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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO
TRABALHO

IASMIN CRISTINA SILVA

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA ADOTADOS PARA A ATIVIDADE DE


PAVIMENTAÇÃO

CURITIBA
2022
IASMIN CRISTINA SILVA

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA ADOTADOS PARA A ATIVIDADE DE


PAVIMENTAÇÃO

Trabalho de conclusão de curso de Especialização


apresentado como requisito para obtenção do título
de Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR).

Orientador(a): Prof. Dr. Ariel Orlei Michaloski

CURITIBA
2022
IASMIN CRISTINA SILVA

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA ADOTADO PARA ATIVIDADE DE


PAVIMENTAÇÃO

Monografia defendida e aprovada em 03.06.2022 como requisito parcial para


obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR,
pela comissão formada pelos professores:

Orientador:

Prof. Dr. Ariel Orlei Michaloski,


Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Campus Curitiba.

Banca:

Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai,


Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Campus Curitiba.

Prof. Dr. Adalberto Matoski,


Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Campus Curitiba.

Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara,


Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Campus Curitiba.

Curitiba
2022

“O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”.


Dedico este trabalho à Deus, pelos planos que tem
se mostrado em minha jornada.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Ariel Orlei Michaloski, pela sabedoria
com a qual me guiou nesta trajetória.
Aos demais professores que com suas aulas me proporcionaram o
embasamento técnico para que eu pudesse aplicar ao trabalho.
À secretária do curso Izabel, pelo carinho e dedicação que teve com toda
turma, durante o ano letivo.
Gostaria de deixar registrado também, o meu reconhecimento a empresa
que permitiu que eu acompanhasse seu processo de trabalho e me cedeu todas as
informações necessárias para que este projeto se concretizasse.
Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta
pesquisa.
Investir em conhecimento rende sempre os
melhores juros.(FRANKLIN, BENJAMIN).
RESUMO

SILVA, Iasmin Cristina. Procedimentos de segurança adotados para a atividade


de pavimentação. 2022. 51 f. Monografia (Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba,
2022.

A indústria da construção gerou R$ 288,0 bilhões no ano de 2019, no entanto, é uma


das atividades que apresenta o maior índice de afastamento por acidente ou doença
do trabalho. As normas de segurança - NR propõem para as empresas o mínimo de
procedimentos necessários para manter os trabalhadores protegidos. Surgindo o
desafio para o profissional de segurança de comprovar o efeito benéfico da adoção
de uma cultura de segurança mais efetiva pela empresa. Com isso o objetivo deste
trabalho consiste em demonstrar, para a diretoria de uma empresa de manutenção
de rodovias, através do indicador gerencial de Retorno sobre Investimento (Return
On Investiment – ROI), mediante um comparativo entre os valores pagos em ações
trabalhistas, no ano de 2021, e os custos definidos através de orçamentos, para
implantação de procedimentos de segurança adotados para atividade de
pavimentação.

Palavras-chave: Procedimento de segurança; NR; Return On Investiment; Cultura de


segurança.
ABSTRACT

SILVA, Iasmin Cristina. Safety procedures adopteds for paving activity. 2022. 51
f. Monografia (Specialization in Occupational Safety Engineering) – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2022.

The industry of the construction generated BRL 288,0 billion in 2019, however, it is
one of the activities that has the highest rate of leave due to accident or illness at
work. The security standards - NR proposes for the company’s the minimum of
procedures necessary to keep workers protected. Emerging for the security
professional to prove the beneficial effect of adopting a more effective security
culture by the company. Thus, the objective of this work is to demonstrate, to the
board of a road maintenance company, through the management indicator of Return
on Investment (ROI), through a comparison between the amounts paid in labor
lawsuits, in the year 2021, and the costs defined through budgets, for the
implementation of safety procedures adopted for the paving activity.

Keywords: Security procedure, NR, Return On Investiment, safety culture


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Pavimento Rígido .................................................................................... 17


Figura 2: Pavimento Flexível .................................................................................. 18
Figura 3: Gestão de Riscos .................................................................................... 21
Figura 4: Estrutura da CIPA.................................................................................... 23
Figura 5: Modelo de APR ........................................................................................ 24
Figura 6: Procedimento de segurança GHE 01..................................................... 34
Figura 7: Procedimento de segurança GHE 02..................................................... 35
Figura 8: Procedimento de segurança para empresa .......................................... 35
ILUSTRAÇÕES

Quadro 1: Acidentes de trabalho no setor da construção, Brasil....................... 26


Quadro 2: Grupo homogêneo de exposição ......................................................... 29
Quadro 3: Custo implantação procedimento de segurança com Técnico CLT . 36
Quadro 5: Custo Implantação procedimento de segurança c/ assessoria em
SST ........................................................................................................................... 36
Quadro 6: Custo com ações trabalhistas no ano de 2021 ................................... 37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


