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Capítulo 103
COMO DETERMINAR SEUS PONTOS FORTES E FRACOS

Este teste pode ajudar você a entender sua


especialidade como um pregador
Duane Litfin
O c ic lo d e r o t a ç ã o t in h a a c a b a d o d e c o m e ç a r q u a n d o a m á q u i n a d e la v a r
r o u p a c o m e ç o u a v ib r a r v ig o r o s a m e n t e . E la s a c u d iu - s e p o r u m in s t a n t e , e , d e p o is ,
u m a s ir e n e r o u c a s in a liz o u q u e a m á q u i n a t in h a p a r a d o d e f u n c io n a r . O p r o b le ­
m a : se u p e s o e s t a v a d e s c e n t r a liz a d o .
A s s im c o m o a c a r g a d a q u e la m á q u i n a d a n ç a n t e , m u it o s d e n ó s p r e g a d o r e s
e s t a m o s d e s c e n t r a liz a d o s . E m b o r a t e n h a m o s e q u ilíb r io s u f ic ie n t e p a r a n ã o p a r a r ­
m o s , n ã o e s t a m o s p e r f e it a m e n t e a lin h a d o s .
D e c e r ta f o r m a , is to é u m d is c e r n im e n t o a g u ç a d o e m r e la ç ã o a o ó b v io . C o m o
q u a lq u e r u m d e n ó s , p r e g a d o r e s sã o c r ia tu r a s lim it a d a s q u e p o s s u e m p o n t o s p o s it i­
v o s m is t u r a d o s à s s u a s f r a q u e z a s . I n f e liz m e n t e , e m p r e g a d o r e s e s s a m is t u r a i m p li ­
c a c o m p lic a ç õ e s n o t á v e is .
A s a b e d o r ia p o p u la r d iz q u e ig r e ja s t e n d e m a a d o t a r o c a r á t e r d e s e u s líd e r e s .
I sto é p e r t u r b a d o r o s u f ic ie n t e ao c o n s id e r a r m o s q u e s tõ e s d e e s tilo e p e r s o n a lid a d e ,
m a s se t o r n a a s s u s t a d o r q u a n d o p e r c e b e m o s q u e as ig r e ja s p o d e m a s s im ila r n ã o
s o m e n te o s p o n t o s p o s it iv o s , m a s t a m b é m a s f a lh a s d e se u s p a s t o r e s . N a á r e a e m
q u e o p r e g a d o r é f o r te , a ig r e ja p r o v a v e lm e n t e s e r á f o r te ; n a á r e a e m q u e o p r e g a ­
d o r é f r a c o , a ig r e ja t a m b é m p o d e se t o r n a r f r a c a . E m e s m o o s p o n t o s p o s itiv o s
p o d e m se t o r n a r f r a q u e z a s se e la s e s t iv e r e m f o r a d e e q u ilíb r io .
P o sso n ã o s e r c a p a z d e m e t o r n a r u m p r e g a d o r c o m p le t a m e n t e e q u ilib r a d o
c o m o J e s u s , e ta lv e z p o s s a n ã o e s t a r a p to p a r a c o r r ig ir m in h a s f r a q u e z a s p o r c o m ­
p le t o . M a s o s im p le s fa to d e e s t a r c ie n t e d a s m in h a s e x t r a v a g â n c ia s — m e u s p o n ­
to s p o s it iv o s e m in h a s f r a q u e z a s — d e u - m e u m e n t e n d im e n t o m u it o m e lh o r d o
m e u m in is t é r io .
P a r a m e a ju d a r a i d e n t if ic a r m in h a s p r ó p r ia s e x t r a v a g â n c ia s , d e s e n v o lv i u m a
f e r r a m e n t a p a r a o b t e r u m d ia g n ó s t ic o d e a u t o - a v a lia ç ã o , a m a t r iz E E M P . N ã o se
t r a t a d e u m in s t r u m e n t o c ie n t íf ic o . É s im p le s m e n t e u m a m a n e ir a d e a n a lis a r a
p regação .
E s ta m a t r iz E E M P é c o n s t it u íd a d e q u a tr o e s c a la s q u e se s o b r e p õ e m e m u m a
g r a d e . A s q u a tr o e s c a la s c o r r e s p o n d e m ao q u e a c r e d it o se r o s q u a tr o d o n s e s p ir i­
t u a is q u e m a is m o ld a m o p r e g a d o r : e n s in o , e x o r t a ç ã o , m is e r ic ó r d ia e p r o f e c ia (p o r
isso , E E M P ) .
P a r a n o s so s p r o p ó s it o s , v a m o s p e n s a r a r e s p e ito d e la s c o m o s im p le s t e n d ê n ­
c ia s o u q u a lid a d e s e n t r e d if e r e n te s p r e g a d o r e s . L e ia a s d e s c r iç õ e s a b a ix o e e n tã o
c la s s if iq u e s e u m in is t é r io d a p r e g a ç ã o e m c a d a á re a .
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Evite se classificar como você pensa que deveria ser; de preferencia, classifique -
se como você é. (Esta é a única maneira, de fato, em que essa ferramenta pode se
tornar útil). Classifique-se em uma escala de 0-10, com o 0 representando: "Isso
não tem nada que ver comigo", e o 10 representando: "É exatamente como sou".

