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2.

Escola teleológica

Rudolph Von Ihering, antes adepto do formalismo jurídico teve a


percepção de observar que o cenário mundial estava mudado, as demandas
advindas dessas novas relações sociais eram mais complexas e exigiam do
direito uma adaptação a essa nova realidade, os conceitos imutáveis que
regiam o direito não mais atendiam as necessidades. ( CAMARGO, 2003, p.
90)

Ihering via o direito como fruto das lutas, não como algo natural, sua
existência tendo como sentido maior a finalidade, não sendo possível a norma
que não sirva a um propósito prático. Então para ele o direito não se limitava a
um aglomerado de conceitos e sim a uma construção histórica visando atender
a necessidades sociais.

O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a luta. Enquanto o


direito tiver de contar com as agressões partidas dos arraiais
da injustiça- e isso acontecerá enquanto o mundo for mundo-
não poderá prescindir da luta. A vida do direito é a luta - uma
luta dos povos, dos governantes, das classes sociais, dos
indivíduos (IHERING apud HERKENHOFF, 1997, p. 44)

Nessa citação o autor deixa bem claro que quando a luta é abandonada
a “vida” do direito é posta em risco, pois toda história do direito é a história de
lutas, todo direito foi adquirido pela luta. Se todo interessado pudesse
abandonar seu direito, este já teria sido destruído, é um dever do interessado
para consigo próprio, porque é um preceito da própria conservação moral, e é
um dever para com a sociedade, porque esta resistência é necessária para que
o direito se realize. (IHERING, 2007, p. 17-18) [5]

O direito presume luta, seja para sua criação, seja para sua defesa. De
acordo com Ihering não existe mais lugar para um direito que não seja produto
de um conflito de interesses. O direito foi criado com o objetivo de defender os
interesses, e tornar cada pessoa defensora e fiscal dos seus direitos, não é
uma norma abstrata que dá movimento ao direito e sim o interesse pessoal[6].
Uma célebre frase diz que “os direitos são interesses juridicamente
protegidos”[7], reforçando que o direito é vinculado aos interesses sociais mais
do que às normas abstratas. Sobre isso anota Pedro Lessa (2002, p.346) [8] “O
que determina a promulgação de uma nova regra de direito, é o aparecimento
de um novo e momentâneo interesse”

Rudolph criticou o método dedutivo- silogístico, combateu a


jurisprudência conceitualista, pretendeu a substituição desta por uma que
tivesse o caráter finalistico[9]. Ainda segundo ele:

A vida não deve se amoldar aos princípios; estes é que se


devem modelar pela vida. Não é a lógica que determina como
deve ser o Direito, como quis a Escola Tradicional, mas sim a
vida, as relações e o sentimento jurídico é que o reclamam tal
como deve ser.( COSTA, 1997,p.29)[10]

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