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PERGUNTAR A ANIMAIS
UMA INTRODUÇÃO AO
TESTE DE COMPORTAMENTO ANIMAL
Birte L. Nielsen Birte L. Nielsen
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Birte L. Nielsen
UMR MoSAR, INRAE
França
CABI CABI
Nosworthy Way WeWork, One Lincoln St
Wallingford 24º andar
Oxfordshire OX10 8DE Reino Boston, MA 02111
EUA
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Conteúdo
Prefácio vii
Reconhecimentos ix
8 Reforço e Punição 93
Índice 173
v
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Prefácio
A maioria de nós já ouviu falar dos cães de Pavlov e da caixa de Skinner, e muitos
estão cientes de que a ciência comportamental aplicada já percorreu um longo caminho desde então.
Os testes comportamentais em animais são utilizados em muitas disciplinas científicas
diferentes, desde estudos laboratoriais em neurociências até trabalhos de campo em
ecologia comportamental. Mas por que usamos os testes que fazemos? O que eles podem
nos dizer e – não menos importante – quais são as suas limitações?
Este livro dará uma introdução ao uso (e talvez ao uso indevido) de testes de
comportamento aplicados a animais. Através de exemplos ilustrativos de uma
variedade de espécies, o objetivo é inspirar o experimentador animal a pensar sobre
para que serve um determinado teste comportamental e como os resultados podem
ser interpretados. Não pretende ser um dicionário ou uma lista de testes que um
pesquisador pode escolher, mas uma inspiração sobre o que fazer (e não fazer) ao
desenvolver e executar testes de comportamento animal.
Eu poderia ter optado por me aprofundar na história da experimentação
comportamental com uma apresentação detalhada e discussão dos testes mais
comumente usados. Em vez disso, optei por um tom (e um livro) mais leve, na
esperança de que você possa realmente lê-lo até o fim. Isto tem, claro, algumas
desvantagens. Haverá omissões e os puristas entre vocês poderão zombar de algumas
das simplificações usadas para descrever os comos e os porquês nos diferentes
capítulos. No entanto, acredito que isto se justifica se fizer com que mais pessoas
leiam sobre este assunto e, talvez, como consequência, desenvolvam interesse no
uso prático de testes comportamentais para fazer perguntas aos animais.
Birte L. Nielsen
Setembro de 2019
vii
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Reconhecimentos
Escrever um livro didático foi muito interessante, altamente educativo para o autor e muito
divertido. Mas às vezes pode ser um pouco frustrante e, sem o incentivo das pessoas ao
meu redor, este empreendimento nunca teria se concretizado.
ix
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Você pode ter olhado para seu cachorro, cavalo ou peixinho dourado e se perguntado o
que eles estavam pensando. Rover gosta de sua nova casinha de cachorro? Meu pônei
está sentindo frio com esse tempo? Não seria bom se pudéssemos perguntar a eles?
Bem, como indica o título deste livro, nós podemos. O conceito de usar testes comportamentais
bem elaborados em animais como forma de fazer perguntas é conhecido e utilizado há muito
tempo. Inicialmente, os testes comportamentais foram realizados principalmente em roedores
de laboratório. As demonstrações de Konrad Lorenz sobre a impressão em gansos cinzentos
na década de 1930 foram uma forma de teste comportamental, mas só mais tarde é que as
espécies de gado doméstico foram incluídas: Hughes e Black (1973) e Dawkins (1977) estavam
entre os foi a primeira a aplicar testes comportamentais em animais de produção, no caso a
galinha doméstica, estudando as respostas das aves em testes comportamentais de preferência
por tamanho de gaiola e tipo de piso. Desde então, uma infinidade de testes foram
desenvolvidos para fazer perguntas aos animais, monitorando seu comportamento em
diferentes situações.
2 Capítulo 1
4 Capítulo 1
Figura 1.1. Cada capítulo principal é baseado em alguns exemplos selecionados do uso
prático de um conjunto limitado de testes dentro do tópico do capítulo. Esses exemplos
de testes foram escolhidos de modo a abranger uma variedade de espécies de
vertebrados em todo o livro, bem como para destacar detalhes específicos nos testes e métodos utilizados.
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Referências
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6 Capítulo 1
Para muitas pessoas com mais de 40 anos, o primeiro encontro com o estudo científico do
comportamento animal foi quando Sigourney Weaver interpretou o papel de Dian Fossey no
filme Gorillas in the Mist, lançado em 1988. Embora este livro seja sobre testes
comportamentais, conhecimento do comportamento dos animais baseia-se em grande parte
em observações de uma determinada espécie no seu ambiente natural. Para muitos
etólogos, o estudo do comportamento animal consiste assim em horas e horas (e horas…)
de trabalho de campo, onde a espécie estudada é observada no seu ambiente natural. Esses
dados formam a base dos chamados etogramas utilizados também na etologia aplicada,
8 Capítulo 2
água de natação para patos e visons (Rodenburg et al., 2005; Kornum et al., 2017). No entanto,
é provável que o ambiente habitacional seja limitante de uma forma ou de outra, sobretudo
devido a restrições de espaço relativas à vida ao ar livre. Dito isto, existem alguns aspectos
positivos do alojamento de animais, tais como a protecção contra condições climáticas
adversas e a protecção contra predadores naturais. A seguir, são dados exemplos de estudos
comportamentais em ambiente alojado, enfatizando a situação sem teste e o que podemos
aprender com isso para uso em testes comportamentais.
Para saber o que mudou você precisa saber o que é normal. Uma forma de medir isto é
observar o animal no ambiente em que é mantido e quantificar a ocorrência e duração dos
diferentes comportamentos. Isto pode variar desde observações contínuas (muitas vezes feitas
através de gravações de vídeo) do repertório comportamental completo do animal com base
no seu etograma, até registos de um subconjunto destes comportamentos, tais como se o
animal é activo ou passivo. As estimativas do orçamento de tempo dos animais mantidos em
grupos podem basear-se na amostragem por varredura do grupo em intervalos regulares.
Figura 2.1. Método usado para marcar indivíduos com spray antes da gravação de vídeo.
Esses porcos, em ordem de frente para trás, têm os números 2, 7 e 12 (veja o texto
para detalhes ou tente adivinhar o sistema).
10 Capítulo 2
Figura 2.2. Sensibilidade relativa a diferentes comprimentos de onda de cores para (a)
humanos e (b) camundongos. O comprimento de onda (589 nm) emitido pelas lâmpadas
de sódio de baixa pressão é indicado pela linha vertical tracejada (adaptado de
McLennan e Taylor-Jeffs, 2004).
12 Capítulo 2
e outros, 2016; Mutibvu et al., 2017). No entanto, as galinhas não tomam necessariamente
banho de poeira todos os dias, e o registo e a quantificação deste comportamento e de
comportamentos igualmente pouco frequentes devem ter este facto em conta.
Atividade Locomotora
A atividade na forma de locomoção é uma das medidas mais simples, mas também mais
importantes, do comportamento animal. Isto pode assumir a forma de rastreamento de
indivíduos em gravações de vídeo filmadas acima do recinto dos animais (por exemplo,
Meunier e Nielsen, 2014), dotando os animais de rodas de corrida (por exemplo, Bartling
et al., 2017), ou monitorando o movimento das pernas por meio de pedômetros ou
acelerômetros (por exemplo, Thorup et al., 2016). Contudo, quando os animais são
mantidos em grupos e queremos medir a atividade geral, outros métodos podem ser
mais apropriados.
Em algum momento durante um projeto de pesquisa, precisei ser capaz de medir os
níveis de atividade de grupos de galinhas de um dia. Na época, meus filhos ainda eram
bem pequenos e, por curiosidade, perguntei-lhes como mediriam o quanto um grupo de
galinhas se movimentava. Tendo pensado nisso por um tempo surpreendentemente
curto, eles tiveram a ideia de um cercado com chão de lama compactada, no qual
simplesmente contariam o número de pegadas de galinha. Talvez a viabilidade desta
sugestão não fosse a ideal, mas ainda assim não é má para um casal de crianças de 7 e
8 anos. Acabamos usando detectores infravermelhos passivos (PIDs), que são mais
conhecidos como os sensores que fazem a lâmpada da sua varanda acender
automaticamente quando você chega em casa tarde da noite.
Esses sensores são ativados pelas diferenças de temperatura que se movem, e é por
isso que as luzes também acendem quando um gato (quente) passa pela entrada (mais fria).
Utilizamos versões de PIDs que registravam e armazenavam arquivos do movimento
monitorado em volts relativos ao tempo (Pedersen e Pedersen, 1995). Isto permitiu-nos
estimar movimentos globais, obtendo resultados semelhantes aos obtidos pelo registo
(na altura mais trabalhoso) de alterações de pixel entre fotogramas consecutivos de
uma gravação de vídeo (Nielsen, 2003; Nielsen et al., 2004). . Incluí este exemplo porque
as curvas PID que obtivemos desses pintinhos recém-nascidos pareciam indicar que os
grupos apresentavam crises rítmicas de atividade (Nielsen et al., 2008). Esses ritmos
(Fig. 2.4a) não eram sincronizados entre as baias, excluindo assim a possibilidade de
algum cronometrista externo, como ligar e desligar a ventilação. No entanto, a simulação
do comportamento de pintinhos individuais permitiu reproduzir as curvas obtidas a partir
dos PIDs (Fig. 2.4b). A aparente ritmicidade revelou-se um artefato da superposição de
ciclos de atividade individuais, ocorrendo quando os períodos de inatividade de pintinhos
individuais são intercalados com períodos mais curtos de atividade (Fig. 2.4c). A soma
desses dados deu origem a uma curva ondulada (Fig. 2.4b), que não reflete o
comportamento dos indivíduos do grupo, mas é resultado do chamado efeito de batidas,
quando duas ou mais oscilações de frequências diferentes interferir. Estávamos muito
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Figura 2.4. (a) Ritmos de atividade medidos por um detector infravermelho passivo
(PID; foto inserida) em um grupo (n = 225) de pintinhos de corte de um dia. (b)
Simulações de computador revelaram que esses ritmos eram um artefato da
soma dos movimentos de pintinhos individuais sendo ativos ou inativos (c), desde
que os períodos de atividade fossem mais curtos que os períodos inativos (adaptado de Nielsen et al., 20
entusiasmados quando vimos pela primeira vez a atividade rítmica nos dados
do PID, pensando (incorretamente) que grupos de pintinhos eram capazes de
manter um ritmo de atividade sincronizado na ausência de uma galinha mãe,
pelo menos nos primeiros dias após a eclosão. No entanto, isso acabou não
sendo o caso. Sempre que é realizado o registo automático de atividade é
fundamental verificar se os dados obtidos são representações verdadeiras do
comportamento dos animais. Isso também é brevemente discutido no Capítulo 13.
Comportamento Alimentar
14 Capítulo 2
do que a – embora importante – medida da ingestão total num dia. Os indivíduos diferem na
forma como se alimentam, com alguns comendo pouco, mas com frequência, enquanto
outros consomem poucas, mas grandes refeições. Sabemos também que o comportamento
alimentar é afectado pelo ambiente social, de modo que se constatou que os porcos alojados
individualmente alimentam-se duas vezes mais frequentemente do que os porcos alojados
em grupos (de Haer e de Vries, 1993). Quando o comportamento alimentar não é o tema
principal de um estudo, o registro do comportamento em torno da alimentação pode, no
entanto, acrescentar informações que podem ser úteis para a interpretação de outras medidas
comportamentais. Já argumentei anteriormente (Nielsen, 1999) que as mudanças na
velocidade com que um animal come podem reflectir duas coisas: o seu grau de fome e as
restrições impostas pelo ambiente social.
Por outras palavras, se tiver fome, ou se o acesso à alimentação for um pouco limitado ou
facilmente interrompido, comerá mais rapidamente (Nielsen et al., 1995).
A menos que estejamos lidando com efêmeras adultas, a maioria dos estudos sobre o
comportamento animal durante um determinado período de tempo inclui necessariamente o
comportamento alimentar. Na situação experimental, isto envolve mais frequentemente a
alimentação com um tipo de alimento altamente homogeneizado, tal como uma dieta
peletizada ou pré-misturada. A razão para isto é padronizar os alimentos em todo o tratamento
de interesse, a fim de reduzir a variação entre os animais nas medidas relacionadas à alimentação.
Mas, como pode ser visto no exemplo hipotético da Fig. 2.5, mesmo quando os indivíduos
apresentam uma ingestão diária idêntica de alimentos e comem à mesma velocidade e
durante o mesmo período de tempo, ainda podem diferir grandemente em termos do seu
padrão alimentar. . A partir das três variáveis que descrevem as refeições (isto é, tamanho da
refeição, frequência das refeições e duração das refeições) outras características do
comportamento alimentar podem ser calculadas, tais como ingestão diária de alimentos,
taxa de alimentação e tempo gasto na alimentação. Contudo, o cálculo inverso não é
possível, pois diferentes padrões alimentares podem dar origem às mesmas características de comportamento alim
Isto deve ser tido em mente ao conceber experiências onde o comportamento alimentar pode
diferir, e – se as medições forem possíveis – os padrões de refeição podem potencialmente
ser usados para ter em conta a variação interindividual noutras variáveis não relacionadas
com a alimentação.
Isto me dá a oportunidade de chamar sua atenção para outra consequência da relação inversa
entre o tamanho das refeições e a frequência das refeições. Como mencionado acima, o cálculo do
consumo de ração é geralmente feito pesando a quantidade de ração que sobrou e subtraindo-a do peso
da ração entregue 24 horas antes. Isto pode ser feito individualmente ou em grupo, e para as três cabras
hipotéticas da Figura 2.5, chegaríamos a uma ingestão média de 5,5 kg para o dia mostrado. Dentro de
um dia, a ingestão de cabras individuais também pode ser calculada como a frequência das refeições
multiplicada pelo tamanho médio da refeição, por exemplo, a cabra B come 5 refeições de 1,1 kg por dia,
dando origem a um DFI de 5,5 kg. Quando temos medidas de padrões de refeições individuais, podemos
ficar tentados a calcular a ingestão diária do grupo como o produto da frequência média das refeições e
do tamanho médio das refeições do grupo. É aqui que as coisas dão errado. As três cabras do exemplo
têm uma frequência média de refeições de (2 + 5 + 10)/3 = 5,7 refeições/dia. Eles também têm um tamanho
médio de refeição
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Figura 2.5. Três animais com consumo diário de ração, taxa de alimentação e
tempo de alimentação idênticos podem variar muito em termos de padrões de
alimentação. O gráfico ilustra a relação entre a frequência das refeições e o
tamanho das refeições, onde todas as combinações ao longo da curva (isoclina)
dão origem a uma ingestão diária de 5,5 kg, sendo indicado o padrão alimentar das
três cabras. Os dados são simulados para maior clareza (adaptado de Nielsen, 1999; foto: Ophélie Dhumez).
16 Capítulo 2
linha vertical que passa por 5,7 refeições/dia no eixo x, e uma linha horizontal
que passa por 1,467 kg/refeição no eixo y, as linhas cruzarão acima da isóclina
de 5,5 kg/dia. Isso ocorre porque o tamanho da refeição (S) não se correlaciona
diretamente com a frequência das refeições (F), mas com 1/F. Portanto, se
recalcularmos usando 1/F, obtemos (1/2 + 1/5 + 1/10)/3 = 0,27 dia/refeição (a
unidade é invertida), e a ingestão média diária calculada para o grupo é 1,467 kg/refeição dividido
refeição, que dá 5,5 kg/dia. Peço desculpas por esta digressão matemática,
que está vagamente relacionada ao assunto deste livro.
Observações Finais
Neste capítulo, tentei destacar a importância de conhecer o repertório
comportamental das espécies com as quais você trabalha. Isto ajudará a
identificar potenciais efeitos restritivos do ambiente de habitação ou de teste,
que podem servir como factores causais quando certos comportamentos não
são observados ou alterados na sua forma de serem expressos, tanto
qualitativa como quantitativamente. Um exemplo disso é a inquietação
observada nas vacas antes do parto. Foi sugerido que isto reflete a motivação
da vaca parturiente para se isolar do rebanho para dar à luz, mas o alojamento
interno não permite que a vaca aumente a distância dos outros membros do
grupo (Rørvang et al., 2018). O conhecimento do momento provável de
ocorrência de diferentes comportamentos também é importante, como mostra
o exemplo do banho de poeira em galinhas mencionado anteriormente.
Mudanças no comportamento também podem ser causadas pela atividade
humana, tanto dentro de um sistema habitacional como na natureza.
Recentemente, Gaynor et al. (2018) mostraram que muitas espécies de vida selvagem estavam a
Isto incluiu atividades humanas, como a caça e o desenvolvimento urbano,
mas também atividades menos dramáticas, como as caminhadas. No Capítulo
11 serão dados exemplos de testes comportamentais realizados num ambiente natural.
Referências
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18 Capítulo 2
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Machine Translated by Google
20 Capítulo 3
Uma vez estabelecido que não podemos responder facilmente à nossa questão
comportamental observando o animal no seu ambiente doméstico, precisamos de
identificar o objectivo antes de decidir qual o teste comportamental a utilizar: qual
é o objectivo que gostaríamos de alcançar? Pode ser uma boa ideia considerar
este objectivo a dois níveis: o objectivo geral em termos dos resultados do teste
que nos dizem algo fundamental sobre o comportamento da espécie ou tipo de
animal testado (por outras palavras, até que ponto podemos extrapolar os
resultados e interpretá-los num contexto mais amplo?), e o objetivo mais específico
do teste em questão (quais são as medidas necessárias para poder fazer uma
interpretação mais geral?). A generalização dos nossos resultados está intimamente
ligada à forma como formulamos a nossa questão científica. 'Uma determinada
dose da droga A causa aumento da locomoção em camundongos?' é uma questão
diferente de “A actividade pode ser afectada pelas drogas?”.
Escusado será dizer que diferentes tipos de testes são empregados dependendo do que estamos
interessados em descobrir. Queremos saber mais sobre o comportamento da própria espécie? Queremos
saber mais sobre mecanismos comportamentais em geral? Ou queremos investigar os efeitos de diferentes
tratamentos, qualquer que seja a forma que assumam? Muitas vezes, um teste pode fornecer respostas a mais
de uma pergunta, mas o detalhe do desenho pode permitir interpretações mais ou menos abrangentes. Às
vezes, os efeitos de confusão precisam ser cuidadosamente considerados para garantir que as medições feitas
refletem a pergunta feita. Um exemplo é a questão da fome em animais com restrição alimentar, como os
progenitores de frangos de corte. Frangos de corte têm sido selecionados há décadas para
22 Capítulo 3
momento em que as aves tiveram novamente acesso à ração por 2 min e a ração restante foi
pesada.