APR Análise Preliminar de Risco
CCT Convenção Coletiva de Trabalho
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE Código Nacional de Atividades Econômicas
CTPP Comissão Tripartite Paritária Permanente
DDS Diálogo Diário de Segurança
GHE Grupo Homogêneo de Exposição
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LTCAT Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
NBR Normas Brasileiras
NR Normas Regulamentadoras
OIT Organização Internacional do Trabalho
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series
PCA Programa de Conservação Auditiva
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PGR Programa de Gerenciamento de Riscos
PIB Produto Interno Bruto
PPR Programa de Proteção Respiratória
PPT Permissão para o Trabalho
PT Procedimentos de Trabalho
ROI Return On Investiment
RTPs Recomendações Técnicas de Procedimentos
SGSST Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
SST Saúde e Segurança do Trabalho
SUS Sistema Único de Saúde
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................13
1.1.1 Objetivos Gerais .....................................................................................14
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................14
1.2 Justificativas .........................................................................................15
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................16
2.1 Indústria da construção .......................................................................16
2.2 Pavimento do ponto de vista estrutural e funcional .........................16
2.2.1 Pavimento rígido.....................................................................................16
2.2.2 Pavimento flexível ..................................................................................17
2.3 Normas Regulamentadoras - NR.........................................................18
2.3.1 Comissão Tripartite Paritária Permanente - CTPP .................................19
2.3.2 Organização Internacional do Trabalho - OIT ........................................20
2.4 Gerenciamento de riscos .....................................................................20
2.5 Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho - SGSST ......21
2.6 Segurança do trabalho na construção civil .......................................22
2.7 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ......................23
2.8 Análise Preliminar de Risco - APR......................................................24
2.9 Diálogo Diário de Segurança - DDS ....................................................25
2.10 Procedimentos de Trabalho - PT.........................................................25
2.11 Permissão para o Trabalho - PPT .......................................................25
2.12 Impacto dos acidentes de trabalho na economia e produtividade da
empresa 25
2.13 Cuidados com saúde e segurança do colaborador no canteiro de
obras 27
3 METODOLOGIA ....................................................................................28
3.1 Tipos de pesquisa ................................................................................28
3.2 Universo da pesquisa ..........................................................................28
4 RESULTADOS .......................................................................................29
4.1 Caracterização da organização ...........................................................29
4.2 Detalhamento do processo de pavimentação....................................29
4.2.1 Encarregado de Obra .............................................................................29
4.2.2 Espargidor de Asfalto .............................................................................30
4.2.3 Meseiro ...................................................................................................31
4.2.4 Rasteleiro ...............................................................................................31
4.2.5 Servente .................................................................................................32
4.2.6 Motorista Veículo Pesado.......................................................................32
4.2.7 Operador de Rolo Compactador.............................................................33
4.2.8 Operador de Vibro Acabadora ................................................................33
4.3 Procedimento de segurança por GHE ................................................34
4.4 Procedimento de segurança para a empresa ....................................35
4.5 Custo para implantação dos procedimentos de segurança .............36
4.6 Custo despendido pela empresa com ações trabalhistas no ano de
2021 37
5 CONCLUSÃO ........................................................................................38
REFERÊNCIAS ......................................................................................39
APÊNDICE A - Custo para Implantação de Procedimentos de
Segurança 42
ANEXO A - Checklist de segurança para maquinário......................44
ANEXO B - Análise Preliminar de Risco ...........................................45
ANEXO C - Permissão Para Trabalho ...............................................47
13

1 INTRODUÇÃO

O ramo da construção expõe os colaboradores a diversos riscos


ocupacionais, como atividades em altura, operação de máquinas e equipamentos,
exposição a ruído, poeiras, vibrações, calor e fatores ergonômicos. Entretanto,
estudos apontam que no Brasil trabalhadores desse setor dispõem do menor nível
salarial se comparado a colaboradores atuantes na indústria. (MELLO, BRANCO,
2014).
Em 2019, a indústria da construção gerou R$ 288,0 bilhões em valor de
incorporações, obras e/ou serviços da construção. Entre os segmentos,
destaca- se, com maior valor gerado nesse ano, o setor de Construção de
edifícios (R$ 127,3 bilhões), seguido de Obras de infraestrutura (R$ 92,8
bilhões) e Serviços especializados para construção (R$ 67,9 bilhões). De
acordo com a PAIC 2019, a indústria de construção ocupou 1.903.715
pessoas, o que apesar de representar uma queda de 22,5% na comparação
com o ano de 2010, representa o primeiro resultado positivo de criação de
vagas desde 2014. Assim, com as transformações recentes na indústria da
construção, os resultados da PAIC 2019 apontam uma mudança estrutural
importante no perfil do emprego do setor em 10 anos. (IBGE, 2021).

Por sua vez, Mello e Branco (2014) afirmam que o montante gasto com saúde
pública ocasionado por acidente ou doença do trabalho é muito representativo
socioeconomicamente falando, além de acarretar um número muito elevado de
absenteísmo. De acordo com estudos feitos em outros países, fatores como
ocupação, condições de trabalho e nível de escolaridade, influenciam diretamente
na incapacidade para o trabalho.
Neste contexto, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2017),
no ano de 2016 foram registrados 31.295 acidentes do trabalho com trabalhadores
da indústria da construção civil, sendo divididos em 26.511 acidentes típicos, 4.283
de trajeto e 501 relacionados à doença do trabalho.
O uso do asfalto como revestimento de rodovias é o mais usual, contudo
quando o asfalto é aquecido, libera vapores, e após o resfriamento, promove a
formação de fumos, sendo liberados no processo de aplicação sobre o leito. Estudos
epidemiológicos direcionados para atividades de pavimentação asfáltica,
identificaram que trabalhadores da área estão suscetíveis a adquirir câncer de
pulmão, estômago, pele e leucemia. (PIRACELLI, et al., 2020).
Vilela et al. (2015) afirmam que é comum em casos de acidentes ou doenças
do trabalho, que a empresa procure esquivar-se da culpa, atribuindo a fatalidade ao
comportamento inadequado do colaborador.
14