A escala E i (ensino)
Você se sente atraído por Jesus, o grande mestre, que viveu e ensinou a ver­
dade com eficácia, cujas verdades nos libertaram.
Você é um bom aluno que acha o ensino estimulante. Você possui uma mente
organizada. Você possui a tendência de ser bem-sucedido no mundo das idéias e
princípios. Compreender o significado das coisas é algo que o estimula muito.
Você não se incomoda com o abstrato; você trabalha bem nesse nível e tem apren­
dido a apreciar a utilidade de princípios muito vastos. Ainda assim, você se distan­
cia de especificações ou declarações extremamente detalhadas e freqüentemente
você repensa e qualifica suas próprias afirmações.
Você acredita piamente no poder da Palavra de Deus para transformar vidas.
Passagens como Hebreus 4.12 e 2Timóteo 3.16, que você sabe de cor, dão forma
a seu ministério. Você confia totalmente no poder das Escrituras para transformar
pessoas em discípulos devotos.
Além disso, você se deleita em entender os detalhes e a harmonia da Palavra.
Você consegue passar horas sozinho com ela, e com prazer. Para dizer a verdade,
freqüentemente você é tocado pela pura elegância, profundidade e relevância da
verdade de Deus.
Você acredita que Deus o chamou para esclarecer sua verdade, para ajudar
outros a entendê-la. A clareza de pensamento e de comunicação está entre suas
maiores habilidades. Você diz exatamente o que você pensa e quer que seus ou­
vintes o entendam de modo completo e exato. Além do mais, você quer apresentar
todo o desígnio de Deus. Desse modo, prefere ficar com seu texto em sua pre­
gação. Esta é a única maneira que as pessoas podem ouvir de maneira consistente
uma palavra do céu.
Pelo fato de você amar a verdade, você fica profundamente perturbado com a
presença de erros na interpretação bíblica e teológica. Você constata que tais erros
levam a vidas doentias. Você trata a incompreensão e o engano com grande se­
riedade. Dessa maneira, você se esforça para guardar e preservar a sã doutrina, a fé
que, de uma vez, foi anunciada aos santos. Você vê esse conjunto da verdade como
uma maravilhosa administração e deseja passá-la adiante de forma não distorcida
a outros homens e mulheres fiéis.
Classifique-se a si mesmo circulando o número que melhor o representa na
escala El (ensino). (0 = "Isso não tem nada que ver comigo" e 10 = "É exatamente
como sou".)
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A escala E 2 (exortação)
Você é inspirado por Jesus, o Filho do Homem, que conviveu com as ne­
cessidades das pessoas, entendeu-as e ministrou a elas. Você é tocado por sua
habilidade de se identificar com as pessoas por meio de histórias realistas extraídas
da vida cotidiana.
Você é gregário, amistoso e bem-quisto. Você é usualmente positivo e tende a
ser otimista, mas também é eficaz em confrontar e reprovar quando necessário.
Tem um lado prático forte. Você é perceptivo e possui um alto nível de bom senso
e sabedoria prática. Não se incomoda com inovação e mudança; na verdade, de
certa forma você obtém sucesso por meio de ambos. Como resultado, você é uma
pessoa ativa, que mantém um alto nível de energia. Você é comprometido em ser
um agente da Palavra, não meramente um ouvinte.
Além do mais, você se deleita em ver pessoas conhecendo a Jesus, crescendo
na fé e prontamente investe seu tempo para ajudá-los a fazer isso. Você é eficaz em
andar ao lado das pessoas e se envolver em suas vidas. Você conhece o impacto que
uma vida pode causar a outra vida e você aprecia ser usado dessa maneira. Você
ama encorajar pessoas e ajudá-las a resolver seus problemas. Você tende a enfatizar
os meios espirituais divinos e as maneiras com que cristãos podem desfrutá-los.
Embora você reconheça o valor do estudo, você não se agrada do estudo pelo
estudo. Estudo para você é um meio para um fim. Você preferiria gastar horas com
pessoas a estar com os livros. Quando você finalmente estuda, você tende a fazer
pausas regulares. Para manter contato com as pessoas às quais você está ministran­
do, você sente às vezes que você se sairia melhor preparando suas mensagens em
um restaurante ou em uma avenida movimentada do que em seu escritório.
Na sua pregação você tende naturalmente às narrativas da Bíblia, que re­
tratam homens e mulheres lidando com os problemas gerais da vida. Você tam­
bém é atraído pelo livro de Tiago e pelos da literatura sapiencial como Provérbios.
Seus sermões tendem a ser práticos, atuais e diretos, com eventualmente uma
idéia central explanada de forma marcante e completamente ilustrada. Caracterís-
ticamente seus sermões enfatizam a aplicação, os famosos "como fazer" da vida
cristã. Você é hábil em usar ilustrações e exemplos concretos e realistas.
Classifique-se a si mesmo na escala E2 (exortação) circulando o número ade-
quad°.

