

da FAP, melhorar a atenção e a sensibilidade ao CCR assim que ele ocorre na sessão e o

treinar métodos de se responder a estes CCRs quando eles ocorrem, seja necessário para

que a FAP seja corretamente utilizada por novos terapeutas.

Uma conceituação de caso FAP totalmente desenvolvida é necessária, ou é

suficiente considerar os parelelos de-fora-para-dentro junto com a formulação

padronizada utilizada em intervenções empiricamente validadas que o terapeuta já

conhece? A relação terapêutica única e intensa da FAP é necessária ou se pode contar

com o rapport tradicional desenvolvido entre os diversos fatores tipicamente

terapêuticos e enfatizar mais os eventos intra-sessão como parte da relação terapêutica

já estabelecida? São necessários novos treinamentos para que os terapeutas aumentem a


atenção e a sensibilidade ao CCR, ou é suficiente instruir os terapeutas a ampliar sua

atenção para a possibilidade da ocorrência do CCR? Por fim, os terapeutas precisam de

instruções específicas, prática e treinamento nos métodos para responder às melhoras in

vivo do cliente, ou as tentativas padronizadas de oferecer reforçamento social

contingente são adequadas? No momento, não se sabe se todas, nenhuma ou algumas

destas questões são necessárias e a maioria das preocupações são conceituais e podem,

de fato, se tornar parte do problema no progresso da FAP como um tratamento em

desenvolvimento.

Este artigo, ao introduzir a interação lógica, é o primeiro passo para se testar o

que é necessário e o que é suficiente para a aplicação da FAP. Talvez este quadro seja

suficiente para que os terapeutas entendam os conceitos gerais da FAP, juntamente aos

seus estudos individuais dos textos anteriores sobre a FAP; com a intenção de evitar

uma aplicação rígida e, ao contrário, confiando que os terapeutas atentarão aos aspectos

funcionais, as técnicas da FAP poderão se disseminar mais rapidamente. Aqueles que

confiarem neste quadro serão então responsáveis por determinar se ele supre os

aprendizes com conhecimento suficiente e com habilidades para conduzir a FAP de

forma flexível. Uma forma possível de testar a utilidade do quadro lógico seria

desenvolver avaliações do treino em FAP.

Tais avaliações poderiam tomar diversas formas. A forma mais simples seria

realizar avaliações verbais ou escritas do conhecimento de uma pessoa sobre a FAP e

sua teoria subjacente. Apesar de sua utilidade potencial, tais testes poderiam avaliar de

forma incompleta a habilidade de uma pessoa utilizar a FAP. Avaliações mais

apropriadas poderiam enfatizar o comportamento real do terapeuta no contexto

terapêutico. Por exemplo, um aprendiz pode ser solicitado a responder ao

comportamento gravado em vídeo de um cliente hipotético ou real após ter recebido


informações contextuais apropriadas (ex., anotações clínicas com descrições do cliente,

incluindo seus objetivos para a terapia e os progressos feitos até agora; Follette, Darrow

& Bonow, 2007; Follette et al., 2006). O aprendiz seria solicitado a explicar a racional

de sua resposta utilizando os princípios da FAP. Este tipo de exercício levaria à

avaliação tanto da fluência do aprendiz nos princípios da FAP quanto da sua habilidade

de aplicá-los funcionalmente no momento necessário e de forma natural. Avaliações

mais extensas da performance real do aprendiz também podem ser imaginadas. Por

exemplo, o aprendiz (ou qualquer um que tenha conhecido a FAP) pode gravar em

vídeo as suas sessões de FAP com um determinado cliente. As sessões podem então ser

assistidas e categorizadas por terapeutas FAP para determinar o nível de aderência à

FAP do aprendiz (i.e., engajamento em tentativas de responder contingentemente aos

CCRs) e competência (i.e., sucesso em modelar um repertório interpessoal mais

funcional em um cliente).