Situações como esta reforçam a importância de adequar o processo de


trabalho às normas de segurança e às leis trabalhistas, atuando não apenas de
forma ativa submetendo-se ao comprometimento do colaborador, mas também de
forma passiva, agindo paralelo ao trabalhador e com isso obtendo resultados mais
eficazes.
Para Chemical Risk, (2021) torna-se um desafio para o profissional da área
de segurança demonstrar ao seu gestor a importância e benefícios que envolvem o
investimento em procedimentos direcionados à saúde e segurança do trabalho,
afinal, nenhum gestor quer comprometer a saúde financeira de sua empresa, com
gastos, sem que tenham clareza do retorno.
Com base nessas fundamentações, o objetivo deste trabalho é apresentar o
retorno de investimento – ROI, após adoção de procedimentos de segurança
direcionados para atividade de pavimentação em empresas de manutenção de
rodovias.

1.1 Objetivo

1.1.1 Objetivos Gerais

Demonstrar, para a diretoria de uma empresa de manutenção de rodovias,


através do indicador gerencial de Retorno sobre Investimento (Return On
Investiment – ROI), mediante um comparativo entre os valores pagos em ações
trabalhistas, no ano de 2021, e os custos definidos através de orçamentos, para
implantação de procedimentos de segurança adotados para atividade de
pavimentação.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Propor um procedimento de segurança para a atividade de pavimentação,


baseado em normas regulamentadoras;
 Categorizar os custos necessários para implantação dos procedimentos de
segurança;
 Correlacionar os custos que a empresa teve com ações trabalhistas no setor
de pavimentação, no ano de 2021.
15

1.2 Justificativas

Considerando a instabilidade na economia do país e o crescimento na


abertura de novas empresas concorrentes, é fundamental que haja um controle nos
processos e custos despendidos para cada projeto.
Neste toar, a falta de investimento em segurança e saúde do trabalho, pode
acarretar diversos problemas financeiros para empresa que vão desde alto índice de
absenteísmo, acidentes do trabalho e processos trabalhistas.
O gerenciamento de riscos deve ser tratado como parte integrante da cultura
interna da empresa. Com isso a proposta é mostrar através de comparativo de
valores que a gestão eficaz e eficiente dos riscos tende a alavancar os objetivos
organizacionais com menores custos.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Indústria da construção

No século XX o setor de construção civil no país atuava de forma muito


sucinta, onde desempenhava uma posição de apoio ao envio de mercadorias ao
comércio exterior. De modo que nas três primeiras décadas do século as atividades
relacionadas a infraestrutura se resumiam na logística de transporte para chegada
de mercadorias até os portos. O fato de o Brasil ser um país dependente do
mercado internacional, resultava em obras gerenciadas e executadas quase que em
sua totalidade por empresas estrangeiras. (CAMPOS, 2018).
Já em 1930 iniciou-se a criação de agências dos Estados que passaram a
substituir as grandes empresas estrangeiras, iniciando a demanda por serviços de
engenharia local, objetivando a criação de capital no país. (FURTADO, 2005).
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), o setor de
infraestrutura e construção civil teve um crescimento determinante, proporcionando
o progresso e enriquecimento de grandes construtoras, passando assim a
desenvolver suas atividades de forma mais intensa pelo país. (CAMPOS, 2018).

2.2 Pavimento do ponto de vista estrutural e funcional

Trata-se de um elemento composto de múltiplas camadas, executado sobre


a superfície do solo. Tem como função resistir aos esforços gerados pelo tráfego de
veículos e variações climáticas, de modo que forneça aos usuários conforto,
economia e segurança. Classificando-se tradicionalmente em pavimento rígido e
flexível. (BERNUCCI, et al., 2010).

2.2.1 Pavimento rígido

Formado por placas de concreto de cimento Portland, sua espessura é


determinada em função da resistência à flexão das placas de concreto e das
resistências das camadas subjacentes, podendo ser armadas ou não. (BERNUCCI,
et al., 2010).
A camada de revestimento possui alta rigidez se comparado às demais
camadas, com isso, absorve a maior parte das tensões geradas pelo tráfego.
(LANDIM, Alex Iury Vidal. et al., 2020).
17

Figura 1: Pavimento Rígido

Fonte: BERNUCCI, et al., (2010)

2.2.2 Pavimento flexível

Usualmente conhecido como pavimento asfáltico, seu revestimento é


composto por agregados e ligantes asfálticos. Localizado na última camada do
pavimento, sua função é absorver as tensões geradas pelo tráfego e distribuir de
forma uniforme para as demais camadas do pavimento. O processo de execução do
revestimento, resume-se em lançar a mistura asfáltica em camadas de espessura
uniforme, com o auxílio da vibro acabadora, e em seguida é feito a compactação
com o uso do rolo compactador, a fim de aumentar a estabilidade da mistura
asfáltica e reduzir o índice de vazios. (BERNUCCI, et al., 2010).
O asfalto quando aquecido gera vapores e após seu resfriamento ocorre a
condensação e formação de fumos de asfalto. (PIRACELLI, Victor P. et al, 2020).
18

Figura 2: Pavimento Flexível

Fonte: BERNUCCI, MOTTA, CERATTI, SOARES (2010)