A ideia era verificar se as aves que estavam acostumadas a abstinências alimentares
de 24 horas (por terem sido alimentadas restritivamente uma vez por dia durante várias
semanas) teriam menos fome e, portanto, comeriam mais lentamente do que as aves que
foram alimentadas ad libitum antes das 24 horas. h retirada de ração. Três tipos diferentes
de alimentação foram testados neste ensaio e os resultados são mostrados na Figura 3.2.
As aves alimentadas com a dieta controle, que continha a maior quantidade de energia das
três rações, comeram mais durante o teste de 2 minutos, do que as aves alimentadas com
uma das duas rações ricas em fibras e com menor teor energético. Resultado semelhante
foi obtido ao comparar o volume e não o peso dos alimentos. Ao longo de suas vidas, os
frangos reprodutores com dietas de fibra receberam maiores quantidades de ração na
alimentação diária do que as aves na ração controle, de modo a fornecer a todas as aves
uma ingestão diária equivalente de energia. Como as dietas com fibras levaram a uma menor
taxa de alimentação durante o teste, isso poderia indicar que elas deram origem a uma maior
saciedade. Dito isto, como não foram encontradas diferenças globais na taxa de alimentação
entre aves anteriormente restringidas e alimentadas ad libitum, isso não significaria que o
teste não reflecte o nível de fome? As duas dietas de fibra diferiram na proporção de fibra
insolúvel, com alto teor de casca de aveia (fibra insolúvel) em uma e muita polpa de beterraba
e batata (fibra solúvel) na outra. Pode ser que as aves simplesmente não tenham conseguido
comer mais rápido com as dietas de fibras, especialmente quando a ração continha muita fibra insolúvel.
No entanto, todas as três dietas estavam na forma peletizada e diferiam apenas ligeiramente
em termos de densidade (relação massa/volume). Talvez 2 minutos não tenham sido tempo
suficiente para revelar completamente as diferenças na fome, ou talvez 5 dias de alimentação
ad libitum não tenham feito as aves desaprenderem que a alimentação nem sempre está
disponível? Outra forma de interpretar esses resultados é que 24 horas de retirada de ração
deixam as aves com fome, estejam elas acostumadas ou não, e a alimentação restrita de
frangos de corte é um problema de bem-estar animal sem solução fácil. Às vezes, os testes
comportamentais levantam tantas questões quanto fornecem respostas.
Num nível muito pragmático, os testes comportamentais utilizados numa variedade de
laboratórios são muitas vezes escolhidos com base em critérios muito menos elevados do
que os mencionados no início deste capítulo. Dentro de uma equipe de pesquisa, a área
temática permanece relativamente constante ao longo do tempo, e os mesmos testes
comportamentais são frequentemente usados em diferentes projetos. Isto é amplificado pelo
equipamento experimental disponível, de modo que a presença de um labirinto em cruz
elevado (ver Capítulo 4) pode levar à sua utilização sem consideração pela sua adequação
ou por alternativas potenciais. Num mundo onde o financiamento é limitado, por vezes
resume-se ao que é possível dentro dos limites de um determinado projecto, em termos de
tempo, disponibilidade de pessoal e dinheiro. Muitos testes comportamentais são
relativamente baratos de realizar, o que pode ser uma bênção disfarçada: para realizar um
teste de natação forçada, que é um teste extremamente estressante para roedores, você só
precisa de acesso a um copo de vidro, um pouco de água morna, um cronômetro e uma
toalha (veja o Capítulo 7 para uma discussão crítica deste teste). Outros testes requerem
aparelhos mais sofisticados; uma lista incompleta de tipos de testes e seus equipamentos é
mostrada na Tabela 3.1.
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24 Capítulo 3
Tabela 3.1. Exemplos de equipamentos para utilização em testes comportamentais. Listas como essas
podem ser encontradas on-line, geralmente publicadas pelas empresas que produzem os equipamentos.
Às vezes, o mesmo equipamento pode ser usado para testes diferentes, e o mesmo teste pode ocasionalmente
ser usado para investigar diferentes aspectos das respostas comportamentais de um animal.
26 Capítulo 3
Figura 3.4. Vocalizações (médias ± SEM) por suínos durante um teste de campo
aberto. Os porcos foram alojados em grupos, totalmente isolados em celas de
metabolismo individuais ou parcialmente isolados com contacto físico restrito com
outros porcos (dados de Herskin e Jensen, 2000).
tantos testes podem ser usados para uma variedade de espécies tão diversas como lagartos,
peixes e galinhas. Em vez disso, os testes comportamentais poderiam ser categorizados de
acordo com a sua finalidade ou objectivos, por exemplo, testes para determinar a capacidade
de cheirar, testes para quantificar até que ponto os animais podem generalizar estímulos e testes para medir o me
Contudo, por vezes o mesmo teste comportamental mede vários aspectos do estado actual
do animal. Por exemplo, o teste de campo aberto pode reflectir aspectos de medo, estratégias
de sobrevivência dos animais e desejo de ser reintegrado socialmente, dependendo do
tratamento experimental (ver também Capítulo 4).
Outra forma de rotular os testes comportamentais é focar na mecânica do teste. É feito
individualmente ou em grupo? Que equipamento é necessário? Quanto tempo isso dura?
Alternativamente, os testes podem ser agrupados de acordo com o sistema ou domínio
comportamental envolvido, como aprendizagem, memória, fome e estado afetivo. Esses
agrupamentos não são úteis ou são muito diversos para trazer qualquer benefício real na
escolha dos testes comportamentais. Logo fica claro que qualquer que seja o método
escolhido para categorização, alguma sobreposição é inevitável. Os testes comportamentais
são como uma nuvem de bolhas de sabão e, observados de diferentes ângulos, qualquer
bolha se sobreporá a outras em graus variados. Nos capítulos seguintes, agrupei diferentes
testes comportamentais em alguns títulos de capítulos abrangentes, dentro dos quais alguns
– mas não todos – desses diferentes testes são descritos, exemplificados e discutidos.
Lembre-se das advertências do Capítulo 1 e – ainda mais importante – use o bom senso ao
usar e executar um teste comportamental.
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28 Capítulo 3
Qualquer que seja o nosso objetivo científico final, muitas vezes (mas nem sempre)
pretendemos utilizar uma coorte de animais que seja o mais semelhante possível. Isto é para
minimizar as diferenças existentes entre os nossos animais, para que os efeitos encontrados
possam ser atribuídos ao tratamento aplicado, seja um medicamento, um novo tipo de
alojamento ou uma mudança no horário de alimentação (mas veja a discussão sobre a
heterogeneidade dos grupos de tratamento em Capítulo 11). O uso comum de linhagens
puras de roedores é um exemplo de tentativa de reduzir a variabilidade inerente entre os
indivíduos. Mas nem sempre é possível ter acesso a um grupo suficientemente grande de
animais geneticamente semelhantes, e mesmo dentro das linhagens comuns de roedores
de laboratório podem ser observadas diferenças individuais. Pode, portanto, ser muito útil
poder agrupar os animais de acordo com certas características. Quando estes são
visualmente óbvios (por exemplo, cor da pelagem) ou medidos rotineiramente (por exemplo,
peso vivo), isto é relativamente fácil de fazer. No entanto, podemos querer categorizar os
nossos animais de teste com base em alguma característica comportamental e, para isso,
queremos ter a certeza de que o que medimos é um reflexo verdadeiro do carácter do animal.
Idealmente, queremos algum tipo de medida que nos diga algo sobre a personalidade do
animal.
Não existe nenhum teste que possa quantificar a personalidade completa ou o
temperamento de um animal não humano. Uma série de testes foi desenvolvida para
identificar aspectos específicos do caráter de um animal, e a maioria deles se origina de
trabalhos em roedores de laboratório. Esses testes variam dependendo da espécie testada,
cobrem uma ampla gama de fenotipagem comportamental e muitos deles são frequentemente
usados também para investigar alterações causadas por um tratamento experimental. Livros
inteiros foram escritos sobre testes de personalidade em animais (por exemplo, MacKay,
2018), e neste capítulo estão incluídos apenas alguns dos exemplos mais comuns de testes
de características comportamentais individuais. A personalidade determina uma propensão
para reagir de maneira semelhante em uma série de situações, e uma das características
básicas do temperamento individual é o medo (Boissy, 1995). Por esta razão, um grande
número de testes centra-se em aspectos de medo e ansiedade, mas os exemplos aqui
apresentados de uma variedade de espécies tratam da avaliação de muitos
30 Capítulo 4
Num dos primeiros exemplos publicados de um teste de campo aberto, uma medida de
defecação foi usada para estimar o medo em ratos (Hall, 1934). Desde então, o teste de
campo aberto tornou-se um dos testes comportamentais mais utilizados em um grande
número de espécies animais e disciplinas científicas. O teste de campo aberto (às vezes
chamado de teste de arena) pode ser simplesmente descrito como colocar um animal
individual por um curto período de tempo em uma arena vazia cercada por paredes para
evitar que o animal escape, enquanto registra seu comportamento.
Mas dentro desta descrição simples, há muito espaço para variação. Em sua
revisão altamente citada (> 1300 vezes) deste método, Walsh e Cummins
(1976) lamentaram a falta de padronização do aparelho de campo aberto, que
diferiu entre os estudos em forma, tamanho, cor, tipo de piso, altura da parede
e localização do ponto de partida, bem como variação na luz, som e odor
circundantes. Na verdade, os autores afirmam que “é difícil pensar em
qualquer faceta que não tenha sido modificada”. Estou menos preocupado
com essa falta de padronização. Em primeiro lugar, o campo aberto utilizado
para roedores é, por defeito, diferente daquele utilizado para cabras, que
novamente difere (felizmente!) daquele utilizado para peixes. Testes de campo
aberto foram realizados até mesmo em esquilos capturados na natureza
(Mazzamuto et al., 2019) e chapins-reais (Dingemanse et al., 2012), onde os
movimentos em todas as três dimensões não são apenas possíveis, mas
muito mais prováveis. Em segundo lugar, para ser útil, qualquer teste precisa
ser suficientemente robusto para resistir a pequenas diferenças no layout
experimental. E, finalmente, as comparações de interesses são aquelas feitas
dentro de um experimento onde a mesma arena de campo aberto é utilizada
em diferentes tratamentos ou faixas etárias. Deverá, evidentemente, ser
assegurado que as paredes sejam suficientemente altas para impedir a fuga
do animal, que o chão não seja escorregadio e que a arena esteja
uniformemente iluminada e sem sombras. Além disso, o teste é melhor realizado sob vigilância
Portanto, se a arena é circular ou quadrada deve fazer pouca diferença,
mesmo que na primeira não possa haver esconderijo nos cantos. Aliás, se o
rastreamento automático de vídeo não for possível, o movimento em torno da
arena de campo aberto é muitas vezes pontuado pela colocação de uma grade
de quadrados no chão, seja na vida real ou na imagem de vídeo. Isso é mais
fácil de fazer em uma arena quadrada, embora seja preciso ter cuidado ao
tentar avaliar o grau de motaxia da coxa, onde o animal permanece próximo
à parede e evita o espaço aberto em direção ao centro da arena. Descobriu-se
que isto reflecte a ansiedade nos ratos (Simon et al., 1994), e é muitas vezes
– pelo menos na literatura mais antiga – definido como passar tempo nos
quadrados da grelha que correm ao longo da parede. No entanto, se, digamos, a arena utilizada
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Recria
Tentativas de fuga (ou seja, pular na parede)
Grooming (comportamento de deslocamento potencial)
Vocalização
Defecação e micção
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32 Capítulo 4
teste de campo aberto em pintinhos da linha de baixo estresse, indicando que essas medidas
poderiam ser usadas como indicadores de medo.
Figura 4.1. Latência (±SE) em segundos para o primeiro porco em um curral tocar o
novo objeto: um monte de balões cheios de hélio de cores diferentes flutuando na altura
dos olhos do porco quando amarrados com barbante a um peso colocado no centro
do curral. A variação nesta medida é maior entre explorações agrícolas (n = 17) do que
dentro de explorações agrícolas (dados de Dalmau et al., 2017).
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34 Capítulo 4
Teste de susto
Figura 4.2. Resposta de sobressalto acústico (amplitude do salto após uma explosão
de 50 ms de ruído branco de 95 dB; média de 30 explosões por teste) de ratos
individuais (n = 48) testados em dois dias consecutivos. A linha tracejada indica onde
y = x (ou seja, a inclinação é 1), e a inclinação da regressão de melhor ajuste (linha
sólida) é 0,8 (dados de Russo e Parsons, 2017).
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36 Capítulo 4
que foram mais ousadas no teste de abordagem humana eram mais propensas a serem
agressivas com o criador, enquanto as porcas que atacaram violentamente seus leitões
foram as mais tímidas quando testadas como marrãs. Isto sugere que a agressividade
extrema dos porcos para com os humanos e para com os descendentes, respetivamente, é
previsível até certo ponto e decorre de diferentes características comportamentais.
Os resultados de um teste de abordagem humana também foram correlacionados com a
reatividade comportamental em bovinos, com vacas que aceitaram ser tocadas pelo humano
que se aproximava, tendo 3,5 vezes mais probabilidade de chutar durante a ordenha
(Rousing et al., 2004).
Numa sala totalmente iluminada, o animal de teste é colocado no centro do LCE, onde os
quatro braços se encontram, e é deixado para explorar durante 5 min. Normalmente, as
entradas e o tempo gasto em cada braço são registrados a partir de gravações de vídeo,
mas podem ser feitas observações mais detalhadas do comportamento do camundongo ou
rato. Uma versão deste teste também foi adaptada para uso em visons (Malmkvist e Hansen,
2002).
O comportamento do animal no teste LCE, mais especificamente a proporção de tempo
gasto nos braços abertos, indica o seu grau de ansiedade, sendo que os animais menos
ansiosos passam a maior proporção de tempo nos braços abertos. Em um dos primeiros
usos do EPM, Lister (1987) descobriu que camundongos tratados com ansiolíticos, ou seja,
drogas usadas para aliviar a ansiedade, passavam uma proporção maior de tempo nos
braços abertos do que ratos da mesma espécie não tratados, enquanto o oposto foi
encontrado para camundongos tratados. com ansiogênicos, ou seja, drogas que induzem
ansiedade. No entanto, o teste também pode ser usado para caracterizar os animais antes
do teste (por exemplo, Bombail et al., 2018) para garantir que os animais sejam alocados
para tratamentos subsequentes de forma equilibrada com base no seu grau de ansiedade.
Para uma lista de testes comportamentais utilizados para avaliar os níveis de ansiedade,
principalmente em roedores, consulte Cryan e Sweeney (2011).
Imobilidade Tônica
Como ficará evidente ao longo deste livro, os testes de comportamento animal geralmente
iniciam, não surpreendentemente, no comportamento natural do animal.
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38 Capítulo 4
animal testado. Isto ficou evidente no EPM, que não seria particularmente útil em,
digamos, porcos: não devido à impraticabilidade de construir um labirinto suficientemente
robusto, mas porque os porcos são diurnos e, portanto, não têm medo inato de visitar
os braços abertos. No entanto, o que os porcos partilham com uma série de outras
espécies, principalmente aves, mas também tubarões (Watsky e Gruber, 1990), é a
capacidade de entrar num estado de imobilidade tónica (TI).
Como o nome indica, este é um estado de imobilidade, por vezes referido como simulação
de morte, e é visto na natureza quando as aves se deparam com um perigo iminente: o
animal entra no que se assemelha a um estado catatónico, com pouco ou nenhum
movimento e um tônus muscular relaxado. Embora desatualizada, uma boa revisão sobre
a imobilidade tônica em aves domésticas foi escrita por Bryan Jones (1986).
No laboratório, o teste é realizado utilizando uma mesa (para aves) ou uma caixa em
forma de V (para leitões; Fig. 4.3). O experimentador vira o animal de costas e coloca um
peso leve sobre o peito do animal, colocando a mão ali ou usando um pequeno saco
cheio de areia. Às vezes são necessárias várias tentativas de indução de TI, e um bom
protocolo experimental terá um limite máximo para o número de tentativas de indução.
Uma vez que o animal entra em TI, é medido o tempo até que o animal tente se endireitar
da posição prona. No caso das galinhas, se a ave não tentar endireitar-se dentro de 5
minutos, o experimentador irá suavemente virar a ave e garantir que ela recupere a
mobilidade total. Este período máximo de 600 s é provavelmente escolhido porque dá
uma distribuição suficiente de variação na duração do TI, sem causar desconforto
potencial ao animal testado.
As galinhas são capazes de permanecer na TI por períodos muito longos, com Gallup
(1977) relatando uma ave que permaneceu na TI por mais de 5 horas. A propensão para
entrar em TI está intimamente ligada à duração da TI, uma vez que codornas japonesas
geneticamente selecionadas para TI de curta duração também requerem um número maior de tentativas para
TI (Mills e Faure, 1991). Em leitões, o teste é muitas vezes referido como teste das costas,
onde ou o TI é induzido (Erhard et al., 1999) ou o leitão é suavemente contido nas suas costas
durante 1 minuto e o número de tentativas de fuga contado (Bolhuis et al ., 1999). ., 2005).
Este não é o lugar para uma revisão prolongada das estratégias de sobrevivência em
porcos, e os aspectos publicados da discussão parecem ter diminuído, mas o assunto é, no
entanto, fascinante. Se o teste TI não consegue caracterizar o animal e prever com algum
grau de certeza como o animal provavelmente se comportará em outras situações, por que
o usaríamos? Como muitos testes comportamentais, às vezes o TI tem uma relação com
muitos outros traços comportamentais (Bolhuis et al., 2005), às vezes com apenas alguns
(Boersma et al., 2017). Nem sempre é possível separar as causas genéticas e ambientais.