A escala M (misericórdia)
Você é inspirado por Jesus, o grande médico, que confortou o desolado, res­
taurou o doente, deu vista ao cego e, por último, deu a si mesmo para curar uma
raça doente de pecado. Você sabe que Jesus, por causa do seu próprio sofrimento
entende as necessidades e as dores desta vida e oferece redenção para homens e
mulheres.
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Você é sensível às necessidades das pessoas. Não precisa se esforçar para se


identificar com a dor do pobre, do desprovido, com aqueles que estão sofrendo.
Parece falar naturalmente àquela dor, talvez devido à sua própria experiência. Pes­
soas o vêem como caloroso e preocupado.
Você, embora seja forte em confortar outras pessoas, não gosta de confronto.
Prefere uma abordagem indireta, usando uma "cenoura", em vez de uma "vara".
Possui uma propensão a lidar com pessoas de maneira meiga; jamais gostaria de
machucar alguma delas. É flexível e agradável na convivência. Você tende a salien­
tar uma abordagem relacionai do ministério. Não é difícil para você abrir espaço
para imperfeições humanas. Está disposto a dar uma segunda chance às fraquezas
e falhas de outros, pois está mais do que ciente de suas próprias faltas.
As ambigüidades e as áreas incertas da vida não o incomodam. Às vezes, os
outros parecem muito dogmáticos; uma tendência que você procura evitar cons­
cientemente. Você se aborrece quando sistemas, programas, procedimentos e es­
truturas se interpõem às necessidades das pessoas. Sua inclinação inicial é colocar
as pessoas em primeiro lugar. Considera-se alguém que nutre as pessoas.
Deleita-se na mensagem do perdão de Deus e enfatiza isso com regularidade.
É movido pelas verdades da redenção e da graça. Em sua pregação, dá importância
à esperança e ao potencial da restauração e da cura. A noção do amor incondicio­
nal o inspira. Sua pregação é tipicamente calorosa e graciosa, cheia de verdades e
histórias confirmadoras da vida.
Classifique-se a si mesmo na escala M (misericórdia) circulando o número
adequado.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A escala P (profecia)
Você é inspirado por Jesus Cristo, o justo Juiz e Rei, que chama homens e
mulheres aos mais altos padrões de justiça e auto-sacrifício. Suas grandes exigên­
cias não são um peso, mas seu maior desafio e deleite. Algumas de suas declarações
duras estão entre suas passagens mais familiares das Escrituras. Você percebe que
ele não abaixou suas exigências para ninguém, mesmo para os ouvintes que se
recusavam a segui-lo como resultado.
Você é inspirado por pessoas que tomam decisões difíceis, mas divinas por
aquilo que é certo e verdadeiro, mesmo a um grande preço pessoal. Se tivesse que
escolher, preferiria ser respeitado a ser apreciado. Está pronto para o confronto
quando necessário, mesmo se a expectativa de realizá-la seja bastante desagradável.
Enfatiza que uma vida de oração e santidade pessoal profunda é o passo inicial
mais importante para um pregador.
" 'Sejam santos, porque sou santo', diz o Senhor", é uma ordem que você leva
a sério. Você possui grandes expectativas, tanto em relação a você, quanto em
relação aos outros. Às vezes, é difícil para ser paciente com aqueles que parecem
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conscientemente tomar as decisões erradas. Sente-se verdadeiramente ofendido