A Functional Analytic Psychotherapy Rating Scale (FAPRS; Callaghan &

Follette, 2008; Callaghan, Ruckstuhl & Busch, 2005), um sistema de categorização que

se mostrou tanto confiável como válido (Busch et al., 2009; Callaghan, Follette,

Ruckstuhl & Linnerooth, 2008), pode ser utilizada para estes propósitos. A FAPRS

enfatiza a categorização de topografias de comportamento verbal em “rodadas” de

cliente e terapeuta. Isto é, uma rodada do cliente começa quando ele passa a falar e

termina quando o terapeuta começa a responder (o que marca o início da rodada

subsequente do terapeuta). A contribuição mais importante da FAPRS para a avaliação

da aderência do terapeuta e sua competência é que ela provê dados dos processos

sequenciais entre o terapeuta e o cliente que especificamente identificam a frequência

dos CCRs do cliente e as formas como o terapeuta apropriadamente responde a estes

CCRs. Isto permite testes estatísticos (ex., análise sequencial de lag; Bakeman, Gottman
& Mordechai, 1997) que determinam se o terapeuta responde apropriadamente aos

CCR2s (i.e., aderência/competência para o tratamento) e as medidas gerais de mudanças

no comportamento intra-sessão (i.e., a taxa de CCR2s para CCR1s).

Idealmente, os terapeutas FAP que aderem e que demonstram competência

deveriam gerar resultados positivos no comportamento fora-da-sessão e seu cliente.

Assim, como com todas as formas de terapia, a verdadeira avaliação e disseminação dos

esforços para o treino deveriam eventualmente enfatizar o sucesso nos objetivos

terapêuticos. Estas questões estão óbvia e diretamente relacionadas com a pesquisa em

FAP.

Pesquisa

A FAP define seu mecanismo de mudança clara e sistematicamente. Em resumo, o

responder contingente do terapeuta ao CCR do cliente no contexto de uma relação

terapêutica forte leva o cliente ao desenvolvimento de repertórios interpessoais mais

efetivos. Este repertório se generaliza para os ambientes fora da terapia, levando o

cliente a interagir mais efetivamente com outros e, finalmente, levando a uma

diminuição do sofrimento psicológico do cliente e a um aumento na sua qualidade de

vida. A interação lógica da FAP adiciona precisão a esta definição (a) em termos

comportamentais, (b) ocorrendo dentro da sessão de terapia e (c) ao nível momento a

momento da interação entre o terapeuta e o cliente. Assim, hipóteses específicas podem

ser geradas sobre a natureza da interação momento a momento entre cliente e terapeuta

em casos bem sucedidos de FAP que podem testar tanto o mecanismo de mudança da

FAP quanto direcionar a prática clínica. Aqui nós desenvolvemos oito hipóteses a partir

destas interações. Estas hipóteses de pesquisa enfatizam genericamente o mecanismo

prototípico da FAP, o responder contingente do terapeuta ao CCR. Por isso, elas


precisam ser confirmadas para fundamentar qualquer afirmação de que o mecanismo de

ação da FAP ocorreu.

Hipótese 1. Os CCR1s deveriam ser seguidos pela Regra 3 do terapeuta para

diminuir de frequência (chamada de TCCR1), e os CCR2s deveriam ser seguidos pela

Regra 3 do terapeuta para aumentar de frequência (TCCR2). Isto seria uma avaliação

direta de se o responder contingente do terapeuta está ocorrendo durante as sessões de

FAP. Se o TCCR apropriado não seguir os CCRs, então o terapeuta não está

respondendo contingentemente ao cliente e pode não estar provendo consequências o

suficiente para modificar o comportamento. É bem sabido que é necessária uma taxa de

responder contingente para uma mudança significativa do comportamento em sessão.

Como mencionado acima, o sistema FAPRS de categorização permite o registro de cada

ocorrência do responder do terapeuta. Então, pelo exame dos lags nos dados sequenciais

pode-se produzir uma taxa de responder contingente. Por exemplo, Bush et al. (2009)

relataram que durante uma intervenção bem-sucedida da FAP, 67% dos CCR1 e 69%

dos CCR2 foram seguidos por uma resposta modeladora efetiva em pelo menos um dos

três lags de verbalização do terapeuta seguintes.

