Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ/UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS/CCHL


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS/DCJ
INTRODUÇÃO AO DIREITO
PROF. OLIVIA BRANDÃO

FELIPE ROCHA SÁ

FICHAMENTO CRÍTICO:
A LUTA PELO DIREITO, RUDOLF VON IHERING

TERESINA -
PI 2024
1. AUTOR E OBRA

Rudolf von Ihering ocupa lugar ímpar história do direito alemão, tendo sua obra
influenciado a cultura jurídica em todo o mundo ocidental. Ihering nasceu em uma família de
juristas, tendo iniciado os estudos de direito em 1836, na famosa Universidade de
Heildelberg, a mais antiga da Alemanha e estudou como visitante nas universidades de
Göttingen, Munique e depois Berlim, doutorando-se em 1843. Entre suas obras, destaca-se
“A luta pelo Direito”
A obra foi escrita em 1872, e nela o autor defende a ideia de que só é possível
encontrar o direito mediante luta. Ihering argumenta através do ponto de vista histórico e
sociológico e leva o leitor a observar o direito não apenas como uma teoria pura, mas como
uma força viva capaz de moldar-se através dos conflitos.

2. TRANSCRIÇÕES DOS PRINCIPAIS TRECHOS DA OBRA III.

I
p. 23 - “O fim do direito é a paz, e o meio para atingi-lo é a luta’.
p. 23 - “A espada sem a balança é força bruta, ao passo que a balança sem a espada é a
impotência do direito”.
p. 28 - “Todas as grandes conquistas que a história do direito deve registrar, ou sejam, a
abolição da escravatura, da servidão da gleba, a livre aquisição da propriedade fundiária, a
livre escolha da profissão e da fé e outras ainda, todas elas tiveram que ser feitas pelos
caminhos da luta mais violenta”.
p. 32 - “(...)o sacrifício que gera o vínculo mais forte entre o povo e seu direito”.
p. 32 - “(...)a luta exigida pelo direito para vir à luz não é uma maldição, mas uma bênção”.
II
p. 33 - “(...)nenhum direito, seja aquele dos indivíduos, seja aquele dos povos, está
diretamente protegido desse perigo, uma vez que, contra o interesse do titular do direito,
coloca-se sempre o interesse do desrespeitador do direito’
p. 34 - “(...)deslocam essas lides unicamente para o âmbito do interesse e das concepções
materialistas da vida”.
p. 35 - “A questão da luta pelo direito se configuraria assim como uma operação aritmética,
na qual de uma parte e de outra se comparariam as vantagens e as desvantagens visando
chegar a uma decisão”.
p. 37 - “(...)o que está em questão não é o fútil objeto da disputa, mas um objetivo ideal, ou
seja, a afirmação da pessoa e do seu sentimento do direito”.
p. 38 - “(...)a resistência contra uma injustiça ultrajante, que ofende a própria pessoa é um
dever”.

