Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
Guarantã do Norte-MT
2019
FACULDADE DO NORTE DO MATO GROSSO
Guarantã do Norte-MT
2019
FACULDADE DO NORTE DO MATO GROSSO
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
FOLHA DE FACE
Estagiária:
Local de Estágio:
Escola pública de um município localizado ao norte do estado do Mato Grosso
________________________________________________
Profa. Esp. Kelly Fernanda Rezer CRP: 18/04795
________________________________________________
Profa. Esp. Dalila Mateus Gonçalves CRP: 18/04759
RESUMO
Este relatório tem como objetivo descrever as atividades e pesquisas realizadas durante o
Estágio Supervisionado Básico I do curso de Bacharelado em Psicologia, da AJES - Faculdade
do Norte do Mato Grosso, unidade de Guarantã do Norte. O estágio tem carga horária total de
40h distribuídas semanalmente no decorrer do semestre, incluindo a orientação, supervisão e
atividades a campo. As atividades desse estágio ocorreram em uma escola pública localizado
ao norte do Mato Grosso, e foram realizadas de acordo com a proposta da orientadora diante da
demanda do local, com estudantes de 7 a 60 anos de idade que apresentaram dificuldades
acentuadas em sala de aula. Para selecionar os alunos que fizeram parte do atendimento os
professores realizaram uma triagem das crianças, adicionando ao grupo aqueles com maior
dificuldade social e intelectual. As idas à campo permitiram observar a postura do psicólogo
diante dos pais e das crianças, a importância de saber identificar na criança os sinais e condutas
específicas, aprender a observar o mundo lúdico, identificar as informações essenciais, e
principalmente, a conduta que se deve ter diante dos pais e das possíveis mentiras e omissões
que são expostas em entrevistas sobre a vida da criança.
Este estágio possui como objetivo observar a postura do psicólogo diante dos pais e das
crianças, atribuindo ao seu comportamento os conteúdos teóricos aprendidos ao longo do curso,
observando a situação da maneira real pela primeira vez. Proporciona ao aluno o desenvolvimento
da habilidade de escuta e observação, tanto da postura do psicólogo, como a das crianças,
observando o ato de brincar e desenvolvendo o olhar lúdico.
Dentre as competências está a análise de demanda psicológica proposta pela escola e pelos
pais dos alunos, identificando as necessidades de cada pessoa de acordo com o contexto em que está
inserida, bem como as ações e palavras que emite, baseando-se em teorias psicológicas. A relação
entre a Psicologia e o processo de memorização e aprendizagem estará presente ao longo do
relatório, por ser a questão principal exibida pelo contexto escolar, familiar e pessoal.
O relatório contém a descrição das atividades realizadas e está divido em tópicos, sendo eles:
período de estágio, caracterização da instituição, diagnóstico da realidade, metodologia,
justificativa, objetivos e fundamentação teórica, esta última abrangendo tópicos como pesquisa em
Psicologia, a importância do psicólogo no ambiente escolar, violência infantil, violência sexual
infantil e suas consequências, a importância do apoio dos pais no processo de aprendizagem, os
diversos métodos e linhas de inteligência e o desenvolvimento infantil e suas características. Na
sequência estão: a descrição das atividades realizadas no estágio, os recursos materiais utilizados e
por fim as considerações finais, além das referências e anexos.
6
1 PERÍODO DE ESTÁGIO
O presente estágio concluiu uma carga horária total de 40 horas, subdividido em 10 aulas de
4 horas cada, sendo uma aula a cada duas semanas. Desses encontros, 2 aconteceram na instituição
(AJES), para atividades como regulamentação da documentação, esclarecimento acerca dos deveres
e direitos do estagiário, análise dos momentos a campo e orientação, e 08 encontros restante em
atividades de campo, que aconteceram em escolas do município. O estágio teve início no dia 01 de
agosto de 2019.
7
2 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Dos alunos que são matriculados: 36% moram com pai e mãe, 32% moram com os parentes,
19% moram com a mãe, 8% com os avós e 6% moram com pessoas que não são da família. A renda
mensal da família é de um salário mínimo para 42% dos alunos, de dois salários para 32%, de três
salários para 9%, de quatro salários para 7% e mais de cinco salários para 3% das famílias, 7% não
responderam.