Courty e O'Driscoll (2018) descobriram que leitões nascidos de marrãs caracterizadas como
medrosas, neutras ou amigáveis com base na sua resposta a um humano que se aproxima
também tendem a diferir de forma divergente na sua resposta a vários testes comportamentais,
incluindo um back test. , um teste de campo aberto e um teste de abordagem humana. No
entanto, não se sabe até que ponto essas diferenças são devidas a características herdadas
ou diferenças correlacionadas no comportamento materno das marrãs. Numa revisão recente
de 83 artigos sobre testes de personalidade em porcos, O'Malley et al. (2019) lamentam que,
embora a personalidade possa ser tão hereditária como algumas outras características
suínas utilizadas na criação comercial, há uma falta de padronização, fiabilidade e validade
das medidas utilizadas para avaliar a personalidade em suínos. A personalidade adulta das
aves selvagens, por exemplo, só pode ser prevista até certo ponto a partir das respostas
comportamentais no início da vida (Favati et al., 2016; Zidar et al., 2017). Na carpa, entretanto,
MacKenzie et al. (2009) descobriram que a expressão gênica para o receptor de cortisol e
outros genes só difere entre carpas expostas a um desafio ou a um tratamento de controle
se o estilo de enfrentamento do peixe for levado em consideração (Fig. 4.4). Neste estudo,
uma carpa foi caracterizada como proativa ou ousada se estivesse entre as primeiras
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40 Capítulo 4
Testes de hierarquia
Em grupos de animais, uma hierarquia social estável minimiza a agressão, uma vez que
o acesso a recursos, como alimentos e fêmeas reprodutivas, é dominado pelos indivíduos
de alto escalão. Quando animais domésticos desconhecidos são alojados em grupos,
inicialmente lutarão para estabelecer uma hierarquia de domínio. Isto permanecerá
relativamente estável, com pouca necessidade de determinar a ordem de classificação
entre os membros do grupo, a menos que ocorram mudanças importantes, tais como a
remoção do animal mais dominante ou a introdução de novos membros do grupo. É
importante ter em mente que a dominância é sempre uma medida relativa e não uma
característica individual (Drews, 1993). Quando queremos avaliar a hierarquia social num
grupo de animais, muitas vezes baseamo-la em observações de interações entre pares
(diádicas). Estas podem ser provocadas pela oferta de um recurso de alto valor, como a
ração, em quantidade limitada, levando à competição pelo acesso ao recurso e ao
deslocamento de um indivíduo por outro, indicando assim a sua posição relativa (Parent
et al., 2012).
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42 Capítulo 4
Viés Cognitivo
Todos nós temos entre nossos conhecidos alguém que é super otimista, ou
alguém que sempre parece encontrar o lado negativo de qualquer assunto.
Essa propensão para revelar o seu humor interior, vendo o copo meio cheio ou
meio vazio, foi explorada em testes comportamentais humanos.
As pessoas testadas são apresentadas a sentenças inequívocas (claramente
positivas ou claramente negativas), bem como a sentenças ambíguas, e pessoas
clinicamente ansiosas são mais propensas a interpretar as sentenças ambíguas
de forma negativa (Eysenck et al., 1991). Usando este conceito de viés cognitivo,
Mike Mendl e Liz Paul, da Universidade de Bristol, desenvolveram um paradigma
de teste para uso em animais (Harding et al., 2004; Mendl e Paul, 2004; Paul et
al., 2005). Apresentar a um animal duas pistas claramente distinguíveis e deixar
o animal aprender a associar cada pista a um estímulo positivo e negativo,
respectivamente, torna possível testar a resposta do animal quando são
apresentadas pistas ambíguas. Essas pistas ambíguas são sempre misturas das
duas pistas iniciais, e é esse golpe de gênio que torna esse paradigma de
preconceito de julgamento tão adaptável. Ele não só permite o uso de muitos
tipos e espécies diferentes de sinais, como notas auditivas em visons (Svendsen
et al., 2012), placas coloridas em galinhas poedeiras (Hernandez et al., 2015) e
posicionamento esquerdo/direito em cães ( Mendl et al., 2010a), também torna
possível quantificar a quantidade de preconceito misturando as duas sugestões
em graus variados (Paul et al., 2005).
No exemplo a seguir, Doyle et al. (2011) testaram se ovelhas que receberam
injeções de um inibidor de serotonina responderiam de forma diferente em um julgamento
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44 Capítulo 4
Figura 4.5. Diagrama da arena (2 m × 3 m) utilizada para teste de viés de julgamento de ovinos.
Os círculos azuis representam a colocação de um balde e apenas um balde estava
presente durante o teste. As linhas vermelhas indicam painéis deslizantes. Os animais
aprenderam primeiro a associar a colocação do balde na posição 100 a um estímulo
positivo (uma recompensa alimentar), enquanto um balde colocado na posição 0 foi
associado a um estímulo negativo (presença de um cão). Metade das ovelhas sempre
foi apresentada com o cachorro do lado esquerdo e a outra metade com o cachorro do
lado direito. As ovelhas aprenderam a se aproximar do balde na posição 100 e a não se
aproximar na posição 0. Para o teste de viés de julgamento o balde foi colocado em
posições intermediárias entre 100% positivo e 0% positivo, correspondendo a 40, 50 e
60% positivo. Ovelhas tratadas durante 5 dias com um inibidor de serotonina
conhecido por afetar o humor em humanos tiveram menos probabilidade do que
ovelhas não tratadas de se aproximar do balde quando este estava nas posições 50
ou 60 (adaptado de Doyle et al., 2011).
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Escolha, Preferência e
5
Motivação
Testes de escolha
Figura 5.1. Os ratos puderam escolher entre (a) um pellet grande com o
mesmo peso total e valor nutritivo de 30 pellets menores (um vs muitos);
(b) a mesma quantidade de purê de batata apresentado em formato
esférico ou de panqueca (esférico vs achatado); e (c) 15 pellets apresentados
em cluster ou espalhados (agrupados vs dispersos) (adaptado de Wadhera et al., 2018).
52 capítulo 5
Preferência ou Evitação?
Uma escolha entre duas coisas pode ser uma demonstração de preferência ou
atratividade da opção escolhida, mas também pode refletir a evitação da
alternativa se esta opção for aversiva até certo ponto. Este pode ser o resultado
quando os animais são testados em pares ou grupos, se os indivíduos dominantes
impedirem os subordinados de aceder à opção preferida. Um exemplo disso vem
do peixe-zebra, que teve a oportunidade de escolher – em pares ou em grupo –
entre dois tanques contendo diferentes tipos e graus de enriquecimento, desde
tanques estéreis até plantas flutuantes e cascalho (Schroeder et al., 2014). Quando
testado em pares, o peixe-zebra dominante passou mais tempo e impediu que os
outros peixes subordinados entrassem no compartimento preferido quando os
grupos foram testados. O cascalho era uma escolha popular em vez dos tanques
estéreis ou que continham areia; até mesmo uma imagem de cascalho no fundo
bastava para tornar um compartimento atraente.
Um paradigma frequentemente usado para testar a preferência e a evitação
são os testes de preferência de local condicionado (CPP) e de evitação de local
condicionado (CPA). Como os nomes indicam, é necessário um certo grau de aprendizagem, onde o
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54 capítulo 5
revisão por Tzschentke, 2007). O conceito CPA também foi aplicado com sucesso a
galinhas poedeiras, onde estímulos potencialmente aversivos foram testados em um
ambiente experimental de quatro câmaras, mas com apenas um estímulo aversivo
apresentado (Paul et al., 2018). Isto foi para evitar que quaisquer preferências de
câmara pré-teste influenciassem os resultados, com as quatro câmaras decoradas
com diferentes combinações de cores e padrões. Os autores descobriram que as
galinhas poedeiras apresentaram CPA a baforadas de ar e spray de água, mas não
exposição visual a um modelo de cobra em movimento, nem gritos de alarme de
membros da mesma espécie. Outros tentaram usar uma configuração de duas
câmaras para testar estímulos tanto aversivos (sopros de ar, isolamento social)
quanto atrativos (quantidades crescentes de ração) em criadores de frangos de corte
com restrição alimentar (Dixon et al., 2013). Conforme descrito com mais detalhes no
Capítulo 3, essas aves são altamente motivadas para se alimentar, sendo criadas com
uma oferta de ração bem inferior à ingestão ad libitum. No entanto, estas experiências
foram consistentemente mal sucedidas na indução de CPPs ou aversões, uma vez que as aves pareciam e
É raro que resultados negativos sejam publicados, pelo que este é um exemplo
importante da influência significativa da privação alimentar na utilização de paradigmas
de preferência/evitação.
Escolhas múltiplas
56 capítulo 5
Contrafreeloading
Se você nunca ouviu falar de contrafreeloading, você pode (como eu) achar a
palavra estranha, até mesmo irritante. Abrange uma situação em que os animais
farão um esforço para obter acesso aos alimentos, mesmo que os mesmos
alimentos estejam disponíveis gratuitamente. O termo foi cunhado após um
estudo de Glen D. Jensen (1963), que deu aos ratos a opção de comer pellets de
um prato ou pressionar uma barra um número predefinido de vezes para obter
pellets. Dos 200 ratos testados, 199 obtiveram pelo menos parte da sua
alimentação após pressões na barra, não se aproveitando simplesmente
comendo a comida livremente disponível. O contrafreeloading foi demonstrado
em uma variedade de espécies, incluindo estorninhos (Bean et al., 1999), porcos (de Jonge et al., 20
Um teste maravilhoso desse fenômeno vem de um estudo com ursos pardos
(McGowan et al., 2010). Os ursos receberam salmão e maçãs congeladas em
grandes blocos de gelo, ao mesmo tempo que tiveram livre acesso a salmão e
maçãs colocados no chão de seu cercado. Também foi oferecido a eles um bloco
de gelo simples para controlar a atratividade potencial de manipular um bloco de
gelo. Dos quatro ursos participantes, apenas dois conseguiram tirar comida dos
blocos de gelo, mas todos os ursos passaram mais tempo manipulando os
blocos de gelo contendo comida do que o gelo puro. Os autores listam vários
critérios utilizados na literatura para definir a ocorrência de contrafreeloading
(desde apenas gastar tempo tentando ter acesso a alimentos não gratuitos até
trabalhar por mais de 50% de sua ingestão alimentar). Os blocos de gelo
acabaram por dificultar muito o acesso dos ursos à comida, e uma experiência
subsequente utilizando maçãs em caixas, maçãs grátis e caixas vazias revelou-
se mais bem sucedida. O que eu gosto no teste do bloco de gelo, entretanto, é a
atenção aos detalhes aplicada no desenho experimental: a inclusão do bloco de
gelo simples, o congelamento de todos os blocos de gelo em duas metades para
permitir que o alimento (inicialmente flutuante) itens para congelar no meio do
bloco de gelo e a perfuração das maçãs para imitar o fluxo de sucos do salmão na água enquanto e
Acredita-se que o contrafreeloading forneça ao animal informações sobre
seu ambiente de alimentação para serem usadas no caso de o alimento grátis
não estar mais disponível. Foi demonstrado que o grau de contra-freeloading
depende da taxa de sucesso na obtenção da recompensa que precisa ser
trabalhada (Inglis et al., 1997), conforme demonstrado no exemplo do urso pardo.
As diferenças na motivação alimentar também desempenham um papel, com
frangos de crescimento rápido apresentando um menor grau de contracarga do
que galinhas poedeiras, que têm necessidades nutricionais mais baixas (Lindqvist et al., 2006).
Testes de Motivação
antes de dizer 'Esse, por favor'. Mas se a fila for um pouco mais longa, podemos parar
alguns momentos para considerar as várias opções, provando mentalmente diferentes
itens, e até mudando de idéia do pão de centeio para o pão de trigo, porque sobra espaço
para um bolo. A escolha também depende do dinheiro disponível. No final das contas, tudo
se resume ao que estamos motivados a comer dentro dos limites de nossos fundos
disponíveis e dos itens
em oferta? Este paradigma é muito pertinente também quando queremos estudar as escolhas
dos animais. Como eles fazem suas escolhas? Qual é a sua motivação e como a medimos?
Condicionamento operante
A força da motivação de um animal para obter um recurso pode ser estimada num teste
onde pedimos ao animal que pague um preço para ter acesso ao recurso. Isto foi brevemente
mencionado anteriormente no exemplo da economia fechada de Mink, mas aqui gostaria de
apresentar com um pouco mais de detalhe o conceito de métodos operantes com os quais
se obtém as chamadas curvas de procura.
Estas decorrem da teoria económica em que a procura de bens pode ser avaliada por
funções (funções de procura) que estimam quanto de um determinado recurso será
consumido dependendo do preço. Mais uma vez, isto depende do dinheiro disponível, e a
pergunta mais frequente é 'se tiver uma determinada quantia, digamos 100 euros, quanto
compra, respectivamente, de diferentes itens?' Os alimentos básicos, como a batata e o
arroz, podem ter curvas de procura ligeiramente inclinadas, uma vez que constituem uma
parte essencial da nutrição humana e, portanto, – sujeitos a certas advertências – continuarão
a ser comprados mesmo quando o seu preço aumentar. Substâncias dependentes da vida,
como a insulina, se for diabético, terão curvas de procura praticamente inelásticas e planas.
Outros produtos, como o xerez ou as natas, podem ser menos consumidos ou mesmo
desaparecer da lista de compras se os seus preços subirem. São, portanto, vistos como
bens de luxo, porque as suas curvas de procura são muito mais elásticas. As funções de
demanda estimam o consumo em relação ao preço, e a inclinação da curva de demanda
58 capítulo 5
Figura 5.3. (a) Vaca pressionando um painel para liberar um arnês que permite que a
vaca se deite; (b) curvas de procura para diferentes valores de rácio fixo (FR), ou seja,
o número de pressões no painel necessárias para obter uma recompensa, e para diferentes
durações de recompensa. Se o tempo de recompensa fosse de apenas 20 minutos
deitado, a demanda caía com o aumento da FR. Para durações de recompensa de
50 e 80 minutos, a demanda foi inelástica em pouco mais de 4 horas (dados de
Jensen et al., 2005; foto: Margit Bak Jensen e Lene Munksgaard).
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para poder deitar. Usar essas durações de recompensa foi, portanto, a melhor
maneira de estimar a demanda por mentir, e as vacas obtiveram
aproximadamente 4 horas de tempo deitadas, o que – junto com as 9 horas
que passaram deitadas quando estava livremente disponível – indica que as
vacas têm necessidade de deitar. descanse cerca de 13 horas por dia. Esta
descoberta foi confirmada por outras experiências, onde se constatou que as
vacas defenderam o seu tempo de repouso, mesmo ao ponto de afectar a sua
ingestão diária de ração, e as vacas perderam peso (Munksgaard et al., 2005).
Técnicas operantes também podem ser usadas para estimar a preferência
de um recurso em detrimento de outro. Este método foi empregado para
perguntar aos porcos quais materiais de enraizamento eles preferiam e quão
motivados estavam para ter acesso a eles; por outras palavras, a força da sua
preferência (Pedersen et al., 2005). Nesta configuração, os suínos foram
primeiro treinados para associar a prensagem de um painel com 3 min de
acesso ao material de enraizamento. O preço do acesso ao material de
enraizamento poderia ser aumentado aumentando o número de prensas de painel necessárias pa
Um segundo painel deu acesso a outro tipo de material de enraizamento e,
alterando o número relativo de prensas de painel entre os dois painéis, os
porcos foram convidados a votar com o focinho. Um animal de companhia em um
Figura 5.4. Os porcos são treinados para pressionar um painel (o quadrado de cor
terracota em cada um dos dois cilindros verticais) para obter uma porção de material
de enraizamento na qual o porco possa enraizar por até 3 minutos. O teste é
realizado adjacente a um porco de companhia que não pressiona um painel, mas
simplesmente obtém o mesmo tipo e quantidade de material de enraizamento que o
porco de teste. Ao dar acesso a dois painéis diferentes, diferentes tipos de material de
enraizamento podem ser testados e a sua atratividade relativa comparada, alterando
o preço (número de prensas de painel necessárias) de um em relação ao outro
(Pedersen et al., 2005). Na foto, o porco de teste escolheu turfa em vez de palha longa (foto: Margit Bak Jens
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60 capítulo 5
Concluindo, use os diferentes métodos mencionados neste capítulo para obter insights
sobre as preferências, aversões e motivações dos seus animais. Mas use as técnicas com
cuidado e consideração pela pergunta que você deseja que seja respondida.
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62 capítulo 5
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Capacidade de detectar e 6
Distinguir
Em muitos dos testes comportamentais usados para fazer perguntas aos animais,
apresentamos ao animal diferentes estímulos. Estes podem assumir muitas formas e exigir
o envolvimento de diferentes modalidades sensoriais. Podemos usar imagens de diferentes
formas geométricas, objetos tridimensionais em várias cores, tons audíveis em diferentes
frequências ou diferentes compostos odoríferos.
Às vezes, pede-se ao animal que escolha entre dois estímulos que diferem em algum aspecto, e o animal tem
que estimar se uma escolha é melhor que outra. Mas como sabemos que o animal é capaz de distinguir entre
duas opções se estas diferem apenas, digamos, na cor, como um triângulo vermelho e um triângulo azul? Em
outras palavras, como sabemos quais cores um animal de uma determinada espécie é capaz de ver? Ou quais
odores ele é capaz de detectar?
Categorização de estímulos
No Capítulo 4 ouvimos falar de testes de viés cognitivo, onde os animais foram treinados
para associar dois estímulos que diferiam em uma dimensão (por exemplo, um tom de
frequência alta e baixa) com uma experiência positiva e negativa, respectivamente, e suas
respostas a tons intermediários foram então observadas. . Se, em vez disso, um animal for
exposto à mesma experiência positiva com ambos os estímulos, como reagirá às versões
intermédias desses estímulos? Jones et al. (2001) usaram esse tipo de teste para investigar
como os pintinhos categorizavam as cores. Pintos machos com 1 semana de idade foram
treinados em pares para obter recompensas alimentares a partir de cones de papel
impressos com quadrados de uma das duas cores sobre fundo cinza.
No exemplo aqui escolhido, as duas cores foram azul e verde. Um terço dos pares de
pintinhos foi recompensado com a cor azul, ou seja, apenas os cones com quadrados azuis
continham uma recompensa alimentar, os outros cones (cinza ou impressos com quadrados
verdes) estavam vazios. Da mesma forma, um terço dos pares de pintinhos foi recompensado
apenas com cones verdes, enquanto o restante dos pintinhos foi recompensado com cones
azuis e verdes. Todos os animais foram então testados uma vez com cones vazios impressos
em verde, azul ou uma cor intermediária (turquesa) e a atratividade de cada um deles foi
pontuada com base no número de
66 Capítulo 6
beijos que receberam do par de filhotes. Os resultados são mostrados na Figura 6.1.
Os pintinhos que já haviam sido recompensados com cones azuis e verdes
foram significativamente mais atraídos pelos cones turquesa do que pelos cones
azuis e verdes. Parece, portanto, que os pintinhos interpolam as duas cores e
esperam que a mistura de cores seja mais provavelmente associada a uma
recompensa. Isso não se deve apenas ao fato de a cor ser nova, pois os
pesquisadores também testaram cores fora desse espectro e os pintinhos não
extrapolaram para cores fora do continuum azul-verde.
