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BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA
MACEIÓ
2023.2
WILLIAN CASSIANO DA SILVA
MACEIÓ
2023.2
RESENHA CRÍTICA SOBRE EUGENIA NO BRASIL
A eugenia, que pode ser definida como a busca pelo aprimoramento da raça humana por
meio da seleção artificial, ganhou destaque no Brasil durante o final do século XIX e início
do século XX. Influenciados por teorias europeias, intelectuais brasileiros passaram a
adotar a eugenia como uma ideologia que poderia supostamente melhorar a população
do país. No entanto, essa ideologia foi distorcida e usada para justificar práticas
discriminatórias e racistas, como a esterilização forçada de pessoas consideradas
"indesejáveis" e a promoção de políticas de branqueamento da população.
Monteiro Lobato (1882-1948), escritor brasileiro e mais conhecido pela obra "O Sítio do
Picapau Amarelo" teve uma ligação controversa com o movimento eugênico no Brasil. Na
época, Monteiro Lobato expressou opiniões eugenistas em suas correspondências e
escritos. Ele acreditava que o Brasil deveria promover a seleção cuidadosa de indivíduos
para melhorar a qualidade da população brasileira.
Cam é um personagem da Bíblia Sagrada, um dos filhos de Noé que, ao ver seu pai
embriagado e nu depois de beber vinho, corre para contar aos seus irmãos. Seus irmãos
o cobre com uma manta em sinal de respeito. Noé, ao acordar e saber do ocorrido
amaldiçoa a descendência de Cam.
Percebe-se uma ligação muito forte entre a história bíblica e a analogia entre a pintura
sobre Cam. Na bíblia temos um personagem amaldiçoado por gerações como na própria
história do racismo, do negro, da própria eugenia, enquanto que na Tela de Brocos temos
a redenção, ou seja, o branqueamento das gerações futuras tornaria as famílias livres do
status de maldição ou a fuga da descendência africana, corroborando ainda mais com o
movimento racista, separatista e de eugenia no mundo.
Uma das consequências mais trágicas desse movimento foi a esterilização forçada de
milhares de pessoas, em grande parte mulheres pobres e negras. Essas políticas
refletiam uma visão elitista da sociedade, que buscava perpetuar o poder das classes
dominantes e marginalizar aqueles que eram considerados "inferiores". A eugenia no
Brasil também esteve intimamente relacionada ao mito do "branqueamento da raça", que
buscava promover a miscigenação como uma forma de "melhorar" a população,
ignorando completamente a rica diversidade étnica e cultural do país.
No entanto, é crucial lembrar que a eugenia e o discurso biológico ainda têm resquícios
na sociedade contemporânea. A discriminação racial persiste em muitas formas, e as
ideias eugênicas ainda podem ser encontradas em alguns segmentos da sociedade.
Portanto, é fundamental permanecer vigilante e combater qualquer ressurgimento dessas
ideologias prejudiciais.