Esta hipótese pode ser testada pela inspeção visual de uma representação gráfica

das categorizações das sessões ou por testes estatísticos de análises sequenciais de lag.

Hipótese 2. CCR2s deveriam ocorrer após TCCR2s. Isto seria um teste da

eficácia da tentativa do terapeuta de modelar o comportamento do cliente pelo

responder contingente. Se os CCR2s não ocorrem após os TCCR2s, então pode-se

concluir que o processo funcional de reforçamento não ocorreu. Esta hipótese pode ser

testada da mesma forma que a Hipótese 1 (i.e., inspeção visual dos dados e testes

estatísticos).
Hipótese 3. Caso ocorram CCR1s, eles devem ocorrer nas primeiras interações

entre o terapeuta e o cliente. Este é um teste amplo sobre se o terapeuta está modelando

o comportamento do cliente com sucesso. Se a frequência dos CCR2s (especialmente

quando relacionada com a frequência dos CCR1s) não aumenta ao longo do tempo,

então o terapeuta não está reforçando os CCR2s. Esta hipótese pode ser testada dentro

de sessões individuais pela observação das sequências das categorias de comportamento

e por inspeção visual dos dados. A hipótese também pode ser testada entre várias

sessões pela comparação estatística da frequência de CCRs específicos que ocorreram

durante diferentes períodos da terapia (ex., em uma sessão inicial da terapia vs. em uma

sessão do final da terapia).

Hipótese 4. As melhoras do cliente fora da terapia deveriam ocorrer após as

sessões em que as Hipóteses 1, 2 e 3 foram confirmadas. Trata-se de um teste da

generalização das mudanças positivas ocorridas dentro da sessão. Se o comportamento

do cliente não mudar fora da sessão, seu repertório interpessoal mais adaptativo não está

se generalizando para o seu ambiente cotidiano. Ferramentas para a avaliação dos

comportamentos fora da sessão (ex., questionários de autorrelato, cartões diários)

podem ser utilizadas para investigar o progresso do cliente e os dados fornecidos por

estas medidas podem ser utilizados para testar esta hipótese (com o teste apropriado de

cada tipo de dado coletado).

Uma breve avaliação destas hipóteses revela que elas possuem um alcance muito

limitado. Follette e Bonow (2009) ofereceram uma discussão detalhada da dificuldade

de se fazer pesquisa sobre FAP e, ao fazê-lo, indicaram o porquê este é o caso. Ao

mesmo tempo, eles também identificam muitas questões relacionadas à pesquisa em

FAP que deveriam ser avaliadas e exploradas. Apesar de muitas destas questões estarem

para além dos propósitos deste artigo (ex., identificar a melhor taxa de responder
contingente), muitas delas são bastante pertinentes. Por exemplo, Follette e Bonow

convocam os pesquisadores a identificar e testar estratégias para uma generalização

eficiente dos ganhos em sessão. Eles também enfatizam a dificuldade inerente na

manualização da FAP para a realização de pesquisas. Estas são algumas das maiores

preocupações avaliadas aqui nesta descrição do quadro lógico das interações FAP e das

cinco regras que o fundamenta.

A análise das hipóteses acima utilizando as cinco regras da FAP revela que elas

estão relacionadas exclusivamente com a Regra 3 (o responder contingente aos CCRs) e

a Regra 4 (observar os efeitos do responder do terapeuta). Apesar da Regra 3 ser

considerada o principal mecanismo de mudança na FAP, pode ser facilmente

argumentado que o mecanismo de mudança da FAP pode se estender para além da

modelagem de aproximações sucessivas dos comportamentos desejáveis pelo responder

contingente direto. Quando interagindo com clientes verbais (o consumidor mais típico

da FAP e de outras psicoterapias), os terapeutas possuem formas muito mais eficientes

de interagir com eles. Os terapeutas podem influenciar o comportamento de um cliente

pela apresentação de “regras” funcionais (Hayes, 1989) que orientam o comportamento.