Estimativa de Quantidade
Como humanos, geralmente nos consideramos muito bons em avaliar
quantidades, especialmente quando se trata de comida. Corte uma pizza em segmentos triangulare
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68 Capítulo 6
Figura 6.2. O chimpanzé pode escolher entre dois copos: um copo transparente
contendo uma quantidade de suco de fruta e um copo opaco cheio de uma
quantidade diferente de suco de uma seringa opaca. Os animais testados
conseguiram escolher o copo com maior quantidade de suco na grande maioria das vezes (de Bera
Ser capaz de estimar o tamanho de uma fonte de alimento em relação a outra é uma
habilidade valiosa. É um dos pilares do forrageamento ideal, que ocorre quando os animais
avaliam os prós e os contras dos alimentos em termos de disponibilidade e esforço necessário
para obtê-los. Em um experimento clássico de Krebs et al. (1977), quatro chapins-reais (Parus
major) capturados na natureza foram apresentados com minhocas grandes e pequenas
passando em uma esteira transportadora, visíveis e acessíveis através de uma pequena
abertura por apenas 0,5 s. O tamanho da minhoca que passava era alternadamente grande e
pequeno, e quando apenas uma ou duas larvas passavam a cada 40 s, as aves eram capazes
de colher e comer todas elas.
Porém, quando a frequência de passagem das presas foi aumentada para seis minhocas a
cada 40 s, as aves passaram a escolher as maiores (86% das minhocas) em preferência às
menores. Os chapins-grandes foram, portanto, capazes de perceber a diferença e aguardar
deliberadamente a próxima grande presa que passasse. A atração do grande sobre o pequeno
quando se trata de alimentos é muito difícil para os animais ignorarem. Os cães podem
aprender a tocar um prato que representa uma grande quantidade de comida se depois
receberem a grande quantidade de comida. No entanto, numa chamada tarefa de contingência
de recompensa reversa, onde os cães são obrigados a selecionar a opção menor para receber
a maior parte, eles não conseguem fazê-lo (Fernand et al., 2018).
Teste de habituação-desabituação
Um paradigma comumente usado para testar se os animais são capazes de distinguir entre
dois estímulos semelhantes é o teste de habituação-desabituação. Na sua forma mais
70 Capítulo 6
Testes de habituação-desabituação têm sido usados para determinar se bebês humanos são capazes
de distinguir entre dois estímulos visuais (Kavšek, 2004), mas em animais eles são frequentemente aplicados
em um contexto olfativo usando roedores como sujeitos. Às vezes, a capacidade de distinguir entre dois
odores muito semelhantes depende da experiência anterior com ambos os odores; em outras palavras, o
animal parece aprender a distinguir através da exposição aos odores. Um exemplo disso vem de Moreno et al.
(2009), utilizando o composto limoneno em suas duas formas isôméricas, +limoneno e –limoneno. Neste
ensaio, ratos sem experiência prévia com limoneno foram expostos a um dos dois tipos de limoneno quatro
vezes seguidas, resultando numa diminuição do interesse (habituação; barras vermelhas na Fig. 6.3a). Quando
o outro tipo de limoneno foi apresentado na quinta ocasião, não ocorreu nenhum aumento na investigação,
indicando que os ratos não conseguiam distinguir entre os dois odores. Posteriormente, os camundongos
foram expostos a +limoneno e –limoneno em sua gaiola por 1 h diariamente durante 10 dias. Os odores foram
apresentados dentro de duas bolas de chá metálicas penduradas na tampa da gaiola, cada uma contendo um
dos dois tipos de limoneno. Tendo assim adquirido experiência com os dois odores, o teste de habitação-
desabituação foi repetido, e os ratos foram agora capazes de distinguir os dois odores, como indicado pelo
reacender do interesse quando o odor mudou na quinta apresentação (desabituação; barra azul na Figura
6.3b). Aliás, o teste pode ser adaptado a outras espécies além dos roedores, como mostra Rørvang et al.
(2017), que investigaram se o método poderia ser usado para testar a capacidade das vacas leiteiras de
distinguir
72 Capítulo 6
Nos últimos anos, surgiram vários artigos científicos sobre a capacidade dos animais de
detectar doenças em humanos com base em odores. Isto incluiu uma variedade de espécies
usadas para detectar uma variedade de doenças, mais comumente o câncer, mas também
condições como a epilepsia, onde se descobriu que cães de estimação apresentam
comportamento específico para convulsões, com alguns deles indicando uma convulsão
epiléptica. em seu dono antes que isso aconteça (Kirton et al., 2004). Ratos de bolsa africanos
foram treinados para detectar tuberculose em amostras de saliva (Weetjens et al., 2009) e até
mesmo os humanos estão em ação, como no caso de Joy Milne, que em 2015 demonstrou que,
apenas com base no cheiro, ela poderia detectar o mal de Parkinson. doença em pacientes
antes que outros sintomas clínicos se tornassem aparentes. A capacidade dos cães para
detectar diferentes tipos de cancro através do olfato está agora bem estabelecida (por exemplo,
McCulloch et al., 2012; Taverna et al., 2015), embora, ao contrário de Joy Milne, não consigam
identificar de forma fiável a doença antes de outros sintomas clínicos (Jezierski, 2017). E o
treino de cães para distinguir entre amostras biológicas de pacientes e não pacientes pode
produzir alguns resultados notáveis, mas nem sempre pela razão certa.
Elliker et al. (2014) fizeram um ensaio com 10 cães no qual treinaram esses animais para
distinguir entre amostras de urina de pessoas com ou sem câncer de próstata. Em uma grande
arena, os cães foram apresentados a uma grade plástica de 3 m de comprimento com quatro
furos (2 cm de diâmetro) espaçados de 75 cm entre si.
Debaixo desses buracos de cheiro, amostras de odores poderiam ser colocadas sem a necessidade de
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74 Capítulo 6
Figura 6.5. Cão indicando qual dos quatro orifícios cheirosos contém uma amostra de urina
de um paciente com câncer (com base em Elliker et al., 2014).
A partir dos exemplos incluídos neste capítulo, fica claro que animais
de diversas espécies diferentes são capazes de avaliar o seu ambiente com
um elevado grau de precisão. Uma série de testes desenvolvidos para
investigar estas características animais foram descritos acima. Alguns
tipos de testes foram deixados de fora, pois também abrangem habilidades
comportamentais e cognitivas adicionais dos animais, como testes de
permanência de objetos, que serão abordados no Capítulo 9.
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Muitos testes comportamentais serão adequados para testar qualquer uma das três
categorias mencionadas acima, mas desemaranhar a contribuição relativa da idade e da
experiência pode, por vezes, ser difícil. A seguir, serão dados exemplos de testes empregados
para investigar os efeitos comportamentais do envelhecimento, do desenvolvimento e da
experiência, respectivamente. Deve-se notar que os protocolos comportamentais escolhidos
nestes exemplos também podem ser utilizados em outros
contextos.
O envelhecimento biológico ou senescência pode ser definido como uma deterioração gradual
das características funcionais com o tempo. Esta é uma área de investigação de importância
Sondergaard et al., 2012; Park et al., 2019). Em geral, porém, sabemos relativamente
pouco sobre os efeitos do envelhecimento na maioria das espécies animais
geridas por seres humanos. Isto deve-se principalmente ao facto de serem
abatidos, quer antes de atingirem a maturidade, como é o caso da maioria dos
animais de produção de carne, quer antes de se instalar uma deterioração grave,
o que é frequentemente (mas infelizmente nem sempre) o caso dos animais de companhia. .
Em comparação com espécies domésticas maiores, a expectativa de vida de
ratos e camundongos é relativamente curta, e os roedores são frequentemente
utilizados em pesquisas relacionadas aos efeitos do envelhecimento. Um método
é avaliar as diferenças na capacidade de aprendizagem entre ratos jovens e velhos
em um labirinto aquático de Morris, onde os ratos são treinados para encontrar
uma plataforma escondida (Fig. 7.1a). No exemplo abaixo, o tanque circular
utilizado tinha 150 cm de diâmetro e profundidade de água de 60 cm. Para esconder
a plataforma, a água torna-se opaca através da adição de corante à base de água,
muitas vezes tinta inodora. Villareal et al. (2002) pintaram o interior do tanque de
preto e adicionaram tinta preta à água para evitar que os ratos vissem a plataforma
antes de alcançá-la. A água foi aquecida a 25°C e uma plataforma quadrada (12 cm
por 12 cm) foi colocada em um dos quatro quadrantes do tanque, 2 cm abaixo da
superfície da água enegrecida. A plataforma permaneceu no mesmo local durante
todo o treinamento, mas os ratos foram soltos em locais diferentes ao redor da
borda do tanque. Sinais visuais foram colocados na sala para permitir que os ratos
navegassem em direção à plataforma. Cada rato foi treinado três vezes ao dia
durante 8 dias, e a duração máxima da natação foi de 90 segundos. Caso o rato
não localizasse a plataforma nesse período, ele era gentilmente capturado e colocado na plataforma p
Os pesquisadores testaram ratos Fisher machos em duas idades diferentes:
ratos jovens de 2 a 4 meses de idade e ratos velhos de 20 a 22 meses de idade.
Esta última é a esperança média de vida desta raça (Chesky e Rockstein, 1976), e
80 Capítulo 7
82 Capítulo 7
Esta é uma bela demonstração da ontogenia comportamental nos primeiros estágios da vida
de um animal.
Figura 7.3. Quando os cavalos têm experiência com objetos físicos, eles
começam a comer mais rapidamente na presença deles. Os cavalos foram
habituados a alimentar-se na presença de cinco objetos (grupo Hab) ou não
(grupo Controle). Este gráfico de barras mostra a latência para começar a comer
(média ± SEM) para ambos os grupos de cavalos após esta habituação inicial
(pré-teste). A mesma medida foi registrada durante dois testes subsequentes (i)
na presença de apenas um dos objetos aos quais o grupo Hab estava habituado,
mas colocado em uma posição nova (objeto habituado), e (ii) com um objeto
presente que foi romance para ambos os grupos (objeto novo). Letras
diferentes indicam diferenças significativas em P <0,05 (adaptado de Christensen et al., 2011).
cone listrado branco. Fica claro na Figura 7.3 que os cavalos que estavam
habituados à presença dos cinco objetos (grupo Hab) não mudaram seu
comportamento quando apenas um dos objetos estava presente em um local
novo. Os cavalos de controle, no entanto, aumentaram muito a latência para
comer nesta situação. Os cavalos habituados também reagiram menos
profundamente ao novo objeto do que os cavalos de controle, e apenas os
cavalos de controle tiveram um aumento na frequência cardíaca durante os
dois testes. Isto indica que os cavalos são capazes de generalizar através de
diferentes estímulos, aplicando a experiência adquirida com a exposição a outros estímulos em sit
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84 Capítulo 7
86 Capítulo 7
externos ao animal, serão mostrados, embora muitos deles possam ser aplicados em
ambas as situações.
Tratamento interno
88 Capítulo 7
Tratamento externo
para o porco, para evitar que os porcos usem sinais de odor para localizar os doces.
Os porcos foram alimentados apenas com parte da sua ração diária na manhã do teste para
motivá-los a procurar comida. Acrescente-se que, antes do início dos testes, os porcos
passaram por muita habituação ao manipulador humano, à arena de testes, aos buracos, às
coberturas das bolas, bem como aos próprios doces. Para as sessões de teste reais, o
porco de teste entrou na arena através de uma das quatro portas em um padrão aleatório,
das quais apenas uma estava aberta para cada sessão. Primeiro, os porcos foram testados
num padrão específico de buracos iscados (fase de aquisição, 40 sessões) e depois expostos
ao padrão espelhado diagonalmente (A vs C, e B vs D ou vice-versa na Fig. 7.5). Esta fase de
reversão durou 20 sessões por porco. Para cada uma destas sessões foram registados
vários parâmetros, incluindo a ordem das visitas aos buracos, se as visitas foram
recompensadas (buracos com isca) ou não, quantos doces foram consumidos, bem como a
latência e duração do tempo. procurar. Cada sessão durou no máximo 5 minutos, mas
terminou mais cedo depois que todos os quatro buracos com isca foram visitados. Durante
a fase de aquisição, os porcos enriquecidos tiveram menos visitas a tocas sem iscas do que
os porcos criados em currais estéreis, e também tiveram menos visitas a tocas durante a
fase de reversão. Em ambas as fases, os porcos enriquecidos também tiveram uma latência
menor para procurar os doces em comparação com os porcos estéreis. O enriquecimento
ambiental melhorou assim o desempenho cognitivo dos porcos nesta tarefa de aprendizagem
espacial, embora apenas ligeiramente. Os experimentadores sugerem que a longa habituação
e o manejo necessários para realizar este tipo de teste poderiam ter funcionado como uma
forma de enriquecimento para os porcos estéreis, reduzindo assim a magnitude do problema.
diferenças encontradas.
Testes, como o descrito acima, são concebidos para comparar animais expostos a
tratamentos que dão origem a tantas diferenças na sua situação que as observações são
extremamente difíceis, se não impossíveis, de comparar de forma imparcial. No exemplo do
ambiente enriquecido versus ambiente estéril, a atividade no cercado doméstico
provavelmente será maior no grupo enriquecido simplesmente porque há mais espaço para
manobra. Se os porcos estéreis fossem testados num curral maior, a mera novidade do
aumento do espaço levaria a um aumento na locomoção, nas brincadeiras e talvez até nas
lutas. Ao trabalhar em um projeto em nosso laboratório, onde investigamos se os ratos
poderiam aprender a associar um odor com cócegas (sim, eles poderiam), não conseguimos
comparar o comportamento dos ratos durante as cócegas, que imitam o comportamento
áspero e brincadeiras de cambalhota observadas em ratos adolescentes (LaFollette et al.,
2017; Hammond et al., 2019), com a de ratos sem cócegas. Em vez disso, comparamos seu
comportamento nas pausas entre as crises de cócegas com o comportamento durante os
mesmos intervalos de tempo para os membros da mesma espécie sem cócegas (Bombail et
al., 2019). Descobrimos que os ratos que receberam cócegas passam uma maior proporção
do seu tempo concentrando-se na mão imóvel do estimulador humano e realizaram mais
brincadeiras de salto do que os ratos que não fizeram cócegas, que por sua vez eram mais
ativos. Desta forma criamos uma forma de “teste dentro do tratamento”, comparando iguais
com iguais na maior medida possível.
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90 Capítulo 7
Observações Finais
Como afirmado no início deste capítulo, os exemplos dados aqui são apenas uma fração de
possíveis testes comportamentais que podem ser usados para testar os efeitos do
envelhecimento, da experiência e de vários tratamentos. Ao testar as respostas
comportamentais dos animais, devemos procurar testes que imponham um mínimo de
desconforto e um máximo de alegria sempre que possível. As críticas ao teste de natação
forçada mencionadas acima devem ser levadas em consideração no planejamento de
experimentos, e é necessário o desenvolvimento de testes comportamentais melhores e
menos estressantes para substituir esses métodos. No Capítulo 12, os aspectos do bem-
estar animal e as considerações éticas são discutidos juntamente com a legislação existente
na Europa e nos EUA para o uso de animais em experiências científicas. Não se deve
esquecer, no entanto, que os testes de comportamento animal não se restringem ao uso
científico, e todos os proprietários de animais de companhia são encorajados a envolver os
seus animais de estimação em treinos e testes comportamentais, que, se bem realizados e
sem tratamentos aversivos, levam a animais melhor adaptados à vida doméstica.
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92 Capítulo 7
Reforço e Punição 8
94 Capítulo 8
Reforço e Punição 95
por Premack (1959). A técnica tem sido amplamente utilizada para treinar animais selvagens
em cativeiro para permitir exames clínicos e coleta de sangue com o mínimo de estresse,
incluindo mamíferos marinhos (Brando, 2010) e ursos pardos (Joyce-Zuniga et al., 2016), os
O último exemplo é descrito mais adiante neste capítulo. No entanto, pode ser bastante difícil
treinar animais utilizando apenas reforço positivo. Ao treinar seu cão para sentar sob
comando, você só dá um petisco quando o comportamento desejado, ou seja, sentar, ocorre
em resposta à palavra de comando escolhida, geralmente “senta” se seu cão fala inglês. No
entanto, o cão pode realizar muitos outros comportamentos, incluindo acariciar você porque
você é uma fonte de recompensas alimentares. Este comportamento deve ser ignorado e, ao
fazê-lo, você está usando uma punição negativa, que é a retenção de um estímulo positivo
para fazer desaparecer um comportamento, o carinho. O conceito de punição negativa é
descrito com mais detalhes abaixo.
vermelha diluído para treinar macacos a manter o olhar fixo em um ponto central da tela,
enquanto detectavam uma mudança de característica periférica sem fazer nenhum movimento
ocular. Como indica essa frase, tratava-se de uma tarefa de aprendizagem complexa, que, no
entanto, foi dominada pelos três macacos treinados. Essa recompensa graduada pode, no
entanto, não ser um método adequado para espécies com menos capacidade cognitiva, ao
passo que a modelagem, conforme descrito acima, foi aplicada com sucesso a uma série de
espécies, incluindo o treinamento de peixes dourados para jogar basquete.
O reforço negativo é muitas vezes confundido (por exemplo, Marranzino, 2013) com a
punição positiva, que é um estímulo desfavorável aplicado para diminuir a ocorrência de um
comportamento. Conforme mostrado na Figura 8.1, o negativo refere-se à remoção de algo
desagradável, e o reforço visa sempre aumentar um determinado comportamento. Muito do
treinamento de cavalos é baseado em reforço negativo, ilustrado pelo exemplo dado no início
do capítulo sobre puxar as rédeas de um cavalo. Como o estímulo aversivo costuma ser
algum tipo de pressão aplicada ao cavalo, Ahrendt et al. (2015) investigaram se a pressão
necessária para obter uma resposta correta diminuiria à medida que o
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96 Capítulo 8
Figura 8.2. Desenvolvimento ao longo dos testes no primeiro dia de teste da força
média (N) necessária para fazer um cavalo se mover (adaptado de Ahrendt et al., 2015).
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Reforço e Punição 97
98 Capítulo 8
Reforço e Punição 99
100 Capítulo 8
é muito mais fácil de aplicar e, se combinado com o treino com clicker (ver abaixo), pode
promover comportamentos bastante específicos.