pelo pecado, seja por você seja por outros; ainda assim, você é igualmente movido
pela beleza majestosa da santidade e da retidão de Deus. Uma paixão para ver
outros compartilharem dessa beleza é uma das vertentes do seu ministério.
Você sabe que todos nós tomamos um número infinito de decisões na vida,
tanto decisões grandes quanto pequenas, e Deus nos têm como responsáveis por
aquilo que decidimos. Você acredita que a coisa mais amável que pode fazer como
pregador é conclamar seus ouvintes a tomar as melhores decisões, decisões por
Cristo e contra si mesmos, Satanás e o mundo. Você tem uma tolerância baixa em
relação àquilo que é mundano, esteja isso presente em você ou em outros, pois
enxerga isso como aquilo que é: adultério espiritual. A responsabilidade final, o
arrependimento, a obediência e a fidelidade à vontade revelada de Deus são al­
guns dos temas constantes do seu ministério. Você não procura justificar o motivo
do julgamento de Deus.
Você está consciente do potencial para a severidade e hipocrisia em proclamar
os padrões idôneos de Deus, mas está determinado a não deixar essas armadilhas
em potencial o deterem de pregar o inabalável chamado de Deus. Não consegue
deixar de ser honesto. Acredita que foi chamado para servir como uma voz do
Senhor e dos seus caminhos, e está determinado a evitar "encher lingüiça" e não
deixará de dar um som claro com a trombeta.
Classifique-se a si mesmo na escala P (profecia) circulando o número adequa­
do.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Agora que você se classificou em cada uma das quatro escalas, mapeie o seu
ministério na matriz EEMP ao desenhar linhas verticais que cruzem os números
que você escolheu nas escalas El (ensino) e E2 (exortação), e linhas horizontais
que cruzem os números que você escolheu nas escalas M (misericórdia) e P (profe­
cia) . Estenda as linhas até que elas se cruzem, formando uma caixa na matriz. O
tamanho, o formato e a localização da figura indicam seus destaques como prega­
dor.
Por exemplo, veja a amostra de um pregador que se deu um 7 na escala El,
um 3 na escala E2, um 4 na escala M e um 5 na escala P.
Uma matriz em branco foi fornecida para que você possa mapear seu próprio
padrão. Nessa matriz você verá que também acrescentei quatro termos aos
quadrantes da grade: proclamador, motivador, terapeuta e conselheiro, cujo sig­
nificado explicarei nesta seção.

Analisando sua pregação


Acredito que a pontuação de Jesus teria sido alta em cada uma das quatro
escalas do EEMP. Ele sobressaiu em todas as áreas. Seu ministério seria represen­
tado por uma figura quadrada, grande e centralizada. E, como uma imitação de
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Cristo m uito m enos que perfeita e m uito m enos equilibrada que sou, não consigo
obter um padrão igual. O tam anho, o formato e a localização da sua e da m inh a
figura final, entretanto, serve p ara nos m ostrar nossos destaques como pregadores.
Tam anho: Q uanto m aior a figura, m ais dotado você sente que é.
Form a e localização: Q uanto m ais quadrada e centralizada for a sua figura,
sign ifica que você considera seu m inistério equilibrado. Figuras retangulares in d i­
cam que você percebe seus pontos fortes e fracos.