Por exemplo, um terapeuta pode dar ao cliente um feedback direto sobre como seu

comportamento poderia mudar para se tornar mais efetivo (ex., “Quando você levanta

sua voz dessa forma, parece que você não se importa com o que eu penso”). Dessa

forma, um terapeuta pode recomendar comportamentos específicos como tarefa de casa

para o cliente a fim de promover uma generalização dos ganhos da sessão. E mais

importante ainda, um terapeuta pode ajudar o cliente a identificar as relações funcionais

entre seu comportamento e os eventos ambientais (como descrito pela Regra 5).

Enfatizar os paralelos ajuda o cliente a perceber as suas classes funcionais de


comportamento e, dessa forma, ensina o cliente a analisar o seu próprio comportamento

enquanto interage com outras pessoas, para assim poder se ajustar às novas situações.

Colocar alguma ênfase nas três regras da FAP (Regras 1, 2 e 5) que não foram

enfatizadas antes levará os pesquisadores e explorar mais completamente os seus

processos. Apesar destes processos não serem considerados essenciais para a FAP (i.e.,

eles vão além do responder contingente), eles certamente podem ser utilizados para

encorajar e solidificar a melhora do cliente. Por exemplo, realizar esforços para

promover diretamente a generalização (Regra 5) poderia resultar em algumas hipóteses

que podem ser exploradas por pesquisas futuras. Uma vez que todas estas hipóteses

podem ser utilizadas para objetivamente direcionar a prática clínica, testá-las teria o

objetivo de identificar formas pelas quais a FAP pode ser utilizada de forma mais

eficiente e efetiva.

Hipótese 5. Realizar paralelos de-fora-para-dentro e de-dentro-para-fora (Regra

1) deveria levar à emissão de CCRs (i.e., aumentar a probabilidade de evocar os CCRs;

Regra 2). Testar esta hipótese ajudaria a determinar a utilidade de realizar paralelos

enquanto o terapeuta está observando a ocorrência dos CCRs. Se realizar os paralelos

for naturalmente evocativo, a prática de realizar paralelos deverá ser encorajada.

Hipótese 6. Quando um cliente relata que um TCCR2 é punitivo (em resposta às

tentativas do terapeuta de perguntar sobre o impacto de suas tentativas de reforçamento;

Regra 4), isto deveria predizer diminuições na frequência dos CCRs. Testar esta

hipótese ajudaria a explorar os benefícios potenciais de eliciar o feedback do cliente. Se

um feedback negativo do cliente realmente puder predizer se a resposta do terapeuta vai

funcionar como um punidor (i.e., funcionar como um preditor de mudanças reais no

comportamento), a avaliação deste tipo de feedback levaria o terapeuta a corrigir


qualquer processo punitivo acidental. De maneira semelhante, um feedback positivo do

cliente pode ser preditivo do efeito reforçador do responder do terapeuta.

Hipótese 7. A prescrição de tarefas pelo terapeuta (Regra 5) deveria predizer

uma performance positiva do cliente fora da sessão, presumindo que o cliente cumpra as

tarefas prescritas. Testar esta hipótese avaliaria a utilidade de levar os clientes a

realizarem tarefas de casa, especialmente aquelas baseadas em interações FAP bem

sucedidas. Se o cumprimento das tarefas encorajar a generalização, então a

recomendação de tarefas deveria se tornar uma prática regular da FAP. Além disso, a

realização das tarefas pode ser crítica para o teste da suposição de que o ambiente

cotidiano do cliente reforça as mudanças comportamentais realizadas em sessão.

Hipótese 8. Realizar paralelos (Regras 1 e 5) deveria predizer as melhoras do

cliente fora da sessão. Testar esta hipótese determinaria a necessidade de realizar

paralelos. Subhipóteses específicas poderiam avaliar a utilidade relativa dos diferentes

tipos de paralelo (ex., de-fora-para-dentro vs. de-dentro-para-fora). Isto deveria orientar

o terapeuta a utilizar os paralelos.