2.3 Normas Regulamentadoras - NR

Criada com o propósito de complementar a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), as primeiras normas foram criadas no ano de 1978 pela Portaria
MTB nº 3.214, com o intuito de promover um ambiente de trabalho seguro e sadio,
consiste em obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e
empregados. As demais normas foram sendo elaboradas ao decorrer dos anos
focando na saúde e segurança do trabalhador em atividades econômicas
específicas. Atualmente revisões e criações de novas normas são feitas através da
Comissão Tripartite Paritária. (GOVERNO FEDERAL, 2020).
Existem 37 normas de segurança direcionadas para saúde e segurança do
colaborador , criadas com o intuído de se complementarem, para um resultado mais
efetivo, é importante que sejam analisadas e aplicadas simultaneamente.
A NR 01 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais)
estabelece diretrizes para aplicação de medidas de prevenção em Saúde e
Segurança do Trabalho (SST), através de procedimentos que devem ser seguidos
tanto pelo empregador, quanto pelo empregado (GUIA TRABALHISTA, 2020).
19

A NR 07 ou PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional)


visa agir de forma preventiva, identificando precocemente possíveis agravos à saúde
relacionados ao trabalho, monitorar a exposição a agentes nocivos ocupacionais e
principalmente comprovar a aptidão do indivíduo para exercer suas atividades
laborais ou tarefas específicas (VERÍSSIMO, 2018).
A NR 09 (Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes
Físicos, Químicos e Biológicos) possibilita, através de parâmetros, avaliar e
identificar possíveis agentes físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de
trabalho, e com isso adotar medidas de segurança visando a eliminação ou controle
das exposições ocupacionais (GUIA TRABALHISTA, 2020).
A NR 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção) visa estabelecer, ao processo de trabalho, medidas de controle e
sistemas de prevenção direcionados à construção civil. Para estabelecimentos
acima de 20 colaboradores fica exigida a elaboração do Programa de Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), onde deverá
constar o descritivo das atividades a serem desempenhadas para execução do
projeto, devendo este considerar os riscos e medidas de controle, o projeto de
proteção coletiva de acordo com a evolução da obra e o cronograma de implantação
de medidas de segurança, de acordo com as etapas da obra. (Ministério do Trabalho
e Previdência, 2020).

2.3.1 Comissão Tripartite Paritária Permanente - CTPP

A Comissão Tripartite Paritária Permanente é composta por seis membros:


representantes do governo, representantes dos trabalhadores e representantes dos
empregadores. Mantendo a paridade entre os integrantes é incumbida de tratar de
assuntos direcionadas à segurança e à saúde no trabalho. Instituiu-se,
primariamente, pela Portaria SSST nº 02, de 10 de abril de 1996 e atualmente é
regida pelo Decreto n° 10.905, de 20 de dezembro de 2021, materializando o diálogo
social tripartite previsto nas Convenções da Organização Internacional do Trabalho
(OIT). (GOVERNO FEDERAL, 2020).
20

2.3.2 Organização Internacional do Trabalho - OIT

Vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1969, a OIT é a única agência das


Nações Unidas com estrutura tripartite, proporcionando a igualdade de participação
para representantes do governo, empregadores e empregados.
Responsável por elaborar e aplicar as normas internacionais do trabalho,
desde sua constituição em 1919, os membros da OIT adotaram 189 Convenções
Internacionais de Trabalho, além de 205 recomendações direcionadas à saúde e
segurança no trabalho. (INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION, 2020).
Segundo Junior (2021), a OIT representa a maior evidência da cultura
cosmopolita relacionada ao Direito do Trabalho. Com a criação de normas de
utilidade universal, a OIT visa a igualdade das condições trabalhistas pelo mundo,
de modo a proporcionar um avanço harmônico das normas de segurança e a
universalização da justiça social e do trabalho digno para todos.

2.4 Gerenciamento de riscos

Visto como uma metodologia, o gerenciamento de riscos proporciona à


organização a capacidade de prever, priorizar e superar obstáculos para, como
resultado, obter a realização de suas metas. O gerenciamento de riscos permite
ainda o controle de eventos aleatórios que possam vir a prejudicar o rendimento de
atividades desempenhadas pela empresa e a redução da sua rentabilidade, por
meio de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.
(RUPPENTHAL, 2013).
De acordo com a Occupational Health and Safety Assessment Series
(OHSAS) 18001, o gerenciamento dos riscos deve ser acolhido como parte da
cultura interna de uma organização, integrando práticas e processos que compõem
a gestão estratégica da empresa, podendo impulsionar as metas organizacionais
com um custo menor.
21

Figura 3: Gestão de Riscos

Fonte: CTISM, adaptado de ABNT NBR ISO 31000 (2009)