Matriz EEMP
Profecia

1 0
9
8
7
6
P roclam ador 5 Motivador

4
3
2

Ensino (1) 1 Exortação (2)


1 0 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0
1
2
3
4
5
C o nse lheiro Terapeuta

7
8
9
10
M isericórdia

Portanto, se sua figura é um quadrado grande e centralizado, isso dá a entender


que você é dotado em todas as quatro áreas e está m antendo um m inistério equili­
brado, sem elhante ao de Jesus. Você acaba de subir um a categoria! M as se sua
figura for um retângulo com prido e fino, situado à direita do centro, concentrado
n a lin h a El - E2, você é altam ente dotado em um a área (exortação) e seu destaque
corresponde a essa área.
Ou, se sua figura é quase um quadrado e levem ente situado à esquerda supe­
rior (como no exem plo), você é um pregador dotado na área da pregação e, em
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certa proporção, dotado na área de profecia. Exortação e m isericordia, por outro


lado, são fraquezas relativas. J á que grande parte dessa figura está no quadrante do
proclam ador, provavelm ente é assim que a m aioria dos pregadores se descreveria.
N aturalm en te, se grande parte de um a figura se encontrasse no quadrante
superior direito, esses pregadores poderiam ser descritos como m otivadores, e as­
sim por diante.

E se estiver descentralizado?
Desde que com ecei a usar essa simples ferram enta, adquiri clareza em relação
a alguns aspectos do m eu m inistério de pregação.
N enhum quadrante é o quadrante certo. C ada um representa prioridades bíblicas
im portantes apresentadas no m inistério terreno de Jesus. Onde quer que m inha
figura esteja localizada e seja qual for o seu form ato, ela pode representar um a
ênfase b íblica m uito válida.
Se isso se aplica à avaliação da m inha pregação, aplica-se tam bém à avaliação de
outros pregadores. Recentem ente, ouvi um a fita de áudio com a pregação de um
pastor que estava explicando sua filosofia de igreja em relação ao seu m inistério. Não
conheço o cam arada, mas sua abordagem ao m inistério e seu estilo pessoal indica­
vam que sua pontuação era bastante alta na escala da exortação.
Ao mesmo tempo, ele não tin ha em grande estim a as habilidades na área do
ensino e da profecia.
"Em nossa igreja", disse ele com orgulho, "sempre m antem os nossa m ensa­
gem positiva". Ele era cuidadoso em m anter-se fixado nas verdades essenciais do
evangelho, conform e explicou, mas não queria "dividir as pessoas por causa de
doutrinas". Em vez disso, sua filosofia de m inistério era orientada por tarefas e
lições, enraizada na "vida real" e lem brada constantem ente às pessoas de sua igre­
ja. R esum indo, era um a ênfase na exortação.
V isto que m in ha própria figura está bem m arcada no quadrante do proclam a-
dor (m in h a pontuação é alta nas escalas do ensino e da profecia), fiquei irritado
com a falta de reconhecim ento por parte desse pastor em relação a esses pontos
fortes. Sem surpresa algum a, coloquei a abordagem dele de lado em um piscar de
olhos. E, depois, percebi o que fizera. Fizera com as habilidades dele o que ele
fizera com as m inhas. C iente disso, ouvi a fita novam ente, dessa vez tentando
aprender de alguém que tinh a pontos fortes em áreas que não tinha.
Do mesmo modo, aqueles cuja pontuação é alta na escala da profecia, são ten­
tados a criticar e taxar como sentim entais os que tiveram um a pontuação alta na
escala da m isericórdia. Conselheiros podem achar que motivadores são insistentes.
Terapeutas podem pensar que proclam adores são agressivos. As combinações de críti­
cas são diversas — como qualquer deliberação de fofocas por parte dos pastores
poderia provar. C ada um de nós possui a tendência de definir a força m inisterial da
nossa forma, esquecendo que todas as quatro ênfases são preciosas e bíblicas.
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Todos possuem p on tosfortes naturais. E sse e x e r c íc io faz m in h a s in g u la r id a d e se