Outro uso das coleiras de choque é estabelecer uma cerca virtual para o gado
no pasto. Cada um dos animais contidos dentro de um determinado limite usa um dispositivo,
geralmente uma coleira. Quando o animal se aproxima da cerca virtual, ou seja, não de um
limite visível, mas de uma geolocalização específica, um sinal de alerta é dado, por exemplo,
um som ou uma vibração da coleira. Se o animal tentar cruzar a fronteira invisível, um choque
elétrico é disparado pela coleira. A maioria desses sistemas agora funciona através da
localização GPS do animal, mas a confiabilidade e a precisão destes são variáveis. Ao
contrário da antiga cerca eléctrica, onde a fonte do choque é uma característica física, a cerca
virtual é uma linha invisível na paisagem. A ideia de poder conter animais, tais como gado de
criação, num terreno onde a construção e manutenção de cercas físicas são impossíveis, é
boa. No entanto, assim como as coleiras de choque usadas para treinamento de cães, a cerca
virtual provavelmente acarreta um custo para o animal.
Bøe e Eftang (2019) descobriram que pequenos grupos de cabras (n = 5–16) monitorados
durante os primeiros 5 dias após terem sido introduzidos na cerca virtual, receberam em
média entre 0,2 e 5,5 choques por animal por dia, com alguns animais recebendo 11, 13 e até
29 choques por dia. Em vacas, foram relatados valores de 1,0 a 6,5 choques diários por
animal (Lomax et al., 2019). Marini et al. (2018) descobriram que as ovelhas responderam ao
sinal sonoro e evitaram o estímulo elétrico com uma probabilidade de apenas 52%. Campbell
et al. (2019) observaram grandes diferenças individuais em vacas em termos de capacidade
de associar um som à proximidade de uma cerca virtual, com 25% de probabilidade de uma
vaca receber um choque elétrico após um sinal sonoro. Em contraste, uma investigação de
gatos de propriedade privada mantidos em liberdade ou com uma cerca virtual não encontrou
efeitos negativos a longo prazo no comportamento e no bem-estar dos gatos contidos no
sistema de cerca virtual (Kasbaoui et al., 2016). Alguns sistemas tentaram substituir o choque
elétrico por um som irritante e persistente.
Para uma revisão completa dos prós e contras do uso de cercas virtuais com gado, também
em termos de bem-estar animal, consulte Umstatter (2011), embora mais estudos tenham
sido publicados desde então (por exemplo, Markus et al., 2014; Brunberg et al. , 2017; Lee et
al., 2018; Kearton et al., 2019). A menos que a funcionalidade e a precisão das cercas virtuais
possam ser melhoradas, e dados os efeitos negativos e estressantes encontrados no
treinamento de cães com coleiras elétricas, o uso destes dispositivos para substituir as
cercas visíveis não parece conduzir ao bom bem-estar animal.
Um dos testes mais divertidos que encontrei foi uma tentativa de ensinar bezerras a urinar
em um determinado local (Vaughan et al., 2014). Não apenas a área de assunto é fascinante,
mas os autores não mediram esforços
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para garantir que o desenho experimental seja estatisticamente válido. A arena de teste
consistia em uma baia na qual um bezerro de teste era colocado. Se o bezerro urinasse
dentro de 15 minutos após entrar na baia, ele teria acesso a um comedouro de leite e
receberia uma recompensa de leite (reforço positivo). Caso o bezerro não fizesse xixi, era
colocado na chamada zona de time-out, onde ficava por 5 minutos e não recebia leite
(punição negativa). Antes de você conhecer os resultados, gostaria de chamar sua atenção
para alguns detalhes do protocolo.
A ração de leite dos bezerros foi gradualmente reduzida para metade antes do início do
ensaio, para garantir que os bezerros estavam motivados para obter uma recompensa de
leite. Além disso, os bezerros não tiveram acesso ao leite durante uma hora antes de serem
treinados ou testados. Antes do início dos testes, os bezerros foram habituados à
configuração experimental, percorrendo a arena de teste 18 vezes durante um período de 3
dias. Durante essa habituação, eles recebiam uma recompensa de leite combinada com o
som de um sino ou eram deixados na zona de intervalo por 5 minutos.
Isto foi feito em uma ordem específica (Gellermann, 1933) para garantir que os bezerros não
pudessem prever o que estava prestes a acontecer com base em visitas anteriores. O
treinamento ou teste foi então realizado durante 17 dias. Os bezerros foram alocados em
pares, onde um bezerro foi o bezerro de teste sendo treinado para urinar, enquanto o bezerro
de controle pareado foi submetido exatamente às mesmas condições no dia seguinte,
independente de seu próprio padrão de micção. Um dia de treinamento consistiu no bezerro
de teste recebendo uma injeção com um diurético para induzir a micção. Quando o bezerro
urinava, a campainha tocava e o bezerro era recompensado com leite. Uma injeção foi
suficiente para o bezerro urinar diversas vezes, permitindo aos pesquisadores treiná-lo três
vezes. O dia seguinte foi dia de teste, onde não foi utilizado diurético. Verificou-se que o
bezerro não urinou no curral domiciliar até 30 minutos após o início do teste. Uma vez na
baia de teste, se o bezerro urinasse espontaneamente, ele era recompensado com leite, mas
se não urinasse em 15 minutos, era transferido para a zona de intervalo por 5 minutos como
forma de punição, e não o fazia. receber qualquer leite. Os bezerros que urinaram
espontaneamente continuaram no cronograma de teste no dia seguinte, enquanto os
bezerros que não conseguiram urinar retornaram ao cronograma de treinamento. Os autores
também verificaram que a micção do bezerro anterior testado não influenciou a probabilidade
de micção na arena de teste pelo bezerro subsequente.
Então funcionou? Fico feliz em dizer que sim, embora tenha havido uma certa variação
na capacidade dos bezerros de fazer a associação entre urinar e ser recompensado com
leite. Dos seis pares testados, um par não diferiu na frequência de micção na baia,
principalmente porque o bezerro testado raramente fazia xixi quando estava lá. Em contraste,
após apenas um dia de treinamento com um diurético, outro bezerro de teste sempre urinava
dentro de 3 minutos após entrar na baia (um vídeo disso pode ser encontrado na versão
online desta referência). No geral, os bezerros de teste tiveram duas vezes mais probabilidade
de urinar (em média 5,3 ± 0,95 micções) do que os bezerros de controle (2,3 ± 0,52 micções)
durante os dias de teste. Vaughan et al. (2014) concluem que pode ser viável treinar bovinos
para urinar em locais específicos utilizando condicionamento operante.
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102 Capítulo 8
Treinamento Clicker
Embora o reforço seja melhor e mais fácil de aplicar do que a punição, pelo menos dois
aspectos do reforço podem ser difíceis de gerir. Uma delas é a utilização de recompensas
que eventualmente perdem as suas propriedades reforçadoras, o que acontece
frequentemente quando se utiliza comida: o animal torna-se cada vez menos motivado.
ed para obter a recompensa à medida que fica saciado. Outro problema
encontrado ao usar o reforço como método de treinamento é que o momento
da recompensa em relação à expressão do comportamento é importante.
Quanto menor o intervalo entre a exibição do comportamento desejado e a
entrega da recompensa, mais fácil será para o animal fazer a conexão entre
os dois e mais rápido o animal aprenderá. Pode ser difícil conseguir pequenos
atrasos se o treinador não estiver nas imediações do animal, o que é
frequentemente o caso de mamíferos marinhos e espécies de jardins zoológicos (por exemplo,
Bloomsmith e outros, 2015).
O treinamento com clicker é uma forma de superar esses problemas,
tornando o treinamento menos dependente do ambiente em geral, além de ser
de fácil execução. Consiste em um reforçador secundário acústico, muitas
vezes o som de uma campainha, apito ou clique, usado como estímulo de
ligação entre o comportamento desejado e a recompensa. Por outras palavras,
queremos que o animal estabeleça a ligação entre a realização do
comportamento desejado, o som do clique e a subsequente recompensa.
Estamos substituindo temporariamente a recompensa pelo clique. Isto é
conseguido emparelhando primeiro a recompensa primária com o som do
clique através do processo de condicionamento clássico (ver Fig. 5.2 no
Capítulo 5): o animal recebe uma pequena recompensa alimentar ao mesmo
tempo que ouve o clique. Posteriormente, o clique ocorre apenas quando uma
resposta comportamental correta é realizada e, com o tempo, o animal aprende
que isso acabará por levar a uma recompensa, ou seja, a entrega da
recompensa é removida a tempo do comportamento/clique, e não
necessariamente dada a cada vez. clique. Usar um clicker – um pequeno
dispositivo portátil com um botão, que emite um som curto e audível – permite
ao treinador emitir um som de clique, que é sempre idêntico e depende
imediatamente do comportamento desejado. Há uma infinidade de vídeos disponíveis online mo
O treinamento com clicker tem sido usado para facilitar procedimentos
de rotina, como quando elefantes são treinados por meio de reforço positivo
para terem suas trombas lavadas voluntariamente para testes de tuberculose (Fagen et al., 2014
Joyce-Zuniga et al. (2016) treinaram ursos pardos em cativeiro para entrar em
uma caixa de retenção e passar a perna pelas barras da caixa para coletar
uma amostra de sangue. Inicialmente, isso era feito usando pequenas
quantidades de mel diluído como recompensa, entregue por meio de um
canudo na boca do urso, mas era acompanhado pelo som de um clique como
reforço secundário. Os pesquisadores descobriram que o cortisol sérico era
indetectável nos ursos treinados, enquanto os ursos que foram imobilizados
quimicamente através de uma injeção de dardo antes da coleta de sangue apresentaram níveis e
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Observações Finais
O reforço é uma forma eficaz de promover uma variedade de comportamentos,
e o uso do reforço positivo evita o uso de qualquer forma de estímulo aversivo.
Combinar isso com um reforçador secundário, como o uso de um clicker, pode
não apenas acelerar a trajetória de aprendizagem, mas também permitir que
comportamentos mais sutis sejam recompensados. Como mostrado no
exemplo dos macacos, a adição de reforço negativo pode, por vezes, fornecer
resultados mais rápidos e confiáveis.
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104 Capítulo 8
Assim, McLean e Christensen (2017) propuseram sabiamente o uso das palavras adição e
subtração em vez de positivo e negativo.
O tempo é fundamental em todos os tipos de aprendizagem, assim como a ligação entre
o reforço ou punição e o comportamento. Uma história oriunda de uma universidade nos EUA
conta a história de uma turma de estudantes que decidiu usar o reforço positivo para treinar
um dos seus professores: quando o professor se posicionava no lado esquerdo da sala, os
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106 Capítulo 8
Capacidade de Aprendizagem, 9
Memória e Capacidade Cognitiva
Testes de Cognição
Permanência do objeto
A noção de que algo continua a existir, mesmo quando já não o conseguimos ver,
é uma das primeiras competências de desenvolvimento utilizadas na avaliação de
como os bebés humanos constroem a sua realidade (Piaget, 1954). A permanência
do objeto é aprendida à medida que nos desenvolvemos e constitui a base do
jogo universal de esconde-esconde, ou seja, cobrir o rosto com as mãos e, em
seguida, removê-las repentinamente enquanto diz 'Peek-a-boo!', o que pode trazer
sobre uma variedade de emoções de expectativa, surpresa e riso em uma criança:
é engraçado porque a criança sabia que você estava ali o tempo todo. Humanos
com menos de 5 meses de idade não conseguem compreender o conceito de permanência do objeto.
108 Capítulo 9
principalmente devido aos cães escolherem caixas adjacentes àquela que contém a bola,
indicando dificuldades em lembrar a posição espacial exata da caixa iscada.
Teste de desvio
Uma visão bloqueada também é usada no chamado teste de desvio (ver Kabadayi et al., 2018
para uma revisão recente). É mostrado a um animal um caminho para um determinado
objetivo e, em seguida, um obstáculo é colocado no percurso para que o animal tenha que
contorná-lo para chegar ao objetivo. Sovrano et al. (2018) testaram diferentes espécies de
peixes num teste de desvio (Fig. 9.3). O animal testado foi temporariamente confinado em
uma pequena área do tanque, onde podia ver um grupo de membros da mesma espécie (o
objetivo) através de uma pequena janela. Ao ser liberado do recinto menor, o peixe teria que
virar as costas para o gol e
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110 Capítulo 9
Figura 9.2. Sucesso dos cães em localizar uma bola escondida em uma das
quatro caixas em função do tempo desde que o esconderijo foi mostrado aos
cães (Exp. 1: n = 11 cães; Exp. 2: n = 8 cães). A porcentagem de tentativas
bem-sucedidas diminui à medida que o início da busca é adiado, mas os
cães ainda encontram a bola acima do nível de chance (linha tracejada), em média (adaptado de Fise
nadar na direção oposta, antes de optar por entrar em uma das quatro caixas, das
quais duas estavam na direção correta em direção ao gol. A água dos dois tanques
não estava conectada e as quatro caixas disponíveis eram versões espelhadas do
mesmo formato e tamanho. Das quatro espécies testadas, o peixinho dourado, o
peixe-anjo e os splitfins redtail foram capazes de escolher um dos dois
compartimentos corretos em termos de movimento em direção ao objetivo
(compartimentos A e B na Fig. 9.3) em uma proporção significativamente diferente
do acaso (no total 80). de 108 peixes testados; 74%). A única espécie que não teve
sucesso convincente na primeira escolha foi o peixe-zebra (24 de 41; 59%).
Teste de cilindro
Outra versão quase inversa do teste de desvio descrito acima é o teste do cilindro.
Gostei particularmente da descoberta de que certas espécies de aves se igualam
aos grandes símios nesta habilidade cognitiva específica (Kabadayi et al., 2016).
Os sujeitos do teste, neste exemplo específico, três espécies diferentes de corvos,
foram habituados a um cilindro oco e opaco com extremidades abertas, de onde eles
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112 Capítulo 9
planejar suas ações com base nos meios disponíveis, formando assim representações
mentais de soluções para problemas. No entanto, quando um problema tem uma solução
direta (por exemplo, a comida pendurada no barbante do meu poleiro é difícil de alcançar,
então uso meu bico e um pé para puxá-la gradualmente para cima), a exibição comportamental
pode ser atribuída a outros fatores além de raciocínio, como feedback motor perceptual
(Taylor et al., 2010). Bugnyar (2019) fornece um excelente resumo de como podemos testar
essas habilidades cognitivas muito complexas. Numa série de testes, os corvos da Nova
Caledônia receberam diferentes tarefas para obter acesso a uma recompensa alimentar. Isso
incluiu a recuperação de um bastão de um aparelho para ser usado para liberar uma pedra
de um tubo, e a pedra foi então usada para liberar comida de outra estrutura enquanto o
corvo ao mesmo tempo ignorava um estímulo distrator contendo outra pedra. Os detalhes
da configuração experimental são demasiado complexos para serem incluídos aqui, mas a
complexidade de algumas das tarefas e a descoberta de que alguns corvos são capazes de
as resolver são alucinantes. Isso faz você se perguntar se encontraria a solução tão rápido
quanto o corvo – ou mesmo se encontraria?
Testes de memória
O teste de discriminação do holeboard descrito no Capítulo 7 pode ser usado para avaliar
diferentes aspectos da memória espacial (Tahamtani et al., 2015). O número de furos
utilizados pode diferir entre os testes, e os furos são posicionados equidistantes em um
quadrado de 3 × 3, 4 × 4 ou 5 × 5 furos, dos quais a raiz quadrada, ou seja, 3, 4 e 5 furos,
respectivamente, são iscados com uma recompensa alimentar pequena e altamente palatável.
O tempo necessário para encontrar e comer todas as iscas (duração do teste), bem como o
número de vezes que um buraco com isca é revisitado reflete negativamente na memória de
trabalho do animal testado, assim como as revisitas aos buracos em geral.
O número total de visitas necessárias antes de todas as iscas terem sido encontradas é um
reflexo da memória de referência do animal de teste e da medida em que este é capaz de
discriminar entre buracos.
Um dos testes mais utilizados para memória de trabalho ou de curto prazo é o teste de
correspondência com amostra atrasada (Nielsen et al., 2009; Bimonte-Nelson, 2015a).
Assim como o teste de viés cognitivo descrito no Capítulo 4, este teste pode ser realizado
usando pistas espaciais, visuais, auditivas ou olfativas, e o design é relativamente simples:
seguindo a habituação às pistas e ao ambiente de teste, a memória de trabalho do o animal
é testado recompensando uma das várias dicas. Lee et al. (2018) treinaram ratos para
recuperar pequenas recompensas alimentares escondidas em copos contendo areia
perfumada. Foram utilizados quatro odores diferentes e, na primeira parte do teste
(aprendendo o princípio de combinar com a amostra), o rato recebeu um copo de amostra
de areia perfumada contendo metade de uma pequena recompensa alimentar. Uma vez
recuperada a recompensa, o rato é presenteado com
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quatro copos contendo areia com cheiros diferentes, um dos quais corresponde
ao odor do copo de amostra. O rato pode cheirar todos os copos, mas cavar
apenas um, e apenas o copo que corresponde ao odor da amostra contém uma
recompensa alimentar completa (os outros copos amassaram e, portanto, a
comida fica inacessível abaixo da superfície para fazer com que todos os copos
tenham o acréscimo cheiro de comida). Quando o rato começa a aprender a
conexão entre os odores do copo de amostra e o copo recompensado, é
introduzido um atraso antes de ter acesso para escolher um dos quatro copos de
teste. Ao aumentar ou diminuir a duração deste atraso, a capacidade do animal
de lembrar pode ser quantificada. Às vezes, o teste é realizado como o inverso,
ou seja, um teste de não correspondência com a amostra (Callaghan et al., 2012).
Uma reviravolta adicional ao teste tardio de correspondência com amostra é
quando o animal tem a opção de não escolher (Lee et al., 2018). Isto pode ser feito
adicionando uma escolha neutra que dá origem a uma recompensa menor do que uma escolha corre
Tal configuração experimental permite que o animal de teste mostre que pode
avaliar a força da sua memória. A capacidade cognitiva de saber se você é capaz
ou não de lembrar de algo é chamada de metamemória, que foi demonstrada em
várias espécies, incluindo ratos (Templer et al., 2017).
114 Capítulo 9
com a mesma área total (Fig. 9.4b) ou com o mesmo comprimento total da borda, as abelhas
conseguiram escolher corretamente em mais de 70% dos casos. Tenha em mente que as
abelhas tiveram que se lembrar do padrão de amostra encontrado na entrada do túnel até
chegarem aos padrões escolhidos. Somente quando havia quatro ou mais símbolos no
padrão é que as abelhas não fizeram a escolha certa de forma consistente. Gross et al. (2009)
afirmam claramente que não demonstraram que as abelhas conseguem contar ou colocar
números em ordem de grandeza, mas simplesmente que este inseto tem a capacidade de
avaliar a numerosidade e pode aprender a distinguir entre pequenas quantidades.