2.5 Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho - SGSST

Considerado uma das principais estratégias empresariais para o


enfrentamento social e econômico ligado a acidentes e doenças do trabalho, a
adoção de um sistema de gestão proporciona o aperfeiçoamento de competências
relacionadas ao planejamento e execução de atividades, favorecendo o trabalho em
equipe e a confiabilidade do processo produtivo. (FRANCESCHI, 2013).
Segundo Oliveira et al. (2010), a adoção de um SGSST traz inúmeros
benefícios para organização, como engajamento dos colaboradores com as
diretrizes de segurança e redução da suscetibilidade da empresa em relação aos
passivos trabalhistas.
Destacam-se ainda benefícios como fortalecimento da imagem da empresa,
por meio da SGSST, demonstrando aos clientes o comprometimento da organização
com a SST, através da diminuição do comprometimento de acidentes e doenças
ocupacionais. (FRANCESCHI, 2013 apud CAMFIELD, et al. 2005).
De acordo com Franceschi (2013), fica a critério da empresa o modelo de
sistema de gestão adotado, podendo usufruir de algo pronto, formulado por
organismos nacionais e internacionais, ou elaborar um modelo direcionado para sua
empresa e processo construtivo.
22

2.6 Segurança do trabalho na construção civil

A indústria da construção civil é a principal responsável pela concretização


de projetos e obras da sociedade, mas é necessário que se considere no processo
não apenas os custos da construção, mas a segurança e bem-estar dos envolvidos.
(SANTOS, 2021 apud ALMEIDA, et al, 2015).
Segundo Brito (2021), o setor da construção civil tem um dos maiores
índices de acidentes e doenças ocupacionais, em razão dos inúmeros fatores de
risco aos quais os colaboradores estão expostos, podendo ocasionar desde lesões
leves, a incapacitações e óbitos.
Para Sampaio (1998), é fundamental que haja por parte da empresa o
interesse em relação à prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Sendo
assim, as normas de segurança são essenciais para que isso se materialize. A NR
01 e a NR 18 propõem ações e procedimentos básicos, que serão implantados
nesta área de abrangência, buscando assim o gerenciamento e a prevenção dos
riscos e acidentes no canteiro de obras.
É de suma importância a adoção de sistemas de gerenciamento no canteiro
de obras, objetivando a eliminação ou redução da exposição aos agentes nocivos.
Medidas simples como organização do ambiente de trabalho, adoção de
equipamentos de segurança, treinamento de capacitação e conscientização,
promovem resultados positivos no campo organizacional. (BRITO, 2021).
Barbosa Filho (2011), expressa também a importância da adoção de
procedimentos como, constituição da CIPA, Análise Preliminar de Riscos (APR),
Diálogo Diário de Segurança (DDS), Procedimentos de Trabalho (PT), Permissão
para Trabalho (PPT), e comunicação dos progressos alcançados em toda sua
extensão, mecanismos estes que, se adotados em conjunto, possibilitam a redução
dos riscos em larga escala.
Segundo Mendes et al. (2019) apud Stee, et al. (2018), a adoção de
programas direcionados para saúde e segurança do trabalhador, rende resultados
positivos do ponto de vista financeiro, através do aumento de produtividade, redução
da perda de materiais, menor índice de retrabalho e crescimento da imagem
institucional da empresa. Exemplificando, os autores afirmam que, segundo
pesquisas feitas nos Estados Unidos e no Canadá, a redução de custos com o
absenteísmo foi estimada em USD 2,73 para cada dólar investido e que os custos
23

com despesas médicas apresentaram uma redução de USD 3,27 para cada dólar
aplicado em programas de SST na organização.

2.7 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

Constituída em 1944 durante a gestão do presidente Vargas, a Comissão


Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) editou as primeiras diretrizes para
implantação da prevenção de acidentes de trabalho no Brasil. A NR 05 trata
especificamente da CIPA, estipulando seu dimensionamento, processo eleitoral,
treinamentos e atribuições, de acordo com o número de colaboradores e a
Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) de cada empresa.
(CAMARGO, 2011).
Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular
funcionamento as empresas privadas, públicas, sociedades de economia
mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes,
associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que
admitam trabalhadores como empregados (MTE, 2020).

Figura 4: Estrutura da CIPA

Fonte: CAMARGO (2011)


24

2.8 Análise Preliminar de Risco - APR

Análise Preliminar de Risco (APR) constitui-se na primeira análise do


processo a ser executado, visando a compreensão do projeto como um todo.
Considerada um levantamento qualitativo, a APR consiste em antecipar possíveis
riscos existentes na atividade. Para isto é necessário a participação de todos os
envolvidos na execução do serviço, de modo que o processo seja analisado em sua
totalidade. Com base na APR identifica-se uma relação de riscos, medidas de
controle a serem adotadas e seus respectivos responsáveis. (RUPPENTHAL, 2013).

Figura 5: Modelo de APR

Fonte: Adaptado de Fantazzini (2003)


25

2.9 Diálogo Diário de Segurança - DDS

Usualmente chamado de DDS, o Diálogo Diário de Segurança, é uma


prática fundamental para a cultura de segurança no âmbito profissional. Trata-se de
uma breve conversa que ocorre diariamente antes do início das atividades laborais,
variando de cinco a quinze minutos, abordando assuntos relacionados à prevenção
de acidentes e doenças ocupacionais. É preciso que o profissional responsável pela
SST na empresa, esteja atento a situações que possam acarretar ocorrências
indesejadas, trazendo assim tais situações como tema para o próximo diálogo de
segurança. (SECONCI PR, 2021).

2.10 Procedimentos de Trabalho - PT

Descreve de forma clara um passo a passo do processo e procedimentos de


segurança para o cumprimento de determinada tarefa, visando a padronização e a
diminuição de desvios, garantindo ao colaborador a qualidade e segurança durante
a execução do serviço. (CYRINO, 2017).