t o r n a r v is ív e l. N ã o p r e c is o s e r c o m o o u tr o s p r e g a d o r e s . A o p e r m a n e c e r f ie l a D e u s ,
só p r e c is o s e r o p r e g a d o r q u e D e u s m e d o to u a ser.
A lg u n s p r e g a d o r e s t ê m lu t a s , n ã o p o r q u e e le s p r e g a m p o b r e m e n t e , m a s p o r q u e
se u s o u v in t e s n ã o a p r e c ia m s e u s p o n t o s fo r te s p a r t ic u la r e s n a p r e g a ç ã o . E m a lg u n s
c a s o s , isso p o d e m o s t r a r q u e o p a s t o r d e v e r ia p r o c u r a r o u t r a ig r e ja . N ã o fa z s e n t i­
d o b a t e r a c a b e ç a n o p ú lp it o e m v ã o .
O p r o b le m a d e B ill te v e in íc io lo g o d e p o is q u e e le c o m e ç o u a s e r v ir a u m a
n o v a ig r e ja . J á e r a m u it o t a r d e q u a n d o e le p e r c e b e u q u e a s p e s s o a s n ã o g o s t a v a m
d a s u a p r e g a ç ã o . N o f in a l, p e d ir a m a e le q u e fo sse e m b o r a . N a t u r a lm e n t e e le fic o u
d e v a s t a d o e a té c o n t e m p lo u a id é ia d e d e ix a r o m in is t é r io d e v e z . " S e r á q u e r e a l­
m e n t e s o u u m p r e g a d o r in c o m p e t e n t e ? " , p e r g u n t o u - m e c e r ta v e z e m t o m d e d e ­
sam p aro .
N a é p o c a , n ã o s a b ia o q u e d iz e r, m a s a g o r a v e jo q u e o p r o b le m a q u a s e c e r t a ­
m e n te n ã o e r a s u a f a lt a d e h a b ilid a d e s n a p r e g a ç ã o , m a s s im u m c o n ju n t o p o b r e .
N a v e r d a d e , B ill é u m ó tim o p r e g a d o r , m a s e le é u m p r o c la m a d o r . E v id e n t e ­
m e n t e , s u a ig r e ja a n t e r io r q u e r ia u m t e r a p e u t a . E le r e c u p e r o u a c o m p o s t u r a e
e n t r o u p a r a u m m in is t é r io e f e t iv o o n d e se u s p o n t o s p o s it iv o s sã o v a lo r iz a d o s .
N o v a m e n te , n e g lig e n c ia d o n ã o s ig n if ic a n e c e s s a r ia m e n t e d e s n e c e s s á r io . T a lv e z ,
c o m o a c o n t e c e u c o m J e r e m i a s , as h a b ilid a d e s d e u m p r e g a d o r são p r e c is a m e n t e
a q u ilo q u e o S e n h o r o r d e n o u q u e e la s fo s s e m , q u e r as p e s s o a s q u e ir a m o u v i- la s
q u e r n ã o ; e q u e r e le s e ja u m a s s u n to p o p u la r q u e r n ã o .
Pontos positivos não significam equilíbrio. O s p r e g a d o r e s sã o t e n t a d o s a d e f in ir
o m in is t é r io p a r a q u e e le se e n c a ix e n a s su a s p e c u lia r id a d e s . D iz e m o s : " É a s s im
q u e a ig r e ja d e v e r ia s e r e é a s s im q u e o t r a b a lh o d e v e r ia s e r fe ito " , s e m p e r c e b e r q u e
t a lv e z e s t e ja m o s d e f in in d o a i g r e ja d e a c o r d o c o m n o s s a im a g e m . U m a o lh a d a n a
m in h a f ig u r a d a m a t r iz E E M P r a p id a m e n t e m e r e le m b r a q u e a ig r e ja p r e c is a se r
m a io r q u e m e u s p o n t o s p o s it iv o s .
T a m b é m f ic a m o s t e n t a d o s a c o n f u n d ir o s p o n t o s p o s it iv o s d e o u tro s p r e g a ­
d o re s — p r in c ip a lm e n t e a q u e le s q u e in v e ja m o s — c o m e q u ilíb r io . A lg u m a s ig r e ­
ja s e a lg u n s p r e g a d o r e s p o p u la r e s d e s t a c a m p r o p o s it a d a m e n t e se u s e s t ilo s c o m o
u n iv e r s a is . O u t r o s c h e g a m a o c o n s e n s o q u e c a d a ig r e ja d e v e r ia r e c o n h e c e r se u