8
2.2 DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
Apesar de não ter esse objetivo, foi possível identificar durante as atividades desse estágio,
que a maioria dos alunos dessa escola não possuem classe econômica social elevada e que, em
alguns casos, há indícios de possíveis maus tratos sofridos pela criança em sua família, como, por
exemplo, a violência física. Foi possível notar também, que a maioria dos pais não possuem uma
relação conjugal saudável dentro de casa.
9
3 JUSTIFICATIVA
Justifica-se esse projeto pela necessidade que a escola apresentou em ter um apoio
psicológico, tendo uma demanda muito grande entre os alunos que apresentam um baixo rendimento
escolar e uma postura inadequada em sala de aula, principalmente aqueles que parecem se esforçar
para alcançar o objetivo da turma e ainda assim falha em realizar as atividades de maneira adequada.
No município, assim como em todo o Brasil, a falta de um psicólogo nas escolas é uma
realidade, ainda mais se tratando de uma escola no interior do Mato Grosso. Essa falha contribui
com o aumento da demanda psicológica nas instituições de ensino, sem ter um auxílio para lidar
com diversas situações que exigem a presença de um profissional especializado como o psicólogo,
sobrecarregando os professores com uma responsabilidade que não são deles. A presença da
psicóloga na instituição durante o estágio contribuiu de maneira significativa para o
desenvolvimento das crianças e na diminuição da sobrecarga dos funcionários da escola,
considerando que nesse momento podem contar com alguém específico para a demanda, acolhendo
a criança e auxiliando em suas dificuldades.
É possível observar muitos casos de depressão infantil, automutilação, e até mesmo suicídio
infantil, fatores que poderiam ser remediados com os cuidados e observação especializada. A
criança com dificuldades de aprendizagem pode se sentir culpada, humilhada e dispensável, por
ouvir apenas críticas dentro de casa ou na escola, por observar a turma se desenvolvendo enquanto
permanece no mesmo lugar, acaba se isolando e criando barreiras ainda maiores para alcançar
aprendizagem (SANTOS, BEZERRA, TADEUCCI, 2011).
É possível observar a importância que o contato sigiloso tem para a criança, que se sente
segura em relatar casos presenciados ou vividos em casa que são prejudiciais para sua saúde física
e mental, como o caso de violência física. O relato e a conduta observacional sob a postura do
psicólogo servem de orientação para os demais acadêmicos da área, que futuramente passarão pelo
mesmo processo de estágio, assim como para os amantes das áreas psicológicas, principalmente em
relação a área infantil e da aprendizagem.
10
4 OBJETIVO GERAL
O estágio básico tem por objetivo possibilitar que os acadêmicos observem a postura do
psicólogo e estabeleçam uma noção da realidade do atendimento psicológico infantil. Associar as
condutas do psicólogo aos conhecimentos aprendidos em sala de aula no decorrer do curso,
desenvolver a habilidade de escuta e leitura da linguagem corporal necessária para a profissão.
Traçar uma linha de semelhança entre a relação causa-efeito no histórico das crianças
atendidas, buscando identificar as possíveis causas que se relacionam aos distúrbios da
aprendizagem apresentados pelos professores e pais;
11
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Qualquer trabalho científico vai além de apenas descrever a atividade que foi realizada ou
mostrar os dados analisados durante a pesquisa, o relatório exige uma interpretação desses dados, e
para que isso ocorra, é necessária uma fundamentação teórica para servir de base nas conclusões
realizadas.
Ainda que seja uma ciência nova, a Psicologia vem avançando em pesquisas e se encontra
sempre em contraste com o tempo, a economia, a relação social/cultural e a necessidade de conhecer
e compreender o homem e suas facetas em cada um desses momentos, sendo construída de acordo
com a visão do pesquisador em relação ao homem (SHAUGHNESSY, ZECHMEISTER,
ZECHMEISTER, 2012).