2.11 Permissão para o Trabalho - PPT

Emitida para processos de alto risco, a Permissão para o Trabalho (PPT)


autoriza a realização de determinada atividade por tempo estabelecido, permitindo
somente a participação de trabalhadores treinados e capacitados para o
cumprimento da tarefa.

2.12 Impacto dos acidentes de trabalho na economia e produtividade da


empresa

Quando um colaborador sofre um acidente de trabalho, surgem vários


problemas que vão muito além da lesão física do indivíduo, impactando diretamente
na saúde financeira da empresa e no custo final do produto para o consumidor. As
consequências do afastamento do profissional resultam, por exemplo, em, :
treinamento de outro operário, redução ou interrupção da produção, indenização por
lesão corporal e gastos com ações trabalhistas. (BRITO, 2011 apud OLIVEIRA,
2012).
26

Abordando por outra perspectiva, para Mendes et al. (2019), as


consequências vão muito além da suspensão da atividade ou do absenteísmo
decorrente, como o acréscimo na tributação da empresa e de todo o segmento, o
aumento dos custos do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Previdenciário e
dos custos econômicos e sociais que têm por reflexo a perda de competitividade em
um dos principais elos da atividade econômica do país.

Gráfico 1: Acidentes de trabalho no setor da construção, Brasil


Fonte: Serviço de Epidemiologia e Estatística da FUNDACENTRO, a partir da AEPS (2017)

Quadro 1: Acidentes de trabalho no setor da construção, Brasil

Fonte: AEPS (2017)

Ainda, em função dos acidentes e doenças do trabalho, segundo a OIT


(2020), estudos desenvolvidos nos países nórdicos, estimaram que o custo
despendido varia em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), podendo tal custo
ser maior em países em fase de desenvolvimento.
27

2.13 Cuidados com saúde e segurança do colaborador no canteiro de obras

Para Peinado (2019), ao se estabelecer uma conduta de segurança e bem


estar dentro da empresa, deve-se ter a percepção de que as normas de segurança,
apesar de extensas, definem o mínimo de procedimentos necessários para a
prevenção da qualidade de vida do colaborador no seu âmbito profissional.
Carecendo da adoção de outros procedimentos de SST, como: Recomendações
Técnicas de Procedimentos (RTPs) da FUNDACENTRO, a Convenção Coletiva de
Trabalho (CCT) direcionada à região de execução da obra, à legislação municipal
(código de obras e demais leis complementares que trazem informações sobre o
canteiro, às condições da construção) e às normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

A importância de observar outras regulamentações é inclusive indicada pela


NR 1 (BRASIL, 2009, p. 1), que estabelece que “a observância das Normas
Regulamentadoras - NR não desobriga as empresas do cumprimento de
outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos
de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios, e outras,
oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho.” (PEINADO,
2019).
28

3 METODOLOGIA

3.1 Tipos de pesquisa

O presente trabalho objetivou a realização de uma pesquisa de campo de


cunho qualitativo. Para embasamento técnico e teórico do objeto de estudo, adotou-
se, inicialmente, o método de pesquisa bibliográfica, abordando conceitos
relacionados ao tema. Posteriormente, iniciou-se a pesquisa em campo para a
coleta de dados, de modo que, foi analisado o processo adotado pela empresa para
a realização da atividade de pavimentação de via.

3.2 Universo da pesquisa

O universo de pesquisa consiste no conjunto de tarefas necessárias para a


concretização da atividade de pavimentação, abordando o processo, a equipe, os
equipamentos e os materiais.
29

4 RESULTADOS

4.1 Caracterização da organização

A empresa, objeto de estudo, iniciou as suas atividades no ano de 2004, na


cidade de Curitiba, Paraná, Brasil. De acordo com sua Classificação Nacional de
Atividade Econômica – CNAE 7120-9/01, a sua principal atuação, consiste na
construção e execução de rodovias e estradas, possuindo no ano de 2021 uma
média de 120 colaboradores e grau de risco 4. Observando-se que, para o intuito da
presente pesquisa, delimitou-se à abordagem da empresa na execução de
pavimentação de vias públicas.

4.2 Detalhamento do processo de pavimentação

Como forma de simplificar o direcionamento dos procedimentos de


segurança, a equipe de pavimentação foi dividida em dois grupos homogêneos de
exposição (GHE), conforme ilustrado:

Quadro 2: Grupo homogêneo de exposição

Fonte: Autoria própria (2022)

A partir do quadro 2, serão detalhados os descritivos das atribuições de cada


cargo, conforme informações fornecidas pela empresa.

4.2.1 Encarregado de Obra

Distribui os trabalhadores na obra, orienta e fiscaliza a execução dos


trabalhos. Tem também a responsabilidade de interromper qualquer atividade que
esteja apresentando risco imediato aos trabalhadores ou terceiros ao redor e,
imediatamente após a paralisação, comunicar o ocorrido ao seu superior.
30

Fotografia 1: Encarregado de obra

Fonte: Construfenix (2020)

4.2.2 Espargidor de Asfalto

Realiza atividades e serviços de banhos e espalhamento de produtos


asfálticos, executa o acabamento adequado de pavimentação.