p r ó p r io p r o p ó s it o e d ir e ç ã o . M a s a g r a n d e p o p u la r id a d e d e m in is t é r io s " b e m -
s u c e d id o s " n o s le v a a p e n s a r q u e esse s m in is t é r io s sã o m in is t é r io s d e v e r d a d e —
e q u ilib r a d o s e b íb lic o s — e o s n o s so s sã o a lg o m e n o r d o q u e isso .
P a r a a b a n d o n a r m o s e s s a ilu s ã o , p r e c is a m o s p a s s a r p e la m a t r iz d e p a s t o r e s q u e
in v e ja m o s . L o g o p e r c e b e m o s q u e m e s m o e ssa s p e s s o a s q u e id o la t r a m o s e s tã o e n ­
v ie s a d a s d e a lg u m a f o r m a o u d e o u t r a .
U m p a s t o r d a a s s o c ia ç ã o d e u m a d e ssa s ig r e ja s m e d is s e : " E m n o s s a ig r e ja ,
v o c ê c o n s t a n t e m e n t e o u v e o a s s u n to d e q u e to d o s n ó s s o m o s p e c a d o r e s p e r d o a ­
d o s. O a p e lo é: 'J u n t e - s e a n ó s e d e ix e q u e s u p r a m o s su a s n e c e s s id a d e s ' ". E n tã o
e le a c r e s c e n t o u , c o m m e n o s a p r o v a ç ã o : " O q u e v o c ê n u n c a o u v e é: 'N e g u e - s e a si
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mesm o, tom e sua cruz e siga a Cristo'. Isso afasta as pessoas". Essa igreja grande, e
em franco crescim ento, era considerada um m odelo para outras. M as, como a
m aioria das igrejas, ela está inclin ada para um lado em particular.
Igrejas diferentes possuem dons diferentes; pregadores diferentes possuem
pontos positivos diferentes. N ão há nada errado em ser lim itado ou inclinado para
um lado, contanto que não com etam os o erro de confundir nossa excentricidade
com o equilíbrio.
Pontos positivos trazem perigos. Tam bém reconheço as ciladas inerentes aos meus
pontos positivos. Um antigo provérbio diz que entre nossas m aiores habilidades se
encontram as sementes das nossas m aiores fraquezas. Pregadores sábios estarão
cientes do destino a que seus pontos positivos podem levá-los, p rincipalm ente
para o mal.
Tenho um am igo, por exem plo, que dem onstra um perfil bastante m isericor­
dioso. Jo h n é sensível e em pático, constantem ente alcançando aqueles que estão
em aflição. Jo h n , obviam ente, tam bém é com prom etido com a Palavra de Deus e
reforça à sua congregação que as Escrituras devem ser nosso único critério de fé e
prática. Todavia, durante as difíceis tom adas de decisão do m inistério pastoral,
Jo h n invariavelm ente cai na arm adilha do pregador m isericordioso — ele se deixa
levar por seus sentim entos. Ele tende a tom ar decisões ou dar conselhos baseados
em suas emoções e não na verdade de Deus. Jo h n é o tipo de pessoa que poderia
sim patizar com o jovem rico governante, am enizando o im pacto das abruptas
instruções de Jesus para que ele vendesse tudo.
Do mesmo m odo, um pregador com alta pontuação em exortação pode ter
um a carência de base b íb lica; assim como um grande professor pode possuir a
tendência de pregar de um a torre de m arfim ; o proclam ador pode se tornar m era­
m ente áspero; e o terapeuta pode se tornar sentim ental. C ada um de nós precisa se
proteger das deficiências inerentes a seus pontos fortes.
E quilíbrio com bom senso. É desconfortável perceber os destaques que essa
m atriz deixa tão claros. N aturalm en te quero oferecer à m inha igreja um a jornada
equilibrada. Então, enquanto reconhecer que sou o que sou pela graça de Deus
(afinal, equilíbrio perfeito é im possível para qualquer um exceto para Jesu s), logo