Em sua maioria, ocorre de forma silenciosa, camuflada e atinge ambos os sexos e quaisquer
nível social e econômico (FLORENTINO, 2015).Saindo do âmbito familiar, esse tipo de violência
também está acontecendo nas escolas, e inclui o bullying e a maneira como os educadores fazem
práticas punitivas, tirando a liberdade da criança.
(...) a professora solicitou que todos sentassem no tapete “com perninhas de índio” para
então distribuir a fruta já descascadas para as crianças, todos pegaram uma fruta para comer
e a professora T. lembrou de P.D. ainda estava de castigo. Ela olhou para ele falando
ironicamente e ao mesmo tempo ameaçando-o: T vai comer tua fruta aí, tu podes levantar,
senão tu vais ficar aí mais um tempo. Pedro todo triste, concordou em comer uma Banana.
Então a professora não se absteve e veio toda alegre me contar alegando; ele não gosta de
comer frutas, mas tem que aprender. (Diário de campo, observação 17/02/2014) (AUGST,
OLIVEIRA-MENEGOTTO, GIONGO, 2016).
Vale ressaltar que existe a violência estrutural no âmbito infantil e no Brasil, encontra-se em
números elevados, onde 20 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, no ano 2000 se
encontravam em situação de pobreza. A violência infantil se estende a violência física, sexual e
psicológica, realizada com crianças e adolescentes, incluindo os maus tratos, a negligência, o
trabalho forçado e qualquer tipo de exploração, que se classificam como atos que colocam em risco
a integridade física e moral da criança/adolescente (SILVA, COELHO, CAPONI, 2006).
O psicólogo escolar é pouco valorizado na instituição, sendo tratado como algo dispensável
se observarmos a inexistência desse serviço nas escolas da região, mesmo sendo previstos e
13
regulamentados por lei. A intervenção do psicólogo é necessária dentro da escola, mantendo uma
visão preventiva e realizando atendimento aos alunos, pais e professores sempre que necessário. A
relação de ensino e aprendizagem reafirmam o papel do psicólogo como um profissional
contribuinte na educação dos alunos, sendo que sua prática escola se difere da prática clínica, seu
objetivo é ser um facilitador no processo de ensino e aprendizagem (SANTOS, BEZERRA,
TADEUCCI, 2011).
Atuando juntamente com o corpo docente e discente e com a direção e equipe técnica para
conscientizá-los sobre a realidade da escola, reavaliar os objetivos e o processo educacional
atualmente empregado. Além de atuar sobre as perspectivas na relação aluno-professor, precisas
analisar a organização da escola como um todo e avaliar seus pontos fortes e fracos (SANTOS;
BEZERRA; TADEUCCI, 2011).
As principais queixas que o psicólogo escolar encontrará em sua atuação será a desatenção,
desinteresse, apatia, agitação, baixo rendimento e fraco nível de aprendizagem dos alunos, incluindo
agressividade e rebeldia. Esses problemas estão cada vez mais frequentes, e a tendência da escola é
encaminhar esses “casos problemas” para os psicólogos, criar mecanismos de controle mais rígidos
como aumentar as avaliações ou diminuir as notas (SANTOS, BEZERRA, TADEUCCI, 2011).
A violência sexual é mais comum do que podemos imaginar, praticados dentro de casa, por
pais, parentes, vizinhos ou amigos. Na maioria das vezes, velado e protegido para que ninguém
saiba. Falar desse assunto não é muito fácil, envolve segredos familiares, que se descoberto vão
desestruturar totalmente o âmbito familiar. Dentre as violências, a mais comum é estupro de
vulnerável, ocorrendo na maioria das vezes em relação intrafamiliar, longe dos olhos de terceiro.
14
De acordo com a Constituição Federal de 1988, através de seu art.227,
Outrossim, a dignidade sexual é um dos direitos básicos dos seres humanos, o qual não
deveria, jamais, ser violado (LOBATO, 2017). A violência sexual tem causas múltiplas e
complexas, relacionadas com questões econômicas, culturais e sociais. O abuso sexual assusta ainda
mais por estar coberto por medos e tabus, ocasionados, principalmente, por questões de gênero,
erotização infantil e o "poder" sobre a vítima. Ademais, a relação de desconfiança que fica após o
abuso é um dos piores efeitos colaterais, o abuso deixa marcas e abala toda a família. Além do mais,
as crianças não sabem como pedir ajuda as pessoas mais próximas, precisando sair do fundo do
poço sozinho para reviverem novamente (CHILDHOOD, 2010).