Recentemente também se descobriu que as abelhas são capazes de combinar caracteres
com pequenas quantidades e vice-versa (Howard et al., 2019), da mesma forma que
associamos o símbolo 3 à quantidade de três. Porém, as abelhas não conseguiram reverter a
associação espontaneamente na primeira apresentação, o que os autores sugerem ser devido
à natureza numérica da tarefa.
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Figura 9.5. (a) Percentagem média de tempo que os leitões (três leitões por
grupo; seis grupos por tratamento) passam em contacto com o manipulador
humano, que estava sentado imóvel numa cadeira no canto da baia. O teste
foi repetido imediatamente após o término do tratamento de manuseio (0
semanas) e semanalmente a partir de então. Os tratamentos de manejo (18
sessões durante 5 dias) foram positivos (carícias suaves), negativos (manuseio
brusco), passivos (presença humana sem manuseio) e nenhum (sem presença
humana). (b) Probabilidade de os leitões permitirem que o manipulador humano os toque (adaptado de B
O teste de abordagem humana descrito no Capítulo 4 também pode ser usado para
testar a memória de experiências anteriores com humanos. Brajon et al. (2015)
aplicaram um de oito tratamentos diferentes a grupos de três leitões, com a
composição do grupo equilibrada para o peso vivo dos leitões e sua resposta em
um novo teste de objeto (ver Capítulo 4). Os tratamentos consistiram em diferentes
tipos de manejo, quatro dos quais são apresentados aqui: positivo (acariciando
suavemente), negativo (manuseio brusco) e passivo (sem manejo, mas presença
humana), bem como um tratamento de controle onde nenhum humano estava presente.
Os leitões foram submetidos a 18 sessões destes tratamentos de 5 minutos
durante 5 dias consecutivos. Para investigar até que ponto os leitões eram capazes
de lembrar e associar o manipulador humano ao tratamento, foi realizado um teste
de abordagem humana passiva imediatamente após o término dos tratamentos e
semanalmente durante as 5 semanas seguintes. A Figura 9.5a mostra a percentagem
de tempo que os leitões passaram em contacto com o ser humano em cada teste
para cada um dos quatro tratamentos. Embora exista uma diferença clara e
persistente entre os porcos nos tratamentos de manejo positivo e negativo,
também é claro que a mera habituação à presença de um humano passivo é
suficiente para que os porcos se aproximem e interajam com a pessoa.
Contudo, quando o condutor tenta tocar no leitão (Fig. 9.5b), o resultado positivo
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116 Capítulo 9
Quando foram utilizadas correntes mais intensas (0,25 e 0,5 mA), as latências aumentaram
acentuadamente (dados não mostrados).
Os testes de evitação ativa usam uma configuração semelhante (uma caixa de
transporte de dois compartimentos) conforme descrito anteriormente para a evitação
passiva, mas o choque elétrico agora é sinalizado com um estímulo inócuo, como uma luz,
que o animal está condicionado a associar. com o início da corrente. O animal pode então
passar para o outro compartimento para evitar o choque, evitando assim ativamente. Caso
o animal não se mova, receberá um choque nas patas, mas poderá escapar passando para o
outro compartimento. O teste pode, portanto, distinguir entre uma resposta condicionada
(evitação) e uma resposta incondicionada (fuga). Deve-se sempre levar em conta que esses
testes muitas vezes (mas nem sempre) utilizam choques elétricos como tratamento aversivo
e, portanto, não devem ser utilizados sem uma boa razão. Na verdade, outros estímulos
menos aversivos foram tentados, como baforadas de ar (Moriarty et al., 2012).
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Testes de Aprendizagem
Teste de ir/não ir
Muitos dos testes descritos neste livro envolvem um certo grau de aprendizagem.
O paradigma do nariz descrito no Capítulo 6 depende de o roedor aprender a
associar cada um dos dois odores a uma determinada resposta (ir para a esquerda
ou para a direita). Porém, também pode ser utilizado de uma forma um pouco
mais complexa, onde o animal tem que responder a um odor e não responder
quando outro odor é apresentado. Isto é conhecido como tarefa Go/No-go (por
exemplo, Frederick et al., 2011), onde apenas um buraco de recompensa é usado,
e se o animal responder ao odor errado (ou seja, o No-go), uma punição leve é
aplicada. introduzido antes que o animal possa tentar novamente. Isto é feito
atrasando o início da luz ou som que indica a liberação iminente do odor, de
modo que o animal tenha que esperar um pouco pela próxima oportunidade de
ser recompensado. Este é o mesmo tipo de punição negativa usada no exemplo
de treinamento de bezerros para urinar descrito no Capítulo 8.
Geralmente é muito mais difícil aprender a não fazer algo do que aprender a
fazer algo, e o protocolo Go/No-go pode ser usado para avaliar a impulsividade.
É claro que o teste pode ser realizado utilizando instalações experimentais
diferentes do aparelho nosepoke e não necessariamente investigando estímulos
olfativos. O teste é, por exemplo, usado em seres humanos para avaliar
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118 Capítulo 9
Figura 9.7. Dados da minha tentativa de um teste Go/No-go on-line, onde tive que
pressionar a barra de espaço dentro de 2 s quando um sinal verde de 'vá' apareceu
na tela do meu computador, mas evitei responder por 2 s se um sinal vermelho 'Não-'
vai' (NG) apareceu. Para cada teste, aparecem 25 telas e, em média, uma em cada cinco telas exibe o sinal de P
O teste pode ser encontrado em www.psytoolkit.org.
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120 Capítulo 9
Observações Finais
A variedade de testes desenvolvidos para avaliar a cognição, a aprendizagem e a memória
é abundante e apenas alguns foram apresentados aqui. Espero, no entanto, que a
demonstração destas diferentes capacidades e testes utilizando exemplos de mamíferos,
répteis e até insectos, tenha fornecido inspiração para investigar detalhadamente estes
tipos de testes comportamentais. Mais informações sobre alguns dos testes descritos
acima podem ser encontradas em Bimonte-Nelson (2015b). Para uma rápida visão geral com
exemplos de testes de cognição e aprendizagem, ver também Nawroth e Langbein (2019).
Se você está procurando
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Figura 9.9. Propensão dos dragões barbudos de abrir uma porta deslizante para a esquerda
(pontuação +1), para a direita (-1) ou não abrir (0) em 10 tentativas, em função de ter visto
um membro da mesma espécie abrindo a porta para o direita (demonstração direita), ou para
a esquerda (demonstração esquerda) ou a porta abrindo sozinha para a direita
enquanto um dragão barbudo passivo está parado ao lado dela (Controle) (adaptado de Kis et al., 2015).
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Componentes Genéticos
10
do Comportamento
Tal como a maioria das características dos animais, como a produção de leite, a cor da
pelagem e a longevidade, o comportamento está sujeito a mecanismos genéticos. Isto irá
variar entre diferentes tipos de comportamento, e o ambiente em que um animal é criado afecta
a expressão de diferentes componentes comportamentais. No entanto, como descrito no
Capítulo 2, embora as porcas domésticas tenham sido seleccionadas durante muitas décadas
num ambiente interior com, até recentemente, espaço limitado e características bastante
áridas, estes animais ainda mantiveram a capacidade de construir um ninho (Stolba e Wood-
Gush, 1989). Da mesma forma, as galinhas poedeiras foram criadas para produzir uma grande
quantidade de ovos sem se tornarem chocas (isto é, cessação da postura de ovos e alta
motivação para deitar e incubar os ovos), de modo que esta característica comportamental
(choca) desapareceu quase completamente, ainda pode ser revivida se a pressão selectiva
contra ela for aliviada (Sharp, 2009). O componente genético do comportamento torna possível
selecionar características comportamentais, como habilidade materna em camundongos, e
contra outras, como agressividade em cães. Para realizar a seleção comportamental sem
efeitos colaterais indesejados, precisamos saber mais sobre as ligações entre as diversas
características. A menos que tenhamos uma estimativa das correlações genéticas entre
características comportamentais desejadas e indesejadas, não podemos garantir que os
indivíduos utilizados para reprodução sejam selecionados de maneira ideal.
Uma maneira de elucidar alguns desses vínculos hereditários é por meio de testes comportamentais.
Figura 10.1. Linhagens de camundongos selecionadas por 30 gerações para alta e baixa
atividade em um teste de campo aberto, bem como uma linhagem de controle não
selecionada. (a) Número de linhas de grelha cruzadas no teste de campo aberto ao longo
das gerações; (b) número de pellets fecais depositados durante o teste (adaptado de DeFries et al., 1978).
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126 Capítulo 10
Epigenética e Comportamento
aliciamento e descobriram que as mudanças epigenômicas estavam ligadas à mãe de criação e não à mãe
biológica dos filhotes de ratos. . Os filhotes criados por mães com alto cuidado apresentaram respostas
reduzidas do hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) ao estresse quando adultos. No momento em que este artigo
foi escrito, este artigo (Weaver et al., 2004) foi citado mais de 3.500 vezes.
Per Jensen (2013, 2014 e 2015) foi um dos primeiros a considerar a importância da
epigenética para a genética comportamental em geral, e o processo de domesticação em
particular. Ele e seus colegas compararam duas raças de galinhas: a linhagem domesticada
White Leghorn e a ancestral de todas as galinhas, a ave selvagem vermelha (Lindqvist et
al., 2007). Ao contrário dos ratos, as galinhas podem ser incubadas e criadas sem a
presença da mãe galinha, eliminando quaisquer efeitos do cuidado materno. Aves de ambas
as raças foram alojadas e criadas com horários de luz imprevisíveis, o que é estressante
para elas e levou à redução do aprendizado espacial em ambas as raças. No entanto, esta
mudança epigenética só foi transferida para a prole da raça domesticada. Jensen (2014)
pensa que isso ocorre porque a seleção comportamental que aconteceu durante a
domesticação levou a um aumento na capacidade de responder às mudanças epigenéticas
(Fig. 10.2). Na verdade, no ano seguinte, ele sugeriu que “a interação entre o genoma e o
ambiente é muito mais dinâmica e complexa do que se pensava anteriormente e a nossa
visão sobre a domesticação e a evolução pode ter de ser revista drasticamente” (Jensen,
2015, p. 35). ).
128 Capítulo 10
Este estudo foi realizado antes que a epigenética se tornasse o novo preto, e teria sido
interessante acompanhar o comportamento materno subsequente dos cordeiros quando
maduros.
A seleção de características comportamentais estáveis, como o comportamento
materno no exemplo acima, pode ser feita com base em testes comportamentais.
Quando os visons são criados para a produção de peles, os indivíduos diferem nas suas
características comportamentais, com alguns visons apresentando altos níveis de medo.
Embora a produção de peles seja um assunto altamente controverso em termos de bem-
estar animal, seria – ceteris paribus – uma melhoria para o bem-estar dos visons de criação
se estes tivessem menos medo. Para que isso aconteça, precisamos saber se essa
característica é suficientemente hereditária e se algum teste potencial de medo está
detectando a característica em geral; em outras palavras, se selecionarmos
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visons com base na sua resposta aos humanos, o seu medo em geral será reduzido? Hansen
(1996) selecionou visons de forma divergente com base em sua reação quando um humano
colocou uma espátula de madeira na gaiola de arame e a manteve ali por até 60 segundos.
Os visons que recuaram para o fundo da gaiola foram escolhidos para criar uma linha de
seleção temerosa, enquanto os visons que se aproximaram, cheiraram e morderam a
espátula foram selecionados para a linha confiante.
Após dez gerações de seleção, os visons foram testados em seis testes comportamentais
diferentes para descobrir se a diferença no medo em relação aos humanos
entre as duas linhas foi consistente em outras situações (Malmkvist e Hansen, 2002). Os
testes incluíram estímulos sociais e não sociais, incluindo o teste da espátula (contato
humano voluntário), tentativas de manusear o vison por uma mão humana enluvada (contato
humano forçado), exposição a um objeto novo (um cubo de madeira), um novo alimento
(comida de gato), um novo ambiente e um co-específico desconhecido. Os visons das duas
linhas de seleção diferiram da maneira esperada, com os visons confiantes mostrando
menos respostas de medo em todos os testes em comparação com os visons da linha
selecionada de forma divergente, indicando uma diferença geral no medo em diversas
situações sociais e não sociais. Estes resultados mostram que é possível conceber testes
comportamentais simples para uso como critério de seleção e ainda conseguir mudanças
genéticas gerais na personalidade animal.
130 Capítulo 10
com base no seu nível de mansidão, eles imitaram o processo de domesticação (Belyaev
et al., 1979; Belyaev e Trut, 1986). As mudanças comportamentais nas raposas continuaram
ao longo de gerações, mas os animais também se tornaram menos uniformes na cor da
pelagem, tinham caudas mais encaracoladas e orelhas mais caídas. O aumento na
pigmentação do pêlo é, portanto, o oposto do aumento do albinismo observado na linhagem
de camundongos mais medrosos da Figura 10.1. Recentemente, foi sugerido que as
alterações morfológicas observadas na experiência de criação de raposas russas foram
mais diretamente favorecidas pelos humanos na nossa domesticação de animais de
companhia, porque temos uma tendência a inferir calma da fofura (Lane, 2018).
Figura 10.3. Uso de poleiros por duas linhagens de frangos de corte de crescimento lento.
Até as 5 semanas de idade, as aves foram criadas em ambientes fechados e posteriormente
transferidas na sexta semana para alojamento em barracas com acesso a área externa (dados de Nielsen, 2004).
132 Capítulo 10
Terminarei este capítulo com alguns exemplos de testes comportamentais que têm sido
usados para distinguir entre comportamento inato e comportamento aprendido. Eles são,
descaradamente, todos do mundo do olfato e dizem respeito a roedores de laboratório. A
primeira é a resposta dos ratos ao cheiro de um predador na forma de fezes coletadas de
raposas criadas em criação. Quando os ratos são expostos ao odor de fezes de raposa,
apresentam um aumento no comportamento de congelamento, ou seja, imobilidade, muitas
vezes repentina, com orelhas levantadas e olhos abertos (Rampin et al., 2006).
Como os ratos utilizados nestes testes foram criados em laboratório, nunca tinham sido
expostos ao odor de raposa e qualquer resposta comportamental é, portanto, considerada
inata. Um composto (trimetiltiazolina ou TMT) foi encontrado nas fezes de raposa por Vernet-
Maury (1980), e ela o identificou como o odor que induzia respostas de medo em ratos. Desde
então, o TMT tem sido usado como proxy de odor de predador em muitos estudos (Rosen et
al., 2015). No entanto, numa análise recente, não conseguimos encontrar TMT nas fezes de
raposa e encorajámos outros a repetir esta análise utilizando métodos mais refinados
(Rampin et al., 2018). Outra resposta de odor potencialmente inata é encontrada em ratos
machos maduros, mas sexualmente ingênuos; isto é, sem experiência anterior de
comportamento de acasalamento. Eles mostram respostas sexuais aumentadas, na forma de
ereções penianas, quando expostos às fezes de uma rata em estro (ou seja, no cio), em
comparação com quando apresentados a um odor herbáceo neutro (Nielsen et al., 2016). Isto
indicaria que a resposta a este odor é inata, embora a experiência sexual subsequente
aumente significativamente a resposta ao odor de ratas receptivas, indicando um grau de
aprendizagem associativa, com os ratos machos tornando-se mais sensibilizados aos odores
de estro através da experiência.
Figura 10.4. Hora da(s) primeira(s) amamentação(ões) em filhotes de camundongos com 2 horas de
idade nascidos por cesariana. (a) Se os mamilos da mãe não fossem lavados, todos os filhotes mamariam em 1 min. (b)
No entanto, se os mamilos tivessem sido lavados, ou seja, todos os odores removidos, uma grande
proporção de filhotes (64%) não amamentava (DNS) dentro dos 15 minutos de duração do teste
(dados de Logan et al., 2012).
nascidos, eles responderam como os filhotes testados com líquido amniótico. Finalmente,
os pesquisadores alimentaram as mães grávidas com alimentos com sabor de alho ou
vanilina, e esses odores agora eram capazes de iniciar a sucção quando aplicados no mamilo.
Isto mostra-nos que, em circunstâncias normais, a sucção iniciada por um odor é algo que
o cachorro aprende no útero e não é uma resposta comportamental inata.
Observações Finais
Não é de surpreender que muitos dos comportamentos observados em animais sejam
hereditários. Afinal, é assim que a maioria das características são transmitidas de geração
em geração e é a base do processo de domesticação. O que é importante ter em mente ao
usar testes comportamentais em animais são as correlações que existem entre as
diferentes características, sejam elas comportamentais ou não. Podemos exacerbar
deliberadamente as diferenças entre grupos de animais nos seus comportamentos,
selecionando de forma divergente certas características comportamentais, muitas vezes
medidas através de testes de comportamento específicos. Isto pode permitir-nos estudar
mais detalhadamente as consequências destas diferenças, mas
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134 Capítulo 10
Deve-se sempre ter em mente que a simples medida utilizada para a seleção
pode trazer consigo outras características, às vezes indesejáveis.
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Minúsculas hastes de cobre se movem quando colocadas em uma placa que vibra
suavemente (Ravicious, 2017). Quando em baixas densidades, as hastes se movem
de forma aleatória, mas em altas densidades, elas parecem se mover de forma mais
organizada, produzindo “características de flocagem”. Como as barras de cobre
são objetos inanimados, sabemos que esses movimentos organizados não são intencionais por parte
No entanto, como podemos saber quando as alterações comportamentais
observadas têm origem no animal testado e quando são artefactos de factores
físicos externos? No Capítulo 2, o exemplo de ondulações de atividade claras e
rítmicas em grupos de pintinhos de um dia (Nielsen et al., 2008; Fig. 2.4) é uma
ilustração desse tipo de fenômeno enganoso. Os padrões de atividade não
poderiam ser atribuídos a um “zeitgeber” óbvio (um cronometrista; um sinal
externo que ocorre ritmicamente e que regula os padrões observados), como o
início dos ventiladores ou algo equivalente. Originalmente, pensamos que poderia
ser a prova de uma ritmicidade inata em pintinhos que desaparecia na ausência de
uma mãe galinha para mantê-los funcionando. Infelizmente, acabou sendo um
artefato de somar os estados binomiais de indivíduos sendo passivos ou ativos.