essa m atriz pode destacar áreas nas quais posso trabalhar.
Por exem plo, um pregador com alta pontuação na escala da exortação me
disse que ele precisava "reaprender" a disciplina do estudo. Em bora ele tenha um a
m ente boa, estudo sério nunca foi algo natural para ele. Ele saiu-se bem na facul­
dade e no sem inário, mas som ente porque tin ha sido forçado a estudar. A ssim que
entrou no pastorado, deixou de lado aquela disciplina.
N a verdade, ele ficava aliviado quando interrupções atrapalhavam seu tempo
de estudo. Por um tem po, ele até escolheu um lugar público para estudar. Supos­
tam ente isso era para m anter sua pregação em contato com pessoas reais e ne­
cessidades reais. N a verdade, disse ele, era mais um a desculpa para evitar aquelas
longas horas de sério trabalho m ental. Com o resultado, sua pregação perdeu sua
essência, e tanto ele quanto sua igreja sofreram.
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Felizm ente, esse pregador reconheceu o que estava acontecendo antes que fosse
tarde demais e deu os passos para disciplinar seu tempo de estudo. Ele estabeleceu
horários de estudo fixos e pediu para sua esposa e para sua secretária que o ajudassem
a m antê-los. Ele recrutou a ajuda de seus colegas de trabalho a quem prestava con­
tas. Até o dia de hoje, estudo disciplinado não é algo natural para ele. Ele nunca terá
um a pontuação m uito alta na escala do ensino. M as ele está trabalhando fielmente
contra a sua fraqueza, e sua pregação está m ais forte por causa disso.
Em igrejas m aiores, é claro, pregadores podem fortalecer suas fraquezas ao
adicionar m em bros de equipe que os com plem entem . No ano passado, acrescen­
tamos um pastor executivo à nossa equipe. D e certa form a, um pastor executivo
precisa com partilhar um a visão com um e trabalhar em harm onia com o pastor
coordenador. A in d a assim tam bém estava procurando alguém que pudesse com ­
pensar algum as das m inhas fraquezas. Deus nos deu um hom em que pudesse fazer
exatam ente isso; a sua figura na m atriz EEM P com plem enta a m inha de modo
satisfatório. M in h a tarefa agora é dar ao Rob a liberdade para contrabalançar m in h a
in flu ên cia nos pontos em que é necessário.
A lém disso, colegas de m inistério podem usar a m atriz EEM P para m apear
seus próprios m inistérios e os m inistérios um do outro, para descobrir os pontos
fortes e fracos da equipe. D a m esm a form a, igrejas à procura de um pastor podem
m apear o m inistério da igreja e pedir aos candidatos em potencial para m apear o
seu m inistério e ver se os dois se encaixam .

Não existe um "cura-tudo "


A m atriz EEMP, obviam ente, não analisa todo aspecto da pregação. N ão pode
avaliar a eficácia da fala, a relevância das ilustrações ou a coerência da estrutura do
sermão. E u m a ferram enta lim itad a, porém útil.
Talvez ela não tenha me im pedido de oscilar, de tem pos em tem pos, como
um a m áq uin a de lavar roupa. Tam pouco me fez ser todas as coisas para todas as
pessoas. (Não tenho certeza se quero ser isso). M as reconhecendo m inhas tendên­
cias através da m atriz EEMP, sei que sou um pregador m ais eficaz e seguro —
em bora continue um pouco excêntrico.

Capítulo 104

A PREGAÇÃO QUE É INTERESSANTE

Como evitarfalar enquanto alguém está dormindo


Stuart Briscoe
G erald G riffith, pastor e professor de ensino bíblico em Toronto e um grande
am igo m eu, disse para m im certo d ia: "Toda sem ana D eus me dá pão para o povo
dele".

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