Acerca das formas de abuso sexual, podemos mencionar: mutilações ou danos corporais em
áreas de significado sexual claro; abuso sexual; exploração sexual; pornografia; compromissos de
casamento de menores; não aceitar a identidade sexual, transexualidade; não aceitar a orientação
sexual; a violência de gênero, todos os tipos de violência intrafamiliar e os modelos educacionais
não-igualitários; negligência sexual; acesso virtual ou real a uma sexualidade violenta, sexofóbica;
não aceitação da sexualidade em pessoas com deficiência; carências importantes em relação à
educação sexual na família e na escola (LÓPEZ, 2008).
Ademais, a violência sexual é a segunda maior violência mais comum que afetam crianças
e adolescentes, pois nem sempre o abuso sexual envolve contato físico, tendo a escola tem um papel
muito importante na identificação e no apoio para as crianças vítimas de abuso. No entanto, um dos
maiores desafios é o atendimento clínico para essas crianças, visto a necessidade de ter um adulto
confiável para que ela possa contar o que está acontecendo e pedir ajuda, porém, muitas vezes, a
oferta do serviço psicológico não é capaz de atender toda demanda local.
Entretanto, o conhecimento de uma instituição para com a outra pode ser de suma
15
importância, bem como o acesso aos índices sobre o número de casos, com isso podem trabalhar
em conjunto para tentar, de certa forma, amenizar esse tipo de situação, pois se souberem que estão
atentos, que tem quem vai olhar por eles, que se preocupa, e terem conhecimento acerca das
consequências desses atos. (IANDOLI, 2017).
Diante do exposto, algumas atitudes podem ser tomadas como prevenção, tais como: o
diálogo; construir uma rede de apoio; criar vínculos de apoio na escola, local no qual alguns sinais
podem ser notados; verificação dos motivos da queda da frequência escolar, do isolamento, da
dificuldade de concentração, da pouca participação nas atividades escolares, do surgimento de
objetos e/ou brinquedos vindo de fontes caráter duvidosos e da fuga de contato físico. Portanto, é
importante atentar-se para qualquer forma de sinal. Quando identificados, se faz necessário a busca
imediata pelos órgãos responsáveis a fim de realizar denúncia para que alguma atitude seja tomada
(PORTILHO, 2001).
Quando os pais passam a participar da vida escolar dos filhos eles aprendem com mais
facilidade, obtém notas melhores e seu interesse pelo ensino dura por mais tempo, pois eles sabem
que não estão ali sozinhos. O papel dos pais no ensino do filho é quão importante quanto o dos
professores, pois são os pais que fornecem as primeiras fontes de ensino e aplicam as primeiras
lições. Com isso é de suma importância que os pais entendam o que é dever da escola e o que é
dever deles (SILVA, 2015).
Ademais, a sociedade está em crise, perdendo aos poucos seus valores éticos e morais, hoje
em dia um dos assuntos mais discutidos na escola é a falta de limites, limites que os pais não impõe
aos seus filhos, tornando-se evidente no âmbito educacional. No entanto, os professores buscam
soluções a cada dia, pois sabem que se nada for feito a respeito, as instituições educacionais tendem
ao fracasso. Além disso, promover a participação dos pais em eventos da pedagógicos estimulam
os alunos a mostrarem o melhor de si, pois muitos pais estão ali, observando, esperando ver o que
seus filhos são capazes de aprender (FERREIRA, 2009).
16
Alias, é de suma importância o vínculo afetivo e emocional entre os pais e a escola, pois isso
ajuda a desenvolver os aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais dos alunos
(SOARES, 2000). Visto que, ao adentar nas escolas, as crianças trazem consigo as experiências
adquiridas no convívio familiar, os ensinamentos e a criação que seus pais lhe deram, e passam a
conviver com adultos desconhecidos, estabelecendo laços afetivos com os quais vão compartilhar
boa parte de suas experiências.