1. RESUMO E CRÍTICA
No primeiro capítulo, Ihering introduz a temática de que não existe o direito sem que
antes haja uma luta para conquistá-lo. Nesse viés, o autor defende a ideia de que o direito sem
a luta é uma noção infundada e que todas as grandes conquistas da humanidade, em relação
aos direitos da população, foram conquistadas não de forma teórica, mas através da luta,
muitas vezes com o derramamento de sangue. Assim, diante desses argumentos, é possível
tecer uma crítica a teoria proposta por Savigny, o qual defende que os direitos da população
se desenvolvem de forma natural e sem uma participação ativa dos cidadãos, todavia, isso vai
contra todos os fatos apresentados anteriormente. Ihering ainda compara o direito
conquistado sem luta com o mito dos bebês que são trazidos a vida por uma cegonha; é
válido ressaltar que nesse sentido, o autor busca explicitar a ideia de que alcançar os direitos
de forma pacífica é algo irreal e dotado de grande fragilidade, uma vez que “O que foi trazido
por esta ave pode ser arrebatado pela raposa ou pelo abutre”. P.32; ao passo que compara o
direito conquistado através dos embates com o parto realizado por uma mãe e destaca que o
vínculo formado entre a mãe e o bebê é semelhante ao que é gerado entre um povo e os seus
direitos, quando obtido através de grande sacrifício.
No segundo capítulo, o autor aborda o direito de maneira mais específica, voltado para
uma visão subjetiva do direito de um povo ou de uma nação. Ihering defende a ideia de que a
decisão de lutar, ou não, por um direito não é feito através de um cálculo aritmético no qual
se leva em consideração apenas as vantagens e desvantagens que serão enfrentadas no
processo, mas que também é levado em consideração a defesa da honra e da moral do
individuo ou nação que teve seus direitos violados. Para chegar em tal conclusão, o autor cita
o exemplo de uma nação que tem uma parte desprezível do seu território invadido por outro
país. Essa situação jamais seria tolerada e a nação que teve seu direito violado iria empregar-
se em uma guerra a fim de retomar a sua soberania, não importando os custos que isso lhe
traria. Diante disso, conclui-se que, no que tange a luta pelo direito, não é apenas o interesse
monetário que está em questão, mas sim a garantia de reaver o seu sentimento de direito e o
combate à injustiça que foi cometida, afinal, como afirma o autor “a resistência contra uma
injustiça ultrajante, que ofende a própria pessoa é um dever”. P.38
ficcionistas, que defendem que o Estado como pessoa jurídica existe apenas pela
conveniência, pela convenção; as teorias realistas, por outro lado, afirmam o contrário: esse
conceito existe por si mesmo, independente de idealizações. Por fim, o organicismo biológico
compara, de modo mais literal, o Estado a um organismo físico. O autor conclui o tema
inferindo que o tratamento jurídico do Estado é importante para que se evite a ação arbitrária
em nome do próprio Estado ou de interesses coletivos específicos.
Além disso, Dallari também relaciona a ação do Estado com a política de maneira
mais ampla. O escritor afirma que essas duas esferas e o Direito são indissociáveis, tendo em
vista que toda regra de comportamento se baseia em princípios e objetivos; o Estado possui
poder político, na medida em que influencia e é influenciado pela natureza jurídica em vigor.
Levando isso em consideração, todo poder político pressupõe uma eficácia, e por isso,
citando Weber, o Estado utiliza da violência legítima como forma de garantia da obediência.
Ademais, Dallari distingue as definições de Estado e de Nação, sintetizando do
seguinte modo: o Estado é uma sociedade e a Nação é uma comunidade. Elaborando essa
máxima, defende-se que a comunidade existe independente da vontade de seus membros,
existindo antes mesmo que se tome consciência dela; a sociedade é um agrupamento de
indivíduos em prol de uma meta comum. Por isso, é possível que uma mesma população
tenha várias nacionalidades, o chamado plurinacionalismo, e cabe ao Estado conciliar a
igualdade jurídica e a diversidade cultural.
Diante disso, aborda-se a questão das revoluções. Segundo Dallari, esse fenômeno é
anormal no contexto de qualquer Estado, todavia, pode ser necessário em situações nas quais
existir uma disparidade entre a ordem jurídica vigente e aquela que deveria corresponder à
realidade social. Para que uma revolução seja considerada pertinente, é necessário que
cumpra três requisitos: legitimidade, utilidade e proporcionalidade. Será legítima se houver
uma necessidade contundente, útil se de fato restabelecer a ordem jurídica apropriada, e
proporcional se não causar males maiores do que os que se pretendia retificar.
Portanto, o capítulo analisado é de suma relevância para a compreensão e absorção do papel
do Estado na sociedade, já que apresenta estudos das inúmeras faces dessa instituição e da
influência permanente que ela exerce em nossas vidas individuais e enquanto membros de
uma sociedade.

REFERÊNCIAS:
Biografia de Dalmo de Abreu Dallari: Wikipédia. Disponível
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dalmo_Dallari. Acesso em: 28 jun. 2023.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado: 30. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2011. 280 p.

Você também pode gostar