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Cinema teve sua estreia em Salvador nesta quinta (14), no Cine Glauber Rocha. Com a área
principal lotada e duas salas de cinemas cheias, os baianos vieram em cheio para o Glauber
presenciar esse começo de mais uma edição do festival.
Com presença de um público extremamente diversificado, trazendo uma real pluralidade para
o espaço do cinema, os minutos antes da exibição dos filmes foram um clima de celebração,
por mais um ano de cinema nacional vivo, mas por ser uma era extremamente prolífica, com
o cinema baiano tendo uma recuperação muito bem vinda no pós-pandemia.
Um dia de lembrança
A abertura do XIX Panorama veio acompanhada de uma forte homenagem a Glauber Rocha,
cineasta baiano que dá nome ao cinema. Com a presença de sua filha, Paloma Rocha, o
cineasta baiano recebeu muitas homenagens de nomes do audiovisual brasileiro. A
homenagem ao diretor, que começou como iniciativa do projeto, logo ganhou adesão de
Paloma, que vê na celebração da vida de seu pai um comemoração de sua geração do cinema
nacional.
“Eu agradeço, a iniciativa do Panorama, o convite. E eu estava agora fazendo uma pesca
aqui, no filme, e a quantidade de pessoas, de baianos, importantíssimos, que nesse filme estão
reunidos, não só o elenco como Antônio Pitanga, Luísa Maranhão e a Lucy Carvalho. Mas
também Luís Paulino, que escreveu o argumento e os diálogos do roteiro com Glauber, Tony
Rabatoni, Roberto Pires, Valdemar Lima, o nosso querido Hélio de Oliveira, que era um
grande xilogravurista, que fez toda a parte ali do candomblé com Glauber”, , afirma Paloma.
“É um momento que esse filme reúne toda essa gente da história do cinema baiano na sua
equipe. O cinema não se faz sozinho, o cinema se faz com a equipe”, enfatiza.
A escolha de Barravento não vêm por acaso, além de ser uma obra importante na carreira do
cineasta, seu primeiro longa metragem, e um expoente na carreira de muitos nomes grandes
do cinema brasileiro, o filme também traz uma forte ligação do diretor baiano com o poeta
Castro Alves, outro homenageado da noite.
“O porquê de Barravento eu acho que eu já disse, quer dizer, originário do cinema baiano,
junto com toda uma equipe que fazia esse movimento do cinema baiano ali na época, no final
dos anos 50, começo dos anos 60, que estava dentro de um movimento cultural na época.
Então esse filme tem esse significado, 60 anos depois”, completa Paloma.
A filha do diretor, que desde 2021 trabalha em um extenso projeto de digitalização da vida do
pai, estende um convite para os fãs do cineasta para conferirem mais sobre a vida dele e sobre
o projeto de restauração, enfatizando como apesar de curta, a vida de seu pai foi
extremamente prolífica.
Paloma também ressalta como tem visto a demanda por coisas ligada a vida do pai e como
isso só mostra a força que seu trabalho ainda carrega.
“Há todo um corpo da obra toda inédita dele, que foi feita na Europa. A gente organizou 13
mil itens documentais para poder fazer um site”, afirma. “Eu recebo 3 a 4 solicitações por dia
da obra digital. É gente que quer carta, é gente que quer foto, é gente que quer filme. Temos
gente do Chile, é na Colômbia. É quase um tsunami? E eu acho que é a prova da obra dele,
como é uma obra temporal. Uma obra de arte”, pontua.
Além da sessão de Barravento, as homenagens à Rocha se estendem por mais dias no festival,
com uma sessão de Terra em Transe programada para o sábado (16), às 18h30, e uma
exibição de O Leão de Sete Cabeças no domingo (17) às 10h30,
Além das homenagens ao grande diretor baiano, essa estreia do XIX Panorama vem com um
grande otimismo para o cinema nacional, e em especial a cena baiana de cinema. Com a
presença de Pedro Tourinho, ministro da Secult (Secretaria da Cultura) , na sessão, foi
anunciado o lançamento da Salvador Film Commission, com um site que está para ficar no
ar.
Além de figuras regionais da cultura, esse clima de otimismo também contou com a presença
de Paulo Xavier Alcoforado, diretor da ANCINE. Em seu discurso antes do começo da
sessão, o diretor elogiou a importância do cinema Glauber Rocha como ambiente cultural e
mostrou seu otimismo para mais festivais de cinema como o Panorama.
Antes de falar do panorama, eu quero falar sobre esse ambiente muito interessante, onde a
prefeitura de Salvador e o governo do Estado estão tentando criar políticas para o
audiovisual. Nessa missão, a ANCINE é uma parceira.”, afirma Paulo.