Ainda, quando esses alunos são encorajados por seus bons desempenhos resultam-se em
ótimas experiências. Quando a criança se sente atraída, envolvida, encorajada, tem mais estímulos
em prender e aproveitar tudo o que a instituição de ensino lhes oferece, dessa forma toda ganham,
pais, filhos e professores. A família não é o único caminho que auxilia na educação, mas com certeza
é o mais privilegiado, pois ao conhecer melhor a criança, sua realidade, podem identificar a melhor
forma de se trabalhar com ela.
No entanto, são poucas as famílias que têm interesse e participam da vida escolar dos filhos,
pois os pais têm um dia corrido com seus afazeres, trabalho, entre outras coisas, e deixam de lado
algo com crucial importância, pois acabam transferindo toda responsabilidade para os professores
e as instituições. Devem-se atentar aos pais que fazem essas recusas em trabalhar juntamente com
a instituição, o porquê deles se recusarem se é algo que beneficia todos os envolvidos, sendo os
filhos os mais beneficiados. Pais saudáveis estão dispostos a fazer de tudo para melhorar sua
situação com os filhos. Com o passar dos anos as pessoas perdem a noção de sua real importância
na educação dos filhos, pois a educação familiar é a base para qualquer cidadão.
O termo “inteligência” vem do latim, das palavras inter e eligere, que significam “entre” e
“escolher”. De acordo com o dicionário de Língua Portuguesa, inteligência se define na “faculdade
de pensar e compreender”. Para Antunes (2005), a inteligência se resume na nossa capacidade de
compreender e escolher o caminho ideal, sendo a capacidade mental de compreender, adaptar e
aprender.
17
Por volta dos anos 80, Howard Gardner criou a Teoria das Inteligências Múltiplas, na
tentativa de desfazer a ideia da sociedade de que existia apenas uma única inteligência, de acordo
com ele, a mente é multifacetada e não pode ser medida com simples teste de QI que estava no auge
na década de 90. Gardner desenvolveu oito inteligências para mostrar a importância de observar
essa diversidade, consistiam em: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática,
inteligência espacial, inteligência musical, inteligência cinestésica/corporal, inteligência
interpessoal, inteligência intrapessoal e inteligência naturalista (ZUNA, 2012).
De acordo com ele, todos possuem as oito inteligências, mas cada um em seu próprio nível
de desenvolvimento, uns mais que os outros, de acordo com os estímulos que as crianças recebem.
A teoria engloba dois principais componentes: o indivíduo e a sociedade, já que o desenvolvimento
das inteligências depende do contexto social em que está inserida, isso faz do ser humano um ser
único em sua capacidade cognitiva e no seu modo de aprender. Desse modo, é extremamente
importante reconhecer que cada indivíduo tem suas próprias capacidades e seu próprio ritmo de
aprendizagem (ZUNA, 2012).
Ademais, as inteligências começam a se destacar nas crianças desde cedo, pois elas
demonstram uma acentuada aptidão para uma determinada inteligência. Gardner (2014), falava
sobre a importância do ensino individualizado, visto que cada criança tem seu próprio modo de
desenvolvimento. Para marcar os principais aspectos de cada inteligência, Garner (2014),
desenvolveu uma breve descrição:
18
Inteligência Interpessoal – Habilidade de identificar diferentes tipos de humor, motivações
e desejos das pessoas, se relaciona bem e consegue compreender e perceber as motivações e
inibições dos outros
Seria ideal se a teoria de Gardner fosse aplicada nas escolas, sendo do conhecimento dos
profissionais da educação toda a escala de desenvolvimento das inteligências. O ensino precisa
reconhecer que o indivíduo é único e isso exige uma diversidade maior em sala de aula no modo
como o ensino é propagado, é preciso uma formação que inclua cada um desses alunos, sendo de
responsabilidade do professor identificar qual inteligência se destaca no aluno e ajuda-lo a
desenvolvê-la.