Isto dá origem a explosões aparentemente regulares de atividade do
138 Capítulo 11
todo o grupo, desde que a fase passiva seja mais longa que a fase ativa para cada indivíduo.
diferentes para identificar pássaros, onde Nancy Burley involuntariamente tornou alguns
pássaros machos mais atraentes para as fêmeas, já que estas preferiam algumas cores a
outras (Burley, 1988).
Algumas drogas podem tornar um animal letárgico, enquanto outras podem induzir
hiperatividade, e o animal pode, portanto, explorar a arena com maior ou menor eficiência. Se
letárgico, o animal pode passar algum tempo imóvel, o que não reflete sua capacidade
olfativa. Da mesma forma, se o animal for hiperativo, ele pode não estar simultaneamente
procurando petiscos em seu entorno. Em segundo lugar, outros fatores além da redução do
olfato podem afetar o tempo necessário para recuperar a recompensa alimentar. A motivação
alimentar pode variar e deve-se garantir que os animais testados estejam em níveis
semelhantes de saciedade quando testados. O
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140 Capítulo 11
142 Capítulo 11
foram instaladas 98 estações de iscas, nas quais um círculo (1 m de diâmetro) de solo plano foi pulverizado com
um dos quatro odores diferentes, incluindo urina de ursos e lobos, sendo a água usada como tratamento de
controle. Pedaços de maçã foram então espalhados sobre a área odorizada e pequenos recipientes abertos
contendo o odor foram empurrados para o chão para garantir uma perfusão contínua do cheiro. Após a
odorização e a isca, a primeira visita de um cervo a cada estação foi monitorada usando câmeras detectoras de
movimento gravando vídeos a 1 quadro/s. A Figura 11.3 mostra a porcentagem de cheiradas observada nessas
visitas e a proporção de pedaços de maçã comidos pelos cervos. É claro que a resposta do cervo ao odor do
lobo é maior do que aquela observada com água e urina de urso. Dois odores adicionais (colônia e gasolina)
foram testados, mas não produziram resultados diferentes daqueles obtidos com água e urina de urso, indicando
que não é a novidade do odor de lobo que dá origem ao comportamento observado. Uma explicação para a
resposta mais forte é que os lobos são uma ameaça mais perigosa do que os ursos negros para os cervos e,
apesar da longa ausência de lobos, o seu odor permaneceu inatamente indutor de medo para os cervos. Os
autores acrescentam que as diferentes respostas aos dois odores dos predadores não estão relacionadas com
o risco de encontro, uma vez que os lobos variam mais do que os ursos negros e, portanto, são menos
propensos a serem encontrados perto dos locais de micção.
Embora um pouco fora do assunto, tenho que apresentar uma tentativa de refazer um
famoso experimento realizado em 1937 por Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen, no qual
voaram diferentes silhuetas de papelão sobre grupos de aves jovens de várias espécies.
Uma silhueta lembrava um ganso quando voado com a protuberância longa para frente (Fig.
11.4a) e um falcão quando voado com a protuberância curta para frente (Fig. 11.4c). De
acordo com Schleidt et al. (2011), os dois grandes mestres da etologia diferiram na
interpretação dos resultados, com Tinbergen afirmando que as respostas de alarme foram
provocadas apenas quando a silhueta voava para se assemelhar a um falcão (pescoço
curto, cauda longa; Tinbergen, 1939). ), enquanto Lorenz (1939) concluiu que o formato da
silhueta não era importante, e a novidade e a velocidade foram os fatores que influenciaram
a resposta das aves. Schleidt (1961) fez uma reformulação do experimento em cinco perus
usando cinco formatos diferentes (Fig. 11.4a -e), todos com a mesma área de superfície e
voando na mesma velocidade e altura (2,3 m acima do curral). O tamanho da silhueta do
urubu voando a esta altura corresponde a um urubu real voando a 27 m de altura.
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144 Capítulo 11
indicam que Tinbergen estava certo, mas como a experiência inversa não foi realizada
(isto é, dez vezes um falcão com o ganso inserido aleatoriamente), os resultados não
conseguem diferenciar entre novidade e efeitos de forma. Portanto, a partir do dia 25,
outros formatos foram incluídos como ímpares durante as dez apresentações do formato
ganso. Os resultados indicam que Lorenz estava certo: é de facto a novidade da forma
que é importante para a resposta de alarme, e não o pescoço curto do objecto voador
(Schleidt et al., 2011).
Conforme afirmado no Capítulo 1, este livro não trata de estatística. Dito isto,
provavelmente nunca é demais lembrar a todos que, para que um teste comportamental
seja válido, o tamanho da amostra escolhido precisa ser apropriado para a pergunta
feita. Claramente, se a pergunta for “Os porcos podem aprender sapateado?”, e você for
capaz de ensinar um porco a fazê-lo, então uma amostra de um é suficiente.
Brincadeiras à parte, amostras surpreendentemente pequenas podem ser estatisticamente
válidas se o efeito do tratamento for grande e a variação entre os sujeitos do teste for
pequena. Em outras palavras, pequenos estudos só conseguem detectar grandes efeitos (Button et al., 2013).
Por outro lado, grandes estudos podem detectar efeitos bastante pequenos, alguns dos
quais podem não ser biologicamente relevantes. O verdadeiro tamanho do efeito é difícil
de estimar antecipadamente, mas devemos sempre procurar um tamanho de amostra
que seja previsto para garantir uma comparação estatisticamente válida, sem testar mais
animais do que o necessário. O poder estatístico de um teste é a probabilidade de que ele seja corretamente
rejeitar a hipótese nula (ou seja, quando a hipótese nula é falsa). Projetos experimentais
inteligentes podem evitar muita dor de cabeça ao interpretar os resultados. O uso de um
quadrado latino, por exemplo, pode permitir que você ajuste as diferenças de linha de
base entre os animais de teste, bem como as diferenças
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146 Capítulo 11
entre os dias de teste. Para números pares de tratamentos, pode valer a pena
considerar a solução de Bradley para equilibrar os efeitos sequenciais (Bradley,
1958; Fig. 11.5). Isto pode evitar efeitos de transmissão sistemáticos, se os
tratamentos forem suscetíveis de afetar uns aos outros ao longo do tempo.
Garamszegi (2016) fornece um guia estatístico para quando o tamanho da amostra é limitado ou distor
Um dos factores que utilizamos para escolher, digamos, uma determinada
estirpe de ratos para testes em laboratório são as suas características
comportamentais, uma vez que se sabe que diferentes estirpes diferem no seu tipo
e nível de actividade. Crabbe et al. (1999) testaram grupos de oito linhagens
diferentes de camundongos sob circunstâncias quase idênticas em uma bateria
de testes comportamentais realizados em três laboratórios diferentes ao mesmo
tempo. Os resultados da atividade no teste de campo aberto para quatro das cepas
são mostrados na Figura 11.6. Como esperado, as diferenças entre as cepas são
claramente visíveis, mas tanto os resultados absolutos quanto os relativos variam
entre os laboratórios. Os autores pedem prudência ao interpretar comportamentos
que pouco diferem, como é frequentemente o caso quando se utilizam linhas
genéticas de roedores, já que os resultados observados podem não ser os mesmos
de um laboratório para outro. Exatamente por esta razão, alguns autores sugerem
aumentar a heterogeneidade dos grupos de tratamento para garantir que os
resultados sejam reprodutíveis em laboratórios e situações, e não válidos apenas para cenários muito
Muitos testes comportamentais ainda exigem que os cenários de teste
gravados ou ao vivo sejam transformados em dados analisáveis por observação.
Embora alguns possam ser registados automaticamente (ver Capítulo 13), muitos
ainda dependem do trabalho humano. As gravações de vídeo exigem muito trabalho
para serem transcritas, e muitas pessoas estão frequentemente envolvidas na
observação de vídeos de testes e no registro de dados do mesmo experimento.
Para garantir que quaisquer dois observadores pontuam o comportamento da
mesma maneira, ambos precisam pontuar o mesmo subconjunto dos vídeos de
teste, permitindo-nos assim calcular o grau de concordância numa escala de zero
a perfeito (por exemplo, um coeficiente Kappa de Cohen ). Isto também pode – e
deve – ser usado para verificar a variação intra-observador, especialmente quando
muitas gravações de vídeo estão sendo assistidas durante um longo período pela
mesma pessoa. Com o passar do tempo, podemos mudar gradual e inadvertidamente a forma como av
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Figura 11.6. Atividade num teste de campo aberto de 15 min de quatro cepas diferentes de
camundongos testadas em três laboratórios diferentes sob condições experimentais quase
idênticas (adaptado de Crabbe et al., 1999).
os vídeos não devem ser observados em ordem cronológica (nem por horas a
fio! Se você é técnico ou estudante observando vídeos, mostre esta página
para seu chefe ou supervisor).
148 Capítulo 11
Figura 11.7. Testando novamente animais em testes comportamentais: (a) atividade dos
mesmos ratos em dois testes de campo aberto realizados com 17 dias de intervalo (dados
de Bombail et al., 2018); (b) imobilidade de camundongos em um teste de natação forçada
para a primeira e quinta exposição ao teste (dados de Kazavchinsky et al., 2019). Em
ambos os gráficos, cada ponto é um animal, a linha preta tracejada indica equivalência
entre os dois testes (y = x) e a linha sólida é a linha de regressão de melhor ajuste dos dados.
Homens vs Mulheres
Um fator importante a considerar nos testes comportamentais é como levar em
consideração o sexo do animal. Claramente, há necessidade de utilizar apenas
machos para alguns testes e observações, como estudos de agressão em touros
alojados em grupos, tal como são necessárias fêmeas maduras para estudar o
comportamento maternal em qualquer espécie. No entanto, para muitos testes
comportamentais, o sexo não é um fator de influência. No entanto, as mulheres são frequentemente ex
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para mostrar mais variação individual do que os homens devido a flutuações hormonais.
Mas os homens também têm hormônios. Num artigo recente na revista Science, Rebecca
Shansky (2019) observa (e lamenta) que as diferenças hormonais em roedores machos
decorrentes de diferentes posições na hierarquia de dominância de machos alojados em
grupo são tratadas como variação aleatória e na maioria das vezes não são consideradas
no estudo. experimental, enquanto as fêmeas são frequentemente excluídas do estudo
com base no fato de terem um ciclo estral. Metanálises de 293 artigos sobre camundongos
(Prendergast et al., 2014) e 6.000 pontos de dados de ratos (Becker et al., 2016) não
encontraram diferenças na variabilidade entre machos e fêmeas. Shansky (2019) leva o
argumento mais longe porque não apenas as mulheres são predominantemente excluídas
da neurociência e da pesquisa biomédica, mas quando são testadas , é em grande parte
depois de um efeito ter sido encontrado nos homens, tratando assim o cérebro masculino
e a biologia como o padrão do qual as mulheres podem ou não se desviar.
Não é que não existam diferenças comportamentais entre os sexos. Eles fazem.
Descobriu-se que cabritos machos apresentam melhor desempenho do que fêmeas em
diferentes estágios de um teste de permanência de objeto (Vas et al., 2019). Estudando
ratos idosos (1 ano de idade), Domonkos et al. (2017) encontraram comportamento menos
ansioso apresentado por mulheres em uma série de testes comportamentais, incluindo o
campo aberto e o labirinto em cruz elevado. Booher et al. (2019) queriam ver se o acesso ao
exercício na forma de uma roda de corrida reduziria o consumo voluntário de álcool em
ratos. Quando os autores verificaram as diferenças basais entre machos e fêmeas da cepa
investigada (129/SvEvTac) para essas duas variáveis, descobriram que camundongos
fêmeas consumiam mais álcool e corriam mais longe do que seus co-específicos machos,
levando a resultados diferentes para os dois sexos ( Figura 11.8).
Em testes de evitação passiva (ver Capítulo 9), as ratas têm muito mais probabilidade
de reentrar na caixa onde receberam anteriormente um choque elétrico do que os ratos
machos, mesmo quando a intensidade do choque foi alta (Van Oyen et al., 1979).
Originalmente, pensava-se que isso era causado pelo fato de as mulheres serem menos
capazes de lembrar que haviam recebido o choque. Contudo, ao oferecer aos ratos três
opções em vez de duas, descobriu-se que este não era o caso (van Haaren e van de Poll,
1984). Quando os ratos tiveram que escolher entre permanecer no compartimento claro ou
entrar em qualquer um dos dois compartimentos escuros, em um dos quais o rato já havia
recebido choque, machos e fêmeas diferiram em suas respostas. Quase metade dos ratos
machos testados (8 de 17; 47%) permaneceram no compartimento claro, apesar de ter sido
oferecido um compartimento escuro alternativo onde nenhum choque havia sido
experimentado, que foi a escolha dos outros nove machos. Em contrapartida, apenas 2 das
17 fêmeas (12%) não saíram do compartimento claro, e das 15 que entraram no compartimento
escuro, apenas um rato escolheu aquele em que havia recebido o choque anteriormente.
Os autores concluem que as ratas parecem achar o compartimento de luz mais aversivo do
que os ratos machos.
150 Capítulo 11
testes de alimentação pela simples razão de que são menos propensos do que
as fêmeas a fazer xixi no comedouro. Também é importante notar que as palavras gênero
e sexo costumava ser intercambiável. No entanto, o primeiro está agora
associado à identidade (humana), e o género não deve mais ser aplicado às
diferenças biológicas sexuais observadas nos animais, inclusive quando se
refere a machos castrados, como novilhos e castrados (touros castrados e
garanhões, respectivamente). ).
Observações Finais
Este capítulo descreve apenas alguns fatores a serem considerados ao
planejar e executar testes comportamentais para fins científicos. Rapidamente
fica claro que o planeamento experimental é fundamental para um resultado
bem sucedido, quer envolva testes simples de escolha ou treino intensivo
durante longos períodos. Alguns dos exemplos que faltam aqui estão
espalhados nos capítulos anteriores. Nos dois capítulos finais deste livro,
tentarei abordar questões relacionadas a considerações éticas, bem como
aos avanços tecnológicos atuais e futuros no campo dos testes de comportamento animal.
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Referências
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152 Capítulo 11
Legislação, Diretrizes e
12
Considerações éticas
Legislação e Diretrizes
Na Europa, todo o uso de animais para fins científicos e educacionais está sujeito
à Diretiva da UE (2010). Este documento estipula regras e limites para experiências
realizadas em animais vertebrados não humanos e cefalópodes (por exemplo,
polvos, lulas e chocos). Abrange também formas fetais de mamíferos no último
trimestre de desenvolvimento normal, mas não inclui aves ainda no ovo. Uma
declaração no preâmbulo (secção 10) declara que «a presente directiva representa
um passo importante para alcançar o objectivo final de substituição total dos
procedimentos em directo
animais para fins científicos e educacionais assim que for cientificamente possível fazê-
lo' (Diretiva da UE, 2010, p. 34). Isto pode ser uma surpresa para muitos cientistas
animais europeus, e não consigo ver como podemos investigar certos aspectos do
comportamento animal relevantes para o bem-estar de uma determinada espécie sem
perguntar ao animal através de testes comportamentais. O objetivo desta declaração é,
obviamente, acelerar a substituição de animais na neurociência e na pesquisa
farmacológica, onde os procedimentos podem causar desconforto, danos e dor. Na
verdade, a Diretiva da UE abrange a substituição, redução e refinamento do uso de
animais em procedimentos, também conhecidos como os 3Rs e originalmente
desenvolvidos tendo em mente os humanos por Russell e Burch (1959). A redução refere-
se à diminuição do número de animais, de forma a obter a mesma informação a partir
de menos animais, e utilizando apenas o mínimo necessário para obter resultados
estatisticamente significativos. O refinamento aplica-se tanto à criação como aos
procedimentos utilizados na ciência animal para aliviar ou minimizar potenciais dores,
sofrimentos e angústias. Uma excelente fonte de orientações, informações e demonstração
dos 3Rs em princípio e na prática é o Centro Nacional para a Substituição, Refinamento
e Redução de Animais em Pesquisa ( www. nc3rs. org. uk).
156 Capítulo 12
Tabela 12.1. Resumo das regulamentações, guias e órgãos de fiscalização para o uso de
animais em pesquisas nos EUA. Os acrônimos usados são explicados em outras partes da
tabela.
Órgão de regulação
e fiscalização Pequena descrição
Lei de Bem-Estar Animal Protege todos os animais de sangue quente, exceto ratos,
(AWA) camundongos, aves criadas para pesquisa, animais de fazenda
usados para alimentação ou fibras (peles, peles, etc.), espécies de
sangue frio (anfíbios e répteis), cavalos não usados para fins de
pesquisa, peixes e invertebrados (crustáceos, insetos, etc.)
Estão incluídos zoológicos, circos, laboratórios de pesquisa,
hospitais, empresas, agências federais, revendedores, criadores, etc.
Animal Institucional Um comitê, organizado em cada centro de pesquisa sujeito à
Cuidado e uso acreditação AWA, PHS Policy ou AAALAC, que deve revisar e aprovar
Comitê (IACUC) ou rejeitar todos os protocolos animais propostos
Considerações éticas
já os estímulos aversivos são simplesmente aqueles que o animal deseja evitar, como um
cheiro desagradável. O reforço positivo, onde o animal é recompensado por mostrar o
comportamento desejado, deve ser utilizado tanto quanto possível. Das quatro categorias
apresentadas na Figura 8.1, aquelas que envolvem estímulos atraentes devem ser preferidas,
mesmo quando isso envolve remover ou reter a recompensa, como é o caso da punição
negativa (subtração). Lembre-se de que o reforço negativo ocorre quando um estímulo
aversivo é removido assim que o comportamento desejado é demonstrado. Este método
muitas vezes resulta em aprendizagem rápida, desde que o estímulo aversivo não seja muito
severo, e pode ser empregado em conjunto com o reforço positivo para melhorar a eficiência
deste último. Um exemplo disso é a pressão suave e gradualmente crescente colocada no
flanco de um cavalo para fazê-lo se mover, com a pressão completamente removida assim
que o cavalo dá um passo para o lado, levando a cada vez menos força necessária para
fazer isso. acontecer (Fig. 8.2). O método de treino a evitar é o castigo positivo (adição),
onde um estímulo aversivo é aplicado para reduzir a frequência de um comportamento. Para
que isto seja eficaz, o estímulo aversivo deve ser moderado a grave. Infelizmente, isto muitas
vezes envolve a aplicação de choques eléctricos, que são altamente aversivos para a maioria
dos animais, incluindo os humanos. A aplicação desta punição precisa depender
imediatamente do comportamento demonstrado, como quando o gado toca uma cerca
elétrica. Como os animais geralmente aprendem com um único choque a não tocar
novamente na cerca, este é um dos casos especiais em que a punição positiva pode ser
justificadamente usada. No entanto, este não é o caso quando coleiras de choque são
usadas para treinar cães ou como cercas virtuais (ver Capítulo 8 para uma discussão sobre
o impacto negativo destas coleiras no bem-estar).