Fotografia 2: Espargidor de Asfalto

Fonte: Autoria própria (2022)


31

4.2.3 Meseiro

Opera a mesa da vibro acabadora, espalhando o material utilizado nas obras


de pavimentação e recapeamento de estradas, verificando espessura da aplicação
do material na pista, conforme projeto ou orientação do encarregado de obra.
Fotografia 3: Meseiro

Fonte: Autoria própria (2022)

4.2.4 Rasteleiro

Realiza o acabamento e reparo nas emendas ao final dos processos de


pavimentação asfáltica, lombadas e faixas de pedestres.
Fotografia 4: Rasteleiro

Fonte: Autoria própria (2022)


32

4.2.5 Servente

Auxilia os rasteleiros e operadores de equipamentos. Carrega e descarrega


materiais, prepara canteiros de obras e limpa áreas de trabalho. Faz pequenas
manutenções nos equipamentos, limpa máquinas e ferramentas, verifica condições
de uso e repara eventuais defeitos mecânicos nas mesmas.

Fotografia 5: Servente

Fonte: Autoria própria (2022)

4.2.6 Motorista Veículo Pesado

Dirigir e manobrar o veículo e transportar cargas. Realizar verificações e


manutenções básicas do veículo. Utilizar equipamentos e dispositivos especiais.
Operar equipamentos pesados para carga e descarga do material.

Fotografia 6: Motorista Veículo Pesado

Fonte: Autoria própria (2022)


33

4.2.7 Operador de Rolo Compactador

Após o espalhamento da camada com a moto niveladora ou vibro


acabadora, o operador executa o serviço de selagem das camadas do pavimento
com o rolo compactador, no sistema "vai" e "vem", a fim de selar as camadas
executadas.

Fotografia 7: Operador de rolo compactador

Fonte: Autoria própria (2022)

4.2.8 Operador de Vibro Acabadora

Nas obras de recapeamento e capa asfáltica, o operador faz uso da máquina


vibro acabadora para nivelar e pré-compactar a massa asfáltica, através da mesa
acabadora vibratória.
Fotografia 8: Operador de Vibro Acabadora

Fonte: Autoria própria (2022)


34

4.3 Procedimento de segurança por GHE

A partir da identificação da equipe e processo de trabalho foram criadas


duas sequências de procedimentos de segurança de acordo com cada GHE, de
modo que os cargos atuantes no processo de pavimentação estejam em
conformidade com as normas de segurança.
Figura 6: Procedimento de segurança GHE 01

Fonte: Autoria própria (2022)


35

Figura 7: Procedimento de segurança GHE 02

Fonte: Autoria própria (2022)

4.4 Procedimento de segurança para a empresa

Os procedimentos de segurança a seguir, relacionam os documentos e processos


necessários para a adequação da empresa às normas de segurança do trabalho.

Figura 8: Procedimento de segurança para empresa

Fonte: Autoria própria (2022)


36

4.5 Custo para implantação dos procedimentos de segurança

Os orçamentos que serão apresentados referem-se ao custo anual para


implantação de procedimentos de segurança na atividade de pavimentação.
Foram pesquisados três orçamentos, conforme apêndice A, contemplando
processos, treinamentos e documentos necessários para execução da atividade de
acordo com as normas de segurança do trabalho.
A composição dos custos presentes nos orçamentos seguiu os seguintes
critérios:
 O LTCAT, o PPR e o PCA deverão ser revisados apenas em situações
de mudança nas condições de trabalho como mudanças de layout,
processo ou maquinário.
 Para o cargo de Técnico de Segurança do Trabalho (CLT) foi
considerado o piso salarial do Sindicato dos Técnicos de Segurança
do Trabalho no estado do PR, no ano de 2021 (junto aos encargos,
não foram contemplados outros benefícios pagos pela empresa).
 Para levantamento do custo do exame de aptidão física (ASO) foram
considerados os exames complementares definidos pelo Médico do
Trabalho, conforme PCMSO vigente da empresa no ano de 2021,
para os 10 colaboradores da equipe de pavimentação.
 Os Serviços/Documentos realizados pela Assessoria ou Técnico de
Segurança (CLT), sem custo adicional para empresa:
o Treinamentos: Admissional, DSS, Manuseio de produtos
químicos, NR 18, Periódico.
o Documentos: APR, Ficha de EPI, OS, PPT.

CUSTO Quadro 3: Custo implantação


- IMPLANTAÇÃO procedimento
PROCEDIMENTO de segurança C/
DE SEGURANÇA com Técnico CLT
TÉCNICO SST (CLT)
ORÇAMENTO 1 ORÇAMENTO 2 ORÇAMENTO 3
R$ 74.164,21 R$ 133.931,96 R$ 146.500,96

Fonte: Autoria própria (2022)

Quadro 4: Custo Implantação procedimento de segurança c/ assessoria em SST

Fonte: Autoria própria (2022)


37

4.6 Custo despendido pela empresa com ações trabalhistas no ano de 2021

Conforme informações fornecidas pela empresa em análise, o custo


despendido com ações trabalhistas de colaboradores do setor de pavimentação em
2021, referem-se a:
 25 ações trabalhistas;
 25 acordos por parte da empresa;
 Custo com Indenizações;
 Honorários advocatícios;
 Perícia técnica de Medicina e Segurança do Trabalho.