O principal objetivo é fazer com que todos potencializem seus talentos e encontrem seu
espaço na sociedade, para que isso ocorra, é necessário o investimento nas habilidades do aluno,
incentivando-o a pensar em soluções, explorar possibilidades, formular hipóteses, justificar seu
pensamento e validar suas conclusões. Gardner (2005) se preocupa em especial com aqueles alunos
que não se destacam nos testes escolares padronizados que excluem a diversidade das inteligências,
sendo essa supervalorização da inteligência logico-matemática o principal motivo por considerar a
existência de um baixo desempenho de aprendizagem nas escolas, pois excluem as demais
inteligências, considerando-a apenas um modo de atividade extracurricular. (ZUNA, 2012)
19
raciocínio e a criatividade; e o desenvolvimento psicossocial que abrange as emoções,
relacionamentos e a personalidade (MARTORELL, 2014)
Freud propôs a teoria psicossexual em que o prazer sexual se transfere de uma zona corporal
a outra, durante cinco estágios específicos, sendo eles: fase oral, fase anal, fase fálica, período de
latência e fase genital. (FREUD, 1996)
Diferente dos behavioristas, Bandura (1925-1989) criou uma teoria que definia o
desenvolvimento como bidirecional, no qual a criança agia sobre o mundo assim como ele agia
sobre ela, sustentando a teoria da aprendizagem por imitação e observação de modelos
(MARTORELL, 2014).
Na perspectiva cognitiva podemos citar a teoria de Jean Piaget sobre os estágios cognitivos
20
da criança, no primeiro, o sensório-motor (0-2 anos), a criança é capaz de realizar atividades motoras
e sensoriais de interação com o ambiente, na fase pré-operacional (2-7 anos), ocorre o
desenvolvimento da representação de símbolos, na fase de operações concretas (7–11 anos), a
criança resolve os problemas de maneira lógica mas não possui o pensamento abstrato, e na última
fase, a de operações formais (11-idade adulta), a pessoa é capaz de pensar de forma abstrata e lidar
com variadas situações (SILVA; SANTOS; JESUS, S/D).
Vygotsky focou nos processos sociais e culturais que desenvolviam a cognição das crianças,
segundo ele, as crianças aprendem por meio da interação social, e via os adultos como responsáveis
por orientar e organizar o aprendizado das crianças, que precisam de auxílio para passar pela zona
de desenvolvimento proximal, que é o espaço psicológico que consiste no que a criança é capaz de
fazer sozinha e o que poderia fazer com o auxílio de um adulto experiente (COELHO; PISONI,
2012).
Por fim, existem diversas teorias em relação ao desenvolvimento infantil, mas com o
amadurecimento do conhecimento, os estudiosos chegaram a um acordo formulando os pontos
fundamentais. Concluindo que o desenvolvimento dos diferentes domínios está correlacionado, pois
uma área pode afetar a outra significativamente, e que o desenvolvimento normal vai incluir diversas
diferenças singulares, tendo em vista que cada criança é diferente, as influências são bidirecionais,
a criança afeta o ambiente e o ambiente a afeta, ademais, o contexto histórico e social tem uma
influência forte no desenvolvimento infantil, fase essa que afeta todas as outras fases seguintes
(MARTORELL, 2014).
A observação é uma ferramenta importante para a relação entre teoria e prática em todos os
cursos superiores, possibilitando ao acadêmico um contato com a realidade em sua futura profissão,
podendo observar a conduta do profissional psicólogo diante dos pacientes, e seus métodos de
abordagens e planejamento de ação, incluindo também a extensa pesquisa sobre assuntos
relacionados aos temas surgidos durante o período de observação, aprimorando também o
conhecimento teórico. A observação possibilita identificar as principais dificuldades, fazendo com
que o estagiário consiga se preparar para lidar com problemas semelhantes durante sua carreira.
O estágio colabora para que o estudante adquira noções de bom senso, respeito as regras,
trabalho em equipe, ética profissional, senso crítico e entre outras qualidades que são trabalhadas e
adquiridas durante o período da observação. No ambiente escolar onde o estágio foi realizado, o
aluno tem contato com diversas pessoas, sendo estimulado a criatividade e no desenvolvimento de
estratégias para intervenções (SILVA, S/D).