Em geral, estas hipóteses podem ser analisadas utilizando métodos semelhantes

àqueles discutidos nas Hipóteses de 1 a 4 (ex., inspeção visual dos dados ou testes

estatísticos como a análise sequencial de lag)3. Na maioria dos casos, estes testes vão

requerer pequenas modificações no sistema FAPRS para incluir categorias específicas

dos comportamentos do cliente e do terapeuta (ex., cliente dá feedback negativo ao

terapeuta). Os leitores mais atentos reconhecerão que estas hipóteses (e as categorias

específicas que seriam necessárias para testá-las) são derivadas de exemplos

encontrados no quadro lógico das interações FAP. As cinco regras, quando descritas

segundo os termos mais amplos dos princípios comportamentais, são impossíveis de


serem testadas. Por exemplo, não está claro como uma pessoa poderia avaliar se um

terapeuta está se engajando em atividades que são tipicamente encobertas (ex., atentar

para a ocorrência de CCRs, avaliar o impacto funcional do responder do terapeuta). Isto

demonstraria a utilidade dos exemplos específicos oferecidos ao longo deste artigo.

Além de tratar a disseminação e o treino em FAP, eles sugerem topografias de

comportamentos que podem ser medidas para explorar os processos da FAP mais

detalhadamente.

Esta afirmação implica em um aviso final. Como mencionado anteriormente, a

FAP é uma abordagem psicoterapêutica complexa, funcional e personalizada. Por isso,

aqueles interessados em FAP têm encontrado dificuldades para a disseminar e

pesquisar. Espera-se que este artigo ofereça uma solução possível para esta dificuldade.

Em particular, confia-se nas descrições topográficas e nas regras para exemplificar os

processos funcionais que compõe a FAP e para explorar ao máximo o que foi

conquistado dentro dos limites deste manuscrito (ou seja, a interação lógica),

abandonando, no presente momento, as preocupações conceituais. Apesar de esta

abordagem topográfica possuir muitos méritos, há um perigo. Conceituar a FAP desta

maneira poderia levar a um apego excessivo às descrições topográficas para a condução

da FAP (ex., que o terapeuta FAP deveria sempre delinear paralelos, que o terapeuta

FAP deveria sempre avaliar o impacto de seu responder). Porém, estas são, novamente,

preocupações conceituais e elas estão relacionadas, principalmente, a questões

empíricas e parece desnecessário decidi-las a priori. Com o quadro lógico de interações,

as pesquisas podem ser realizadas para testar não apenas as hipóteses mencionadas

acima, mas também os efeitos adicionais de outras técnicas da FAP. Este artigo está

tentando prevenir uma confiança excessiva em regras topograficamente definidas ao

frequentemente encorajar a consideração dos princípios funcionais subjacentes aos


exemplos específicos. Aqueles interessados na FAP estarão fazendo bem em seguir este

encorajamento ao continuar a explorar e promover a terapia.

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Notas

1 A abordagem behaviorista radical também especifica o processo funcional da punição. Os punidores enfraquecem o
comportamento de forma mais direta. Porém, os psicólogos comportamentais, incluindo Skinner (1953), têm
consistentemente alertado para os possíveis efeitos negativos da punição. Nesta direção, a psicoterapia analítica
funcional promove uma ênfase geral no uso do reforçamento positivo para modelar o comportamento do cliente.
2 Observe que os exemplos específicos (A, B, C e D) utilizados neste artigo foram retirados de sessões de quatro

clientes específicos (A, B, C e D) sendo que cada um possui sua própria conceituação de caso. Os leitores que
estiverem interessados em um exemplo completo de uma interação FAP com um único cliente podem ler cada um
dos exemplos do mesmo cliente (ex., A) e ignorar o restante do texto.
3 As duas últimas hipóteses (7 e 8) vão provavelmente requerer algumas abordagens metodológicas mais avançadas.

Uma discussão dos métodos possíveis está para além dos objetivos deste artigo e não serão aqui oferecidas.

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