CUSTO - AÇÕES
Quadro 5: Custo TRABALHISTAS NOnoANO
com ações trabalhistas DE
ano de 2021
2021

SERVIÇO VALOR
LAUDOS
Indenizações R$ 68.739,00
Honorários Advocatícios R$ 60.000,00
Perícia Técnica R$ 10.000,00
TOTAL R$ 138.739,00
Fonte: Autoria própria (2022)
38

5 CONCLUSÃO

A escolha do tema objetivou, através de orçamentos, apresentar para a


diretoria da empresa objeto de estudo, o retorno sobre o investimento para
implantação de procedimentos de segurança direcionados para atividade de
pavimentação, quando confrontado com valores despendidos com ações
trabalhistas no ano de 2021.
A visita em campo permitiu entender o processo de trabalho e ações já
adotadas pela empresa em relação à segurança do trabalho e com isso elaborar
procedimentos embasados em normas de segurança, possibilitando que a empresa
padronize as ações de SST.
Visando que a empresa tivesse um comparativo de valores, foram criados
indicadores, sendo estes os itens que compõem os procedimentos de segurança e
assim pesquisado seus custos com três fornecedores distintos.
A criação de indicadores através da definição dos procedimentos,
possibilitou visualizar os custos como um todo, e como profissional da área de
segurança ter mais recursos para expor à empresa a importância e benefícios que o
investimento traria.
Considerando o orçamento de menor custo, a empresa teria uma economia
de R$ 74.280,75 e vale observar que mesmo se adotado o orçamento de maior valor
ainda assim o desembolso seria menor.
Vale salientar também que o retorno vai muito além do financeiro, como o
bem-estar dos colaboradores, a redução de acidentes de trabalho, menor índice de
absenteísmo, aumento de produtividade, incentivos fiscais e muitos outros ganhos
que irão refletir na qualidade do serviço.
Para pesquisas futuras, seria de grande relevância a criação de
procedimentos para todas as atividades desempenhadas pela empresa,
possibilitando que a diretoria tenha uma clareza melhor em relação ao ROI.
39

REFERÊNCIAS

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Acesso em: 12 fev. 2022.
42

APÊNDICE A - Custo para Implantação de Procedimentos de Segurança


43

CUSTO - IMPLANTAÇÃO PROCEDIMENTO DE SEGURANÇA


SERVIÇO PERÍODO ORÇAMENTO 1 ORÇAMENTO 2 ORÇAMENTO 3
LAUDOS
PCMSO ANUAL R$ 600,00 R$ 800,00 R$ 450,00
PGR BIANUAL R$ 2.300,00 R$ 3.500,00 R$ 2.100,00
LTCAT NA R$ 6.900,00 R$ 8.500,00 R$ 5.900,00
PPR NA R$ 700,00 R$ 650,00 R$ 500,00
PCA NA R$ 500,00 R$ 750,00 R$ 500,00
TREINAMENTOS
ADMISSIONAL NA R$ - R$ - R$ -
NR 18 ANUAL R$ - R$ - R$ -
MANUSEIO DE PRODUTOS QUÍMICOS NA R$ - R$ - R$ -
DIREÇÃO DEFENSIVA ANUAL R$ 178,25 R$ 250,00 R$ 270,00
PERIÓDICO SEMESTRAL R$ - R$ - R$ -
SERVIÇOS
EXAME DE APTIDÃO FÍSICA (ASO) ANUAL R$ 2.025,00 R$ 1.761,00 R$ 2.500,00
DIÁLOGO SEMANAL DE SEGURANÇA (DSS) NA R$ - R$ - R$ -
GINÁSTICA LABORAL ANUAL R$ 11.880,00 R$ 12.240,00 R$ 13.200,00
ASSESSORIA EM SST ANUAL R$ 42.000,00 R$ 56.400,00 R$ 72.000,00
TÉCNICO DE SEGURANÇA (CLT) ANUAL R$ 49.080,96 R$ 49.080,96 R$ 49.080,96
DOCUMENTOS
ORDEM DE SERVIÇO (OS) NA R$ - R$ - R$ -
FICHA DE EPI NA R$ - R$ - R$ -
APR NA R$ - R$ - R$ -
PPT NA R$ - R$ - R$ -
CUSTO TOTAL - C/ TÉCNICO CLT R$ 74.164,21 R$ 133.931,96 R$ 146.500,96
CUSTO TOTAL - C/ ASSESSORIA DE SST R$ 64.458,25 R$ 82.290,00 R$ 94.470,00
NOTA TÉCNICA
* Os documentos: LTCAT, PPR e PCA precisarão ser renovados apenas em situações de mudanças nas condições de
trabalho.
* Para o cargo de Técnico de Segurança do Trabalho (CLT) foi considerado o piso salarial do Sindicato dos Tecnicos de
Seg do Trab no estado do PR, no ano de 2021, junto aos encargos, não foram contemplados outros benefícios pagos
pela empresa.
* Para levantamento do custo do exame de aptidão física foram considerados os exames complementares definidos
pelo Médico do Trabalho, conforme PCMSO vigente da empresa, para uma equipe de 10 colaboradores.
* Serviços / Documentos realizados pela Assessoria ou Técnico de Segurança, sem custo adicional para empresa:
Treinamento's (Admissional, DSS, NR 18, Manuseio de produtos químicos, Periódico); Documentos (OS, Ficha de EPI,
APR, PPT).
* O custo da Ginástica Laboral contempla 2 aulas na semana com até 2 turmas, duração de 15 min/aula.
44

ANEXO A - Checklist de segurança para maquinário


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46

ANEXO B - Análise Preliminar de Risco


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48

ANEXO C - Permissão Para Trabalho


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50

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