O estágio inicial básico também prepara para os demais estágios que seguirão, a observação
no primeiro momento prepara o aluno para a ação como profissional, tendo que formular
intervenções, sendo o principal responsável pelas ações e condutas nos futuros estágios.
22
6 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o período do estágio foram realizadas diversas atividades com os alunos, as quais
serão descritas nesse tópico, que incluem a supervisão, orientação e atividades a campo.
As três primeiras aulas do estágio foram destinadas a supervisão e orientação, sendo a última
aula do dia 15 de agosto cancelada pelo evento que ocorreu na faculdade durante a noite.
Dia 01 de agosto
A reunião ocorreu na sala 19, a coordenadora do curso deu início fazendo uma introdução
sobre o que era o estágio e quais seriam as obrigações dos alunos diante desse novo contexto da
graduação, por se tratar do primeiro estágio realizado pela turma, ressaltou as obrigações da
coordenação e da professora supervisora, ambas se colocando à disposição para auxiliar com
dúvidas e com a elaboração do relatório.
Também foram relatados os aspectos gerais do estágio, sua carga horária, ficha de presença
e a ética e atrasos dos alunos durante o estágio. Abordaram aspectos do relatório, com a opção de
produzi-lo individualmente ou em duplas.
Dia 08 de agosto
Neste dia, a coordenadora do curso e a supervisora do estágio levaram para sala o Manual
do Estagiário e o termo de sigilo e responsabilidade, que foi assinado por todos os alunos que
participariam do estágio. Foram expostos os modelos de relatório que os alunos deveriam seguir,
juntamente com as normas da faculdade e da ABNT, abordando as estruturas mínimas do relatório
e os tópicos a serem entregues na primeira e segunda etapa para correção e aprovação.
Dia 15 de agosto
Dia 31 de outubro
Dia 07 de novembro
Dia 14 de novembro
Dia 21 de novembro
Dia 28 de novembro
Dia 05 de dezembro
24
Dia 22 de agosto
No momento em que os pais entravam na sala com as crianças, eram recepcionados pela
psicóloga, que encaminhava a criança para uma sala próxima para um momento de recreação
enquanto os pais respondiam a anamnese. Ocorreram perguntas sobre a descoberta da gestação, a
reação dos pais, o processo até o parto, o desenvolvimento da criança, o relacionamento familiar, o
desenvolvimento escolar da criança e a forma como os pais lidam com a demanda da criança.
A anamnese foi realizada com seis pais, após as entrevistas, os alunos falavam para a
orientadora as observações que fizeram, depois da troca de informações sobre a observação, a
orientadora ressaltou a ética e o sigilo profissional que deveriam ser considerados por todos os
alunos. Voltaram para a faculdade por volta de 22:30 e foi encerrado o primeiro dia da observação
e ida a campo, com a orientadora assinando a lista de presença dos alunos que realizaram essa etapa.
Dia 05 de setembro
A psicóloga esteve sempre prestativa e atenta a cada movimento com as peças dos
brinquedos, a postura ao se sentar, ao se posicionar sobre a mesa e em dificuldades para separar
25
letras, formar palavras e manipular a maneira como o jogo funcionaria, encaminhou diversas
perguntas para as crianças para que pudessem relatar um pouco mais sobre o cotidiano em casa e
na escola.
Dia 19 de setembro
No dia 19 de setembro a supervisora Kelly realizou uma palestra sobre o setembro amarelo
para os profissionais do local, enfatizando sobre a depressão infantil, a maneira como as crianças
podem estar sobrecarregadas e como o ambiente familiar pode alterar o comportamento delas. Os
professores mostraram um interesse muito grande sobre o assunto, pois vivenciaram vários
momentos em que os alunos buscaram apoio e relataram eventos traumáticos de suas vidas, e os
professores se sentiam despreparados para acolher essa demanda.