Existem testes que, na minha opinião, não deveriam ser utilizados, dados os
nossos conhecimentos actuais sobre o bem-estar dos animais e a disponibilidade
de alternativas. Um desses testes é o teste de conflito de Vogel, que é um teste
de ansiedade que envolve a aplicação de choques elétricos quando o animal tenta se alimentar ou be
Obviamente, isto reduz o comportamento de alimentação e bebida do animal,
enquanto a administração de medicamentos ansiolíticos pode fazer com que o
animal se aproxime do comedouro e bebedouro, embora ainda receba choques.
Ao pesquisar no Web of Science, fiquei um tanto desapontado ao descobrir que
mais de sete publicações por ano têm usado esse método nos últimos 25 anos.
O teste de Geller Seifter é uma variação um pouco mais branda do mesmo
conceito, pois o animal pode optar por se alimentar (embora com pouca
frequência) sem levar choque.
No Capítulo 5, foram dados exemplos de testes em que a disposição do
animal em pagar por um determinado recurso foi avaliada aumentando o número
de pressões necessárias na alavanca ou aumentando o peso da porta a ser aberta
para obter acesso. Walker e Mason (2018) sugeriram recentemente que redes
levemente eletrificadas poderiam ser usadas para impor um custo ao acesso a
recursos em ratos. Os autores observam que desde que a intensidade da corrente
seja baixa (ÿ0,6 mA no seu exemplo) e o rato tenha acesso a todos os recursos
necessários (água, comida, cama e material de nidificação) em ambos os lados do
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158 Capítulo 12
grade, a configuração não força o animal a cruzar a grade. Walker e Mason (2018) argumentam
que o uso de choques elétricos leves dessa maneira pode ser usado para estimar a
motivação dos ratos para obter acesso ao enriquecimento.
Alguns testes incluem privação de ração ou água antes do teste, a fim de motivar o
animal a obter ração ou água como recompensa por respostas comportamentais corretas
(ver Capítulos 5 e 8). Esforços são feitos para melhorar as condições de teste para garantir
um melhor bem-estar animal. Um desses desenvolvimentos é a utilização de recompensas
de água para treinar ratos, mas sem restringir o acesso à água. Reinagel (2018) descobriu
que acidificando levemente a fonte de água ad libitum no cercado doméstico adicionando
2% de ácido cítrico, os ratos ainda realizariam testes para obter água pura, mas sem serem
privados de água para fazê-lo. Os ratos realizaram ensaios a um nível de 74% daqueles
realizados quando toda a água tinha que ser obtida desta forma. Deve-se notar que este
estudo foi realizado com ratos fêmeas, o que é uma boa ruptura com a norma de preferência
por cobaias do sexo masculino.
Figura 12.1. Perda de peso corporal em ratos Wistar fêmeas e machos em função
da duração da restrição alimentar. As alterações na maioria dos constituintes do sangue
são evidentes e estabilizadas às 16 horas de jejum (dados de Kale et al., 2009).
160 Capítulo 12
O bem-estar de um animal é o estado mental e físico positivo ligado à satisfação das suas
necessidades fisiológicas e comportamentais, bem como às suas expectativas. Esse estado
varia de acordo com a percepção da situação pelo animal.
Foi alvo de alguma controvérsia em França quando foi publicado pela primeira
vez, principalmente devido às dificuldades de aplicação na prática. No entanto,
o que mais me agrada é que não combina apenas as dimensões fisiológicas e
psicológicas do bem-estar, mas também inclui o aspecto dinâmico do tempo,
bem como as expectativas do animal. Para mim, isto resume a noção de que o
bem-estar animal não é um estado estático e difere entre os indivíduos,
dependendo das suas experiências, e dentro dos indivíduos, dependendo da situação prevalecent
Alojar um grupo de porcos com comida e água ad libitum, numa temperatura
ambiente adequada, pode ser suficiente a curto prazo, mas se esta situação
nunca mudar, estes animais (que passarão a maior parte do seu tempo a
forragear e a explorar quando mantidos em condições de vida livre)
provavelmente não terão estimulação ambiental, levando a um risco aumentado
de desenvolvimento de comportamento de morder as orelhas e a cauda. Assim,
mesmo que a definição acima pareça mais complicada do que algumas outras
definições de bem-estar animal, faz-nos lembrar as muitas facetas abrangidas
pelo conceito de bem-estar animal: estado mental e físico, experiência do
animal e mudanças ao longo do tempo.
Quanto mais incluímos os sentimentos ou o estado emocional do animal
na nossa definição de bem-estar, mais importante se torna saber o que
queremos dizer com estes diferentes conceitos. Uma grande discussão sobre
isso pode ser encontrada em um artigo recente de Webb et al. (2019), que ousam perguntar ‘O que
Os autores incluem uma figura, cuja versão é reproduzida na Fig. 12.2, que é
intuitivamente muito clara, mostrando de uma forma bonita a relação entre os
termos emoção, humor e estado afetivo.
É relativamente comum encontrar artigos de jornais ou blogs que falam sobre bem-estar
animal e ética animal como se fossem conceitos intercambiáveis. Eles não são. Muitas
pessoas têm dificuldade em identificar as diferenças e, como o bem-estar e a ética estão
interligados, não é surpreendente ver a confusão entre os dois. A ética animal são princípios
morais que governam o comportamento humano. A ciência do bem-estar animal é o estudo
de como os animais se saem, quer como consequência da sua composição genética, sob
diferentes sistemas de alojamento e gestão ou em situações específicas, de modo a avaliá-
las objectivamente, com base no seu impacto no bem-estar dos animais. -mals. A ética animal
deveria ser (mas nem sempre) baseada na ciência do bem-estar animal. Para dar um exemplo
da diferença entre a ética animal e o bem-estar animal: um rato submetido a um protocolo de
stress crónico, intermitente e imprevisível, conforme descrito anteriormente, terá o seu bem-
estar severa e negativamente impactado. Alguns podem argumentar que a aplicação deste
tratamento pode ser justificada pelo objetivo, que é desenvolver tratamentos eficazes para o
stress e a ansiedade em humanos. Este último é o julgamento ético que precisamos fazer
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162 Capítulo 12
Observações Finais
É importante ter em mente que os cientistas estão sujeitos a regulamentações rígidas em
termos do que podem fazer aos animais. A Diretiva da UE (2010), por exemplo, tem padrões
detalhados para o alojamento e manejo de uma grande variedade de espécies, incluindo não
apenas camundongos, ratos, coelhos, gatos e cães, mas também furões, animais de fazenda,
pássaros, anfíbios, répteis e peixes. Existem restrições especiais de utilização para primatas
não humanos, como saguis, macacos e babuínos. Experimentos utilizando modelos animais
precisam seguir protocolos científicos que estejam de acordo com a legislação vigente sobre
o uso de animais para fins científicos e que tenham sido aprovados por comitês de ética.
Assim, alguns dos estudos encontrados na literatura mais antiga não seriam permitidos
hoje, incluindo a criação de gatinhos no escuro para investigar ligações
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Metodologias Futuras e 13
Avanços tecnológicos
Quando fiz meu doutorado, no início da década de 1990, a tecnologia usada para
registrar o comportamento animal ainda estava em sua infância e se limitava
principalmente à instalação de câmeras de vídeo acima do cercado ou da arena de
testes. Naquela época, cada câmera era do tamanho de uma caixa de sapatos e
precisava de algum tipo de revestimento para ser usada em um ambiente úmido ou
empoeirado, como uma fazenda. Avançando até hoje, onde, com o advento dos
smartphones e dos rastreadores de fitness, qualquer pessoa pode registrar dados
sobre movimentos, posições e velocidade de maneira rápida e fácil. As câmeras de
vídeo na forma de webcams são pequenas, robustas e facilmente montadas em
praticamente qualquer lugar, muitas vezes com grande capacidade de
armazenamento de dados. Na verdade, as imagens das câmeras são antiquadas,
em comparação com os dispositivos de rastreamento automático disponíveis no
mercado hoje. Muitos dos avanços tecnológicos foram impulsionados por outras
áreas da vida, como o desporto profissional, onde nenhuma partida de futebol está completa sem as es
Esses dados podem ser coletados a partir de registradores costurados nas roupas
ou nos sapatos dos jogadores, mas também é usado o rastreamento automático de
vídeo em tempo real. A identificação de indivíduos humanos agora pode ser feita
passando a mão uma vez sobre um sensor que escaneia seus dedos e verifica
imagens pré-registradas de suas impressões digitais (MorphoWave Compact; Idemia. com).
Quando se trata de rastrear animais, somos limitados pelo tamanho do animal
em termos do tipo de dispositivo de rastreamento que podemos usar. Para animais
de grande porte em ambiente aberto ou externo, é possível a utilização de
equipamentos Bluetooth e de sistema de posicionamento global (GPS), pois a
unidade de coleta de dados pode ser fixada na coleira ou perna do animal sem
afetar os movimentos do animal monitorado. . Exemplos destes são os
acelerômetros, onde qualquer mudança na velocidade em todas as três dimensões
é registrada. O padrão de dados resultante pode ser usado para decifrar diferentes
elementos comportamentais, como caminhar, descansar e alimentar-se (por
exemplo, Graf et al., 2015; Zobel et al., 2015). É interessante notar que embora os
acelerômetros possam nos dar acesso rápido e automático a este tipo de dados, a
mesma informação já pode ser obtida há muito tempo. Um exemplo disso é o
168 Capítulo 13
é mais rápido do que qualquer livro publicado sobre o assunto pode acompanhar.
Por esta razão, duas outras questões vêm à mente, que talvez seja mais importante
mencionar aqui do que a minha tentativa de adivinhar qual será o próximo avanço
no equipamento de rastreamento automático. A primeira questão é que ainda
podemos conseguir muito, mesmo com medidas simples e equipamentos baratos.
Isto é importante principalmente para as universidades do mundo em
desenvolvimento, onde pode faltar financiamento para estudar o comportamento
animal. As observações diretas de um animal numa arena de teste são geralmente
baratas de realizar, mas têm as suas limitações em termos de falta de rastreabilidade
dos dados e dificuldades na verificação das diferenças entre os observadores. No
entanto, com a gravação de vídeo disponível em qualquer smartphone e com os
computadores e a Internet mais facilmente acessíveis, tipos simples de rastreamento podem agora ser
Um exemplo disto é um método utilizado para quantificar a forma como um
animal se move numa situação de teste (Meunier e Nielsen, 2014). Usando um
marcador permanente, desenhamos um ponto preto na cabeça e nas costas de um
animal, neste exemplo um filhote de rato (Fig. 13.3a). Isso permitiu que esses
pontos fossem rastreados de forma independente, usando um programa de
rastreamento disponível gratuitamente ( www.kinovea.org). Os dados resultantes,
que consistem nas coordenadas x e y para cada ponto preto em cada quadro de
vídeo (a 15 quadros/s), poderiam então ser usados para calcular a direção para a
qual o animal estava voltado/se movendo em um determinado momento. Isso foi
feito desenhando uma seta virtual (um vetor) entre os pontos pretos e a direção desta seta em relação
170 Capítulo 13
a arena de teste poderia então ser determinada para todos os pontos de tempo. Figura 13.3b
mostra a posição da cabeça do filhote com um ponto para cada quadro de vídeo, e a cor do
ponto indicando o ângulo entre a direção real do movimento e a linha direta até o gol, neste
caso o odor da mãe do filhote de rato testado. Embora isto possa parecer complicado, os
cálculos são relativamente simples e o equipamento utilizado é barato ou mesmo gratuito.
Tal como acontece com todo o freeware, é importante que os investigadores capazes de
contribuir financeiramente para a manutenção destes sites se lembrem de o fazer, permitindo
assim que grupos de investigação menos abastados tenham acesso a ferramentas valiosas.
Assim, a primeira questão foi avaliar o que ainda pode ser alcançado por meios
simples. A segunda questão que gostaria de levantar é lembrar que seus dados são
sempre tão bons quanto o seu protocolo experimental permite. Em outras palavras,
você pode ter o equipamento mais avançado com medições precisas disponíveis em
altas frequências, mas se o seu plano experimental básico for inadequado ou mesmo
falho, esses dados não contribuirão para responder à sua questão de pesquisa. Sim,
sei que isto é senso comum e é algo de que todos os investigadores estão ou deveriam
estar cientes, mas também penso que todos nós nos deparámos com colegas cegos
pelo brilho da sua mais recente máquina, que propuseram ou mesmo realizaram testes
que são estatisticamente fraco e, conseqüentemente, impublicável. Talvez esta
segunda questão esteja ligada à primeira, na medida em que a utilização de
configurações experimentais mais simples facilita muitas vezes a interpretação dos
dados, porque somos forçados a reduzir o protocolo aos seus componentes mínimos.
Infelizmente, por vezes tentamos concentrar demasiado num único ensaio, numa
tentativa de optimizar a utilização dos nossos animais e as nossas despesas, mas
muitas vezes com um custo pago em termos de clareza e, por vezes, até de validade
dos resultados.
Observações Finais
Talvez eu deva começar este parágrafo final pedindo desculpas àqueles que esperavam
que este capítulo descrevesse todas as fantásticas soluções futurísticas que se
tornaram disponíveis para obter respostas dos animais sob nossos cuidados.
Obviamente, a medição do comportamento animal na natureza, bem como em situações
de teste, percorreu um longo caminho nas últimas décadas, e só posso antecipar que
os rápidos avanços da tecnologia noutros campos, como a ciência do desporto,
também serão benéficos para os animais que estudamos. Enquanto preparo o
manuscrito deste livro para enviar à editora, novos resultados e artigos interessantes continuam aparecend
Não poderei, portanto, incluir testes que demonstrem a capacidade das cabras de
reconhecer emoções nos cantos de membros da mesma espécie (Baciadonna et al.,
2019), ou insistir na descoberta de que as galinhas poedeiras que não utilizam a área
de pastagem ao ar livre parecem muito ser mais vigilantes do que galinhas mais
extrovertidas (Campbell et al., 2019). Outras publicações relevantes foram, sem
dúvida, negligenciadas e peço desculpas por quaisquer omissões importantes.
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Também aproveitarei esta oportunidade para agradecer por ter me acompanhado até aqui.
Você pode ter lido apenas este último capítulo, mas mesmo assim espero que algumas
das mensagens contidas neste livro tenham despertado seu interesse, tanto em termos
de comportamento animal quanto dos métodos usados para fazer perguntas aos animais.
Como sempre, muitas questões permanecem sem solução, mas o campo da ciência
aplicada do comportamento animal está em rápido desenvolvimento. Com maior foco no
bem-estar animal na sociedade em geral, incluindo entre agricultores, consumidores,
empresas farmacêuticas, gestores da vida selvagem e políticos, a nossa capacidade de
fazer aos animais as perguntas certas está a tornar-se cada vez mais importante. Isto,
claro, exige que obtenhamos as respostas correctas – mesmo que por vezes não sejam
as que esperamos ou queremos – e que utilizemos adequadamente os recursos que
temos à nossa disposição num mundo de expansão humana e de alterações climáticas. Fim da palestra. Fim d
Referências
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Índice
173
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174 Índice
chimpanzés de aves 75
Índice 175
158 teste de natação forçada 23, 25, 86–87, 87– modelos animais 36, 130, 161–
88, 148, 162
162 raposas (criadas para domesticação) 129 –130 detecção de odor 73–75
176 Índice
em cães 73–75 em
humanos 73 em
animais de teste machos vs fêmeas 148–150 roedores 70–71, 73 resposta
comportamento materno
a odores de predadores 132,
porcos 7, 37 142
ratos 126–127 estro 11
labirintos 37, 52 animais mais velhos 78–
Labirinto aquático de Morris 79–
80 teste em campo aberto
81 memória 24, 112–117 30–32 novo teste
metamemória 113 ratos 148 isolamento social em porcos 25–
26 variação em camundongos 125–126, 146
ansiedade (teste EPM) 37 condicionamento operante 57-61, 94
grades eletrificadas 157–158 veja também reforço
teste de natação forçada
148 hierarquia
42 alojamento 9, teste de evitação passiva 116, 149
141 discriminação de odores 70–71 detectores infravermelhos passivos (PIDs) 12
diferenças de sexo 149 Condicionamento pavloviano 53 testes
diferenças de tensão 125–126, 146 de personalidade 29–45 animais
sucção de uma resposta aprendida 132–133 de
teste de suspensão da cauda 87 estimação 90 veja também gatos; cães
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Índice 177
ratos veem
100–101
tamanho da amostra
145 senescência 78–80
178 Índice
agressão 36–37
gravação de vídeo dos testes 30,
construção de ninho 7
146–147, 166
estro 11
Conflito de Vogel testa 157
veja também
estimativa de volume 67–69
porcos memória espacial 112
padronização de testes 30, 162 teste de susto 34–
36 estatísticas 3–4, 145–
privação de água 158 peso,
146 estresse
pré-teste 145 bem-estar
ver bem-estar animal
causando alterações epigenéticas 127 Corredor de Whishaw 80
indução experimental 159 em porcos animais
25–26, 140–141 em roedores selvagens tornando-se mais noturnos
80–81, 86–87
16 treinamento com clicker
102–103 experiência
84 odores de predador 142
Labirintos em
treinamento 95, 102–103
T 52 teste de suspensão da
teste de resposta de retirada (teste de
cauda 87 tamanho/composição do grupo
abordagem humana) 36–37, 115–116
de teste
memória de trabalho (curto prazo) 112–114
29, 145–146 tigmotaxia 30–
31, 80 orçamentos de
tempo 8–10 atividades específicas de tempo 11–12 Labirintos em Y 52
PERGUNTAR A ANIMAIS
UMA INTRODUÇÃO AOS TESTE DE COMPORTAMENTO ANIMAL
Birte L. Nielsen
Instigante, mas prático, este texto fornece uma introdução ao uso de testes
de comportamento aplicados a animais.
Ao incluir exemplos ilustrativos de uma variedade de espécies, o livro inspira
o cientista animal a pensar sobre para que um determinado teste
comportamental pode ser usado e como os resultados podem ser
interpretados.
O livro inclui:
Este livro fornece uma base essencial para iniciar e elaborar qualquer teste
de comportamento animal. É valioso para estudantes, pesquisadores
estabelecidos, professores e profissionais de etologia aplicada, ciências do
bem-estar animal e ciências veterinárias.