Texto I Segundo notícia publicada na BBC, em 12 de
setembro de 2014, após pesquisas realizadas por I – Cumé que a gente fica? ... Foi então que uns técnicos a Organização das Nações Unidas concluiu brancos muito legais convidaram a gente prá uma festa que o Brasil vive um “mito de democracia racial”, que deles, dizendo que era prá gente também. Negócio de há “um racismo institucionalizado”; uma “ideologia de livro sobre a gente, a gente foi muito bem recebido e embranquecimento” na sociedade brasileira e que boa tratado com toda consideração. Chamaram até prá parte dela nega a existência desse problema social. sentar na mesa onde eles tavam sentados, fazendo E diz mais, que o racismo permeia todas as discurso bonito, dizendo que a gente era oprimido, áreas da vida, a demonstrar o abismo social entre discriminado, explorado. Eram todos gente fina, negros e brancos. educada, viajada por esse mundo de Deus. Sabiam das Pois bem, entende-se o racismo como uma coisas. E a gente foi sentar lá na mesa. Só que tava ideologia ou teoria que atribui as características cheia de gente que não deu prá gente sentar junto com intelectuais, culturais e de personalidade do ser eles. Mas a gente se arrumou muito bem, procurando humano ao seu biótipo, sua origem ou a sua cor. Por umas cadeiras e sentando bem atrás deles. Eles tavam esse critério muitas pessoas acreditam na supremacia tão ocupados, ensinado um monte de coisa pro crioléu de uma raça, que considera superior. da platéia, que nem repararam que se apertasse um Já a discriminação racial, nos termos da lei, é pouco até que dava prá abrir um espaçozinho e todo “qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, mundo sentar juto na mesa. Mas a festa foi eles que em qualquer área da vida pública ou privada, cujo fizeram, e a gente não podia bagunçar com essa de propósito ou efeito seja anular ou restringir o chega prá cá, chega prá lá. A gente tinha que ser reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de educado. E era discurso e mais discurso, tudo com igualdade, de um ou mais direitos humanos e muito aplauso. Foi aí que a neguinha que tava sentada liberdades fundamentais consagrados nos com a gente, deu uma de atrevida. Tinham chamado instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados ela prá responder uma pergunta. Ela se levantou, foi lá Partes”(artigo 1º da Convenção Interamericana na mesa prá falar no microfone e começou a reclamar Contra o Racismo, a Discriminação racial e formas por causa de certas coisas que tavam acontecendo na correlatas de intolerância. festa. Tava armada a quizumba. A negrada parecia que No Brasil, em 13 de maio de 1888, a Princesa tava esperando por isso prá bagunçar tudo. E era um Isabel assinou a Lei Áurea, contudo, após a tal de falar alto, gritar, vaiar, que nem dava prá ouvir comemoração que teria durado cerca de 03 dias, os ex- discurso nenhum. Tá na cara que os brancos ficaram donos de escravos reuniram todos os negros e brancos de raiva e com razão. Tinham chamado a mandaram embora, sem-terra, sem comida, sem gente prá festa de um livro que falava da gente e a dinheiro, sem sapatos, vestidos em roupas velhas de gente se comportava daquele jeito, catimbando a algodão grosso. discurseira deles. Onde já se viu? Se eles sabiam da Iniciou-se a saga do negro brasileiro que se gente mais do que a gente mesmo? Se tavam ali, na reflete em dias atuais, já que o maior contingente de maior boa vontade, ensinando uma porção de coisa prá pessoas em condições precárias de vida são os negros. gente da gente? Teve um hora que não deu prá Assim, aqueles que também foram agüentar aquela zoada toda da negrada ignorante e responsáveis pela construção do País ficaram à mercê mal educada. Era demais. Foi aí que um branco de sua própria sorte e como diz o ditado popular “sem enfezado partiu prá cima de um crioulo que tinha eira e nem beira”. pegado no microfone prá falar contra os brancos. E a Além do abandono e de toda ordem de abusos festa acabou em briga... Agora, aqui prá nós, quem teve no Brasil passou-se adotar uma política de a culpa? Aquela neguinha atrevida, ora. Se não tivesse embranqueamento, que tinha dentre seus defensores dado com a língua nos dentes... Agora ta queimada no início século XX João Baptista de Lacerda, que entre os brancos. Malham ela até hoje. Também quem pregava a ideia de que deveria ser acolhido o maior mandou não saber se comportar? Não é a toa que eles número possível de imigrantes europeus brancos para vivem dizendo que “preto quando não caga na entrada, gerar brasileiros brancos, bem como deveria haver caga na saída”... cruzamento entre brancos e negros para terem filhos mais claros, diminuindo-se os traços negroides e Lélia Gonzales aumentando-se população branca https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4584956/mod_ http://www.sitraemg.org.br/post_type_artigo/o-mito-da- resource/content/1/06%20- democracia-racial-no-brasil/ %20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20- %20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20 %281%29.pdf Reflita sobre esses textos e redija um texto Texto II dissertativo-argumentativo no qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando de modo O mito da democracia racial no Brasil a deixar claro o seu ponto de vista sobre o tema O mito da democracia racial no Brasil. Por Francisca Reis da Silva Barros Menzel – doutoranda em ciências jurídicas pela Universidade Autônoma de Lisboa.
Nas Constituições dos Discursos Sobre Afro-brasileiros: Uma Análise Histórica da Ação Militante no Processo de Elaboração da Constituição Federal de 1988