Logo após a palestra com os professores, a psicóloga falou sobre o mesmo tema com as
turmas do 1º ao 3º ano do ensino médio e a turma EJA, adquirindo uma postura menos formal para
que a linguagem fosse adequada ao público, abrindo espaço no final para a realização de
questionamentos sobre o tema, e respondeu todas as questões de maneira clara, as principais
perguntas entre os profissionais e os alunos foi sobre como identificar e o que fazer para ajudar.
Dia 10 de outubro
No dia 10 de outubro os alunos foram até a escola novamente e realizaram atividades com
as crianças, continuaram desenvolvendo as brincadeiras educativas com jogos de montar palavras e
associar palavra e figura, dessa vez deixando que a criança fosse mais independente, ensinando e
26
deixando que ela tomasse suas decisões e questionando quando a formação da palavra não estava
correta, fazendo com que a criança pensasse um pouco mais e trocasse por si só a peça errada pela
correta.
A psicóloga conversou com a diretora da escola, que a informou que notou uma melhora
acentuada no comportamento de algumas crianças, no processo de aprendizagem e no interesse nas
atividades escolares, os pais também perceberam essa melhora e agradeceram a oportunidade de
fazer parte do projeto de estágio.
Dia 24 de outubro
27
7 RECURSOS MATERIAIS
Os materiais didáticos como artigos foram encontrados em sites da internet, dando preferência para
os trabalhos publicados recentemente, os livros foram utilizados impressos disponibilizado pelos próprios
alunos e pela biblioteca da faculdade, e os livros digitais que foram adquiridos na internet.
Durante as atividades a campo foram utilizados cadernos e canetas para anotações, uma sala
especializada com brinquedos didáticos, como jogos de palavras, de memória, dominó educativo, e
instrumentos para desenhar e colorir, um espaço adequado para elaboração de atividades interativas com as
crianças, tendo as paredes decoradas com o alfabeto desenhado e outras atividades realizadas por alunos.
Na faculdade foi utilizada uma sala especifica para discussão entre os estagiários e a supervisora, e
também para elaboração do relatório.
28
CONSIDERAÇÕES FINAIS
29
REFERÊNCIAS
BAGAGI, P. Paiva, C. N. (2012) A atuação dos profissionais de saúde nos casos de violência contra
crianças e adolescentes. Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, Garça, 10(1) 1.
COELHO, Luana. PISONI, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. Disponível em:
<http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-
_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf> Acesso em: 27 de outubro de 2019
FERRARI, Márcio. Howard Gardner, o cientista das inteligências múltiplas. Out, 2018. Disponível
em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1462/howard-gardner-o-cientista-das-inteligencias-multiplas>.
Aceso em: 26 de outubro de 2019
FREUD, S. (1996). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In J. Strachey (Ed. e Trad.). Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 7, pp. 117-231). Rio
de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1905).
GARDNER, H. (1994). Estruturas da Mente: a Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre:
Artes Médicas.
GARDNER, H. (1995). Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre: Artes Médicas.
MACEDO, L. (2005). Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre:
Artmed.
30
MARTORELL, Gabriela. O desenvolvimento da Criança do Nascimento à Adolescência. Mc Graw
Hill Education, 2014.
SANTOS, Evanice dos, BEZERRA, Maria do Socorro Pontes da Silva e TADEUCCI, Marilsa de
Sá Rodrigues. EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR.
Concluir referência.
SILVA, Diego da. Importância Da Realização Do Estágio Básico Em Psicologia Escolar. Pós-
Graduação em Psicologia da Saúde e Hospitalar –Faculdades Pequeno Príncipe
SILVA, Edvânia dos Santos. SANTOS, Stefanny Alves dos. JESUS, Vanessa Matias de. O
Desenvolvimento Cognitivo Infantil Sob a Ótica de Jean Piaget. Disponível em:
https://portal.fslf.edu.br/wp-content/uploads/2016/12/tcc9-6.pdf Acesso em: 25 de outubro de 2019
SILVA, Jessica Cristina Tiago e MELO, Cristina de Assunção. VIOLÊNCIA INFANTIL: atuação
do psicólogo no processo de auxílio à criança. Rev. Psicol Saúde e Debate. Fev., 2018:4(1):61-84.
31
32
ANEXOS
33
34
35
36