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Curso de Direito

Direitos Constitucional II
Professora Natália Pinheiro

Unidade III – Poder Executivo – Parte 1


Presidencialismo brasileiro
• Relação de independência entre Executivo e Parlamento
• Garantia do mandato presidencial mesmo que não haja maioria no parlamento
• Presidencialismo brasileiro combina: (a) representação proporcional, (b)
multipartidarismo e (c) presidencialismo.
A primeira característica que marca a especificidade do modelo
brasileiro, no conjunto das democracias aqui analisadas, é o
presidencialismo. A grande maioria (76% : 13/17) dos regimes liberais-
democráticos do após-guerra é parlamentarista. (...) É nas combinações
mais freqüentes entre características institucionais, e não em sua
presença isolada, que a lógica e a especificidade de cada modelo
emergem. É também aí que se revela a natureza do regime até agora
praticado no Brasil. Não existe, nas liberais-democracias mais estáveis,
um só exemplo de associação entre representação proporcional,
multipartidarismo e presidencialismo. (...) Apenas uma característica,
associada à experiência brasileira, ressalta como uma singularidade: o
Brasil é o único país que, além de combinar a proporcionalidade, o
multipartidarismo e o "presidencialismo imperial", organiza o
Executivo com base em grandes coalizões. A esse traço peculiar da
institucionalidade concreta brasileira chamarei, à falta de melhor nome,
"presidencialismo de coalizão" (...) (Abranches, 1988)

• Apesar da independência do Executivo no sistema presidencialista, a prática de


governabilidade em sistema multipartidário depende da formação de coalizões
parlamentares
• A quantidade de partidos nas coalizões depende do grau de fragmentação
partidária
• Os Ministérios tendem a refletir a composição das coalizões aliadas

O argumento aqui desenvolvido — de que esses poderes são um meio


de induzir estratégias cooperativas por parte dos membros da coalizão
— nos permite refutar também a conclusão de Tsebellis de que é o
controle sobre a agenda que distingue os dois sistemas de governo. Esse
mesmo controle é possível em sistemas presidencialistas e, mais
importante ainda, produz efeitos semelhantes àqueles verificados em
sistemas parlamentaristas. Em alguns sistemas presidencialistas, o
Executivo conta efetivamente com vantagens estratégicas derivadas do
controle sobre a agenda. Por isso os parlamentares, individualmente,
têm limitada capacidade de participar no processo de tomada de
decisões. A centralização nega-lhes o acesso necessário para influenciar
a legislação. Os projetos e emendas por eles introduzidos raramente
alcançam o plenário. Tudo o que podem fazer é votar sim ou não para
uma agenda definida sem a sua participação. O quadro aqui traçado não
só encontra eco nos depoimentos de parlamentares, como também
resiste a uma análise cuidadosa das políticas implementadas nos últimos
governos. Obviamente, o governo não tem apoio pleno e incondicional
de suas bases partidárias. Isso raramente ocorre em contextos
decisórios, onde o conflito é regulado por regras democráticas. Porém,
como mostram as recentes mudanças no país, o governo não encontra
no Congresso um obstáculo intransponível à implementação de sua
agenda. Por essa razão, o diagnóstico da paralisia decisória, aplicado à
democracia de 1946, dificilmente se adequaria à atual situação. Aquela
experiência democrática se deu em condições institucionais diversas.
Portanto, o funcionamento de governos de coalizão no sistema
presidencialista pode ser mais bem compreendido comparando-se as
duas experiências democráticas recentes. (Figueiredo, Limongi, 2001)

• Os poderes exercidos pelo Executivo – conforme as competências estabelecidas


pela CF/88 - ampliam as possibilidades de governabilidade, aumentando sua força
na formação de coalizões.

REFERÊNCIAS

ABRANCHES, Sérgio Henrique Hudson de Abranches. PRESIDENCIALISMO DE


COALIZÃO: O DILEMA INSTITUCIONAL BRASILEIRO. Revista de Sociais, Rio de
Janeiro. vol. 31, n. 1, 1988, pp. 5 a J4

FIGUEIREDO, Argelina Cheibub Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional


/ Argelina Cheibub Figueiredo e Fernando Limongi. — 2ª ed. — Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2001.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito


Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.

PERLIN, Giovana; SANTOS, Manoel Leonardo. Presidencialismo de coalizão em


movimento [recurso eletrônico] / Giovana Perlin, Manoel Leonardo Santos
(organizadores). – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2019.

SARLET, Ingo W.; MITIDIERO, Daniel; MARINONI, Luiz G. CURSO DE DIREITO


CONSTITUCIONAL. 10. Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2021.

SILVA, Virgílio Afonso da. Direito Constitucional Brasileiro. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2021.

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